“Nem a pobreza salva, nem a
riqueza condena: só a fé vivida na caridade abre as portas do Céu”
Evangelho de Lucas 16,19-31 – O rico e Lázaro
Caríssimos irmãos e irmãs, O Evangelho deste domingo nos apresenta uma parábola que deve ser lida com espírito de fé, evitando reduções simplistas. Alguns querem transformá-la apenas numa luta de classes, como se Jesus tivesse vindo para salvar apenas os pobres e condenar automaticamente os ricos. Mas a verdade da fé é muito mais profunda: Cristo veio salvar todos os homens — pobres e ricos, sábios e ignorantes, judeus e pagãos — enfim, todos os pecadores, desde que abram o coração à graça e se convertam.
Vejamos com atenção: Jesus não condena o rico por ser rico! Tanto que no Evangelho encontramos homens abastados que se salvaram, como Zaqueu, que ao se encontrar com Cristo decidiu restituir e partilhar seus bens; como José de Arimateia, homem rico que ofereceu seu túmulo para sepultar o Senhor; ou Nicodemos, que buscava a verdade e reconheceu em Cristo o Mestre vindo de Deus. O próprio Lázaro, amigo de Jesus em Betânia, não era apenas um mendigo, mas também foi amado por Ele. O pecado do rico da parábola não foi a sua riqueza, mas a indiferença diante do sofrimento de Lázaro. Ele se banqueteava todos os dias, fechado em si mesmo, incapaz de ver, amar e servir. Seu coração se tornou cego, surdo e endurecido. Por isso, a parábola é um alerta contra o egoísmo, a autossuficiência e a falta de caridade.
O pobre Lázaro, por sua vez, não foi salvo simplesmente porque era pobre. Ele foi salvo porque, mesmo na miséria, suportou com paciência, confiando em Deus. O Céu não é prêmio automático da pobreza material, mas recompensa da fé, da esperança e da perseverança no meio das provações. Da mesma forma, o inferno não é destino inevitável dos ricos, mas consequência da recusa de amar a Deus e ao próximo.
Aqui está o ensinamento profundo da Igreja: não é a condição social que define a salvação, mas a fidelidade a Deus e a prática da caridade. É exatamente o que São Paulo ensina quando escreve aos Coríntios:
“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus” (1Cor 6,9-10).
Vejam, irmãos: a Escritura não cria categorias sociais, mas mostra que é o pecado não arrependido que fecha as portas do Reino. Seja pobre ou rico, se alguém vive nessa condição e não busca a misericórdia de Deus, não herdará o Céu.
O Catecismo nos recorda que as riquezas podem ser ocasião de santidade, quando bem administradas, partilhadas e colocadas a serviço do Reino; mas também podem se tornar laço de perdição quando são idolatradas e nos afastam de Deus. Não esqueçamos: há ricos que são tão pobres, que a única coisa que possuem é o dinheiro. No diálogo final, o rico suplica que alguém vá avisar seus irmãos. Abraão responde: “Eles têm Moisés e os Profetas; que os escutem!”. Isso vale também para nós: temos a Palavra de Deus, a Tradição viva da Igreja, o Magistério seguro e, sobretudo, temos a Ressurreição de Cristo. Se não escutamos agora, de nada adiantará buscar sinais extraordinários. Portanto, irmãos, peçamos hoje a graça de um coração vigilante e misericordioso. Que aprendamos a reconhecer Cristo presente nos pobres — de bens materiais e de bens espirituais — sem cair na tentação de ideologizar a fé. Jesus é o Salvador de todos, e só nos pedirá contas de uma coisa: se O amamos e servimos nos irmãos, com fé, humildade e generosidade, independentemente da classe social, mas atentos à necessidade de cada um.
Que a Virgem Maria Santíssima, a Mulher pobre de Nazaré, mas riquíssima de fé, nos ensine a viver desapegados, confiando mais em Deus do que nos bens, e a partilhar o que temos com espírito de verdadeira caridade cristã. Ela, na sua simplicidade, soube acolher tanto pobres como ricos: recebeu os pastores humildes na noite de Belém e, ao mesmo tempo, aceitou com gratidão os presentes dos ricos magos do Oriente, reconhecendo neles a providência divina. Mais tarde, nas bodas de Caná, foi atenta às necessidades dos esposos, intercedendo para que não faltasse o vinho da alegria. Santa Mãe de Deus, modelo de desapego e caridade, ajudai-nos a não desprezar ninguém, mas a conduzir todos — pobres e ricos — ao vosso Filho Jesus Cristo, único Salvador e Redentor do mundo.
Amém!
👉 Clique
aqui para seguir o Blog Berakash
👉 Clique aqui e siga em nosso
canal no YouTube
A Paz em
Cristo e o Amor de Maria, a mãe do meu Senhor (Lucas 1,43)
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam nossa adesão às ideias nelas contidas.O blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a).Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos se ofensivos a honra.