Para a maioria das pessoas “educar” é uma obrigação exclusiva das escolas e de seus respectivos profissionais, se esquecendo que Educar é uma função de todos, tanto dos pais quanto dos educadores.
O conceito de educar vai muito além do ato de transmitir conhecimento, "educar é estimular o raciocínio, é aprimorar o senso crítico", as faculdades intelectuais, físicas e morais.
O homem é um ser que precisa de orientação e informação. Esses conhecimentos são adquiridos em grande parte na escola, e ela, juntamente com os pais, deve despertar nos alunos a curiosidade e a capacidade para entender o mundo que os cerca, e de ensiná-los os conceitos empregados pela sociedade.A educação é função de todos, pois aprendemos até mesmo em uma conversa com uma pessoa de outra cultura, que recebeu educação diferente da nossa, etc. Isto é, nosso aprendizado depende não só da escola, mas também de nossos familiares e das pessoas que convivemos, seja na escola, em casa ou no trabalho. A educação é algo que cabe em qualquer lugar, porém, a educação é um problema desde sempre. Assim, o meu desejo de comunicar pensamentos a cerca destes problemas existenciais humanos que, independentes de espaço-tempo, sempre foram e sempre serão relacionados com assuntos educacionais, abrem este espaço: o espaço filosófico. Nesta tentativa não posso pretender solucionar assuntos tão complexos e debatidos por grandes teóricos, particularmente homens bem intencionados, em todos os tempos esforçaram-se em resolver problemas educacionais e expressaram seus pontos de vista com clareza.Da fonte filosófica poderei eu, derivar a coragem para expor opiniões juntando um outro fundamento tão importante para nós humanos: o da experiência e da convicção pessoal. Nesse campo o conhecimento da verdade por si só não basta; ao contrário, tal conhecimento precisa ser incessantemente renovado se não se deseja perdê-lo. A escola sempre será o meio mais importante para transferir a riqueza da tradição de uma geração para a outra. Essa seria a conditio per quan [condição pela qual a outra coisa existe] da escola existir. A continuidade e a sanidade da sociedade humana portanto, dependem hoje muito mais da escola do que antigamente.Algumas vezes teóricos consideram a escola simplesmente como o instrumento para transferir uma certa quantidade máxima de conhecimento à nova geração.
Mas o que é conhecer?
Essa pergunta ainda não foi respondida e por não ser respondida o desenvolvimento capitalista respondeu de forma técnica ligando-o em profissões. Desta forma o conhecimento tornou-se morto; a escola, porém, serve aos vivos. Nesta questão a escola deve desenvolver nos indivíduos jovens as qualidades e capacidades que são de valor a permanência da vida humana. Conhecer é re-conhecer a história evolutiva universal e não reduzir o conhecimento a profissão. Advertência: para que alguma coisa seja qualificada como conhecimento, é suficiente, mas não necessário, que ele seja verdadeiro. O conhecimento verdadeiro é um caso particular de conhecimento; muito do nosso conhecimento construído é conjectural. No entanto, o que importa é que este conhecimento seja impregnado de coisas da realidade fazendo com que nós sobrevivamos no sistema universal (eu sou aquilo que sei).
Desta forma, o indivíduo não torna-se um mero instrumento da comunidade, como os “animais sociais”, ou seja, uma abelha ou uma formiga. A realidade que é impregnada no indivíduo presta um “serviço” fundamental; cria indivíduos que pensem e atuem com independência.
como atingir esse ideal utópico?
O mais importante método educacional deve perpassar pelo estimular o aluno a realmente atuar. Isso se aplica às primeiras tentativas de escrever na criança primária quanto a tese de doutorado para um título universitário, ou a simples memorização de uma poesia, à redação de uma composição, a resolução de um problema de matemática ou a prática de um esporte. Por detrás de cada realização, inegavelmente, existe a provocação da realidade que é seu fundamento e por sua vez, é fortalecida no empreender a ideia em si mesma. Aqui estão as diferenças mais flagrantes, e que são de maior importância para o valor educacional da escola. O mesmo labor pode ter sua origem no medo, no desejo ambicioso de adquirir autoridade e distinção, ou no interesse motivado pelo amor ao conhecimento e no desejo pela verdade, e desse modo, naquela curiosidade divina que possui toda criança, mas que tão frequentemente logo enfraquece. É neste momento que entram grandes mestres do saber não deixando o enfraquecimento brotar. Desta forma temos claramente que a influência dos professores sobre a formação não somente intelectual já é assunto discutido e sabido. Colocar na seara do professor o menor número possível de medidas coercitivas, de modo que a única fonte de respeito do aluno para com o professor seja as qualidades humanas que encontram-se no sistema psicossocial e intelectuais deste último.
A dicotomia "escola particular X escola pública" deve ser derrubada o mais rápido possível
A educação não pode ser um termômetro da evolução ideológica capitalista ou comunista. Ela deve ser um termômetro do respeito às liberdades sociais, culturais, religiosas e ateias, jamais meramente econômica.No sistema psicossocial, está o desejo de obter reconhecimento e consideração e isto por sua vez encontra-se na condição humana. Com a ausência de reconhecimento, penso que seria impossível a cooperação humana. O desejo de aprovação por parte dos semelhantes é certamente um dos mais importantes fatores de coesão social. Essas emoções não pontuais formam forças que podem ser destrutivas ou construtivas. Inegavelmente, as forças destrutivas e construtivas andam lado a lado. Não precisamos de indivíduos meramente competitivos, mas sim altruístas. Aliás, penso que o altruísmo é o único modo que sobrou para permanecermos no sistema universal.Desta forma, deveríamos abster-nos de pregar aos jovens o êxito; no sentido, como alvo da vida. Pois um homem bem sucedido não é aquele que obtém êxito, mas sim aquele que promove condições justas e favoráveis para o sistema permanecer. Vejo a tarefa mais importante desempenhada na escola: no despertar e no fortalecer dessas forças, floresce o desejo prazenteiro pelas mais elevadas vontades de ser ser humano, ou seja, o desejo do conhecimento no labor diário em forma de arte. Se a escola conseguir trabalhar com êxito a partir desses pontos de vista, seus mestres serão altamente reconhecidos pela geração emergente e as tarefas dadas pela escola serão aceitas como uma espécie de dádiva. Realmente, poucas crianças preferem a escola ao período de férias.A construção deste tipo de escola exige professores-artistas em sua especialidade. A escola deveria sempre ter como alvo um jovem que saísse dela como uma pessoalidade harmoniosa e altruísta e, não como um especialista gélido. Esta segunda alternativa, se aplica até certo ponto às escolas técnicas, cujos alunos se dedicarão a uma profissão bem definida. O desenvolvimento da capacidade ampla de pensamento e julgamento independentes, sempre deveria ser colocado em primeiro lugar, e não a aquisição de conhecimento especializado.
Fonte: Gazeta do Povo
Professor Felipe Aquino: “O que é educar?
O Papa João Paulo II disse que “o ato de educar é o prolongamento do ato de gerar; isto é, fazem parte do mesmo ato.Gerar segundo a carne significa dar início a uma posterior geração, gradual e complexa, através do inteiro processo educativo” (CF, 16). Educar os filhos é a grande missão que Deus confiou aos pais. É por causa da importância dessa tarefa, que Deus ‘encheu de honra’ as pessoas dos pais.
MAS AFINAL, O que é educar?
Os pensadores deram muitas respostas a esta importante pergunta. Gandhi dizia que “a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto o melhor de uma pessoa.” Nisto é preciso a arte de educar, a mais difícil e mais bela de todas! Certa vez Michelangelo viu um bloco de pedra e disse: “aí dentro há um anjo, vou coloca-lo para fora!” Depois de algum tempo, com o seu gênio de escultor, fez o belo trabalho. Então lhe perguntaram como tinha conseguido aquela proeza. Ele respondeu: “o anjo já estava aí, apenas tirei os excessos que estavam sobrando”. Educar é isto, é ir com paciência e perícia tirando os maus hábitos e descobrindo as virtudes, até que o ‘anjo’ apareça.Michel Quoist dizia “que não é para si que os homens educam os seus filhos, mas para os outros e para Deus”.Coelho Neto dizia que “educar é colaborar com Deus”, e que “é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”. Também ensinava que a educação não pode ser feita pelo medo, já que “a educação pelo medo deforma a alma”. O pensador inglês John Spalding, dizia que “a educação pelos outros lança as bases; a educação por si mesmo termina o edifício”. É preciso preparar os filhos para que entendam que a própria pessoa é a principal responsável por sua educação, e que, quem cultiva as suas qualidades sente a própria dignidade e valor da sua vida. Isto será mais importante ainda naqueles casos em que a pessoa tem problemas especiais de saúde, deficiência física, etc. As vezes é preciso chegar ao heroísmo para cultivar-se.
Sotelli afirmava que “educar é formar homens verdadeiramente livres”. Para Rousseau, “educar é a arte de formar homens”. Para Platão, “educar é dar à alma e ao corpo toda a perfeição de que são susceptíveis”.De fato, educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões: material, intelectual, moral e religiosa. Por isso, educação não se aprende só na escola, mas principalmente em casa. Às vezes se ouve dizer: “ele é analfabeto, mas é muito educado”. Não adianta ser doutor e não saber tratar os outros; não cumprir com a palavra dada; não se comportar bem; trair a esposa e os filhos; não ser gentil; não ser afável, etc. Sem dúvida, a educação é a melhor herança que os pais devem deixar aos filhos; esta ninguém pode lhes roubar nem destruir.A educação não é só para as crianças e jovens; é para todos; é uma tarefa que nunca termina na vida. Aliás, alguém disse que a vida é uma escola que nunca tem férias. Cada encontro novo, cada conversa boa, cada aula, cada fato novo, cada livro, acrescenta algo em nossa educação. Na vida, aprendemos com a experiência, nossa e dos outros. É muito mais sábio quem aprende com a experiência dos outros, sem ter que sofrer com os próprios erros.Ramalho Ortigão afirmou que “o homem sem educação, por mais alto que o coloquem, permanece um subalterno”.Educação não é “esperteza”, ter sucesso a qualquer custo, às vezes pisando e tapeando os outros. A triste filosofia do “levar vantagem em tudo”, se transformou em filosofia de vida para muitos. Certa vez Andrew Carnegie disse que “muitos são instruídos, mas poucos são educados. Um homem educado é aquele que aprendeu a usar a sua mente de forma a conseguir tudo o que deseja sem violar os direitos dos outros.” O grande pensador grego Aristóteles, dois séculos antes de Cristo, já dizia que “a educação é um ornamento na prosperidade e um refúgio na adversidade”. O homem moderno está, sem dúvida cheio de ciência e de sofisticada tecnologia, mas pobre de sabedoria; e sem esta o mundo não pode ser feliz; eis a razão pela qual temos tanta dor. Somente homens sábios poderão dar ao mundo o que ele precisa.O grande filósofo grego Sócrates, mesmo sem conhecer o cristianismo, já dizia que “só é útil o conhecimento que nos faz melhores e um mundo melhor" - Todos esses conceitos emitidos sobre a educação nos ajudam a entendê-la melhor. O que importa é não deixar o filho sem ela; seria a sua ruína; e, como disse, certa vez Gautier, “de todas as ruínas do mundo, a ruína do homem é sem dúvida o espetáculo mais melancólico”.A educação leva a pessoa a descobrir o mundo cada vez mais e a se alegrar com as maravilhas criadas por Deus. O Papa Paulo VI falava do “banquete da vida”. Só as pessoas educadas podem desfrutar saudavelmente deste banquete. Fernando Pessoa dizia sentir-se “nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo”. O documento de Medellin, do II CELAM, diz que: “A educação é efetivamente o meio-chave para libertar os povos de toda escravidão e faze-los subir de condições menos humanas a condições mais humanas”(4,8). É através da educação que a pessoa vai se apropriando da herança da humanidade, aprende a ler as palavras e a realidade que a circunda, torna-se cidadão deste mundo e apto a dar a sua parcela na construção desta obra de Deus, para que o mundo seja um lugar agradável para viver, como irmãos. É pela educação que o homem deve aprender que o progresso não pode sacrificar a natureza (água, terra, ar, matas, rios, oceanos…), nem pode violar as leis da ética e da moral. Quando isto não acontece, o homem acaba temendo “aquilo que ele mesmo construiu com as suas mãos e com a sua inteligência”, como disse o Papa João Paulo II, na Redemptor Hominis (15).Há um belo Salmo que diz:
"Os que semeiam entre as lágrimas,
Recolherão com alegria.
Na ida, caminham chorando,
Os que levam a semente a esparzir.
Na volta virão com alegria,
Quando trouxerem os seus feixes"
(Sl 125,5-6).
Assim será a vida dos pais e dos educadores; como um semear entre lágrimas, paciência, compreensão, carinho, perseverança, fé, bondade, alegria em ver a semente da virtude ser colocada na terra boa dos corações dos filhos.Na volta virão com alegria, vendo com o passar dos anos a semente frutificar em boas obras e ações nos próprios filhos.Nada se constrói neste mundo sem sacrifício e perseverança; muito menos um ser humano. Como ele é a obra mais bela de Deus neste mundo, conclui-se que a sua educação é a atividade mais importante deste planeta. Ao falar da educação, na Carta às Famílias, o Papa João Paulo II, assim se expressou: “Em que consiste a educação ? Para responder a esta questão, há que recordar duas verdades fundamentais: a primeira é que o homem é chamado a viver na verdade e no amor; a segunda é que cada homem realiza-se através do dom sincero de si. Isto vale tanto para quem educa como para quem é educado… O educador é uma pessoa que “gera” no sentido espiritual. Nesta perspectiva, a educação pode ser considerada um verdadeiro e próprio apostolado” (CF, 16). É valioso relembrar aqui, que na celebração do matrimônio, os futuros pais prometem a Deus educar os filhos na fé: “Estais dispostos a receber amorosamente das mãos de Deus os filhos e a educa-los segundo a lei de Cristo e da Igreja?”Sobre esta missão dos pais, diz o Papa: “Se os pais ao darem a vida, tomam parte na obra criadora de Deus, pela educação tornam-se participantes da sua pedagogia conjuntamente paterna e materna.” - “Os pais são os primeiros e principais educadores dos filhos e têm também neste campo uma competência fundamental: são educadores porque são pais.” - “Qualquer outro participante no processo educativo não pode operar senão em nome dos pais, com o seu consenso e, em certa medida, até mesmo por seu encargo.” Falando de educação, não podemos deixar de dizer claramente uma grande verdade: Não é possível educar sem Deus e sem a Religião. A educação depende das normas morais, e estas vêm da Religião. Na hierarquia dos valores da pessoa humana, acima de todos está a vida espiritual, eterna , transcendente. Sem isto, a educação fica mutilada. Por que o mundo de hoje se apresenta diante dos nossos olhos tão macabro? Por que tantos crimes? Por que tanta violência? Por que tanto estupro, que não se ouvia falar antes? Por que tanta droga? Por que tanto alcoolismo? Por que tanto assalto, homicídio, sequestro, corrupção, fraudes, suicídios, ‘trombadinhas’? A resposta é fácil: Porque a educação moderna, ateia, materialista, consumista, hedonista, tirou Deus do coração das crianças, dos jovens e dos adultos. O Criador foi expulso da terra! Eis, meus amigos, a dura realidade. Enquanto este triste quadro não for revertido, enquanto Deus, o único e verdadeiro, não voltar ao coração das famílias e das escolas, como antes, não será possível acabar com todas essas mazelas que atormentam a nossa vida hoje. Sem isto não será suficiente encher as ruas de policiais e os códigos de leis. Enquanto o coração do homem não for transformado por Deus, nada mudará na sociedade.Lamentavelmente, a educação de hoje deixou de lado os valores espirituais e adotou um sistema que apenas valoriza as capacidades pragmáticas, em vista da produção e do consumo imediatos. Esta filosofia educacional passa por cima dos valores morais, eternos, que dão harmonia e equilíbrio ao homem. Desta forma o educando passa a ser apenas uma peça na gigantesca máquina de produção. Precisamos de uma nova educação, que dê privilégio ao homem e não à produção, ao consumo e ao prazer. E esta é uma guerra que passa por dentro de cada família. É aí, sobretudo, que está lançada a sorte da sociedade.Pelo que foi dito acima, torna-se super importante a missão educadora e evangelizadora dos pais cristãos hoje. São Tomás de Aquino disse que “a missão dos pais é uma tarefa até certo ponto paralela ao sacerdócio dos padres” (Contra Gent. 4, 58).
A Educação dos Filhos
O capítulo 30 do Livro do Eclesiástico nos ensina profundamente sobre essa enorme responsabilidade de educar os filhos, sem o que eles não chegarão à maturidade humana. Começa dizendo: “Aquele que ama o seu filho, corríge-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde…” (Eclo 30,1). Podemos traduzir o “castiga-o’ por ‘educa-o”, uma vez que o castigo só tem sentido se for para educar. Por causa do pecado original, todos nós temos uma natureza lesada, decaída, inclinada ao mal (concupiscência). A educação visa sobretudo recolocar o homem no caminho do bem e da virtude, do qual ele sempre tende a se desviar. É aos pais que cabe sobretudo dar início a esta tarefa na vida dos filhos. A Igreja nos ensina: Pela graça do Sacramento do matrimônio os pais receberam a responsabilidade e o privilégio de evangelizar os seus filhos. Por isso os iniciarão desde a tenra idade nos mistérios da fé, da qual são para os filhos os “primeiros arautos” (LG,11). Associa-los-ão desde a primeira infância à vida da Igreja. (CIC, 2225). O Código de Direito Canônico da Igreja afirma que os pais participam do múnus [missão] de santificação ‘quando levam uma vida conjugal com espírito cristão e velando pela educação cristã dos filhos’ (Cân. 835, §4). A tarefa de educar, como dizia D. Bosco, “é obra do coração”, é obra do amor. Exige dedicação, renúncia, sacrifício, esquecer-se de si mesmo.
A Gaudium et Spes, do Vaticano II, ensina que: “Os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais” (GS 48, § 1).
O Catecismo da Igreja afirma que: “Os pais são os principais e primeiros educadores de seus filhos” (CIC, 1653; GE,3).
É por tudo isso que o Papa João Paulo II afirmou que a tarefa fundamental do Matrimônio e da família é “estar a serviço da vida’, e daí ser chamada de ‘santuário da vida” (FC, 28).
A Igreja não se cansa de repetir que a família deve ser a ‘igreja doméstica’, pois é no seio da família que ‘os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo,os primeiros mestres da fé’ (LG 11; FC 21).
É no seio da família que o filho deve ser educado na fé e nos bons costumes!
Diz o Catecismo: “Em nossos dias num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante” (CIC, 1656).A Igreja é a “família de Deus” (Ef 2,19), e desde a sua origem ela teve o seu núcleo nas famílias que se tornavam cristãs. Quando se convertiam, os cristãos desejavam que toda a sua casa fosse salva. O anjo enviado ao centurião Cornélio, ao mandar chamar Pedro à sua casa, disse-lhe: “Ele te dirá as palavras pelas quais será salvo tu e toda a tua casa” (At 11,14).“Senhores, que devo fazer para me salvar? Disseram-lhe [Paulo e Silas]: Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua família” (At 14,31).O conhecido jornalista da Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein, quando residia nos Estados Unidos, escreveu em 21/09/97, um interessante artigo intitulado Solução Caseira é Melhor Remédio Contra o Vício, sobre a terrível questão das drogas. Diz ele: ”Para dar apenas um número da gravidade do problema: aqui (EUA) todos os anos 110 mil jovens experimentam heroína. Já são 600 mil viciados em heroína…”.O jornalista afirma que as universidades americanas receberam dinheiro do governo federal para entrevistar 110 mil jovens e 18 mil pais. E conclui: “Das entrevistas sai, porém, a indicação de que o melhor remédio contra o vício está em casa. Os pesquisadores encontraram uma íntima relação entre o contato afetivo dos filhos com os pais e os distúrbios. Quanto maior a ligação emocional na família, menor a chance de envolvimento com drogas, bebidas, suicídio, sexo promíscuo e violência”.Em seguida o jornalista afirma que as gangues procuram de certa forma oferecer aos jovens a família que não tiveram: “O charme das gangues é justamente oferecer um ambiente de aceitação e até hierarquia. Ou seja, uma família”.Também a escola aparece com papel fundamental: “A investigação mostra que o envolvimento emocional com os professores também é um antídoto contra a delinquência”.Em 21/06/98, o mesmo jornalista, no artigo Você sabe a data do seu nascimento?, sobre os meninos de rua, afirma:“A culpa por estarem na rua é da pobreza, certo? Errado. A investigação ajuda a desfazer o mito de que só a pobreza gera crianças de rua e de que pobreza gera violência”. É, na verdade, um preconceito. Apenas uma minoria saiu de casa para ganhar dinheiro, algo que tinha percebido (mas não colocado em números), desde o início de minhas pesquisas em 1989.Quando indagada sobre porque saiu de casa, a imensa maioria se refere aos desentendimentos familiares muitas vezes abusos dos padrastos. Foram para a rua porque não suportavam o inferno doméstico, marcado pelo abuso sexual, alcoolismo, drogas e pancadarias… Ou seja, a motivação econômica estava bastante distante.“Há toneladas de estudos mostrando que o inferno familiar ajuda a jogar os jovens em comportamentos autodestrutivos, o que significa drogas, tentativa de suicídio, violência.” (Folha de São Paulo, Cotidiano, 3-7, 21/06/98).Se o jovem não tem um lar acolhedor, então, acaba indo buscar na rua o carinho e o amor que não encontrou na própria casa.É necessário descer até as raízes do problema, que são os pais e a moral familiar destruída: divórcio, amor livre, uniões ilícitas, alcoolismo, drogas, etc. O Catecismo afirma que: “O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano” (GS,52,§ 1). “É daí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração e oferenda de sua vida” (CIC, 1657).
Fonte: Cleofas
PADRE PAULO RICARDO: "EDUCAR PARA O CÉU!"
*Por Pe. Paulo Ricardo
Cada vez mais os pais estão sendo arrastados para compromissos fora do plano de Deus para as famílias. É muito difícil educar os filhos porque estão sendo arrastados pelos exemplos dos amigos, e os filhos dos casais cristãos não querem ser diferentes! Se os pais querem educar seus filhos como cristãos, precisam deixar muito claro para seus filhos que ser Cristão é um “nadar contra a correnteza”. E não é porque todo mundo está fazendo e indo, que você vai também, como um(a) Maria vai com as outras! (minha mãe dizia: “ se todo mundo for comer M...você vai também, só porque todo mundo está comendo?”).
O que o Evangelho de Nosso Sr. Jesus Cristo tem a dizer para nós pais de família e educadores?
Concelebrando uma Missa, o comentarista dizia assim: “nós recebemos esta vida, e esta vida é o dom maior que Deus poderia nos dar”! Parece correta esta frase, mas é terrivelmente perigosa! Por que esta vida aqui na terra é um dom, mas não é o dom maior! E satanás quando quer nos enganar, faz igual como fez com Adão e Eva no paraíso, ou seja, ele nunca nos dá uma mentira completa, mas sempre apresenta com elementos de verdade, pois quando a mentira é muito grande e clara, evidentemente ninguém vai querer acreditar não é verdade? Por isso satanás sempre usa de astúcia (que não se confunde jamais com a sabedoria – astúcia não é uma virtude, a sabedoria sim) ele sempre diz uma mentira camuflada.É como uma pegadinha, ele põe uma isca, e dentro da isca tem um anzol para nos fisgar.
Meus irmãos, quem pode acreditar que a vida aqui na terra é o dom maior? Só quem acredita que esta vida aqui é a melhor, e não acredita que exista outra depois desta.
Será que já nos esquecemos o porquê Jesus Cristo deixou a sua Igreja aqui na terra?
A Igreja serve para levar as pessoas para o céu! Nós entramos na Igreja aqui na terra para sermos igreja definitiva no céu, mas muitas vezes perdemos a noção do que é Igreja! A finalidade da Igreja é levar as pessoas para o céu, e o resto é adereço, faz parte, mas não é o essencial! Se isto é verdade em relação à Igreja, é verdade também sobre as famílias!
É para isto que nós educamos os nossos filhos: PARA O CÉU! O RESTO TEM TAMBÉM SUA IMPORTÂNCIA, MAS NÃO É O ESSENCIAL!
Não vou perguntar POR QUE você se casou? As respostas e justificativas serão muitas e até lícitas: “estávamos apaixonados, sentimos esse chamado de Deus a vocação matrimonial, queremos gerar bons filhos e bons cidadãos(ãs) para a sociedade, etc.” O mais importante aqui amados(as), é responder: PARA QUE VOCÊ SE CASOU? Se você é Critão(ã) as respostas já não podem ser genéricas e pessoais, mas fundamentada no magistério da Igreja! “Todo(a) batizado(a) é chamado(a) a Santidade, pois no Céu só entra santo(a)!” Parece óbvio, mas é sempre bom lembrar isto!
O casamento é para ter um(a) companheiro(a) que nos acompanhe e nos auxilie nesta caminhada em direção ao céu, lá é nossa morada e destino definitivo! Se geramos e educamos os nossos filhos, temos que educa-los prioritariamente para o céu! Claro que a decisão recai em última instância sobre a liberdade deles, mas nosso dever principal de Cristãos é educa-los para conhecerem a vontade e o plano de Deus, que objetiva a salvação e nos levar para o céu! Jesus e os primeiros Cristãos começaram a evangelização nas casas, a igreja doméstica.
Na casa de São Pedro, ele curou sua sogra, e que bonito pensar que Jesus desejava se fazer íntimo e solidário com as famílias de seu tempo! Desceram o paralítico pelo teto de uma casa em que Jesus estava, e quando Ele viu a fé de seus amigos disse: “Filho os teus pecados estão perdoados”.
Jesus sabe que o bem maior não é esta vida, o bem maior é a nossa salvação! Nós viemos ao mundo para preparar o céu e acabamos transformando a nossa vida em uma busca desenfreada por prazeres e bens materiais. Muitas vezes vamos atrás da cura física, Jesus nos oferece um bem maior, a cura espiritual.Na nossa mentalidade meramente terrena pensamos quando Jesus diz teus pecados estão perdoados: “mas só isso?”...Quando um padre perdoa os pecados ele está dando um milagre maior: a cura da alma, e uma confissão bem feita proporciona isso: leveza e gratidão a Deus, nos sentimos restaurados!
O que fazer para educarmos os nossos filhos para o céu?
Esta vida aqui também é importante, mas Jesus colocou as coisas em uma hierarquia, e a salvação de nossas almas é mais importante do que qualquer outra coisa. Mais importante que a carreira, ou a saúde física. Não estou com isso desprezando os estudos, o desenvolvimento, a luta pela justiça, a saúde, a carreira profissional, etc. - mas quero dizer que existe um bem maior! O bem maior é estar em paz com o maior de nossos bens: Deus! De nada adianta uma Igreja que faz todos os milagres físicos, mas se ela não faz o milagre do perdão dos pecados de nada adianta. Se não é para levar as pessoas para o céu de nada adianta! Educar filhos para o Céu não é como apertar um botãozinho e tudo funciona automaticamente. Se você quer educar seus filhos, você precisa investir seu tempo e seu esforço! Não adianta terceirizar a educação de seus filhos a terceiros (escola, creches, cuidadores, babás, etc), e pior ainda à internet de forma livre e descontrolada, por que ela cada vez mais vai distancia-los da família, de Deus, e os desumanizando-os. Isso não quer dizer que você nunca mais vai deixá-lo usar internet, mas como é que você quer educar seu filho se você não convive com ele? Ter filhos é missão de santificação recíproca: dos pais, filhos, e de toda família! Quer levar seu filho(a) para o céu? Então caminhe com ele(a)! Não basta manda-lo ir a missa e rezar, reze e vá a missa junto com seus filhos! Ou damos tempo para os nossos filhos e os levamos para Deus, ou o mundo vai arrasta-los para distante de Deus e dos valores do evangelho!
Claro que isso é um caminho de cruz e ressurreição, de sucessos e de fracassos, mas é caminho de santidade! Não podemos desistir! Não consideremos nossos filhos, família e familiares um peso, mas uma benção e via de santidade! Deus quer e nos ajudará a educar nossos filhos e familiares para Céu! E o céu é logo! Como dizia Padre Jonas: “guenta firme meu(inha) filho(a), falta só um pouquinho!”
Texto adaptado de Padre Paulo Ricardo
Conclusão:
Alguém disse: “Leio Marx, Dostoiévski, Tolstói, e, recentemente, o romance "Pais e Filhos" do escritor Ivan Turguêniev. Leio também Vitor Hugo, Dante Aleghieri, Thomas Mann, Emile Zola (O Germinal, um clássico), e leio os mais consagrados escritores de todos os tempos. Não me preocupo com a pseudo-catequização que determinados escritores possam me causar. Alias, diga-se de passagem, li também o clássico de Max Weber: "A Ética do Protestante e o Espírito do Capitalismo." Resumindo não escolho uma doutrina, ou linha Cristã específica para seguir, ou ler, leio tudo que considero um clássico, ou interessante...Bom, uma pessoa ia à farmácia, e perguntava para a balconista, como se estivesse numa mercearia, ou numa livraria: "Então que novidades você tem para me oferecer?" - E comprava um remédio porque era novo, um segundo porque era famoso e viu na TV. Comprou um terceiro, porque era gostoso, um quarto, porque tinha um vasilhame simpático e muito elegante! É claro que esta pessoa era hipocondríaca. Ela, evidentemente, morreu de tanto tomar remédio! A variedade de remédios ao invés de fazerem o bem que buscava, lhe fizeram mal...Morreu, e está bem morta, porque "quand on meurt c´est pour longtemps", dizem os franceses. Essa história, pode ser comparada a aqueles(as) que tem sede de conhecimento. Assim como essa pessoa hipocondríaca tomava remédios, podemos engolir "clássicos", que são um verdadeiro veneno! E ingenuamente pensando que eles não nos afetam, pois afinal, são clássicos! Vimos acima uma lista de autores que se poderia engolir julgando ser de grande valor, embora em suas obras uns digam completamente o contrário do que dizem outros autores em suas respectivas obras, pois como se pode juntar Dante e o indecente Zola? De duas uma: Ou não se entendeu Dante ou não entendeu absolutamente nada de Zola! Livros e conhecimento são como remédios: só se leem por "prescrição médica", ou seja, para sanar uma deficiência de conhecimento da verdade. Não se deve lê de tudo, e nem em qualquer ordem. O resultado de insaciáveis "leituras gulosas" é, no mínimo, a confusão doutrinária e a demolição da capacidade de análise e de crítica, e, no máximo, a destruição da fé até mesmo em pessoas com boa intenção e boa vontade. Atacar o erro é como atacar uma doença! O médico que corta um tumor causa dor no doente, para salvar-lhe a vida! Assim também, atacar um erro, e corrigir quem erra, é necessário para a nossa salvação e dos demais! (conforme Ezequiel 33). O fio condutor de Ariadne não só nos conduz ao inimigo para derrota-lo em seu território, mas também, nos leva de volta dos labirintos interiores de nossa alma, bem como das tentações e seduções exteriores. “O ponto de vista da interioridade em qualquer ocasião, converte os eventos em experiências” (um movimento de transmutação de fenômenos em experiências de-si-para-si - DANTAS, 2009). Muitos sonhos ou até mesmo as neuroses e surtos cotidianos, são os reflexos de que algumas pessoas se veem perdidas em um labiríntico, e com estas reações estão como que a pedir socorro para salvarem-se de si mesmas, são pessoas que estão precisando de uma interiorização, entrar no labirinto de si mesmas, encontrar seus inimigos e derrota-los. É uma viagem solitária, cheia de riscos e a qual ninguém vai poder faze-la em seu lugar, por isto a necessidade do fio condutor, pois a pessoa entrará num período de desagregação psicológica num confronto aberto e decisivo. O mito propõe que a pessoa encontre um espaço onde possa entrar em contato consigo mesmo(a) mediada por um “fio”, para que não sucumba aos ditames e caprichos de sua vaidade, ambiguidades, complexos egoístas de poder, prazer; dos fracassos e decepções ao longo do trajeto. No mito o Minotauro é a vergonha oculta do Rei, que analogamente, podemos comparar com aquele vergonhoso espinho na carne de São Paulo, e isto exigirá sacrifício, abnegação, mortificação e ascese.
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