O presidente Bolsonaro ao
participar no Rio de cerimônia em homenagem à vitória dos aliados na 2ª Guerra
Mundial, afirmou que quer governar o Brasil pelo exemplo."E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará." A citação do capítulo 8, versículo 32
do Evangelho de João, na Bíblia, abre a proposta de governo de Jair Bolsonaro ao
lado das palavras-chave que lista para sua gestão: constitucional, eficiente e
fraterno. Eleito no segundo turno de forma surpreendente passando por cima de
velhos caciques da política com 55,21% dos votos, contra 44,79% do adversário
do PT, Fernando Haddad, Bolsonaro foi empossado presidente no primeiro dia de
2019.A vitória veio de forma definitiva depois de o candidato ter sido esfaqueado
durante um comício em Juiz de Fora (MG). O atentado o manteve no hospital e,
depois, em casa durante a maior parte de sua campanha, e sem ter participado de
qualquer debate contra Haddad no segundo turno.Parlamentar durante 27 anos,
Bolsonaro venceu com o slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de
todos", e com a promessa que reiterou dias antes do pleito final: dar um
"ippon" - o "nocaute" do judô -, "na corrupção, na
violência e na ideologia".
Um novo jeito de governar, de falar, e se relacionar com o povo!
Jair Bolsonaro afirmou
que será guiado pela Bíblia e pela Constituição durante seus quatro anos de
governo.Em discurso transmitido pela internet menos de meia hora após o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) anunciar sua eleição, o político da direita
chamou a Bíblia de "caixa de ferramentas' para consertar o homem e a
mulher."O
que mais quero é, seguindo os ensinamentos de Deus, ao
lado da Constituição brasileira, inspirando-se em grandes líderes mundiais, e com
uma boa assessoria técnica e profissional, isenta de indicações políticas de
praxe, começar a fazer um governo que possa realmente colocar o nosso Brasil no
lugar de destaque. Temos tudo para ser uma grande nação", afirmou.Em discurso recheado de
referências cristãs, Bolsonaro sempre afirma que Deus o salvou da morte em 6 de
setembro, quando foi atacado a faca durante ato de campanha em Juiz de Fora
(MG), chamando o trabalho dos médicos que o atenderam de "milagre"."Deus reservou algo para mim e
para todos nós no Brasil, declarou. Fizemos uma campanha não diferente dos
outros, mas como deveria ser feita, afinal de contas, a nossa bandeira, o nosso slogan eu fui buscar naquilo que
muitos chamam de caixa de ferramentas para consertar o homem e a mulher, que é
a bíblia sagrada, disse. Bolsonaro afirmou que decidiu disputar a Presidência
há quatro anos porque "não poderia mais pensar só em mim". Depois
dos 60 [anos] essa vontade se fez cada vez mais presente, não por obsessão, não
por querer ocupar a cadeira presidencial por um motivo pessoal. Ocupá-la sim
para que juntamente com uma boa equipe nós pudéssemos ter, mais do que
esperança, ter a certeza de mudar o destino do nosso país", afirmou.
O presidente Bolsonaro afirmou ainda que:
Sua
campanha foi realizada "sem fundo partidário" e sob críticas "de
grande parte da grande mídia", "colocando-me muitas vezes numa
posição vexatória".
Bolsonaro criticou seus
adversários políticos e disse que a população "passou a ser integrante de
um grande Exército, que sabia para onde estava marchando e clamava por
mudanças. Não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o
comunismo e com o populismo e com o extremismo da esquerda", disse.Bolsonaro venceu com o
slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", e com a promessa
que reiterou dias antes do pleito final: dar um "ippon" - o
"nocaute" do judô -, "na corrupção, na violência e na
ideologia". O capitão reformado de 63 anos tem trajetória política marcada
por posições polêmicas sobre mulheres, homossexuais, negros e direitos humanos,
e reiteradas manifestações de apoio à ditadura militar e ao coronel Carlos
Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura
militar. Para Bolsonaro, e para muitos outros brasileiros Ustra foi "um
herói" que nos livrou de uma ditadura comunista.Mas o que o programa de governo protocolado por Bolsonaro
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela sobre o que os brasileiros poderão
esperar nos próximos anos?Intitulado "O
caminho da prosperidade", o documento de 81 páginas é um arquivo em
Powerpoint com diagramação simples e capítulos quebrados por uma página que se
repete, trazendo uma sequência de fotos de mãos iluminadas, se cumprimentando
ou em posição de oferenda, com forte simbolismo religioso.O texto é repleto de
palavras em maiúsculas e frases com pontos de exclamação. É nesse formato que
destaca suas primeiras propostas, ressaltando sua defesa da propriedade privada
e da família, descritas com letras maiúsculas e frases exclamativas.O plano
pontua propostas com críticas frequentes à esquerda e ao "legado do PT de
ineficiência e corrupção".Bolsonaro
vem anunciando que vai se comportar de forma unilateral e não vai formar uma
coalizão, mas as chances de governar com esse comportamento são desastrosas',
opina alguns analistas. Bolsonaro promete quebrar um ciclo político que teria
sido marcado pelo "crime, corrupção e ideologias perversas" para
introduzir um momento de "estabilidade, riqueza e oportunidades para todos
tentarem buscar a felicidade da forma que acharem melhor."Lá estão promessas
feitas ao longo da campanha, como reequilibrar as contas públicas, reduzir a
maioridade penal e "sufocar a corrupção", mas o plano não entra em
detalhes sobre como essas metas serão alcançadas.
Redução inédita do antigo "Toma-lá-dá-cá"
Sob a rubrica "A
nova forma de governar", Bolsonaro propõe a redução do número de
ministérios, a implantação de uma "Federação de verdade", em que a
arrecadação de tributos seja repassada a Estados e municípios diretamente, sem
passar por Brasília, e promete o fim do "loteamento do Estado" e do aparelhamento
na distribuições de cargos em ministérios. Entretanto, segundo analistas
ouvidos pela BBC News Brasil, Bolsonaro terá de fazer uma série de concessões
em nome da governabilidade - que devem incluir, sim, a distribuição de
ministérios a aliados políticos, parte do jogo no presidencialismo de coalizão,
porém, até o momento Bolsonaro tem se
mantido fiel a sua promessa de campanha
neste ponto."Não acredito em um ministério
de técnicos e notáveis. Ele vai ter que negociar com o centrão", afirma
Lucas de Aragão, diretor de comunicação da empresa de análise política Arko
Advice. "Mas vai ter que negociar para que os partidos indiquem nomes com
um mínimo de bom senso, que sejam capacitados, para não cometer estelionato
eleitoral. Vai ter que achar um meio-termo, e garantir a participação dos
partidos de uma maneira mais cuidadosa, fazendo uma maquiagem", diz.Analistas explicam que,
por mais que Bolsonaro prometa governar com 'técnicos e notáveis', terá de
negociar com as forças políticas de sempre. Parte
das medidas-chave prometidas para seu mandato envolve fazer mudanças na Constituição,
como a reforma da Previdência. Para obter as maiorias de 2/3 na Câmara dos
Deputados e no Senado exigidos para fazer emendas constitucionais, Aragão prevê
negociações intensas e a necessidade de construir maiorias de ocasião para
aprovar projetos."Vai ser um governo de
constantes construções de maiorias, de negociações de momento. Isso pode deixar
parte da população um pouco impaciente e pode ser um pouco confuso de início
por conta da inexperiência política dos principais atores envolvidos", diz
Aragão. Mas não vejo como um enorme obstáculo para aprovação ou não de suas
propostas."Em seu plano de governo
consta a promessa reiterada por Bolsonaro ao longo de sua campanha: a de
apresentar um governo "diferente de tudo aquilo que nos jogou em uma crise
ética, moral e fiscal. Um governo sem toma lá, dá cá", descreve.Para o
cientista político Carlos Pereira, professor da Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV),
Bolsonaro terá dificuldade de seguir a promessa à risca."Ele
vem anunciando que vai se comportar de forma unilateral e não vai formar uma
coalizão,
mas as chances de governar com esse comportamento são desastrosas",
considera Pereira. "Entre dizer e fazer existe uma diferença enorme."Para
o cientista político, Bolsonaro vai apostar em uma comunicação mais direta com
o eleitorado, investindo na relação que construiu nas redes sociais para obter
apoio às medidas que quiser implementar e pressionar o Congresso a aprová-las. A estratégia é chamada por teóricos americanos de going
public ("indo a público", em tradução livre).Isso envolve passar ao largo do
Parlamento e obter apoio público para pressioná-lo. É uma estratégia que surte efeitos no curto prazo, mas gera muito
constrangimento para o Parlamento no médio prazo. Com esse desgaste, o
Congresso tende a abandonar o presidente no primeiro sinal de vulnerabilidade.
Se ele seguir essa estratégia, vislumbro que o futuro dele será muito
difícil", considera Pereira.
O economista Paulo Guedes e o presidente
Na fase final de
campanha, Bolsonaro recebeu forte apoio de segmentos do mercado financeiro e de
empresários, que embarcaram em sua candidatura atraídos também por promessas de
cunho liberal, tendo como fiador o coordenador de seu programa econômico, Paulo
Guedes. Guedes foi reiteradamente apontado por Bolsonaro como seu futuro
ministro da Economia. A nova pasta, conforme seu programa, será criada para
abarcar os ministérios da Fazenda, do Planejamento, Indústria e Comércio, e a
Secretaria do Programa de Parcerias e Investimentos.No
documento, Bolsonaro promete "enxugar o Estado", e acusa os governos
dos últimos anos de ter inchado e aparelhado de "maneira
descontrolada" a máquina pública. O atual déficit primário elevado e a
situação fiscal "explosiva" também seriam legados da gestão de
"corruptos e populistas".No capítulo dedicado à
política econômica, ele lista entre as propostas e metas implementar as
reformas da Previdência e tributária, visando a uma "radical simplificação
do sistema tributário nacional"; reduzir a dívida pública e as despesas
com pagamento de juros, recorrendo a "privatizações, concessões e vendas
de propriedades imobiliárias da União"; e medidas de abertura comercial,
baixando alíquotas de importação e constituindo novos acordos bilaterais. Entretanto,
o documento não expõe planos concretos de quais estatais devem ser
privatizadas, nem esmiúça o desenho da reforma da Previdência ou das mudanças
tributárias a serem implementadas. Bolsonaro com Paulo Guedes no plano de
governo não traz detalhes sobre privatização, desenho da reforma da Previdência
e ou sobre mudanças tributárias, pois é algo a ser construído com a sociedade."O programa não tem
substância", considera Monica de Bolle, diretora de Estudos
Latino-americanos e Mercados Emergentes da Universidade Johns Hopkins, em
Washington, nos EUA. "É uma lista
de intenções. Reduzir a inflação, aumentar empregos, fazer um ajuste fiscal.
Isso todo mundo quer, afinal. O problema é como você vai alcançar essas
metas." Para De Bolle, a falta de clareza programática se torna ainda mais
preocupante diante dos ruídos que aparecem entre Guedes e Bolsonaro. A
intenção do economista de criar um imposto nos moldes da antiga CPMF, por
exemplo, repercutiu mal e foi prontamente desautorizada por Bolsonaro,
indicando fragilidade no alinhamento entre os dois. O presidente vai ser o
Bolsonaro. O Paulo Guedes será um mero ministro que pode ser mandado embora a
qualquer momento", lembra De Bolle.Ela lembra, ainda, que
Bolsonaro tem se apresentado como adepto do liberalismo econômico, mas a
conversão é recente.Ao longo de seus 27 anos como parlamentar, ele defendeu o
modelo intervencionista adotado durante o regime militar. Ao longo da campanha,
Bolsonaro deu sinais de que se afastou da ideologia estatizante e aderiu às
ideias neoliberais de Guedes. Ao mesmo tempo, entretanto, colocou freios nas
ideias do economista, afirmando que "nem todas" as estatais serão
privatizadas. Em entrevista ao Jornal Nacional, comparou a relação dos dois a
um "casamento", e disse que não se divorciariam "por
capricho", mas afirmou que "o único insubstituível sou eu".No programa de governo,
o futuro presidente engajará esforços para reequilibrar as contas públicas
"no menor prazo possível", buscando atingir um superávit primário já
em 2020 e tentando reverter o déficit que chegará a R$ 139 bilhões em 2019.Para
o economista Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas, a questão é
primordial, já que o país ficará "ingovernável" se não for sanada.
Ele não se arrisca, entretanto, a analisar as propostas descritas no plano de
Bolsonaro, consideradas apenas um diagnóstico."Todos
os programas de governo apresentados pelos candidatos têm a profundidade de um
lava-pés, considera. O problema não é só fazer o diagnóstico. É se existe um
ambiente político para que as medidas sejam implementadas."Castello Branco
ressalta que todos os mecanismos para reequilibrar as contas públicas envolvem
medidas impopulares, mas que não foram discutidas na campanha. São medidas que
podem gerar desgaste para o governo, e demandarão vontade e traquejo políticos."Ele vai ter que ou aumentar impostos, ou reduzir despesas,
ou um misto dos dois. Vai aumentar impostos? Vai fazer privatizações? Vai
reduzir os subsídios fiscais? Vai mexer na aposentadoria?...O economista
ressalta que inúmeras questões como essas ficaram sem resposta no processo
eleitoral, com ausência de debate sobre políticas concretas. Sem sombra de dúvidas, mecanismos para
reequilibrar as contas públicas envolvem medidas impopulares...”
Medidas práticas e exequíveis a curto e médio prazos contra
violência e o 'viés ideológico'
O programa de governo
na área de segurança pública, lista propostas já conhecidas de Bolsonaro,
famoso por defender medidas de linha-dura para conter a violência, tipo:“Não
quer ir pra cadeia? Simples: Não mate, não roube, não estupre, seja honesto e
cumpra com seus deveres!”No documento, se propunha
reduzir a maioridade penal para 16 anos; acabar com a progressão de penas e
saídas temporárias de presidiários ("prender e deixar preso", cadeia
não é hotel); reformular o estatuto do desarmamento ("para garantir o
direito do cidadão de bemà legítima defesa sua, de seus familiares, de sua
propriedade e a de terceiros"); e tipificar como terrorismo a invasão de
propriedades rurais. Bolsonaro propõe ainda uma "retaguarda
jurídica" para "proteger" policiais no exercício de sua
atividade profissional: o chamado excludente de ilicitude. Seria uma
mudança nos códigos Penal e de Processo Penal para ampliar o leque de situações
em que policiais não sejam investigados por mortes decorrentes de sua
intervenção.O programa acusa a
esquerda de culpar policiais por mortes, mas não se preocupar com homicídios de
agentes das forças de segurança, e diz que os "heróis nacionais que
tombaram e foram esquecidos pelos atuais governantes nesta Guerra do
Brasil!" terão seus nomes gravados no Panteão da Pátria e da Liberdade, em
Brasília. Seu discurso constata uma dura realidade: a violência cresce mais em
Estados governados por partidos de esquerda.
Mais "escolas Cívico-militares" e menos 'doutrinação' de
esquerda nas escolas!
O combate a ideologias
e políticas associadas à esquerda permeia o programa de governo e está presente
também no capítulo sobre educação, com a defesa de um sistema de ensino
"sem doutrinação (política) e a sexualização precoce de nossas crianças.O
programa afirma que "um dos maiores males atuais é a doutrinação", e
promete expurgar a ideologia formadora de militontos que só querem saber de
direitos de Paulo Freire”. Bolsonaro propõe revisar o método de gestão na
educação e "revisar e modernizar o conteúdo".O documento argumenta
que:O
Brasil deveria ter desempenho muito maior com os recursos que são gastos
anualmente com educação, afirmando que "gastamos como os melhores!", mas
"educamos como os piores”.Bolsonaro
acertadamente, apresenta o ranking dos gastos de PIB por educação por país - em
que o Brasil gasta 5,9% do PIB nacional, próximos aos 5,3% do Canadá e 5,2% dos
EUA.Priscila Cruz, da ONG
Todos pela Educação, que tem foco em políticas de ensino básico, diz que o
Brasil, de fato, investe uma fatia do PIB condizente com a média de países da
OCDE, em torno de 6%. O programa de governo afirma que 'um dos maiores males
atuais (da educação) é a doutrinação'. Para Cruz, um ponto positivo do programa é
colocar ênfase sobre investimento na primeira infância, propondo desenvolver
políticas para crianças de 0 a 3 anos. Cruz preocupa-se ainda com a
menção da educação à distância como "um importante instrumento" que
"não deve ser vetado de forma dogmática", podendo se oferecer como
"alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou
impedem aulas presenciais." Bolsonaro propõe ainda a criação, em um espaço
de dois anos, das escolas militares em todas as capitais brasileiras.O programa de governo
de Bolsonaro tem um foco no tipo de pessoas que o apoiaram: a família
tradicional, composta por um homem e uma mulher. Seja como ela for, é sagrada e
o Estado não deve interferir em nossas vidas", descreve a página 4 do plano.
Alfredo Setubal: 'Jair Bolsonaro terá de aprender
a governar e negociar'
Mônica Scaramuzzo - Agência
Estado
À frente da Itaúsa,
holding de investimentos do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal acredita que o
futuro presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, montou seu governo calcado em dois
pilares: Paulo Guedes, para conduzir a economia, e Sérgio Moro, para encampar
as mudanças contra a corrupção."É
uma eleição anti-establishment. O primeiro ano será difícil. O presidente vai
ter de aprender a governar e negociar com Congresso. Treino é treino e jogo é
jogo. Não é um campeonato de pontos corridos, é de mata-mata. Se as reformas
não forem aprovadas, o governo vai sofrer muito."
A seguir, os principais trechos da entrevista:
1)- O que a eleição de
Jair Bolsonaro traz de novo?
A eleição de Bolsonaro foi pautada
em mudanças da economia e do jeito de se fazer política. Na parte econômica, sem dúvida nenhuma, a população votou para mudar as
políticas que vinham sendo praticadas pelos governos do PT. Houve guinada para
uma linha mais liberal. Vamos entrar em outro ciclo de políticas econômicas,
com privatizações, concessões. Se o déficit fiscal for
equacionado, a reforma da Previdência votada, temos grande chance de ver o
Brasil crescer.
2)- E o Brasil voltará
a crescer?
O novo governo pega a economia com
alguns sinais pequenos de recuperação. O desemprego ainda é alto, mas inflação
e juros mais baixos dentro dos padrões históricos. Se conseguir de fato fazer essas reformas, o
Brasil pode entrar num ciclo de crescimento de 3% a 4% ao ano. O cenário
internacional não deve ajudar muito. Mas,
de qualquer jeito, estamos entrando num ciclo econômico de mais crescimento e
mais estabilidade jurídica, fator extremamente importante.
3)- Bolsonaro terá força
no Congresso para aprovar reformas?
Todos esses aspectos foram
discutidos na eleição. Previdência é uma unanimidade. Agora, qual a reforma que
vai passar? A que está aí pode não ser a ideal, mas algo bem razoável pode ser
votado no Congresso. Ele não está partindo do zero, já tem uma proposta do
(Michel) Temer. Evidentemente que tem um processo de negociação no Congresso.
4)- Mas o sr. vê uma
coalizão por partidos ou por bancada?
Tem se falado de votação por
bancada... Me parece que o novo Congresso estará alinhado com as políticas do
novo governo. Com 27 anos de experiência
no Congresso, Bolsonaro vai conseguir fazer as aprovações necessárias. Mas tem
um aspecto no governo e na equipe econômica que é o fato de boa parte não ter
experiência no setor público. Isso vai gerar uma certa dificuldade no começo
para se entender como a máquina funciona.
5)- E isso é um fator
inibidor para a governabilidade?
Não inibidor, mas retardador de
fazer a máquina funcionar do jeito que eles querem. Demora uns meses para a
engrenagem rodar
6)- Como o Sr. viu as
indicações para os ministérios?
Bolsonaro tem dois pilares fortes.
Primeiro, a equipe econômica, que ele formou com bom time, encabeçado por Paulo
Guedes. Outro pilar é o Moro, com toda a agenda anticorrupção que vai ser
implementada. Não sei da capacidade de execução dos ministros. Veremos na
prática. Me parece que ele delegará
mais, diferentemente da presidente Dilma Rousseff. Isso tende a dar mais
agilidade para o governo.
7)- O sr. é a favor das
privatizações? O que deve se manter com o Estado?
A
sociedade não está preparada para um Estado mínimo, de um governo que cuide
apenas de suas funções básicas. Esse é um processo evolutivo. A sociedade de hoje não tem esse
desejo todo de privatizações. Deverá começar por subsidiárias e empresas relevantes, mas
nada abrangente. O próprio Temer
deixou uma série de licitações de portos, aeroportos, e isso facilitará. O modelo centralizador de Estado grande,
poderoso, que prevaleceu de Getúlio Vargas até agora, fracassou. O modelo
brasileiro tem de ser repensado.
8)- Bolsonaro é o mais
adequado para conduzir essas mudanças?
Ele está tentando fazer uma nova
política e quer acabar com esta história de lotear o governo entre os partidos.
Quer colocar pessoas mais gabaritadas. O Congresso funciona com certa barganha.
Bolsonaro disse que quer romper.
9)-
O que o sr. achou da indicação de Moro para o governo?
Acho que é coerente com todo o
discurso que o Bolsonaro fez durante a campanha. Moro, na Lava Jato, já cumpriu o seu papel...A sociedade está acompanhando tudo. Ele fez o movimento certo de aceitar o desafio.
10)-
Preocupa uma maior base militar no governo?
Não
é um governo militar. É um governo que tem mais militares, assim como no governo Lula teve mais sindicalistas. É um público que Bolsonaro lidou
em toda a sua vida (como Lula com os sindicatos).
11)-
A relação dos empresários com o governo será diferente?
Tem de mudar o jeito de fazer
negócio. A política liberal de Paulo
Guedes vai abrir a economia, reduzir tarifas, mas entendo que ele vá fazer isso
de maneira gradual. Por um lado, traz maior concorrência, por outro, as
empresas terão de ser mais eficientes. Ao mesmo tempo, o governo tem de
ajudar. Tem muitos impostos, burocracias, custos que em outros países são bem
menores.
12)-
O Itaúsa vai aumentar seus investimentos em 2019?
Não fizemos nenhum grande movimento
em 2018, só a venda da Elekeiroz. Vamos olhar oportunidades em indústria e
serviços. Não vamos diversificar por diversificar. Já temos a Alpargatas, o
gasoduto NTS, e não pretendemos olhar nada fora do País.
13)-
Qual a lição que se tira das eleições de 2018?
A sociedade votou por mudanças,
tanto da política econômica como contra a corrupção. Uma eleição
anti-establishment. É uma corrida de obstáculos. Longe de ser fácil, esse
primeiro ano será difícil. Ele vai ter de aprender a governar e negociar com o
Congresso. Tem muitos "se", mas muita coisa vai avançar no Brasil.
Treino é treino e jogo é jogo! Vamos ver como o técnico em campo vai performar
para ganhar o campeonato. E não é um campeonato de pontos corridos, é de
mata-mata! Se as reformas não forem aprovadas, o governo vai sofrer muito. Eu
tenho um lado otimista que acredita que pode dar certo.
Agencia Estado
CONCLUSÃO:
O
que está por trás deste atual apoio ao bolsonarismo?
Não é de hoje que o Jair Messias
Bolsonaro vem ganhando força no cenário político nacional. Desde o escândalo do
Mensalão, ele vem se destacando simples fato de não ter seu nome ligado a
escândalos de corrupção, tese essa que ganhou ainda mais força com o desenrolar
da Operação Lava Jato.Crítico ferrenho dos governos do PT, ele participou
diretamente do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Com
seu discurso forte,direto, sem meias verdades e conservador, Bolsonaro foi peça
importante no afastamento da ex-presidente, na época articulado pelo então
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que acabou preso por
corrupção por causa da Operação Lava Jato.
Outro fator que pesa a favor de
Bolsonaro são os altos níveis de violência que o país enfrenta, já que ele
defende veementemente o fim do Estatuto do Desarmamento. O parlamentar defende
que todo cidadão de bem deve possuir o porte legal de armas de fogo.
Alinhado com o pensamento de uma grande parcela da população brasileira, ele
arrasta seguidores pelos quatro cantos do país! Com discursos fortes
claros, contundentes, e que é entendido por todos, o deputado arranca as mais
diversas reações de interpretação de suas falas por onde passa. Ele defende de
forma muito clara e tranquila, que nunca houve ditadura no Brasil, mas sim uma
CONTRA REVOLUÇÃO COMUNISTA, e que intervenções militares são necessárias para
restaurar a lei e a ordem no país. E quem fez oposição ao regime militar, não
lutava por democracia, mas por uma DITADURA DO PROLETARIADO.
Bolsonaro
também defende projetos como a escola sem partido e redução da maioridade
penal. Ele também foi responsável pela criação do projeto de lei que tornou o
voto impresso obrigatório a partir de 2018. Fatores como estes consolidam ainda
mais suas pretensões políticas através destes ideais que estavam
adormecidos em grande parte da população, mas que se sentiam constrangidos a
manifestarem, em virtude da onda esquerdista que até então havia dominado
hegemonicamente todas as instâncias no Brasil.Entenda o porque Bolsonaro não é, e não precisa ser
nem mito, nem muito menos herói. Ele também não é TODAS as mentiras que falam a
respeito dele (homofóbico, nazista, facista, e mais as bobagens que todos já
estamos acostumados a ouvir) .Bolsonaro NÃO É MITO, até mesmo porque o mito é
uma figura criada para as pessoas idolatrarem. Bolsonaro NÃO É HERÓI, ou
salvador da pátria. Engraçado como o povão ainda acredita que exista essa
baboseira de herói. Achavam o mesmo de Collor e Lula, e vejam no que
deu e no fundo do poço em que nos encontramos. Isso não significa que Bolsonaro
seja igual a Lula ou Collor, pois entre Bolsonaro e Lula há um grande abismo. É
como querer juntar água com óleo.E ninguém precisa ser um gênio para saber
disso, a não ser as pessoas que somente enxergam ele como homofóbico, nazista,
etc, ou seja, pessoas que acreditam em tudo que a mídia lhes fala. Bolsonaro
será um Excelente Presidente, disso não tenho a menor dúvida.
O maior desafio de Bolsonaro não
será a Economia: e sim A RESTITUIÇÃO DOS VALORES MORAIS E DA PLENA
LIBERDADE DE EXPRESSÃO.Bolsonaro hoje no Brasil, muito mais que sua pessoa, representa um IDEAL.Ideias
são a prova de balas, pode-se matar o idealizador, mas jamais seu
ideal.Tiradentes foi enforcado mas, seu ideal de independência não. Já
dizia Eduardo de Bono: “Uma ideia quando surge,
ela já não pode ser despensada, (seria o mesmo que nos pedissem para não
pensarmos numa maçã). A um que de
imortalidade no ideal...”
Sabemos do momento dramático pelo qual o Brasil
atravessa e estamos cientes que o nome de Jair Bolsonaro representa esperança
de dias melhores para mais de duzentos milhões de brasileiros. Políticos
como Donald Trump e Jair Bolsonaro não são idiotas, pelo contrário. Falam o que
falam porque sabem que muita gente tem os mesmos anseios de ter mais segurança
e empregabilidade. Os dois são chamados de populistas e irresponsáveis por
políticos de esquerda que acreditam na divindade do mercado.
Porém, é inegável
que os ideais de Trump e Bolsonaro ajudam a arejar o debate com novas
propostas, cativando os mais jovens. A esquerda no Brasil
conseguirá se organizar e disputar um novo projeto de país? Um que não tenha
vergonha de reconhecer seus erros e atuar em campos que lhe são espinhentos,
como a violência urbana, e a liberdade de mercado, com menos estado?Poderá
construir uma nova narrativa que desperte o sonho e o engajamento dos mais
novos? Muitos desses jovens estão descontentes, mas não sabem o que querem
(sabem apenas o que não querem!).Neste momento, por mais impactantes que sejam a
obviedade de seus discursos (tipo: “Ninguém vai para a cadeia por ser um
bom cidadão, e cumprir com seus deveres”), boa parte deles está em êxtase,
alucinados pelos resultados das manifestações de rua e com o poder que
acreditam ter nas mãos. Mas ao mesmo tempo com medo. Pois cobrados de uma resposta sobre sua
insatisfação, no fundo, no fundo, conseguem perceber apenas um grande
vazio.
Pode-se continuar dando às costas a eles, chamando-os de
fascistas, ou abrir o diálogo, muitas vezes difícil, mas necessário!
Há
um déficit de democracia participativa que precisa ser resolvido, não somente
pelas Comunas, grupos organizados, ou por pseudo iluminados.Só votar e esperar quatro anos não adianta mais
para esse grupo, pois muitos jovens reivindicam participar mais ativamente da
política. Querem mais formas de interferir diretamente nos rumos da ação
política de sua cidade, estado ou país. Não da mesma forma que as gerações de
seus pais e avós, claro. Precisamos, urgentemente, ouvir os mais novos
e construir com eles um projeto para a sociedade em que vivemos. Negar isso e
buscar, novamente, saídas de cima para baixo, seja através da esquerda
democrática ou da direita liberal.
Não admira que quem sugere adotar as soluções
de sempre são as mesmas pessoas que não entenderam o significado das
manifestações de rua de 2013, ou que nada aprenderam com elas.Por fim, entendo Bolsonaro como um sujeito íntegro,
apesar de não concordar com algumas de suas ideias. Ele é um
conservador íntegro, o qual podem acusa-lo de tudo, menos de
corrupto. Mas eleições não se vencem apenas com integridade, mas também
com estratégia política. Isso não significa defender o abandono de seus valores
e princípios morais, mas entender o jogo político por trás das eleições para
enfim poder existir uma chance de se obter um resultado efetivo.
Acho que
Bolsonaro seria uma vítima perfeita para as raposas da política, especialmente
aquelas da extrema-esquerda!
Não o vejo capaz de se desviar do amontoado de
estratagemas que estas pessoas são capazes de fazer. Para que a direita seja
bem representada por um candidato, é preciso que este saiba controlar o frame,
manter uma postura combativa, saber ser pragmático e objetivo em suas propostas
e daí por diante. Para isso, é preciso, antes de tudo, de um pensamento
orientado à estratégia política. Eu particularmente, apesar de desejar muito,
duvido que Bolsonaro consiga se desvencilhar das artimanhas que serão lançadas
contra ele. Será que ele conseguiria aprender a defender-se e lutar na
guerra política em tão curto tempo? Assimilar os conceitos da guerra política
não é algo que se faz do dia para a noite. Falamos de uma mudança de mindset e
até mesmo da percepção em relação ao mundo que nos rodeia.
Se Bolsonaro
conseguir fazer isso em tão curto tempo, menor que o PT, no qual a esquerda precisou
de mais de três décadas para construir, nos surpreenderá!
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