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Resposta ao pastor Berlofa sobre a negação do inferno

Written By Beraká - o blog da família on sábado, 20 de agosto de 2022 | 18:24

 





Pediram a minha insignificante opinião sobre o tema, e este que vos escreve, mesmo sendo um teólogo de araque de última categoria, ou seja, a terceira pessoa depois de ninguém, não podia ficar calado diante da gravidade de tal tema, que é difícil, mas necessário aprofundar nos dias de hoje com tanta "achologia" e relativismo moral, pois o mesmo é DOGMA na Igreja Católica a qual amo e pertenço. As duas perguntas principais são:

 

 

- O inferno existe?

 

 

-Se existe, como um Deus tão bom, amoroso e infinitamente misericordioso, permite a existência do inferno, e pode enviar alguém para lá por toda eternidade?

 

 

 

 

Por graça, bondade, e justiça perfeita de Deus que respeita a liberdade humana, o inferno felizmente, ou infelizmente para alguns, existe sim!

 

 

 

 

E nós como Cristãos cremos em sua existência, em primeiro lugar, porque o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo disse que ele existe. Ao falar sobre o juízo final, Jesus disse que os bons seriam separados dos maus e que estes, depois de julgados, Deus lhes dirá:"Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que foi preparado para o demônio e para os seus anjos..." (Mt. 25, 41).E em São Marcos se lê:"Melhor te é entrar na vida eterna manco, do que tendo duas mãos ir para a geena, para o fogo inextiguível, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga" (Mc. 9, 43-44).Em várias ocasiões Nosso Senhor falou do castigo eterno, no inferno, que infantilmente achamos que seria com caldeirões e tridentes provocados pelos demônios. Ora, se os demônios são desobedientes a Deus porque eles iriam prestar-lhe esse serviço gratuito a Ele por toda eternidade? Por ai já começamos a ver nossa infantilidade e ignorância sobre o tema. Além disso, a razão nos mostra que a culpa cresce com a dignidade da pessoa ofendida. Se dou um tapa num bebê, tenho culpa. Se bato o mesmo tapa numa mulher adulta, eu a ofendo mais porque ela entende. Se esta mulher é minha mãe, a culpa cresce. Sendo assim, nossa alma infinita, em ofensa feita a Deus é infinita, e merece punição infinita. Como o homem carnal é finito, ele não pode sofrer castigo em grau infinito. Além disso o homem, depois que morre, já não pode mais mudar de vontade. Se morreu em pecado, já não pode voltar atrás. É como um aluno que entregou sua prova: já não pode mais mudar o que nela escreveu. Por isso, finda a prova do homem na terra, ele já não pode mudar de decisão: se morreu odiando a Deus, odiará a Deus eternamente, e será eternamente punido.

 

 

 

Então, devemos crer no que ensinou Jesus Cristo e não no que nos é mais agradável nas novas teologias!

 

 

 

O fato de conhecer a verdade não nos dá automaticamente a salvação, porque muitos conhecem a verdade e não a amam. Rejeitam-na. Por exemplo, esse pastor deve conhecer a frase de Cristo a respeito dos maus no juízo final que citei pouco acima, mas ele e outros (até alguns padres católicos) não querem aceitá-la. Por isso nos diz as escrituras: Nem todo aquele que diz Senhor entrará no reino dos céus(Mat 7,21).E mais grave ainda é alerta de Cristo a estes maus pastores de almas:"Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo.” (Mateus 23,13). Cristo quer a misericórdia sim, isto é, que durante nossa vida estejamos dispostos a nos arrepender de nossos pecados, bem como perdoar-nos uns aos outros. E se alguém não quiser perdoar seus inimigos também não será perdoado, e será lançado no fogo eterno do inferno.No nosso Catecismo assim está descrita a doutrina magisterial e infalível sobre o inferno:

 

 

 

 

CIC - §1033 - Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".

 

 

 

 

 

PERGUNTA: Como pode o Pai do Céu, que é infinitamente bom, condenar o homem a um inferno eterno, quando nem os pais na terra castigam seus filhos com punições sem fim? Deus não vai perdoar os pecadores condenados que se acham no inferno?

 

 

 

 

 

 

“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33,11)

 

 

 

 

 

A dificuldade acima provém de uma concepção errônea do inferno!

 

 

 

 

Supõe-se seja este um castigo que Deus na hora do juízo concebe mais ou menos arbitrariamente para atormentar a criatura; em tal caso, a sentença divina poderia ser reformada ou até cancelada por anistia, à semelhança do que se dá nos tribunais humanos. Na verdade, a condenação ao inferno não depende propriamente de um veredito divino pronunciado após a morte do pecador; é, antes, a consequência muito lógica de certos princípios que caracterizam a existência do ser humano, de modo que se pode dizer que, anteriormente a uma sentença divina positiva, já o pecador lavrou sua sorte infernal; não é preciso que Deus tome alguma deliberação especial para que o inferno se torne realidade para o pecador. Tal é o estado em que, logo após a morte, entra naturalmente a alma de quem tenha pecado mortal e deliberadamente sem arrependimento. Vê-se então como, antes mesmo que Deus profira alguma sentença sobre ela, essa alma já traz dentro de si o inferno, ou o maior tormento possível. O juízo póstumo que o Senhor formula a seu respeito, não vem a ser senão o reconhecimento de tal situação; e Deus respeitar tal decisão livre! nada de novo induz na sorte que tal alma ocasionou para si. Seria injusto da parte de Deus e uma interferência no livre arbítrio, se mesmo que a pessoa se decidisse viver eternamente na ausência de Deus, por odiá-lo e Deus mesmo assim, o obrigasse a viver em sua presença. Deus é tão bom e justo, que permite o inferno para essas pessoas, pois não haveria pior castigo do que você viver eternamente na presença de alguém que você odeia mortalmente!

 

 

 

Mas porque deus não muda essa ordem de coisas vigente na alma do réu?

 

 

 

O Senhor não a muda, porque só o faria forçando ou violentando a livre deliberação da criatura! Ora Deus, que dotou de personalidade livre o ser humano, não lhe retira a dignidade assim outorgada; antes, respeita-a plenamente.Seja lícito lembrar de novo o seguinte: todo pecado grave supõe, da parte do homem, claro conhecimento do mal e pleno desejo de o cometer; supõe, portanto, uma tomada de posição consciente e livre de toda a personalidade humana frente à mais séria das questões, que é a questão do Fim Último. Não se poderá, por conseguinte, tachar de pecado mortal qualquer ação que tenha aspecto de culpa grave, pois nenhum observador humano é capaz de penetrar o íntimo das consciências para lá discernir as possíveis atenuantes da culpabilidade. Não nos é lícito, por conseguinte, em caso algum supor ou afirmar que determinada pessoa está no inferno. Se a justiça humana leva em conta os estados de obsessão e diminuída responsabilidade dos criminosos, muito mais a Justiça Divina os considera, de modo que ninguém padece a triste sorte do inferno sem realmente se ter encaminhado para ela.

 

 

 

 

 

Contudo talvez insista alguém: afinal, Deus, que é sumamente misericordioso, não poderia perdoar?

 

 

 

Atos 3,18-20: “Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para que assim sejam apagados os vossos pecados, de modo que da presença do Senhor venham tempos de refrigério...”

 

 

 


 

 

Sim! Deus poderia perdoar, e de fato, perdoa às suas criaturas, desde que, da parte destas, uma condição se verifique: haja repúdio do pecado ou arrependimento; em caso contrário, isto é, se a criatura não o quer receber, vão se torna o perdão, pois só existe perdão onde há reconhecimento da culpa e arrependimento. Ora acontece justamente que nenhuma das almas que morrem em pecado mortal e, por conseguinte, nenhum dos réprobos do inferno se quer arrepender e voltar para Deus, por muito tormentosa que seja a sua situação. Com efeito, a alma só muda de disposições ou se arrepende quando unida ao corpo; é só mediante a atividade dos sentidos externos e internos que ela pode conceber novos conhecimentos e desejos; por conseguinte, quando se separa do corpo ou dos sentidos, a alma humana se fixa irrevogavelmente na última disposição que teve durante esta vida (amor ou ódio a Deus). O pecador, portanto, que morra com aversão a Deus e apego apaixonado à criatura, para o futuro sentirá, de um lado, a tremenda dilaceração que este afeto acarreta, mas, de outro lado, não desejará em absoluto voltar para Deus, desfazendo-se do seu amor desregrado ao finito; não o desejando, está claro que o Senhor não o forçará.Vê-se assim algo de aparentemente paradoxal, mas sumamente verídico e significativo: não há quem esteja no inferno e daí queira sair; os réprobos sofrem, mas não querem abandonar o estado que lhes motiva o sofrimento. Se algum deles pedisse perdão, Deus não lho negaria.Esta afirmação é ilustrada pela parábola do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-32). Não há dúvida, tal trecho do S. Evangelho visa incutir a suma confiança em Deus cuja misericórdia surpreende a expectativa humana; o Senhor perdoa ultrapassando todas as categorias da benevolência humana. Contudo a parábola bem mostra que esse perdão só é outorgado à criatura que, cheia de arrependimento o deseje e peça: «Pai, pequei contra o céu e contra Ti; já não sou digno de ser chamado teu filho» (Lc 15,18), exclamou o herói da narrativa. Ora foi justamente o fato de se ter reconhecido indigno que lhe mereceu ser recebido como filho bem-amadoOxalá os homens que se afastam de Deus, procedessem até as últimas instâncias como o filho pródigo! Então seriam sempre tratados como este!

 

 

 

 

 

Deve-se observar outrossim que o estado aflitivo do réprobo não tem fim, porque a alma humana é, por sua natureza, imortal (não consta de partes que se desgastem e decomponham)

 

 

 

 

 

Deus poderia, a rigor, aniquilar as criaturas que estão no inferno. Ele não o faz, porém, pois a existência desses seres tem seu sentido no conjunto do universo. Note-se bem que o centro ou o ponto de referência de todas as criaturas não é o homem, mas Deus; todas as criaturas são chamadas a dar glória a Deus; portanto, desde que realizem esta finalidade, sua existência tem valor no grande quadro do universo. Ora o pecador sofre no inferno justamente porque reconhece que Deus é sumamente bom e que ele voluntàriamente se incompatibilizou com o Sumo Bem (se não reconhecesse a Bondade de Deus, o réprobo não sofreria). Vê-se então que o tormento mesmo do pecador é proclamação da perfeição e da santidade de Deus; destarte a existência do réprobo não é vã, mas preenche sua finalidade primária e suprema.

 

 

 

 

 

 

Talvez ainda nos aflore à mente uma última dúvida: Deus, sabendo que tal ou tal criatura se perderia no inferno, não poderia ter deixado de a criar? Não deveria ter feito apenas criaturas que usassem da sua liberdade para o bem? 

 

 

 

 

 

 

Reflitamos um pouco sobre o valor dessa «sedutora» solução do problema. «Liberdade» diz, por seu conceito mesmo, variedade e multiplicidade de realizações; é natural, portanto, que a liberdade humana se afirme na história com essa multiplicidade de formas que a caracterizam; se tal variedade não se verifica, tem-se estranha liberdade, artificialmente canalizada numa só direção; ora, isto não sendo normal, não se poderia pretender que Deus procedesse assim. O essencial é que nenhuma das criaturas livres, mesmo usando plenamente da sua liberdade, deixe de ser uma expressão da santidade do Criador; ora isto se verifica também nos réprobos, os quais, por todo o seu ser, no inferno, proclamam a Perfeição e, em particular, a Bondade do Criador e por isso sofrem. O Senhor não criou seres livres que artificialmente só optassem por um alvitre, como também, não criou flores de papel, mas criou flores naturais; é somente o homem que, não podendo produzir flores naturais, fabrica flores artificiais, flores que não murcham, mas flores que parecem ser flores, quando, na verdade, não o são! O céu é o reino perfeito e infinito do Criador. O inferno é o Reino imperfeito da criatura, portanto, incapaz de suprir nossa sede de infinito. Ora, para o inferno só vai quem livremente por suas ações e opções fez por onde merecê-lo, pois em última instância apesar de nossa colaboração,o céu é graça, o inferno é mérito. A minha vida de Cristão não gira em torno do medo do inferno, mas em servir a Deus que tanto me tem abençoado sem merecimento algum, pois Ele existe antes de mim, e nada fiz antecipadamente para merecer seu amor.

 

 

 

 

 

Pergunta que não cala: Se existe vida após a morte, seria justo Hitler e Madre Tereza de Calcutá receberem o mesmo prêmio?

 

 

 

 

 

 

Na Divina comédia de Dante na entrada da Porta do Inferno está a frase: “Deixa aqui fora toda tua esperança...”Dirá, porém, o incrédulo: “Onde está a justiça de Deus ao castigar com pena eterna um pecado que dura um instante?” E como se atreve o pecador, por um prazer momentâneo, a ofender um Deus de majestade infinita? Ora a resposta é simples: é eterna, porque a relação TEMPO E ESPAÇO já não existe na ETERNIDADE, entramos em estado eterno de decisão que tomamos no TEMPO.E porque o réprobo jamais poderá prestar satisfação por sua culpa. Nesta vida, o pecador penitente pode satisfazer pela aplicação dos merecimentos de Jesus Cristo; mas o condenado não participa desses méritos, e, portanto, não podendo por si satisfazer a Deus, sendo eterno o pecado, eterno também deve ser o castigo (Sl 48, 8-9).

 

 

 

 

 

 

 

 

*Disse o Papa Inocêncio III:

 

 

 

 

“Os anjos réprobos e os condenados não se humilharão; pelo contrário, crescerá neles a perseverança do ódio”.

 

 

 

*São Jerônimo afirma que:

 

 

 

 

-“Nos réprobos, o desejo de pecar é insaciável” (Pr 27, 20).

 

 

 

-“A ferida de tais desgraçados é incurável; porque eles mesmos recusam a cura” (Jr 15, 18).”

 

 

 

 

-“Ali a culpa  disse o Belluacense, poderá ser castigada, mas jamais expiada” (Lib. II, 3p),

 

 

 

 

 

Segundo Santo Agostinho:

 

 

 

 

“Ali o pecador é incapaz de arrependimento. E ainda que Deus quisesse perdoar ao réprobo, este não aceitaria a reconciliação, porque sua vontade obstinada e rebelde está confirmada no ódio contra Deus”.

 

 

 

 

*Citações de Santo Afonso de Ligório - Preparação para a morte, edição em PDF, pp. 287-288)

 

 

 


 


Santo Afonso Maria de Ligório ensina que "é artigo de fé que há um inferno, isto é, uma prisão eterna, definitiva, miserabilíssima, sem mais esperança, e toda cheia de um fogo que não se apaga, onde cada sentido e cada faculdade do réprobo sofrem uma pena particular." Cada um dos sentidos sofre a sua pena própria: “Os olhos são cegados pela fumaça e pelas trevas, e aterrados pela vista dos outros condenados e réprobos. Os ouvidos ouvem dia e noite urros, gemidos e blasfêmias. O olfato é empestado pelo mau cheiro daqueles inumeráveis corpos infectos. — O gosto é atormentado por uma sede ardentíssima e uma fome devoradora sem jamais obter uma gota de água nem um pedaço de pão. Por isso, os desgraçados prisioneiros, ardendo em sede, devorados pelo fogo, cruciados por toda a espécie de tormentos, choram, urram e se desesperam. Mas não há, nem haverá jamais, quem os alivie ou console. Ao final, indaga o Santo Doutor: “Meu(inha) irmão (â), dize-me: se agora tivesses de morrer, para onde iria a tua alma?...”

 





Filipenses 2,12: “Ponham em ação o esforço pela vossa  salvação com temor e tremor”

 

 

 

Mateus 7,13: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela”.








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