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A "França está em guerra contra o terrorismo", não contra uma religião, diz premiê francês

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 11 de janeiro de 2015 | 11:07





Por AFP - Agence France-Presse





O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou nesta sexta-feira que a França está em guerra "contra o terrorismo, não contra uma religião", e estimou que serão necessárias novas medidas "para responder à ameaça".





"Estamos em uma guerra contra o terrorismo. Não estamos em uma guerra contra uma religião, contra uma civilização", declarou Valls.





Já o presidente François Hollande pediu para que as estigmatizações e as caricaturas mais lamentáveis sejam rejeitadas.
"Tranquilizar a população é dizer a ela que vive em um Estado de direito e com o desejo de conviver juntos, de recusar (...) o estigma, as caricaturas mais lamentáveis", disse o presidente em uma reunião com os prefeitos no ministério do Interior.






OPINIÃO: "O problema não é a religião"



Os ataques brutais de terroristas islâmicos na França chocaram a Europa. Mas não é por isso que o islã e todo tipo de crença religiosa devem ser desacreditados.






Opina Felix Steiner, da redação alemã da DW:






“É hora de fazer uma confissão: sou católico. E gosto de sê-lo. Minha fé me dá forças. E a sensação boa de ser mais do que apenas uma aberração da natureza, mais do que apenas um acaso biológico que surgiu do nada e que algum dia desaparecerá no nada novamente.Sou um reflexo de Deus, que os judeus chamam de Jeová e os muçulmanos de Alá. Isso está no Gênesis, sagrado para judeus e cristãos. E por causa da minha fé tenho dignidade, assim como todos os seres humanos. Uma dignidade que é inviolável, que deveria ser respeitada e protegida. Não é coincidência que exatamente isso conste na primeira frase do Artigo 1º da Constituição alemã.Aqueles que não querem  ter na fé um ponto de apoio fiquem à vontade.As sociedades livres do Ocidente não obrigam ninguém a acreditar em algo específico ou sequer a acreditar em algo. Mas mesmo que minha fé não importe ao Estado alemão, ele está do lado de todos os que creem, pois garante a "prática imperturbável da religião". Isso também está no topo da Constituição.Por esse motivo, não preciso aceitar, por exemplo, quando durante a missa de Natal uma jovem pula nua no altar da catedral de Colônia e grita: "Eu sou Deus". Em vez disso, posso ficar contente com o fato de ela ter sido condenada a pagar uma multa.Mas há outras coisas que preciso aceitar, mesmo que me irritem profundamente. Porque maculam minha religião, maculam coisas que são importantes e até sagradas para mim. Por exemplo, quando Cristo crucificado é ridicularizado. Ou quando o papa, o líder da Igreja Católica, é retratado com uma mancha de urina na batina e o título: "Vazamento encontrado no Vaticano".Mas nenhum comediante ou cartunista de uma revista satírica está preso na Alemanha por causa disso. Porque provocações desse tipo são contempladas pela liberdade de expressão e de imprensa. E eu, como cristão, posso escolher evitá-las. Não preciso frequentar shows de comédia nem ler ou comprar revistas do gênero. Como cristão letrado, encontro consolo numa citação de Goethe: "Nada descreve melhor o caráter dos homens do que aquilo que eles acham ridículo".Tudo isso é herança da época que os historiadores chamam de "Iluminismo". Para simplificar, trata-se do princípio de reciprocidade: recebo a liberdade para acreditar no que quero e aceito a liberdade dos outros de dizerem o que quiserem a respeito. Ou, ainda mais curto: meus direitos existem porque tolero dissidentes. Somente a ofensa pessoal não é permitida. E locais de culto, sejam igrejas, sinagogas, mesquitas ou templos budistas, são espaços protegidos. Há cerca de 300 anos a Europa e os Estados Unidos convivem muito bem com esse princípio.O "Ocidente iluminado" não pode fazer concessões quanto a isso. Ou seja, quem quiser viver aqui precisa aceitar as regras. Isso não é uma imposição, mesmo que às vezes faça cristãos conservadores parecerem ser exatamente como muçulmanos radicais. E quem fizer uso da violência para alcançar objetivos religiosos ou eliminar inimigos da própria fé não tem espaço na civilização no ano de 2015.Tal visão não é compartilhada somente por quase todos os cristãos da Europa, mas também por 90% dos muçulmanos que vivem aqui. Muçulmanos que perceberam há muito tempo que, sob as regras vigentes em muitos países islâmicos, seria impossível praticar abertamente sua fé na Europa. E, por isso, aprenderam a valorizar a tolerância europeia.Mas há algo que fere muçulmanos tanto quanto me fere: quando os atos brutais de poucos fazem toda uma religião e a religiosidade em si serem desacreditadas. Quando em dias como esse se afirma que um mundo sem a fé em Deus seria um mundo melhor, porque a religiosidade sempre acaba em radicalismo. Não, eu me oponho! Minha fé tem muito valor para mim e não deixarei que ninguém a tire de mim. Aliás, meu vizinho muçulmano compartilha da mesma opinião.”













Nos últimos dez anos, 101 torcedores morreram em brigas de estádio no Brasil !





O número é cinco vezes o de mortos em ataques de terroristas muçulmanos na França e o dobro das vítimas da Inglaterra no mesmo período.





Podemos então dizer que "esporte mata"? Que o futebol provoca violência?




Pois é exatamente o que fazemos quando culpamos a religião pelo terrorismo.A crueldade do ataque aos jornalistas do Charlie Hebdo faz muita gente ligar os pontos e afirmar que religião causa violência. Também parece haver bons argumentos para essa ideia. As cruzadas, as carnificinas entre protestantes e católicos nos séculos 16 e 17, os conflitos entre hindus e muçulmanos na Índia: banhos de sangue em nome da fé são frequentes na história.Mas isso é um mito. Religião não provoca violência, ou melhor: provoca tanta violência quanto qualquer identidade de grupo





“O homem mata em nome da fé, mas também em nome de ideologias políticas, da nação, de etnias, da escolha sexual, do estilo de roupas e músicas (como as gangues de Nova York dos anos 80) ou em nome de times de futebol. O problema não é a religião, mas a tendência humana à hostilidade entre grupos.”



Para entender esse padrão é preciso ir longe – até o momento em que violência entrou para o repertório de comportamentos humanos, há algumas centenas de milhares de anos.Nas savanas da África, onde o homem passou 90% de sua história evolutiva, ficar sozinho não era uma boa ideia. Significava estar vulnerável a animais ferozes e a ataques de tribos vizinhas. A solidão também resultava em fome, pois a caça de grandes animais da megafauna (o big game) exigia ação coletiva e coordenada.Para sobreviver e ter filhos, era preciso pertencer a um grupo. Fechar um “pacto ou conspiração baseada em interesses mútuos de longo prazo”.Mas pertencer a um grupo não bastava. Os genes tinham mais chances de se perpetuar se o indivíduo participasse de uma coalização vencedora. Grupos mais harmônicos e cooperativos, que armavam emboscadas com maestria, construíam boas ferramentas e abatiam o inimigo sem piedade, superavam grupos humanos desunidos.







A evolução de um certo modo favoreceu, assim, a tendência a dois comportamentos opostos:




1º)- Entre os membros do grupo, ganhou o páreo o indivíduo capaz de sentir emoções que possibilitavam a cooperação. É o caso da compaixão, a satisfação em fazer amigos, a noção de culpa (sentimento que nos empurra para reparação e conciliação com o grupo), a vontade de castigar quem não coopera, a obsessão humana com a reputação, o medo de ficar sozinho.


2º)-Ao mesmo tempo, emergiu a tendência à hostilidade e à violência contra grupos rivais. É o que os biólogos chamam de “altruísmo paroquial”.Basta uma olhadela na história mundial para perceber que boa parte dela se resume a hordas, gangues, tropas, tribos, times, bandos, exércitos – enfim, coalizões de homens jovens cooperando entre si – lutando contra outras coalizões de homens jovens. A religião, nessa história, é mais um pretexto para justificar uma antiga tendência humana ao antagonismo entre grupos.



Não nego que algumas crenças incitem os fiéis à violência e sejam mais problemáticas que outras. Mas achar que guerras e atentados diminuiriam se as religiões acabassem é ser otimista demais com o homem. Como mostrou o século 20, não é preciso religião para haver massacres e genocídios.







TENHAM CUIDADO COM A DITADURA DO POLITICAMENTE CORRETO, que dá voz aos melindrados hipócritas dos ofendidinhos de plantão !





Já dissemos aqui e reafirmamos: todas as religiões,inclusive o catolicismo,possuem eventualmente aspectos passíveis de serem criticados e ironizados. O profeta Elias nos mostra que o humor é uma arma legítima para a defesa da verdade, e não deve ser excluído do debate religioso:





“Elias escarnecia-os, dizendo: Gritai com mais força, pois (seguramente!) ele é deus; mas estará entretido em alguma conversa, ou ocupado, ou em viagem, ou estará dormindo… e isso quem sabe o acordará...” (I Reis 18, 27).





É justo pedir um mínimo de bom senso. Tomara que aqueles que usam do humor utilizando temas religiosos elevem o nível acima das sátiras abjetas da Reforma Protestante, do Charlie Hebdo, do Porta dos Fundos e companhia LTDA.Nesses tempos de discussão sobre o respeito às crenças religiosas alheias, convém mais do que nunca trazer à tona uma faceta de Martinho Lutero que pouca gente conhece: o de gravurista que não tinha limites para a baixaria.Bem diferente do que muita gente pensa, não foi por meio da distribuição de bíblias que a Reforma Protestante difundiu sua doutrina. A grande arma de propaganda dos “reformadores” eram panfletos com gravuras ridicularizando o Papa e o clero das formas mais asquerosas possíveis, no melhor (ou pior) estilo da revista Charlie Hebdo.






Ânus, cocô e demônios eram elementos quase onipresentes nos desenhos de Lutero e sua turma. Pudera… a boca fala do que o coração está cheio!





Vejam que “primor”, por exemplo, o texto que acompanha a gravura: De Ortu et Origine Monachorum (“A Fonte e a Origem dos Monges”): diz que o capeta teve uma dor de barriga e, ao se aliviar sobre uma forca, de seu traseiro saíram os monges. Será que Luterinho, ex-monge agostiniano, estava então contando sua própria história de vida?É preciso dar um desconto para Lutero, afinal, diferente dos cartunistas franceses, ele não usava a imagem de Cristo para blasfemar, nem tampouco a da Santíssima Virgem, de quem era devoto.Por outro lado, enquanto as charges do jornal francês nunca incitaram a violência física contra ninguém, Lutero, por sua vez, pedia em uma gravura que o Papa e os cardeais fossem mortos na forca e tivessem suas línguas pregadas.A gravura intitulada Digna merces Pape satanissimi et cardinalium suorum (“A justa recompensa que o Papa Sataníssimo e seus cardeais merecem”) foi produzida por Lucas Cranach. Por encomenda de seu amigo Lutero, esse pintor renascentista fez diversas xilogravuras anticatólicas. Lutero e Lucas formaram assim a dupla LULU; um bolava o desenho, o outro executava.O mais célebre dos panfletos de Lutero ilustrado por Lucas Cranach é “Contra o pontificado romano fundado pelo diabo”, de março de 1545. A gravura “O nascimento e a origem do Papa” apresenta um demônio feminino “parindo” vários papas pelo traseiro; os bebês são embalados e amamentados por outros demônios. A genialidade humorística da dupla LuLu era mesmo ilimitada. Além de muito cocô e bunda, eles também faziam sátiras com… muito cocô e bundas.Na gravura cujo título é Adoratus Papas Deus Terrenus, eles sugerem que o povo deveria usar a tiara papal como penico.






Mas nem tudo o que a propaganda da Reforma produzia era baixaria!




Há algumas exceções com conteúdo de crítica genuína, como a ótima gravura que compara o abuso da venda de indulgências ao crime dos vendilhões do templo MUITO OPORTUNA PROFETICAMENTE PARA O ATUAL PROTESTANTISMO. A imagem faz parte de uma série de “quadrinhos” feitos por Lucas Cranach, desta vez em parceria com o reformador Philip Melancthon.






Veja a matéria completa com as gravuras no link abaixo:










“Lendo o Corão e os místicos islâmicos, adquirimos uma visão idealizada do Islam. Quando estudamos a sua POLÍTICA, vemos que mesmo os textos mais sublimes podem receber interpretações malignas e transformar-se, pela exploração de ambigüidades, em pretextos de ações criminosas.”  (Olavo de Carvalho) - E assim caminha a humanidade...






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