E QUANDO ALGUEM DIZ QUE "NÃO SE SENTE REPRESENTADO PELA
CNBB"? O QUE DIZER E FAZER?
por IMPRENSA CNBB
- 19 DE ABRIL DE 2024
Natureza da CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a
instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja Católica Apostólica
Romana no Brasil, na qual exercem conjuntamente algumas funções pastorais em
favor dos fiéis (cf. cân. 381, § 2). Nela, a
exemplo dos Apóstolos, os Bispos procuram dinamizar a própria missão
evangelizadora para melhor promover a vida eclesial e responder de modo mais
eficaz aos desafios contemporâneos, por formas de apostolado adequadas às
circunstâncias (cf. cân. 447), realizando
evangelicamente seu serviço de amor, na edificação de uma sociedade justa e
fraterna, sendo “espaço de discernimento solidário” (cf. Apostolorum
Successores, n. 28; Documento de Aparecida, n. 181), a caminho do Reino
definitivo.
Fins da CNBB
Respeitadas a competência e
responsabilidade de cada membro, quanto à Igreja
Universal e à própria Igreja Particular, cabe à CNBB, como expressão peculiar
do afeto colegial:
•Fomentar a comunhão entre os membros e promover a maior
participação deles na Conferência.
•Ajudar os Bispos no seu ministério para o benefício
de "TODO" o povo de Deus.
•Concretizar o afeto colegial (cf. Apostolos Suos, n. 14) e
facilitar o relacionamento de seus membros, sendo espaço de diálogo, ajuda
fraterna e de encorajamento recíproco.
•Promover a permanente formação e atualização dos seus membros,
para melhor cumprirem o múnus pastoral.
•Estudar assuntos de interesse comum, estimulando a ação
concorde e a solidariedade entre os Pastores e entre suas Igrejas.
•Promover a ação evangelizadora, pelo planejamento e pela
pastoral orgânica, em âmbito nacional e regional, e oferecer diretrizes e
subsídios às Igrejas Particulares.
•Exercer o magistério doutrinal e a atividade legislativa,
segundo as normas do direito.
•Favorecer a comunhão e participação na vida e atividades
eclesiais, das diversas categorias do povo de Deus: ministros ordenados,
membros de institutos de vida consagrada e leigos, discernindo e
valorizando seus carismas e ministérios.
•Representar o Episcopado brasileiro junto a outras instâncias,
inclusive a civil.
Missão da CNBB no âmbito de suas finalidades e
competências:
•Manifesta solicitude para com a Igreja e sua missão universal,
por meio da comunhão e colaboração com a Sé Apostólica e pela atividade
missionária, principalmente “ad gentes”.
•Favorece, com um serviço sempre maior, a responsabilidade
inalienável de cada um dos Bispos para com a Igreja Universal e a sua Igreja
Particular (cf. Apostolos Suos, n. 24).
•Relaciona-se com as outras Conferências Episcopais,
particularmente as da América, com o Conselho Episcopal Latino-Americano
(CELAM) e com a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).
Relacionamento da CNBB
– Com os diversos segmentos da realidade econômica, social e
política do Brasil: A CNBB colabora para a promoção do
desenvolvimento humano integral do povo brasileiro e, quando nisto solicitada,
auxilia os Conselhos Episcopais Regionais e os Pastores das Igrejas
Particulares.
– Com as autoridades civis e públicas:Em
oportuno entendimento com a Nunciatura Apostólica, a CNBB trata das questões
que interessam ao bem comum e à missão da Igreja, bem como os assuntos
relativos ao Acordo entre o Brasil e a Santa Sé, à sua implementação e
aplicação prática.
– Com as instituições que representam os fiéis leigos, com os
Institutos Vida Consagrada, as Sociedades de Vida Apostólica e os ministros
ordenados, em âmbito nacional: A CNBB mantém um
relacionamento constante para fomentar a comunhão, a solidariedade e a
colaboração pastoral.
– Com as Igrejas e comunidades eclesiais ainda não em plena comunhão
com a Igreja Católica, presentes no País: A CNBB mantém
diálogo fraterno, na busca da unidade desejada por Cristo Jesus; procura também
o diálogo respeitoso com as religiões não cristãs e com aqueles que aspiram
sinceramente à verdade e ao bem; colabora com todos para a promoção e defesa da
vida e da dignidade humana, o estabelecimento da justiça e da paz, num mundo de
liberdade e solidariedade.
São membros da CNBB, a partir da posse no ofício e enquanto o
ocupam:
•Os Bispos diocesanos, os que a eles se equiparam no direito.
•Os Bispos coadjutores.
•Os Bispos auxiliares.
•Os Bispos titulares que exerçam no Brasil um encargo especial
confiado pela Sé Apostólica ou pela CNBB.
•Os Hierarcas das Igrejas Orientais Católicas com ofícios
correspondentes aos de bispos diocesanos (ou os que a eles se equiparam no
direito), coadjutores ou auxiliares.
Fonte - https://www.cnbb.org.br/cnbb/
ESCLARECIMENTOS: o que é e não é a cnbb?
por Dom Fernando Arêas Rifan - 04/05/2018 - Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
“O Espírito Santo instituiu os Bispos para governar a Igreja de
Deus” (Atos 20,28)
A respeito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
têm surgido ultimamente entre os católicos muitos questionamentos, alguns,
justificados pela retidão e merecedores de explicação, outros, agressivos,
carentes de espírito católico e respeito, que perdem assim toda a
credibilidade. Reunida recentemente em sua 56ª Assembleia Geral (56ª AG), a
própria CNBB fez diversos pronunciamentos, que cito entre aspas, procurando
elucidar algumas dúvidas, às quais acrescento algumas elucidações, dirigidas aos
católicos de boa vontade.
O QUE NÃO É A CNBB?
Uma Conferência Episcopal, como a CNBB, não faz
parte da hierarquia da Igreja como tal, que é formada pelo Papa e pelos Bispos
em comunhão com ele. A Conferência, instituição eclesiástica, não existe para
anular o poder dos Bispos, instituição divina. Não
confundir Conferência Episcopal com o Episcopado ou Colégio dos Bispos,
sucessor do Colégio Apostólico, de instituição divina.A
Conferência Episcopal não tem poder hierárquico sobre os Bispos. Quem tem poder
sobre eles é o Papa, que se comunica com
eles através da Nunciatura Apostólica.
O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos
“efeitos paradoxais do pós-concílio”:
-“A decidida retomada (no Concílio) do papel do Bispo, na
realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o risco de ser sufocada
pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre mais organizadas,
com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No entanto,
não devemos esquecer que as conferências episcopais não fazem parte da
estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente
uma função prática, concreta”. É, aliás, continua,
o que confirma o Direito Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das
Conferências, que “não podem agir validamente
em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos bispos tenham dado
o seu consentimento”, e quando não se trate de “matérias sobre as quais haja
disposto o direito universal ou o estabeleça um especial mandato da Sé
Apostólica”. E recorda o Código e o
Concílio: “o Bispo é o autêntico doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados
aos seus cuidados”. “Nenhuma Conferência
Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de ensino: seus documentos não têm
valor específico, mas o valor do consenso que lhes é
atribuído pelos bispos individualmente”.
-“O grupo dos bispos unidos nas Conferências depende, na
prática, para as decisões, de outros grupos, de comissões específicas, que
elaboram roteiros preparatórios. Acontece, além
disso, que a busca de um ponto comum entre as várias tendências e o esforço de
mediação dão lugar, muitas vezes, a documentos nivelados por baixo, em que as
posições precisas são atenuadas”. E ele recorda que,
em seu país, existia uma Conferência Episcopal já nos anos 30: “Pois bem, os
textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que vieram individualmente
de prelados corajosos. Os da Conferência, no entanto, pareciam um tanto
abrandados, fracos demais com relação ao que a tragédia exigia” (Ratzinger, A
Fé em crise, IV).
Portanto, não se pode nem se deve atribuir à CNBB
responsabilidade e poderes que ela não tem! ENTÃO, O QUE É A CNBB? QUE
IDEIA DEVEMOS FAZER DELA?
-“A Conferência dos Bispos, organismo permanente, é a reunião
dos Bispos de uma nação, que exercem conjuntamente certas funções pastorais em
favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja
proporciona aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostolado
devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar, de acordo com o
Direito” (C.D.C. cânon 447). Por isso, por ser uma obra da Igreja, merece o
nosso especial respeito e consideração.
-“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a
instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja Católica no País; nela,
conjuntamente, eles exercem funções pastorais e dinamizam a missão
evangelizadora. Respeitadas a competência e
responsabilidade de cada membro, quanto à Igreja universal e à própria Igreja
particular, cabe à CNBB, como expressão peculiar do afeto colegial, fomentar a
comunhão entre os membros, ajudar os Bispos no seu ministério para o benefício
de todo o povo de Deus, concretizar o afeto
colegial e facilitar o relacionamento de seus membros, sendo espaço de diálogo,
ajuda fraterna e de encorajamento recíproco, estudar assuntos de interesse
comum, promover a ação evangelizadora, exercer o magistério doutrinal e a
atividade legislativa, segundo as normas do direito, representar o Episcopado
brasileiro junto a outras instâncias, inclusive a civil” (Estatutos art. 1º e
2º).
A natureza das conferências episcopais foi exposta na Carta
Apostólica Apostolos suos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus
Dominus do Concílio Vaticano II, que considera:
-“Muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma
nação ou região se reúnam periodicamente em
assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de
opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das
Igrejas”. Ensina ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a
natureza da Igreja. Assim como a Igreja é una e universal, assim também o
Episcopado é uno e indiviso, sendo tão extenso como a comunidade visível da
Igreja e constituindo a expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento
visível dessa unidade é o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.
-“Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos,
estamos unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o
sucessor de Pedro; isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja (cf.
Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial se concretiza também nas
Conferências Episcopais, expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio
Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à
Divina Providência e, no decreto
Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em
que está presente a Igreja” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).
O respeito devido aos Bispos, sucessores dos Apóstolos, se
estende também, de certa maneira, à Conferência dos Bispos. No dia da
ordenação dos Bispos, foi dirigida ao povo de Deus essa exortação: “Deveis
honrá-lo como ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus…
Lembrai-vos das palavras de Cristo aos Apóstolos: “quem vos ouve, a mim ouve;
quem vos despreza, a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me
enviou”.
A CNBB É UM GRUPO IDEOLÓGICO, UMA ONG, FAVORÁVEL A ALGUM PARTIDO
POLÍTICO?
-Não! “A CNBB não se identifica com
nenhuma ideologia ou partido político! As
ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo
numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo;
por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos
outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n.
100-101)”
“A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo
reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la
e por ela nos doar. Por isso, não é possível
compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas,
políticas e ideológicas, pois ela é, na
história, o povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo” (56ª
AG – Mensagem ao Povo de Deus).
POR QUE A CNBB TEM MENSAGENS POLÍTICAS E SOCIAIS?
-“A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a
batalha política, não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também
não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela
pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem
as quais a justiça não poderá firmar-se nem prosperar” (Papa Bento XVI, Deus
caritas est, n. 28).
-“Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade
brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério,
particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl
5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o mistério
do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da vida, desde a
concepção até o fim natural. Igualmente, a opção
preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência.
O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita
na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos
com a sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos
pobres e marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de
Cristo, como exorta o Papa Francisco”.
-“Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais,
econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja
reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo
moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da
pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes,
76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar quando a
vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência
instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos, nos
configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt
5,11)” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).
MAS BISPOS DA CNBB TOMAM ÀS VEZES POSIÇÕES E ATITUDES NÃO
CONDIZENTES COM A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA!
-“A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode
ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que
não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social,
mesmo quando realizadas por eclesiásticos” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).
-O mesmo se diga dos organismos ou instituições não episcopais,
vinculadas à CNBB para lhe prestar colaboração específica: essas
instituições “podem pronunciar-se ou agir tão somente em nome próprio, não em
nome da CNBB, sempre em consonância com eventuais
pronunciamentos da CNBB” (Estatutos art. 12 §2º).
E O QUE DIZ A CNBB SOBRE OS ABUSOS LITÚRGICOS QUE ACONTECEM EM
VÁRIAS IGREJAS DO BRASIL?
Dom Armando Bucciol, presidente da Comissão Episcopal Pastoral
de Liturgia da CNBB, falando em nome da Conferência, explicou: “Antes de tudo,
o que mais precisa a respeito da liturgia é entender seu sentido teológico e
espiritual para torna-la momento forte, marcante e transformador na vida do
cristão”, reforçando que:
"Quem viver a liturgia iluminado pela presença e força do
Espírito Santo não precisa procurar expressões do que ele chamou de criatividade
selvagem. Ninguém é dono da liturgia, mas seu servidor. Bastar
viver com intensidade e autenticidade a nobre beleza do rito na liturgia latina
que nós celebramos”.
No pronunciamento oficial da Comissão para a Liturgia –
“Reflexões e orientações sobre Liturgia e Evangelização, com o objetivo de
tornar as nossas celebrações litúrgicas ‘simultaneamente a meta para a qual se
encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’ (SC 10)
e verdadeiros momentos de evangelização e autênticas experiências de encontro
com Jesus Cristo” – declarou:
“A Evangelização consiste em propor caminhos para que as pessoas
se encontrem com Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e participem do evento da
Páscoa do Senhor. Ser Igreja e estar na Igreja
é possível somente por Ele e para Ele - A expressão consagrada na SC 9,
‘liturgia ápice e fonte da vida cristã’, não é retórica nem modismo, mas
afirmação basilar que não permite que a liturgia seja instrumentalizada ou
banalizada. Liturgia não é ‘mídia’, não está a serviço de
outra realidade que não seja o Mistério Pascal que fundamenta a nossa fé… A
sagrada liturgia não esgota toda a ação da Igreja, porque os homens, antes de poderem
participar na liturgia, precisam ouvir o apelo à fé e à conversão” (SC 9).
“Um dos sinais mais eloquentes da manifestação do sagrado serão
as comunidades reunidas em oração, para celebrar a Liturgia e para louvar e
agradecer ao Senhor. O Papa Bento XVI reconheceu
que ‘a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem
celebrada. Por sua natureza, a liturgia possui uma eficácia
pedagógica própria para introduzir os fiéis no conhecimento do mistério
celebrado’ (Sacramentum Caritatis, 64)”.
“Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no
Brasil, escreve-se que vivemos envolvidos num ‘mundanismo sob vestes
espirituais e pastorais’, com ‘celebrações litúrgicas que
tentem mais à exaltação da subjetividade do que à comunhão com o Mistério - Por
isso, nós pastores, devemos avaliar, com sabedoria e competência, e discernir
se os ritos que se celebram em nossas comunidades – e o modo como são
celebrados – facilitam ou dificultam a Evangelização. Não
podemos supor que o povo seja ainda profundamente cristão (se é que tenha sido
no passado). Porém, recusamos acreditar que o ‘remédio’ consista em enfeitar –
para não dizer mascarar – as celebrações litúrgicas para torna-las mais
charmosas e chamativas…”
“O caminho mais seguro é tornar as
nossas celebrações dignas, bonitas, coerentes e fiéis ao espírito da liturgia” (Comissão
Episcopal Pastoral para a Liturgia – pronunciamento na 56ª AG 2018).
E A ACUSAÇÃO DE QUE A CNBB ESTARIA FAVORECENDO O ABORTO?
A posição da CNBB quanto ao aborto é claríssima, a mesma do
Magistério da Igreja, já manifestada em diversas e numerosas ocasiões. Por
exemplo:
NOTA DA CNBB PELA VIDA CONTRA O ABORTO – “Não matarás, mediante
o aborto, o fruto do seu seio” (Didaquê, século I). “A Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em
defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a
sua concepção até a morte natural. Condena, assim, todas e quaisquer
iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”.
“O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e
defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O
direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o
doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que
acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu….”
“A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na
natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua
comprovação à luz da fé…”
“Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se
empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos
empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas
de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos
atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do
Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar”.
“O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso,
mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à
condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm
obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do
Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida
desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado. Não
compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida,
assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e
excludente; ‘causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais
ver a luz, vítimas do aborto’. São imorais leis que imponham aos profissionais
da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou
indiretamente, na prática do aborto” (11 de abril de 2017).
Não cabe, pois, a menor dúvida sobre a posição doutrinária da
CNBB com relação ao aborto.
E A ACUSAÇÃO DE QUE, COM A CAMPANHA DA FRATERNIDADE, A CNBB
TERIA AJUDADO UMA ONG ABORTISTA?
A Campanha da Fraternidade, que acontece na Quaresma, tem como
finalidade unir as exigências da conversão, da oração e da penitência com algum
projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar
a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã,
convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo,
vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa
ajuda. Da coleta para a Campanha da Fraternidade, feita no Domingo de
Ramos, 60% fica nas Dioceses, para as suas próprias obras sociais (Fundo
Diocesano de Solidariedade). 40% desta coleta ajuda a formar o Fundo
Nacional de Solidariedade, criado para prestar um serviço à caridade,
financiando projetos beneficentes, que lhe são apresentados, com a recomendação
de um Bispo, e examinados pelo Conselho Gestor.
“O Fundo Nacional de Solidariedade é fruto da Campanha da
Fraternidade, iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
que, desde 1964, convida os católicos, no período quaresmal, a refletir e agir
sobre a situação dos mais pobres e vulneráveis, à luz da Palavra de Deus e da
Doutrina Social da Igreja… O gesto de colaborar com a Coleta no Domingo de
Ramos foi uma expressão de sua espiritualidade quaresmal. Assim, sua vivência
dos valores do Evangelho se materializou em recursos para o financiamento de
projetos sociais em nosso país. Queremos, pois, em nome de todos os que serão
beneficiados por essa coleta, expressar-lhes nossa gratidão, ao mesmo tempo em
que nos dispomos a lhes prestar alguns esclarecimentos” (Conselho Gestor do
Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª AG da CNBB).
“Anualmente, é publicado um edital, com as exigências que devem
ser observadas por aqueles que apresentam projetos. O edital dos anos
anteriores está disponível no site. (fns.cnbb.org.br). Os projetos para o FNS
podem ser apresentados por Regionais da CNBB, por Dioceses, Paróquias, Grupos
organizados, Associações, Pastorais, Entidades Sociais sem fins lucrativos etc”
(Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª
AG da CNBB). Neste ano, por exemplo, a 56ª Assembleia Geral da CNBB
aprovou a proposta de destinar a Diocese de Roraima 40% dos recursos do FNS,
para os trabalhos que envolvem a acolhida dos refugiados venezuelanos.
Sobre o projeto aprovado para a ABONG:
“Dentre os 237 projetos aprovados com os recursos da Campanha da
Fraternidade de 2017, um deles foi apresentado pela Associação Brasileira de
Organizações Não Governamentais – ABONG. Essa entidade reúne organizações da
Sociedade Civil, sem fins lucrativos, para o fortalecimento da base
associativa. Em nome de cerca de cem organizações – dentre as quais, várias
ligadas à Igreja -, a ABONG pediu recursos para a realização do V Encontro
dessas entidades, em São Paulo. Esse Encontro tinha como finalidade única e
exclusiva discutir o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, que
é uma agenda política ampla, que tem o objetivo de aperfeiçoar o ambiente
jurídico e institucional relacionado às Organizações da Sociedade Civil e suas
relações de parceria com o Estado. Assim, a ajuda dada não se
destinou a apoiar projetos movidos por ideais divergentes dos valores da fé
cristã católica, como por exemplo o aborto. Temos
no arquivo do FNS a prestação de contas do evento em questão, bem como todas as
notas fiscais, fotografias e a lista de presença do evento” (Conselho Gestor do
Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) (Declaração feita na 56ª AG da CNBB).
Como qualquer um pode ser enganado ao dar esmolas, o FNS
reconhece que realmente pode não ter sido boa coisa ajudar essa associação, que
congrega entidades que, fora da nossa intenção, podem usar essa ajuda para
coisas más, como, no caso, o aborto. Mas a ajuda não foi dada para isso, mas
apenas para o Encontro que visou discutir a situação jurídica das entidades
afiliadas. Por isso o FNS declara:
“Comprometemo-nos a analisar mais atentamente os projetos que
forem apresentados, bem como a prestar maior atenção aos objetivos das
entidades proponentes. O Regulamento do FNS está
sendo revisto e aprimorado para ser apresentado ao Conselho Permanente da CNBB.
Reafirmamos nosso compromisso com Jesus Cristo e sua Igreja. Daí nossa
disposição de continuar trabalhando de acordo com a Moral Católica e a Doutrina
Social da Igreja, para que ‘todos os povos tenham vida’ (Jo 10,10). Renovamos
nossos agradecimentos a todos os que colaboraram com a CF-2018. Cresça, cada
vez mais, nosso compromisso com os mais necessitados, segundo o critério
apontado por Jesus. A Virgem Maria, Mãe da Caridade, nos ensine a seguir os
passos de Jesus no serviço ao próximo” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de
Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª AG da CNBB).
E SOBRE A cnbb e a "IDEOLOGIA DE GÊNERO"?
A CNBB protesta sempre seguir a doutrina católica e o
ensinamento pontifício a esse respeito. Além dos dados da ciência e da lei
natural, a doutrina católica ensina sobre o nosso dever em relação à própria
identidade sexual:
“Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade
pessoal e inscreveu nele a vocação do amor e da comunhão. Cabe a cada um
aceitar a própria identidade sexual,
reconhecendo sua importância para a pessoa toda, a especificidade e a complementaridade”
(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 487).
Com a ideologia de gênero, “deixou de ser válido aquilo que se
lê na narração da criação:
‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1, 27)… O homem contesta a sua
própria natureza… E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se
também a dignidade do homem” (Bento XVI, discurso à Cúria Romana, 21/12/2012).
O Papa Francisco tem falado da “beleza do matrimônio”, com a “complementaridade
homem-mulher, coroação da criação de Deus que é desafiada pela ideologia do
gênero” (Disc. aos Bispos porto-riquenhos, 8/6/2015).
Quaisquer expressões que possam soar ambíguas sobre esse ponto
devem ser interpretadas segundo a doutrina católica acima mencionada.
QUAL A MENSAGEM DA CNBB AOS FIÉIS LEIGOS, SOBRE A ATITUDE QUE
DEVEM TOMAR?
“Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a
viverem a integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade
impregnada dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade
de expressão e o diálogo responsável são indispensáveis. Devem,
porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e amor “para
com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo (LG 37).
Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e
promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor”
(Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia Mundial das Comunicações de 2018)”
“Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram
polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos
promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça
crescer a nossa comunhão na fé, pois, só permanecendo unidos em Cristo podemos
experimentar a alegria de ser discípulos missionários” (56ª AG – Mensagem ao
Povo de Deus).
CONCLUSÃO:
“Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o
pecado, e veio expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu
seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação,
sem descanso dedica-se à penitência e à renovação. A Igreja
continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de
Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No
poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na
caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para
revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo,
até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen
Gentium, 8).
Fonte: https://www.cnbb.org.br/a-cnbb-esclarecimentos/
Adendo SOBRE O "SENTIR-SE REPRESENTADO, OU NÃO, PELA
CNBB"
Reforçamos aqui a dirença entre posições e pronunciamentos
ISOLADOS, ou particularizados de comissões e de bispos, que não representam a
COLEGIALIDADE da CNBB, pois esses posicionamentos não são endossados pela CNBB
através de sua presidência e secretariado, pois não estão assinados pelos
mesmos. Vale aqui o que já foi dito acima:
-“A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode
ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que
não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social,
mesmo quando realizadas por eclesiásticos” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).
-O mesmo se diga dos organismos ou instituições não episcopais,
vinculadas à CNBB para lhe prestar colaboração específica: essas
instituições “podem pronunciar-se ou agir tão somente em nome próprio, não em
nome da CNBB, sempre em consonância com eventuais
pronunciamentos da CNBB” (Estatutos art. 12 §2º).
Dito isso, oremos por nossos pastores e dignos ministros:
"Deus eterno, misericordioso e Todo Poderoso, por cujo Espírito todo o corpo da Igreja é santificado e governado, ouve misericordiosamente nossas humildes súplicas por todos os bispos, sacerdotes e diáconos; para que, pelo dom da tua graça, todos, nos vários cargos, vos sirvam com fidelidade e tenham a força para ser testemunhas firmes do Evangelho no mundo."
Amém!
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