“Já na UTI, querem manter ligada
aos aparelhos a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO.O mais interessante é que os
pobres(alvos teóricos desta pseudo
teologia) não estão sentindo a menor falta...principalmente na América Latina! Pois
a Igreja da A.L fez a opção exclusiva pelos pobre e os pobres fizeram a opção
preferencial pelas Seitas.”(Olavo de Carvalho).
Se a Igreja de Cristo é atacada ou tem seu lugar usurpado por
diversos inimigos externos, dentre os quais podemos destacar a heresia protestante,
não menos sofre a Santa Igreja por conta de seus inimigos internos.Dentre estes inimigos internos travestidos de
católicos podemos mencionar uma heresia do tipo eclesiológica, que
encontra destaque principalmente em nosso continente Latino: A Heresia, digo,
Teologia da Libertação.Embora a linha de cunho marxista já tenha sido condenada pela Santa Igreja, e
recentemente o Papa Francisco definiu o Marxismo como mal intricecamente, ainda
desperta o interesse de muitos católicos pouco esclarecidos, além dos
católicos de má fé e até mesmo de membros extremamente modernistas do
clero (religiosos(as), padres e - infelizmente - até mesmo bispos).Já ouvi de meu velho pai, um homem de fé, bastante religioso e de
extrema boa vontade quando o assunto trata das "coisas de
Deus", que - com suas melhores intenções e sem muito conhecimento de
causa - a "Igreja deveria compreender mais a Teologia da Libertação".
Claro que sua opinião é compreensível pois o disse devido à sua vontade de
ajudar o próximo, sobretudo os mais pobres, aliada à sua ignorância sobre o
tema e à grande influência que provavelmente tenha recebido sobre este assunto.Noutra ocasião, minha mãe após participar de um encontro de formação
para leigos (creio que encontro setorial dos "Ministros Extraordinários da
Sagrada Comunhão") disse ter me trazido um livro de presente.
(sem a experiência de Deus - Vira militância e
não evangelização)
Após a
felicidade de saber que seria presenteado com um livro católico, sobreveio
a decepção ao constatar que tratava-se de um livro da Teologia da Libertação.Tanto minha mãe como a grande maioria dos presentes em tal encontro
desconhecem o que seria Teologia da Libertação, estando portanto, expostos a
esse tipo de literatura como se ela fosse fiel transmissora e o supra sumo da
doutrina e moral católica.Eu mesmo em meus tempos de adolescente/jovem idealista e
"revolucionário", quando admirava o comunismo (dentre meus heróis
estavam Che e Fidel, Marx ,Lênim e Stalin), partidos de esquerda e todos os
"defensores da classe pobre e trabalhadora". Pois é, também eu estava
me simpatizando pela Teologia da Libertação - já que acreditava ser essa uma
maneira possível de ser católico e esquerdista ao mesmo tempo - quando pela
graça de Deus fui apresentado à Verdadeira Religião de Cristo Nosso Senhor.Por fim, trago abaixo a notícia publicada no Fratres que trata deste
problema. Futuramente citarei bons artigos que apresentam a Teologia da Libertação
para aqueles que ainda não a conhecem (ou que lidam com ela diariamente mas
pensam tratar-se de Catolicismo.
A Teologia
da Libertação de caráter marxista ainda não está morta na América Latina!
Embora suas teses e slogans tenham evoluído, escondem os mesmos objetivos
de sempre: “Demolir o “pensamento único romano” e propor “outra igreja possível”,a
partir de baixo, democrática, e não mais Teocrática, ou seja, uma Igreja em que
já não prevaleça a vontade de Deus, mas a do Povo.”Seus expoentes mais polêmicos se reuniram de 7 a 11 de outubro no Brasil com o pretexto
de recordar o Concílio Vaticano II. Embora, na realidade, foi uma oportunidade
para afinar a agenda do “progressismo católico”.
Acendeu-se o
sinal de alerta na Santa Sé, e não é para menos!
O Congresso Continental de Teologia, que foi acolhido pelo Instituto
Humanitas Unisinos, da Companhia de Jesus, na cidade brasileira de São Leopoldo,
pretendeu celebrar os 40 anos do livro de Gustavo Gutiérrez:“Teologia da Libertação. Perspectivas”. Um texto que foi corrigido em
muitas passagens a pedido da Congregação para a Doutrina da Fé, o qual foi
prontamente atendido pelo Padre Peruano, demonstrando sua submissão ao
magistério, ao contrário de outros teólogos desta corrente teológica.Entre os oradores se destacam Jon
Sobrino e Leonardo Boff, sobre os quais se mantêm vigentes as sanções
eclesiásticas por difundir doutrinas contrárias ao magistério da Igreja. Mas
também outros teólogos de duvidosa ortodoxia como: Andrés Torres Queiruga, que
no último mês de março de 2013 foi convidado pelos bispos espanhóis a
esclarecer o seu pensamento que, em vários aspectos, não pode ser considerado
católico.
Embora os
organizadores tenham se empenhado em afirmar que o congresso não busca provocar
um “duelo teológico” com o Vaticano, na prática
foi assim, pelos seguintes motivos:
1)- Primeiramente,porque ele teve início no mesmo dia da abertura do
Sínodo dos Bispos, em Roma, sobre a Nova Evangelização, durante o qual Bento
XVI abriu o Ano da Fé, em uma cerimônia pelos 50 anos do Concílio.
2)- Neste contexto, o encontro da Unisinos reforçou ainda mais o seu
caráter dissidente. Não só por uma questão de datas coincidentes, mas,
especialmente, pelos assuntos sobre os quais se discutiu nesses dias:A Fundação
Amerindia, entidade organizadora, incluiu na programação os temas mais
defendidos pelos movimentos radicais da esquerda: desde a ideologia de gênero
até os direitos humanos, da justiça à migração, da miscigenação até a
“releitura libertadora da história latino-americana”, da economia e ecologia
até os sistemas políticos emergentes.
3)- Em que pese o discreto número de sacerdotes que assistiram aos
trabalhos, não está programada nenhuma celebração religiosa. Não houve missa,
nem sequer ao domingo! Tampouco foi considerada uma cerimônia ecumênica. Apenas
se reservou meia hora a um “momento de espiritualidade” dedicado, a cada dia, a
uma situação distinta: a “entronização da Bíblia”, “o ecumenismo”, o
“testemunho dos mártires”, e a “questão indígena”.
4)- O movimento teológico que deu vida ao congresso continental é
discreto em seus números e aguerrido em seus postulados. Nenhuma das quatro
reuniões preparatórias ao congresso, realizadas em 2011 na Guatemala, México,
Chile e Colombia superou a cifra de 300 assistentes. O resultado das mesmas é
uma prova das idéias que irão se impor em São Leopoldo.Por exemplo, na
Guatemala, o sacerdote brasileiro Ermanno Alegri, coordenador da agência
Adital, defendeu “a necessidade de elaborar uma agenda teológica para o futuro
que leve a nos abrirmos a um Deus vivo e livre, contrário à visão de um Deus
preso a dogmas, ritos, normas morais e patriarcalismos”.
O jesuíta
Sobrino esclareceu: “fora dos pobres não há salvação” e “a Igreja traiu Jesus
Cristo”!
Em suma: o encontro do Brasil foi uma mescla entre algumas idéias teológicas,
pensamentos ecléticos diversos e propostas culturais heterogêneas com uma forte
matriz política. Tudo acolhido por uma instituição católica, administrada por
uma congregação religiosa cujo quarto voto é o de fidelidade ao Papa (os
jesuítas).
Uma situação
que preocupa a Cúria Romana. Como confirmou Boff através de sua conta no
Twitter, em 14 de setembro de 2013:
“Vejam a vontade persecutória do
Vaticano: pressionam para que o Congresso sobre a Teologia da Libertação a se realizar em
outubro no Sul, não se realize. O Vaticano pensa que com os dois documentos que
escreveram sobre a Teol da Libertação a mataram e a enterraram. Mas os oprimidos
continuam. Enquanto houver um oprimido gritando vale se engajar por sua
libertação, inspirados pelo Cristo Libertador. (ou manipulados por Teólogos marxista
caro Boff?)Só uma Igreja cínica se faz surda...”
Entrevista com Paul Wess sobre o livro: “DEUS, Cristo e os Pobres”
1)- Nhanduti Editora: Padre Wess, o senhor é um teólogo europeu.
O que o motivou a escrever um livro sobre a Teologia da Libertação
latino-americana?
Paul Wess: A motivação imediata foi o conflito
desencadeado pela crítica que Clodovis Boff fez à Teologia da Libertação. Na
Alemanha, o Instituto para Teologia e Política (Institut für Theologie und
Politik, Münster, www.itpol.de) publicou uma documentação detalhada,
inclusive online. Mas os motivos para meu livro são ainda mais
profundos.Também
muitos europeus que vivem em países de bem-estar – como, por exemplo, no meu
país, a Áustria – sofrem com a existência de tantas pessoas pobres no mundo. E
a gente se pergunta o que pode fazer, como cristão em geral e, no meu caso,
especialmente como padre e teólogo, para contribuir para a libertação dessas
pessoas.Por
isso, eu sempre me interessei muito pela Teologia da Libertação e acompanhei
também de perto o conflito entre Roma e essa teologia. Quando escrevi minha
“habilitação”, para ser aceito como professor de teologia pastoral na
Universidade de Innsbruck [Igreja de Comunidades – Lugar da Fé. A prática
como fundamento e consequência da teologia; título original: Gemeindekirche
– Ort des Glaubens. Die Praxis als Fundament und als Konsequenz der
Theologie. Graz, 1989], eu me posicionei não só em relação aos documentos de Roma,
mas estudei também criticamente algumas afirmações de teólogos da libertação.O conflito antigo com a Congregação para a Doutrina da Fé repete-se agora
dentro da própria Teologia da Libertação e pode prejudicar suas preocupações
que são tão importantes. Leonardo Boff
expressa isso assim [REB 271, 2008]: “Podemos imaginar que os que condenaram a Jon
Sobrino (Clodovis aprova a Notificação romana), a Gustavo Gutiérrez, a Ivone
Gebara, a Marcelo Barros, a José María Vigil, a Juan José Tamayo, a Castillo, a
Dupuis, a Küng, entre outros, se acercarão a Clodovis e lhe dirão satisfeitos e
com o peito inflado de fervor doutrinário: ‘Bravo, irmão. Enfim alguém que teve
a coragem de desmascarar os equívocos e os graves e fatais erros da Teologia da
Libertação’.’’Minha intenção foi propor uma volta à teologia bíblica e contribuir assim para
a superação do conflito. Mas devo admitir que essa contribuição é
teologicamente bem exigente. Afinal, trata-se de mostrar que ambas as partes do
conflito argumentam a partir dos mesmos pressupostos da doutrina eclesiástica
posterior, eles apenas os interpretam de modo contrário – por isso, chegam a
conclusões contrárias. Esse impasse pode ser resolvido somente quando voltamos
a premissas que estão em sintonia com a Bíblia.
2)- N.E.: Parece que na vida do senhor há outros
pontos de contato com a Teologia da Libertação?
P.W.: Certo, tenho também um interesse
prático. Depois do último Concílio implantei, junto com outras pessoas e com o
apoio de Franz König, o então cardeal de Viena, uma tentativa de organizar uma paróquia recém-estabelecida de forma
diferente. Procuramos “formar pequenas comunidades de cristãos maduros na fé“, que depois se tornariam portadoras e modelos na pastoral. O sonho era realizar no nível de uma paróquia concreta as visões
do Concílio sobre uma Igreja-Communio e sobre o sacerdócio comum de todos
os fiéis. Primeiro, não sabíamos do surgimento das comunidades eclesiais de
base na América Latina, mas a utopia e o desejo foram os mesmos. E
assim que tivemos contato com CEBs, percebemos uma grande sintonia. Ela se
mostrou até mesmo na formulação exatamente igual de uma resposta à pergunta:
“Quando uma comunidade precisa se dividir para não se tornar anônima?” A
resposta: “Uma comunidade precisa ser dividida assim que adquire um tamanho tal
que já não se percebe quando alguém está faltando”. Por causa disso, aquela
paróquia de Viena tem hoje já três comunidades.Achamos também que o melhor apoio que podíamos oferecer às CEBs na América Latina (e também às Pequenas Comunidades Cristãs na África a na Ásia) era ser um exemplo de que essas comunidades podem existir também em situações onde resolver a miséria e lutar pela justiça social não são os motivos principais, e que não é verdade que elas se dissolvem quando esses objetivos são alcançados ou inalcançáveis. (Pergunta que não cala: A verdadeira
libertação que Cristo nos trouxe foi apenas estas meras libertações sociais?...Cristo morreu apenas pelo pobre ou por todos os pecadores?...) Queríamos
testemunhar que se trata de viver o legado de Jesus – o amor mútuo entre
discípulas e discípulos (Jo 13,34s). Quando se realiza isso, a luta pela
libertação faz parte do pacote, e isso nos brindou também com o contato com CEBs na Nicarágua e em Burundi.
3)-N.E.: O senhor consegue resumir em poucas
palavras sua opinião sobre os problemas teológicos na raiz do conflito entre Roma e agora também Clodovis Boff, por um lado, e as pessoas que defendem a Teologia da Libertação, por outro?
(quem morreu por nós? Jesus Cristo ou o pobre?)
P.W.: Vou tentar! A meu ver, é assim: Clodovis
acusa seu irmão Leonardo e outros teólogos/as da libertação de não levar a transcendência de Deus a sério. Alega que colocam Deus e os pobres no mesmo plano, e que, dessa forma, a fé em Deus é politicamente instrumentalizada e chega a ser secundária.E assim vai. Leonardo tem toda razão quando diz que, segundo a teologia
eclesiástica, Deus tornou-se ser humano em Jesus Cristo,portanto, que podemos
também equiparar Deus e os pobres. Afinal, segundo Mt 25, o Homem-Deus Jesus
Cristo identificou-se com os pobres. Ou
seja, podemos dizer assim: Clodovis vê em Cristo em primeiro lugar Deus que adotou uma natureza adicional, a natureza humana. E Leonardo destaca que Deus se despojou em Cristo de seu Ser-Deus e se tornou igual aos pobres. Segundo a dogmática eclesiástica, ambas as posições são corretas, porque o
Concílio de Calcedônia diz que o “Um e o Mesmo é verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem”. Por isso seria possível, diz a Congregação da Fé em sua
Notificação sobre as obras do Pe. Jon Sobrino (No. 6), “atribuir as
propriedades da divindade à humanidade e vice-versa”.Olha, já é aqui que se desrespeita a transcendência de Deus “sobre tudo e
todos” (Ef 4,6), e não apenas na Teologia da Libertação, como pensa Clodovis.
Por isso precisamos voltar à visão bíblica, e esta indica o seguinte: também
para o Messias ungido por Deus, para Jesus Cristo, Deus foi maior do que ele
(Jo 14,28), e ele se engajou pela fé no Deus único (Jo 17,3). Jesus não teria
aceito ser igualado a Deus e ter as propriedades divinas atribuídas a si mesmo.
4)- N.E.: Padre Wess, isso quer dizer que o senhor
defende uma cristologia como a de Jon Sobrino, que foi rejeitada por Roma?
P.W.: Sim! Meu livro é em grande parte uma
justificativa bíblica dessa divergência de Jon Sobrino em relação à doutrina
eclesiástica. Além disso, verifico criticamente as interpretações costumeiras
do Prólogo de João e do Hino Cristológico da Carta aos Filipenses, porque esses
textos são aduzidos para justificar aqueles dogmas. E finalmente procuro
mostrar que também a Igreja Católica precisa contar dentro de sua doutrina com
elementos condicionados historicamente, portanto, que essa doutrina pode ser
digna de revisão (aqui me baseio nas argumentações de Karl Rahner). É claro que
essa revisão e correção da cristologia têm também consequências para a doutrina
da salvação e da libertação.
5)- N.E.: Quais consequências seriam, e o que
significariam para as preocupações e os interesses da Teologia da Libertação?
P.W.: Ora, por um lado, a consequência é
que a salvação não pode ser esperada como algo que diviniza, ou seja, algo
sobrenatural – como afirma o princípio da teologia greco-platônica: “Deus
tornou-se homem para nós nos tornar Deuses”. Ao contrário, salvação é somente
possível como plenificação deste mundo finito que Deus vai operar algum dia, e
isso já significa beatitude. E ainda há a consequência de que, também na fé
cristã, não se pode abolir os limites da criação e o caráter sofrido de seu
desenvolvimento natural e intelectual. A criação continua “em dores de parto”
(Rm 8,22). Por isso precisamos nos reconciliar com sua finitude e basicamente
com a presença do sofrimento neste mundo, para sermos capazes de lutar pela
libertação de miséria e sofrimento.Isso significa, primeiro, que a fé em Deus não pode substituir nosso
engajamento por um mundo justo, mas que ela deve se realizar exatamente na luta
pela libertação de pobreza e miséria. E significa, segundo, que um mundo salvo
será até o fim dos tempos sempre uma meta, uma utopia, que nunca pode ser
alcançada plenamente, nem mesmo pela luta mais engajada, e, claro, muito menos
com meios violentos.
6)- N.E.: Isto significa uma crítica não só aos
conceitos soteriológicos da doutrina eclesiástica, mas também às ideias de alguns
teólogos/as da libertação?
P.W.: Certo, é isso mesmo! Mas há um
segundo ponto importante em que minha opinião difere um pouco de ambas as
partes...
7)- N.E...Qual é?
P.W.: O atual papa, quando ainda era
Prefeito da Congregação da Doutrina para a Fé, afirmou em 1996 em Guadalajara
(México) numa palestra diante dos presidentes das Congregações para a Fé
Latino-Americanas, dizia que o erro dos teólogos da libertação residisse no fato de
querer superar pobreza, opressão e injustiça no mundo por meio de uma mudança
radical das estruturas, por meio de um processo político, e não pela conversão
individual. Para Roma, o caminho certo foi e ainda é a conversão individual e,
com ela, a superação do pecado nos indivíduos. A Teologia da Libertação, porém,
inclina-se pelo menos tendencialmente para a ideia de que os pobres como tais
já possuem a atitude certa, e que essa atitude nascerá em todas as pessoas
quando haverá estruturas justas.
Ou seja, inclinam-se para a ideia de que, no
fundo, são só os ricos que precisam se converter.Minha posição é um pouco diferente: É
certo que as pessoas pobres estão em geral mais próximas da atitude certa do
que as pessoas ricas (cf.. Mt 19,23s). Mas quando sua vida melhora, não
precisam mais dela e nem sempre a preservam, como mostram os desenvolvimentos
recentes na Nicarágua. Por outro lado, não é possível diminuir a pobreza e a
miséria (digo diminuir porque neste mundo não podemos esperar uma superação
total, infelizmente) sem substituir as estruturas de pecado por estruturas de amor.
Disso segue que precisamos das duas coisas juntas, ou seja: somente pessoas com
uma atitude justa poderão estabelecer estruturas justas. Onde falta a atitude
justa e/ou se muda estruturas com meios violentos, surge uma exploração por
parte dos funcionários da nova ordem, como mostrou o exemplo do marxismo. Portanto,
pessoas com uma atitude nova precisam começar a formar estruturas novas e
convencer outras através de seu exemplo – como “sal da terra, luz do mundo,
cidade no monte” (Mt 5,13-16). Esta seria a primeira e mais importante tarefa
social da Igreja no serviço à libertação, e disso decorre a cooperação com
todas as pessoas de boa vontade no engajamento político por uma ordem justa.
8)- N.E.: É isso que o senhor considera também uma
tarefa fundamental das comunidades eclesiais de base?
P.W.: Sem dúvida! Mas neste ponto considero
muito importante que a Igreja entenda suas comunidades não só de maneira
funcional, não só a partir de tarefas e serviços, mas também, e em primeiro
lugar, como um valor próprio, como lugares iniciais e fragmentários da salvação
neste mundo – como sinais e sacramentos do Reino de Deus que se cumprirá
plenamente na comunhão dos santos. É claro que comunidades devem servir, mas
elas existem não só por causa do serviço. Elas têm seu valor próprio – assim
corno o matrimônio e a família – como a “nova família” dos Filhos e Filhas de
Deus. Clodovis Boff critica com certa razão quando diz que a
Teologia da Libertação de certa forma “ONGUIZA” a Igreja, mas ele não percebe
que uma instrumentalização intraeclesial ou “religiosa” ocorre também quando
Igrejas e comunidades são entendidas praticamente apenas a partir de suas
funções fundamentais e suas muitas tarefas (é isso que acontece também no
Documento de Aparecida).Desse
jeito, a Igreja Católica não deve se admirar quando muita gente passa para
Igrejas “crentes”, onde as pessoas são antes de tudo bem-vindas por causa de si
mesmas,(E são alimentadas espiritualmente e não apenas socialmente) e não só
como potenciais colaboradoras no anúncio e em outras tarefas. A
Igreja não pode ser uma cópia da meritocracia (da sociedade que reconhece só o
mérito e o empenho). Ela poderá se tornar um espaço para experimentar o amor de
Deus e, a partir disso, um lugar de fé, só quando cada pessoa é conhecida pelo
nome e amada por causa de si mesma. Só numa “Igreja de Comunidades” desse tipo
será também possível superar a divisão entre “clero” e “povo”.
N.E.: Padre Wess, estas são ideias muito
exigentes que nos desafiam a continuar pensando, e me parece que é um bom ponto
para concluir nossa conversa.
-Muito
obrigado e um grande “abrazo”!
Innsbruck (Austria), 14 de mayo de 2011
Fonte: Nhanduti Editora (nhanduti@yahoo.es
/ www.nhanduti.com)
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