Coruja ou Rouxinol?
Por:*Pierre
de Craon
Se
fosse para escolher, à primeira vista, sem hesitar, todos escolheriam o
rouxinol, porque ele é a beleza, a graça, o sol, a vida. A coruja é feia. Ela é
a noite, é a morte. Ela é o ódio a luz, ela representa o mal. Quem poderia,
nesse sentido, preferir a coruja? Contudo, há também um
significado legítimo e bom na coruja. Ela vê no escuro, por isso, sempre
simbolizou a filosofia, que permite ver nas questões obscuras. Onde o homem
comum nada percebe, o filósofo vê e compreende. A coruja representa assim
o saber filosófico, a teoria pura, a ciência abstrata e, nesse sentido, é
símbolo de um bem. O rouxinol é a poesia. Até
em seu nome parece haver um trinado sonoro. Ele é um raio de sol
cantando. A coruja é a luz intelectual. Não há escuridão para seus
olhos argutos.
Entre a coruja e o rouxinol, qual escolher?
"A
sabedoria é desejável e a beleza é amável!
A
filosofia ilumina, a poesia encanta!
Preferir o
saber, excluindo a beleza?
Escravizar-se
da beleza e repelir a sabedoria?..."
Isso ou
aquilo? Entre a coruja e o rouxinol, qual escolher?
Santa
Teresinha dizia: "Eu escolho tudo". Assim também
nós! Nós escolhemos a coruja e o rouxinol. Queremos
a sabedoria e a beleza, a ciência e a poesia, a luz e a música (toda sabedoria, diversidade e beleza dos carismas e vocações no seio da igreja). Porque
sabedoria e beleza são inseparáveis. Escolhemos tudo porque
sabemos que a sabedoria é formosa e que toda beleza possui o brilho da verdade! Coruja
e rouxinol se completam e se complementam! Uma das características do
pensamento moderno é opor dialeticamente doutrina e realidade, teoria e
prática. Nas escolas freqüentemente essa oposição atinge o desvario! Uns só
valorizam a experiência. Outros se perdem em elucubrações cerebrinas. A
maioria dos alunos vai engrossar as turbas dos pragmáticos adoradores do
concreto e tendem ao materialismo.
O modo de pensar católico é exatamente oposto!
A
doutrina da Igreja, que ensina que tudo o que Deus fez é bom e harmonioso,
afirma que nunca se deve separar o teórico do prático, nem o abstrato do
real. O pensamento católico se opõe, quer ao abstracionismo brumoso, quer
ao ateísmo e materialismo práticos. Jamais ele separa um princípio do
exemplo concreto. Doutrina e vida nos são apresentadas pela Igreja unidas e
harmónicas. Todo princípio é vivido. Toda doutrina é exemplificada. É esse
concreto no teórico, é essa filosofia do que há de mais prático, é essa
harmonia entre doutrina e vida que fazem, do ponto de vista natural, o
encanto da civilização cristã!
"Como
é fria e estéril a coruja sem o rouxinol.
Como é
vazio e superficial o rouxinol sem a coruja!
De que vale
a teoria sem a realidade?
De que
vale a poesia sem a verdade?..."
O ideal
é unir os dois, pois o real é a luz intelectual na música da matéria. O real é
a harmonia entre o teórico e o prático, a doutrina e a vida, o abstrato e o concreto,
a coruja e o rouxinol. Sendo o homem composto de
elementos diferentes mas harmônicos, agrada-lhe o que lhe é semelhante. Amamos
contemplar a concórdia de elementos aparentemente opostos. Nem
o puramente abstrato, nem o puramente experimental satisfazem plenamente o
homem.
São Tomás de Aquino explica que:
“Dado o
homem ser corpo e alma unidos substancialmente, a razão não encontra nas
criações poéticas toda a verdade de que necessita, pois a luz da verdade, na
poesia, é por demais difusa. Por sua vez, as coisas de
Deus superam nossa capacidade de intelecção. Sua luz, para nós, é
ofuscante demais. Por isto, a razão humana só encontra uma
luz que lhe é proporcionada quando contempla as verdades mais sublimes sob o
véu das figuras sensíveis...” (Suma Teológica I-II, 101, 2).
Assim também,
sendo Nossa Senhora a medianeira entre Deus e os homens. Ela é o vitral esplendoroso que nos torna
possível ver a luz de Deus em todas as suas cores, brilhos e virtudes! Passando por Ela, ao encarnar-se nela o
Verbo de Deus, a Verdade Divina, tornou-se acessível à nossa visão!
*Pierre de Craon
(c. 1345 - c. 1409), conhecido como "le Grand", foi um aristocrata
medieval francês, notório por seu temperamento explosivo. Foi preso no Louvre,
mas logo foi libertado após intervenções da rainha da Inglaterra e da duquesa
de Borgonha. Craon fez penitência
por seus crimes. Num movimento sem precedentes, foi feito confessor de
alguns monges que haviam sido condenados por enfeitiçar o rei. Ergueu uma
cruz carregando seu brasão na forca de Paris, na qual os criminosos podiam confessar
antes de sua execução. Também
doou dinheiro aos franciscanos conventuais, dedicando-os a atos de
misericórdia.
«Vossa sou, para
Vós nasci»
(Santa Teresa de Ávila: 1515-1582 - Carmelita descalça, Doutora da Igreja)
«Se Eu quiser que
ele fique até que Eu venha, que te importa? Tu, segue-Me.»
Vossa sou, para
Vós nasci,
Que quereis fazer
de mim?
Soberana
Majestade,
Eterna Sabedoria,
Bondade tão boa
para a minha alma,
Vós, Deus,
Alteza, Ser Único, Bondade,
Olhai para a
minha baixeza,
Para mim que hoje
Vos canto o meu amor.
Que quereis fazer
de mim?
Vossa sou, pois
me criastes,
Vossa, pois me
resgatastes,
Vossa, pois me
suportais,
Vossa, pois me
chamastes,
Vossa, pois me
esperais,
Vossa pois não
estou perdida,
Que quereis fazer
de mim?
Que quereis
então, Senhor tão bom,
Que faça tão vil
servidor?
Que missão destes
a este escravo pecador?
Eis-me aqui, meu
doce amor,
Meu doce amor,
eis-me aqui.
Que quereis fazer
de mim?
Eis o meu
coração,
Que coloco em
vossas mãos,
Com o meu corpo, minha vida, minha alma,
Minhas entranhas e todo o meu amor.
Doce Esposo, meu
Redentor,
Para ser vossa me
ofereci,
Que quereis fazer
de mim?
Dai-me a morte,
dai-me a vida,
A saúde ou a
doença!
Dai-me honra ou
desonra!
A guerra, ou a
maior paz!
A fraqueza ou a
paz plena!
A tudo isso, digo
sim!
Que quereis fazer
de mim?
Vossa sou, para
Vós nasci,
Que quereis fazer
de mim?
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