Salmo Responsorial – 94 (95): “Não
fecheis o coração! ouvi vosso Deus!”
Reunimo-nos para reavivar em nós a chama do amor e da fé, que nos
comprometem com o Evangelho de Jesus. O olhar da fé nos
impulsiona a sermos servidores dos homens e mulheres desorientados pelas
injustiças e violências e necessitados da missão da Igreja. Neste mês
missionário, rezemos pela Igreja, chamada a se abrir ao caminho sinodal, proclamando verdade que liberta!
Anúncio do
Evangelho: Lucas
17, 5-10
— Glória a vós, Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Naquele tempo, 5os
apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se
vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a
esta amoreira: Arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria. 7Se
algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por
acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Vem depressa para a mesa? 8Pelo
contrário, não vai dizer ao empregado: Prepara-me o jantar, cinge-te e
serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso, tu poderás comer e beber?
9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos
mandaram, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.
— Palavra da Salvação!
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO EVANGELHO (do
programa "reflexão" na fm 105 santa clara de Mossoró-rn/mantido tom coloquial)
Amados
irmãos e irmãs, ouvintes da FM 105 Santa Claro e do programa Reflexão: Nós devemos
a Deus tudo, principalmente a nossa própria vida! Sim ou não? Tudo de bom é dado e permitido por Deus! Isso já nos lembra
Paulo em 1 Cor 4,7: “O que tens tu que antes
não tenhas recebido? E, se o recebeste, então, por qual o motivo te orgulhas, como se não tivesses recebido? Meus
queridos, quando guardamos os mandamentos de Deus, que é nosso dever e
salvação, pois só beneficia a nós mesmos! Ele por sua justiça já nos abençoa e
nos enche de graças visíveis e invisíveis! Estamos, portanto, continuamente em
débito com Deus e por isso Lhe somos inúteis! Absolutamente
nada paga os favores de Deus por nós, sendo o principal a nossa salvação! Na
primeira parte desse evangelho, Lucas trata da questão da fé inabalável, que
deve ser a característica do discípulo de Cristo! Inicia-se o diálogo com os apóstolos com eles
coitados, confessando diante de Jesus a sua insegurança quanto à sua fé pedindo
ao Senhor: “Senhor,aumenta a nossa fé!” (v. 5).Sabe-se lá que frustrações
passaram para fazer tal pedido, o qual nos faz lembrar também, daquele pedido do
pai do moço epiléptico lá de Marcos 9,24: “Eu tenho fé, mas ajude a minha pouca
fé!” – Essa na verdade é a experiência de todo discípulo que acredita em
Jesus e quer fazer a sua santíssima vontade, mas a vida se encarrega de
demonstrar como é fraca a nossa fé! Meu Deus! Quantas
quedas, traições, incoerências, recaídas...O único recurso é pedir este dom
gratuito de Deus que ninguém pode ter por mérito! Que é a fé inabalável! Do
fundo no nosso ser gritamos junto com os apóstolos: “Sr, aumenta a minha fé!” E
ai como todo bom e genuíno Judeu, Jesus se utiliza de termos figurativos
exagerados (hiperbólicos) para melhor compreensão dos ouvintes. Jesus
relaciona a fé ao grão de mostarda (semente bem pequena), e da amoreira -
árvore mais ou menos grande que tem um sistema extensivo de raízes: “Se vocês
tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta
amoreira: “Arranque-se daí, e plante-se no mar! E ela obedeceria a vocês.” Seria uma fé
exibicionista, Jesus porém quer dizer que se temos fé, se o nosso pedido é feito
em nome de Jesus, e se está conforme a reta justiça, não existe empecilhos para
sermos atendidos, igualzinho aquela mulher da hemorragia, lembram? que com esta
fé pedida por Jesus, disse a si mesma: seu eu apenas tocar seu manto serei
curada, e foi realmente! A segunda parte do trecho fala sobre a atitude
correta de quem tem um ministério ou serviço pastoral dentro da comunidade
cristã: Lucas destaca a dimensão da gratuidade que é:
dar de graça aquilo que de graça recebemos! Aqui temos outra dimensão: que é a
responsabilidade de quem foi chamado sem mérito algum da sua parte. Claro que o
ensinamento não é que os discípulos não valem nada, nem que o seu trabalho não
tem valor! Não se trata disso! Jesus em várias ocasiões fez elogios corretos e
necessários, pois sabe o valor de um bom elogio! Quem não gosta de ser
elogiado? O ponto central é o fato de que
por terem desenvolvido bem as suas tarefas e missão não nos dá o direito de
exigir nada de Deus! Tal graça vinda da parte de Deus é, e sempre será, um dom
gratuito Dele! Deus não nos deve nada! Muito pelo contrário! Sem falsa
humildade, mas também sem vaidade, devemos rezar: “Sr, obrigado pela honra que
me destes de trabalhar na tua vinha, reconheço que sou um servo ingrato e
inútil, pois faço apenas o que deveria ser feito”. Observamos também amados
irmãos e irmãs que dos versículos 7-10, deste evangelho, Lucas nos apresenta
uma parábola que reflete também, prática pastoral de Paulo relatada em 1Cor
9,16-19: "anunciar o evangelho não é título de glória para mim; pelo
contrário, é uma necessidade que me foi imposta. Ai de mim se eu não anunciar o
evangelho! Se eu o anunciasse de própria iniciativa, teria direito a um
salário; no entanto, já que o faço por obrigação, desempenho um cargo que me
foi confiado. Qual é, então, o meu salário? É que, pregando o evangelho, eu o
prego gratuitamente sem usar dos direitos que a pregação do evangelho me
confere. Embora eu seja livre em relação a todos, tornei-me servo de todos, a
fim de ganhar o maior número possível" - Amados
irmãos, a parábola, portanto, deduz que o discípulo não evangeliza por
iniciativa própria, mas cumpre um mandato. Não tem consequentemente o que
exigir em troca! Jesus, que confia ao discípulo-amigo seus planos, não se sente
obrigado a nada quando este cumpre sua obrigação. Esperar elogios ou alguma
recompensa não é se tornar solidário com Cristo, e sim, ambicioso, se achando a
última rapadura do Ceará! É a estes que Jesus quer atingir com a parábola!
Portanto, é melhor se libertar da ambição de ser recompensado e descobrir a
alegria de servir gratuitamente, sem aplausos e recompensas. Que
possamos ser valorosos(as) servos, fazendo mais do que seria o esperado. Que
possamos reconhecer gratamente que somente o amor de Deus e Sua graça é suficiente para
nós! E já encerrando meus irmãos: O que diria Jesus, se
estivéssemos inclinados a sentir que nossa parte no serviço é dura e inglória
demais na sua obra? Talvez Ele perguntasse, como perguntou aos seus Apóstolos
em João 6,67: “Quereis tu também retirar-vos?...” Que possamos meus
irmãos e irmãs responder também, como Pedro: “Meu Senhor, para quem iremos nós?
Só Tu tens palavras de vida eterna! E nós temos crido e conhecido que Tu és o Cristo,
o Filho do Deus Vivo!”
“Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”
MOTIVAÇÕES PARA A
LITURGIA DIÁRIA E DOMINICAL:
A Liturgia Diária é uma ótima ocasião para que se opere a “conversão diária!” -
A leitura da Liturgia Diária forjou e moldou muitos Santos:
1)-Santo Agostinho foi
um deles. “Tolle et lege” (Toma e lê) foi a frase que o conduziu a ler um trecho
do Evangelho que mudou sua vida.
2)-O grande Santo Antão, que deu origem à vida
monástica, foi tocado pela graça ao ler a parábola do moço rico no Evangelho.
3)- São Francesco
(Francisco) cujo nome é adotado depois de uma viagem à França, onde o menino teria ficado
cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria
começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês"
em italiano. Também, como Santo Antão,a passagem do
jovem rico é tão significativa que inspirou também São Francisco de Assis a
elaborar sua Regra de Vida baseada no desapego aos bens e o amor aos pobres:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um
tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. (Mt 19, 21).
4)-Também para Santo
Inácio de Loyola a ocasião escolhida por Deus para sua mudança de vida foi a leitura de
consagrados livros Cristãos. Gravemente ferido na batalha de
Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procura ler
livros para passar o tempo, e começa a ler a "Vita Christi", de
Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos, de Jacopo de
Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus com uma ordem
cavalheiresca.A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma
vida dedicada a Deus, emulando os feitos heroicos de Francisco de Assis e
outros líderes religiosos. Decidiu devotar a sua vida à conversão dos
infiéis na Terra Santa.
Os Santos recomendam com
empenho a Liturgia Diária:
1)-São Bernardo: “A leitura espiritual nos
prepara para a oração e a prática das virtudes. Leitura
e Oração são as armas com as quais se vence o demônio e se conquista o
céu”.
2)-São Cipriano (bispo
de Cartago -África): “Permanece na oração e na leitura: desse modo conversarás com Deus e
Deus estará contigo”.
3)-Santo Afonso de
Ligório: “Quantos Santos abandonaram o mundo e se deram a Deus por meio da
leitura espiritual!”
4)-São Gregório Magno,
Papa: “Eu te rogo:
empenha-te em meditar cada dia as palavras do teu Criador. Assim aprenderás a conhecer o coração de Deus através
das palavras de Deus”.
A Liturgia Diária
ajuda-nos a compreender e amar a Liturgia Católica:
O Catecismo da Igreja Católica
ensina que “a liturgia é participação na oração de
Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo. Nela, toda a oração cristã
encontra a sua fonte e o seu termo. Pela liturgia, o homem interior lança
raízes e alicerça-se no «grande amor com que o Pai nos amou» (Ef 2, 4).
A Liturgia Diária prepara
nossa alma para recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Na Liturgia Diária, as orações e
as leituras da Palavra de Deus são ocasião para alimentar a nossa fé. Em cada
leitura Deus fala a seu povo e o alimenta.Por esse modo
a Santa Igreja prepara o coração dos fiéis para poder receber o Corpo e Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Sagrada Comunhão.Na Liturgia da Palavra o fiel
ouve com atenção as leituras da Bíblia que são uma carta escrita por Deus para
cada um de nós.Na Liturgia Eucarística somos preparados para receber o
Pão dos Anjos, que transformará nossa vida, e como Elias nos dar força para
continuar a caminhada alimentados por este pão (I Reis 19,4-10).
Como viver de forma
prática a Liturgia Diária?
Este é um método de “leitura orante da Palavra de Deus”, da Liturgia Diária,
praticado e ensinado pelos Padres da Igreja desde os seus primeiros séculos.
Foi batizada com esse nome por Orígenes no Séc. III, e generalizou-se nos
séculos IV e V como maneira predominante de ler a bíblia. Esta pode ser
feita diariamente, por exemplo, meditando o Evangelho proposto pela liturgia
diária da Santa Missa.
Após suplicar a luz do
Espírito Santo, o método se desenvolve em 4 passos:
1)-Leitura: o que a Palavra diz em si?
2)-Meditação: o que a Palavra diz para mim; o
que ela me ensina, me revela, como ela me forma, como a vejo em minha vida?
3)-Oração: Qual minha resposta a palavra de
Deus?
4)-Contemplação: O que a
palavra de Deus fez em mim? O que devo mudar concretamente em minha vida? Que
postura devo tomar? O que me proponho a viver doravante durante a minha vida?
- O fruto dessa nova dinâmica de vida ao
ritmo da Palavra é uma transformação real e concreta que nos elevará em fé,
esperança e caridade, além disso, nos proporcionará uma vida junto de Deus mais
constante e digna de Seu amor! Por
último, que possamos perseverar neste caminho. Auxiliados pela graça de Deus já
provaremos aqui nesta terra das riquezas do céu, e possamos cantar esperançosos
com São Tomás de Aquino:
“...Ó Jesus, que nesta vida pela
fé eu vejo
Realiza, eu te suplico, este meu
desejo:
Ver-te, enfim, face a
face, meu divino amigo!
Lá no céu, eternamente, ser feliz
contigo!”
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