A concepção da Igreja Adventista
(IASD) da reforma da Lei por Cristo. Isto é fato: “A IASD possui uma doutrina orientada ao legalismo
do AT. Embora ela creia no Sacrifício Salvífico de Cristo e na Graça
Santificante do Espírito Santo, a IASD não entende que Cristo veio trazer a
Antiga Lei à perfeição, mas Sua reforma consistiu somente em abolir as
observâncias que eles chamam de cerimoniais.” Estas
concepções não são oriundas do final do séc. XIX quando surgiu a IASD. Nada
mais são do que a retomada de uma antiga heresia, o Montanismo. Já
em meados do séc. II Montano, um ex-sacerdote de Apolo e “converso” ao
catolicismo, difundia tal ensino, criando o que os estudiosos chamam de
Montanismo ou Heresia Montanista (1).Montano foi motivado por uma
volta iminente de Cristo (inclusive com data marcada...), era tido como profeta
de Deus e seus escritos e instruções eram considerados inspirados pelo Espírito
Santo.
Dos
seus seguidores exigia fé incondicional e obediência. Sua doutrina era de uma
moral muito rígida, além de obrigar seus seguidores a várias orientações
alimentares. Será que a semelhança com a sra. Ellen G. White é mera
coincidência?
O
Decálogo e a sua vigência
O Decálogo (Dez Mandamentos)
são os dez princípios morais e fundamentais de toda Lei que Deus deu a Moisés
no Sinai (Ex 34,27-30).Cristo nos ensinou que
"A lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de
Deus, e cada um faz violência para aí entrar" (Lc 16,16).Isto
deixa mais que claro que o legalismo do AT não está mais vigente para os
Cristãos, que vivem um tempo de Graça no Espírito Santo.Os
Adventistas, no entanto, entendem que há uma distinção entre o Decálogo e as
Leis Levíticas (ou Torah).Para eles as últimas foram
abolidas por Cristo, mas os Dez Mandamentos porque estavam dentro da Arca da
Aliança são irrevogáveis.Interessante notar que os
Adventistas para sustentarem a teoria da eternidade dos Dez Mandamentos, se
referem às seguintes palavras do Senhor:"Não
julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim
para levá-los à perfeição" (Mt 5,17).Ora, se para eles a palavra
“lei” neste versículo se refere ao Decálogo, por que então em Lc 16,16 ela só
se refere à Torah? Que exegese é esta da qual se servem os Adventistas?O fato é que mesmo que
adotemos a malabarística exegese adventista para Mt 5,17, isso ainda nos impede
aceitar o caráter irrevogável dos Dez Mandamentos.Os
Adventistas querem propor que os guardemos como estão nos livros do Êxodo e
Levítico.“Ora,
se Cristo disse que iria levá-los à perfeição, significa que antes não eram
perfeitos. Se não eram perfeitos então porque deveríamos aguardá-los como lá
estão?”E se a perfeição da Lei é a
abolição das ordenanças “cerimoniais”, que não estão no Decálogo, então Jesus não aperfeiçoou em nada os Dez
Mandamentos, apenas aboliu a Torah.E se este for o caso, como
então a palavra “lei” se aplica somente ao Decálogo?Aí os Adventistas têm que
dar um verdadeiro “nó em pingo d´àgua” para solucionar as inconsistências de
suas proposições.
A
reforma da Antiga Lei por Cristo:
Para compreendermos a
reforma na qual Cristo se referiu em Mt 5,17, devemos pontuar a unicidade de
todas as ordenanças divinas.Para
os antigos Judeus não havia qualquer distinção entre os Dez Mandamentos e a
Torah. É o que testifica um especialista no assunto, o estudioso
sr. Félix Garcia Lopes:“O Talmude, a propósito de um ponto em discussão,
lembra: 'A lei mandava recitar todos os dias os dez mandamentos. Por que não os
recitam mais, hoje? Por causa das maledicências dos minim [os dissidentes];
para que estes não possam dizer: 'Estes somente foram dados a Moisés, no Sinal'
(Talmud Jer. Berakot 1 ,3c). Segundo estes minim, Deus só pronunciou os dez
mandamentos (Dt 5,22); as outras leis são atribuídas a Moisés. A recitação
diária do decálogo, na oração comunitária, favorecia indiretamente esta idéia
de que provocava certo desprezo pelas outras leis. A fim de evitar este
mal-estar,o judaísmo ortodoxo - talvez nos círculos de Iabne [ou Jâmnia], no
fim do século 1 d.C. -suprimiu do serviço sinagogal cotidiano a recitação do decálogo”
(2).Isto também pode ser
atestado nas próprias palavras de Jesus ao Jovem Rico (cf. Mt 22,36-40; Mc
10,17-20;) e no Sermão da Montanha (cf. Mt 5-7).Devemos primeiro entender a
motivação da Lei, isto é, a razão de sua existência. Escrevendo aos Gálatas,
comunidade formada principalmente por cristãos vindos do judaísmo, assim São
Paulo se expressa:"Antes que viesse a fé, estávamos encerrados
sob a vigilância de uma lei, esperando a revelação da fé. Assim a lei se nos
tornou pedagogo encarregado de levar-nos a Cristo, para sermos justificados
pela fé. Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos
sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo" (Gl 3,23-26).Como podemos ver, São Paulo
diz que a Lei de Moisés tinha como objetivo orientar para Cristo. Isso era
possível porque dava consciência de que homem era pecador, transgressor da
Vontade de Deus. Deus manifestou em Sua Lei aquilo que o homem não conseguia
ver em seu próprio coração (cf. CIC no. 1962).
No
entanto, a antiga Lei não comunicava ao homem a Graça do Espírito Santo
necessária para agradar a Deus!
“A antiga lei apontava para o pecado, mas não era capaz de por si só justificar o homem.” Por
isso, São Paulo também ensinou aos cristãos vindos do judaísmo:"Mortos pelos vossos pecados e pela
incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele.
É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra
nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo
na cruz" (Cl 2,13-14).Que
documento é este do qual São Paulo fala que condenava os judeus?Era a própria Lei que
acusava a consciência, mas não comunicava a Graça Santificante.
A
doutrina paulina sobre os Dez Mandamentos:
Como já apresentamos, a
vigência da Antiga-Lei era um ministério de condenação, enquanto o ministério
de Cristo é Graça no Espírito Santo. Por esta razão, São Paulo escreveu aos
Coríntios:"Ora, se o ministério da morte, gravado com
letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam
fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face (embora
transitório), quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Se o
ministério da condenação já foi glorioso, muito mais o há de sobrepujar em
glória o ministério da justificação! Aliás, sob esse aspecto e em comparação
desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro
ministério. Se o transitório era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece!"
(2Cor 3,7-11).Nestas
palavras do Apóstolo se desfaz a doutrina da irrevogabilidade do Decálogo. Enquanto os adventistas
ensinam que devemos ainda observar a letra dos Dez Mandamentos (e aí que se
fundamenta a doutrina deles sobre o Sábado), São Paulo diz que é “transitório”. Ora, algo que é transitório
não pode jamais ser permanente. É transitório porque algo virá a sucedê-lo.Aí os adventistas com a sua
“exegese” afirmam que São Paulo estava se referindo à Lei de Moisés e não aos
Dez Mandamentos.
Ora,
o que foi “gravado com letras em pedra”? Foi o Decálogo ou a Lei Mosaica?
A Escritura não deixa
dúvidas de que o Apóstolo estava se referindo aos Dez Mandamentos.Em
2Cor 3,7-11, São Paulo se refere a um evento registrado no Êxodo: "Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e
quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o
texto da aliança, as dez palavras. Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos
as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu
rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. E, tendo-o
visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara
brilhante e não ousaram aproximar-se dele" (Ex 34,28-30).Como
se vê o principal fundamento da doutrina adventista está alicerçado sobre a
falsa doutrina da irrevogabilidade dos Dez Mandamentos.Querem sustentar sua falsa
doutrina ignorando os escritos paulinos e criando uma imaginária separação
entre lei moral e lei cerimonial.
Os
Dez Mandamentos no Catecismo da Igreja Católica (CIC):
A antiga Lei ensinava o
princípio do “olho por olho e dente por dente” (cf. Ex 21,24; Lv 24,20; Dt
19,21). Porém, Cristo nos ensina a dar a face àqueles que nos batem (cf. Mt
5,39). Podemos perceber nisto um indício da perfeição que Cristo prometeu que
daria à Lei.Um outro exemplo é a
exposição do Senhor no Sermão da Montanha (cf. Mt 5-7), culminando no resumo de
toda Lei em duas ordenanças apenas:"Mestre, qual é o maior mandamento da lei?
Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma
e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo
semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois
mandamentos se resumem toda a lei e os profetas" (Mt 22,36-40) (3).Nos
parágrafos 1961 a 1964, o CIC explica a Lei e seu aperfeiçoamento prometido por
Cristo. Depois nos parágrafos 1965 a 1974, o Catecismo expõe sobre a Nova Lei,
a Lei da Graça.É
aqui que a Igreja Católica apresenta uma interpretação dos Dez Mandamentos, não
segundo a Antiga Lei, mas conforme a Nova Lei inaugurada por Cristo, a Lei da
Graça.A proposta da Igreja no CIC
era mostrar como aqueles princípios universais expostos na Antiga Lei se
aplicariam na Nova Lei.Se
por isto os Adventistas acusam a Igreja de alterar os Dez Mandamentos, porque
também não acusam a Cristo, se foi Ele que primeiro o fez? (Resumindo-os em
apenas dois ?).
Conclusão
A acusação adventista à
Igreja Católica procede de um princípio falso: a irrevogabilidade do Decálogo.
Falso porque o que é irrevogável não tem vigência definida (cf. Lc 16,16), não
precisa ser levado à perfeição (cf. Mt 5,17) e nem é transitório (cf. 2Cor
3,7-11).Os Dez Mandamentos conforme
constam no CIC é uma visão dos seus princípios à Luz da Nova Lei inaugurada por
Cristo Nosso Senhor.Enquanto
os Adventistas propõe uma doutrina tendo como base as tábuas de pedra, que para
eles são os únicos mandamentos de Deus, São Paulo ensina que os verdadeiros
cristãos são “uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não
com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em
tábuas de carne, isto é, em vossos corações" (2 Cor 3,3).Infelizmente os adventistas
estão aprisionados na letra do Decálogo. Isto me lembra as seguintes palavras
de São Paulo:"Tal é a convicção que temos em Deus por
Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de
nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser
ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra
mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3,4-6).Nós Católicos continuaremos
fiéis do Depósito da Fé que os Santos Apóstolos confiaram à Igreja Católica.
NOTAS
DE REFERÊNCIA:
(1) Para saber mais sobre a Heresia Montanista
recomendo o livro “História das Heresias”, de Roque Frangiotti. Editora Paulus,
São Paulo: 1995. 4a. Edição 2004.
(2) LOPES, Félix Garcia. O Decálogo. São
Paulo: Paulus, 1995. p. 35.
(3) Note o leitor que Cristo não diz que o
maior mandamento da Lei é a guarda do Sábado, como pretendem os sabatistas.
Fonte:Veritatis
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Enquanto os Adventistas propõe uma doutrina tendo como base as tábuas de pedra, que para eles são os únicos mandamentos de Deus, São Paulo ensina que os verdadeiros cristãos são “uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações" (2 Cor 3,3).Infelizmente os adventistas estão aprisionados na letra do Decálogo. Isto me lembra as seguintes palavras de São Paulo:"Tal é a convicção que temos em Deus por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3,4-6).Nós Católicos continuaremos fiéis do Depósito da Fé que os Santos Apóstolos confiaram à Igreja Católica.
Xeque Mate !
José Arnaldo - SP
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