Como combater a
Teologia da Libertação na Igreja e na paróquia de forma estratégica e cristã
A sinceridade não é, por si só, critério da verdade. É preciso reconhecer que muitos membros e adeptos da Teologia da Libertação (TL) são pessoas de boa índole e profundamente sinceras; contudo, essa sinceridade não garante a licitude de suas convicções. Muitas dessas pessoas, de maneira bem-intencionada, se encontram sinceramente equivocadas, abraçando uma ideologia que, em vários contextos, tem afastado fiéis de Deus e, de forma implícita ou explícita, incorporado elementos do marxismo revolucionário e ateismo. Nas últimas décadas, a Teologia da Libertação emergiu como uma das correntes mais controversas dentro da Igreja Católica. Surgida em um contexto marcado por pobreza, desigualdade e injustiças sociais na América Latina, a TL buscou unir fé e transformação social. Inicialmente, essa proposta parecia compatível com a preocupação cristã com os pobres; entretanto, em muitas de suas formulações, o movimento acabou substituindo o núcleo espiritual do Evangelho por uma agenda sociopolítica inspirada em análises marxistas. A centralidade da salvação eterna e da vida em Cristo foi muitas vezes deslocada, dando lugar a uma ênfase exclusiva na "libertação" temporal.
Diante dessa realidade, o fiel católico é chamado ao discernimento. Reagir a essas distorções exige prudência, caridade e firmeza doutrinal. Não se trata de hostilidade contra pessoas, mas de um compromisso sério com a verdade revelada. Combater a TL significa confrontar ideias que desviam da fé católica, reafirmando o autêntico Magistério da Igreja e a Doutrina Social Católica genuína, que promove a justiça, a solidariedade e a dignidade humana sem reduzir a missão da Igreja a uma militância ideológica.
Embora a preocupação com a justiça social seja legítima e necessária, o risco da TL é a redução da fé a um programa político.
Assim, o cristão consciente deve agir com estratégia pastoral: promover a catequese sólida, fortalecer a formação doutrinal, oferecer acompanhamento espiritual atento e esclarecer, com paciência e caridade, os perigos de uma interpretação distorcida do Evangelho. A verdadeira pastoral não expulsa nem condena pessoas; ela guia, ilumina e corrige, sempre em conformidade com Cristo e sua Igreja. Portanto, a ação cristã diante da TL deve ser dupla: acolher as pessoas com amor, reconhecendo sua boa fé, mas combater as ideias equivocadas com clareza, coragem e fundamento na Escritura e na Tradição. Só assim será possível proteger a integridade da fé, promover uma verdadeira justiça social e evitar que ideologias externas corrompam a missão espiritual da Igreja e o relacionamento íntimo dos fiéis com Deus.
O combate à Teologia da Libertação não deve ser travado com hostilidade, mas com formação sólida e testemunho autêntico!
A primeira estratégia é o conhecimento: estudar os documentos
oficiais que a própria Igreja produziu sobre o tema, como a Instrução sobre
alguns aspectos da “Teologia da Libertação” (Libertatis Nuntius, 1984), e a
Instrução sobre liberdade cristã e libertação (Libertatis Conscientia, 1986),
ambas elaboradas pela Congregação para a Doutrina da Fé sob a orientação do
então Cardeal Joseph Ratzinger.
Esses textos deixam claro que a verdadeira
libertação começa na libertação do pecado e que a fé cristã não pode ser
reduzida a um projeto político. A Igreja não se opõe à luta por justiça, mas
rejeita qualquer leitura materialista da fé, que transforma o Evangelho em
manifesto revolucionário.
1. Entender para discernir: formar-se bem
O primeiro passo é conhecer a Teologia da Libertação, suas origens
e seus desvios. Muitos a seguem por ignorância, não por má-fé.
-Estude os documentos da Igreja: especialmente a Instrução Libertatis Nuntius (1984) e a Libertatis Conscientia (1986), da Congregação para a Doutrina da Fé, assinadas pelo então cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI).
-Leia autores fiéis ao Magistério, como Luís Maria Grignion de Montfort, Bento XVI, Dom Athanasius Schneider, Mons. João Clá Dias e Scott Hahn.
Promova formações paroquiais que apresentem a doutrina social da Igreja verdadeira — mostrando que a Igreja defende a justiça social sem aderir ao materialismo histórico.
2. Combater o erro com a
caridade e a verdade
Cristãos não são chamados a brigar, mas a iluminar com mansidão e
firmeza.
-Quando ouvir pregações ideologizadas (por exemplo, “Jesus foi o primeiro revolucionário” ou “o Reino de Deus é uma sociedade sem classes”), corrija com mansidão, com base no Evangelho e no Catecismo.
-Use frases simples e claras:
“Padre, Jesus não veio fundar um partido,
mas o Reino dos Céus.”
“A opção pelos pobres não é política, é
espiritual: é amar o Cristo nos pobres.”
-Reze
pelos sacerdotes e fiéis contaminados por essa ideologia. Muitas vezes, só a
oração liberta o coração do engano intelectual.
3. Criar polos de
formação e espiritualidade sólida
Em vez de atacar o erro diretamente o tempo todo, é mais eficaz construir e ensinar o bem e o que é certo aos mais próximos
-Organize grupos de estudo do Catecismo, do Compêndio da Doutrina Social da Igreja e dos documentos papais.
-Se ofereça diretamente ao pároco ou coordenadores de pastorais para participar das pastorais de catequese na sua paróquia: Crianças, Catecumenato de Jovens e Adultos, Pastoral dos Noivos e da Familia, etc.
-Incentive a devoção mariana (cursos de consagração) — pois Maria, humilde serva de Deus, é o antídoto contra o orgulho revolucionário.
-Promova adoradores e missionários eucarísticos, pois a TL frequentemente esvazia o sentido sobrenatural da Eucaristia.
-Valorize movimentos e comunidades fieis à tradição e ao Magistério (como o Opus Dei, Comunidade Shalom, Canção Nova, Caminho Neocatecumenal, ou grupos tradicionais em comunhão com Roma).
4. Mostrar a verdadeira caridade cristã
A TL se aproveita da dor dos pobres, e conflitos sociais apresentando uma “salvação
social” imediata.
-Mostre,
com atitudes, que a Igreja verdadeira serve os pobres com amor, não com
ideologia.
-Organize
obras de caridade autênticas, unindo assistência material e evangelização
espiritual: Sopão, bazares, doações, etc.
-Ensine que a maior pobreza é a falta de Deus: “O homem não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4).
5. Alinhamento com o pároco e o bispo
Nem sempre será fácil. Alguns padres ou agentes pastorais podem
ter formação contaminada e rejeitar sua forma de servir na igreja.
-Aja com prudência e respeito, mas com firmeza, e nunca com omissão.
-Se houver pregações abertamente contrárias à fé, registre, documente e leve ao bispo com serenidade e provas concretas (certificando-se antes a linha pastoral do bispo: progressista, moderada, ou conservadora).
-Reforce sempre o vínculo com Roma e o Papa, evitando cair em extremos como o sedevacantismo ou o tradicionalismo rebelde. O caminho é a fidelidade equilibrada.
6. Apostolado silencioso, mas perseverante
A mudança virá mais pelo testemunho
de fé autêntica do que por discussões.
-Forme
jovens e famílias na oração, na doutrina e no amor à Santa Missa.
-Leve
o Santo Rosário e a consagração a Jesus por Maria como armas espirituais.
-A
santidade pessoal é a estratégia mais eficaz para renovar uma paróquia
ideologizada.
Em nível pastoral, o fiel engajado pode
agir em três frentes:
1.Formação
doutrinária – Promover cursos e grupos de estudo sobre o Catecismo, o Compêndio
da Doutrina Social da Igreja e documentos papais.
2.Espiritualidade
autêntica – Fomentar a devoção mariana, a adoração eucarística e o Rosário,
fortalecendo a dimensão sobrenatural da fé.
3.Ação
caritativa gratuita, sem holofotes, verdadeira, sem esperar aplausos – Viver a caridade concreta, mostrando que servir aos
pobres é amar o Cristo presente neles, e não fazer militância ideológica.
Essas atitudes desarmam o discurso político travestido de fé e reconduzem a pastoral ao seu eixo original: Cristo Redentor, não o homem revolucionário. Por fim, é importante dialogar com respeito e firmeza com sacerdotes e agentes pastorais que se deixaram influenciar pela TL, sem cair em polarizações destrutivas. A correção fraterna e a oração sincera pelos pastores são instrumentos espirituais poderosíssimos.
Conclusão
Combater a Teologia da Libertação não é guerra de direita contra esquerda, mas a luta da fé contra a ideologia. É defender o Cristo real, que salva almas, contra o Cristo político, criado por teólogos que trocaram o Evangelho por manifestos. Como dizia São João Paulo II:
“A libertação mais profunda é a libertação do pecado, não a
libertação política.”
E, como recordava Bento XVI:
“Quando
Deus é excluído, o homem não se torna livre, mas escravo de ideologias.”
Portanto, lute com caridade, clareza e coragem, iluminando os outros com a verdade que liberta: Cristo, o único Redentor do homem. Combater a Teologia da Libertação não é rejeitar a preocupação com os pobres, mas purificar o discurso e a prática pastoral de contaminações ideológicas. O fiel católico precisa recordar que a missão da Igreja é salvar almas, não reformar sistemas políticos. A verdadeira libertação é interior: é o reencontro do homem com Deus, libertando-o do pecado e conduzindo-o à santidade.Como dizia Bento XVI:
“Sem Deus,
o homem não se liberta, apenas muda de algemas”.
Portanto, a estratégia cristã é simples e
profunda: formar, rezar e testemunhar. Assim, a luz da verdade vencerá as
sombras da ideologia.
Assista o filme documentário: “Eles estão no meio de nós” no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=RahB38Rgd6w
Referências
-CONGREGAÇÃO
PARA A DOUTRINA DA FÉ. Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da
Libertação (Libertatis Nuntius). Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1984.
-CONGREGAÇÃO
PARA A DOUTRINA DA FÉ. Instrução sobre liberdade cristã e libertação
(Libertatis Conscientia). Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1986.
-RATZINGER, Joseph (BENTO XVI). Introdução ao Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2005.
-WOJTYLA, Karol (JOÃO PAULO II). Redemptor Hominis. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1979.
-PONTIFÍCIO CONSELHO “JUSTIÇA E PAZ”. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. São Paulo: Paulinas, 2005.
-MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Paulus, 2011.
-HAHN, Scott. O Banquete do Cordeiro: a missa segundo um convertido. São Paulo: Ecclesiae, 2012.
-SCHNEIDER, Athanasius. Domínio da Verdade: fé e vida em tempos de confusão. São Paulo: Ecclesiae, 2021.
-CLÁ DIAS, João S. Maria Santíssima: o paraíso de Deus revelado aos homens. São Paulo: Arautos do Evangelho, 2018.
-KÜNG, Hans. Ser Cristão. São Paulo: Paulinas, 1974. (para contraste crítico com as abordagens teológicas contemporâneas).
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