“Entre os ‘doutores da Igreja’, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face é a mais jovem”, disse ainda o Papa.
Não é nada estranho que, em sua última hora, esse grande homem tenha pronunciado estas palavras comoventes:
Teresa soube maravilhosamente, à luz revelada aos pequenos, descobrir essa porta de salvação, e indicá-la aos outros. A sabedoria divina e a sabedoria humana não definiram, nesse espírito de infância, a “verdadeira grandeza de alma”?
Assim, estes dois grandes filósofos chineses, anteriores à era cristã, o sintetizaram nestas fortes definições:
“A virtude madura termina no estado de infância” (Lao-tsé, século VII a.C.).
E ainda: “Conhecer a virtude viril significa progredir sempre no caminho do bem e retornar à infância” (Tao Ta-Ching)4.
Para nossa santa, essa “pequena via” consistia praticamente na humildade, como já afirmei. Mas traduzia-se ainda por um espírito de infância muito pronunciado. Assim, gostava muito de entreter-me com estas palavras que haurira no Evangelho: “Deixar vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus... Seus anjos vêem continuamente a face de meu Pai celeste... Quem se fizer pequeno como uma criança será o maior no reino dos céus... Jesus abraçava as crianças depois de tê-las abençoado”5. Ela as copiara tais como as reproduzimos no verso de uma estampa onde estavam colocadas as fotografias de nossos quatro irmãozinhos e irmãzinhas que voaram ao céu, em tenra idade. Deu-ma de presente, guardando uma semelhante em seu breviário. As fotografias estão agora, em parte, apagadas pelo tempo.
“O Senhor conduzirá seu rebanho às pastagens. Ele reunirá os cordeirinhos e os levará em seu seio”6.
A Igreja sempre viu em Teresa do Menino Jesus a santa da infância espiritual !
“É o próprio Evangelho, é o coração do Evangelho que ela redescobriu; mas com que graça e frescor:‘Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus’ (Mt 18, 3)”7.
Festejava todos os anos, com a maior piedade, o dia 25 de março, porque, dizia ela, “é o dia em que Jesus, no seio de Maria, foi mais pequenino”. Mas amava de modo todo particular o mistério do presépio. Foi aí que o Menino Jesus lhe revelou os segredos sobre a simplicidade e o abandono.
Em oposição ao heresiarca Marcion, que dizia com desdém: “Tirai estes panos e esta manjedoura indignos de um Deus”, Teresa sentia-se atraída pelos aniquilamentos de Nosso Senhor, que se fezpequenino por nosso amor.
Escrevia com prazer, nos santinhos de Natal que pintava, este texto de São Bernardo:
O nome de Teresa do Menino Jesus, que lhe deram desde a idade de nove anos, quando manifestara seu desejo de tornar-se carmelita, permaneceu sempre para ela uma atualidade e esforçou-se por merecê-lo constantemente. Repetia esta oração:
Essas virtudes infantis que desejava, já muito antes dela fizeram a admiração do austero São Jerônimo, que nem por isso é acusado de puerilidade.
Ladrões do céu
“Meus protetores no céu e meus preferidos são aqueles que o roubaram como os Santos Inocentes e o bom ladrão.Os grandes santos ganharam-no por suas obras: quero imitar os ladrões, quero conquistá-lo por astúcia, por um ardil de amor que me abrirá sua entrada, para mim e para os pobres pecadores. O Espírito Santo encoraja-me, pois que diz nos Provérbios: “Ó pequenino! Vinde, aprende de mim a astúcia”8.
A morada das criancinhas
Falando-lhe das mortificações dos santos, respondeu-me:
Irmã Teresa do Menino Jesus era, vê-se, uma alma muito simples que se santificou com meios ordinários.Compreende-se que a freqüência de dons extraordinários em sua vida seria contrária ao que diz serem os desígnios de Deus sobre ela. Sua vida devia ser simples para servir de modelo às pequenas almas.
As criancinhas não se condenam!
-“Que faríeis, dizia-lhe eu, se pudésseis recomeçar vossa vida religiosa? Parece-me, replicou, que faria o que fiz”.
"Muito desanimada, o coração ainda pesado por causa de um combate que me parecia insuperável, fui dizer-lhe:Desta vez é impossível, não posso passar por cima!” “Isto não me admira”, respondeu-me. “Nós somos muito pequenas para nos pormos acima das dificuldades; é preciso que passemos por baixo”. Lembrou-me então esta passagem de nossa infância: achávamo-nos em casa de nossos vizinhos, em Alençon; um cavalo impedia a entrada do jardim. Enquanto os adultos procuravam um meio de passar, nossa amiguinha10 não achou nada de mais fácil do que passarpor baixo do animal.Ela foi a primeira a deslizar; estendeu-me a mão, segui-a puxando Teresa e, sem curvar muito nossa pequena estatura, chegamos ao fim - “Eis o que se ganha em ser pequena”, concluiu ela. “Não há obstáculo para os pequenos, eles se metem por toda parte. As grandes almas podem passar sobre os negócios, rodear as dificuldades, chegar, pelo raciocínio ou pela virtude, a porem-se acima de tudo, mas nós, que somos pequeninas, devemos precaver-nos contra essa tentativa. Passemos por baixo! Passar por baixo dos negócios é não dar a eles demasiada importância, nem pensar demais sobre eles”11.
Orientar a intenção
Durante sua doença, aceitava os remédios mais repugnantes e os tratamentos mais penosos com uma paciência inalterável, embora verificasse que eram inúteis. Não lamentava nunca o cansaço que resultava disso. Confiava-me ter oferecido a Deus todos esses cuidados inúteis, por um missionário que não tivesse tempo, nem meios de se tratar, pedindo que tudo isso lhe fosse proveitoso.
Como eu lhe expusesse meu pesar por não ter tais pensamentos, respondeu-me: “Esta intenção explícita não é necessária para uma alma que se deu toda a Deus. A criancinha, no colo de sua mãe, toma o leite por assim dizer maquinalmente, sem pressentir a utilidade de sua ação; entretanto, ela vive e desenvolve-se. Não tinha contudo essa intenção. Dizia-me ainda: Um pintor que trabalha para seu patrão não tem necessidade de repetir a cada pincelada: é para fulano de tal, é para fulano de tal... Basta que se ponha à obra com vontade de trabalhar por seu patrão. É bom recolher-se muitas vezes e dirigir suas intenções, mas sem constrangimento de espírito. Deus adivinha os belos pensamentos e as intenções engenhosas que desejaríamos ter. Ele é Pai, nós, seus filhinhos”.
Ser santa sem crescer...
Sendo profundamente humilde, irmã Teresa do Menino Jesus “sentia-se incapaz de subir a rude escada da perfeição”, por isso procurava tornar-se cada vez menor a fim de que Deus se encarregasse completamente de seus negócios e a carregasse em seus braços, como acontece, nas famílias, com as criancinhas. Ela queria ser santa, mas sem crescer, porque, como as travessuras das crianças não contristam seus pais, assim as imperfeições das almas humildes não podem ofender gravemente a Deus, e suas faltas não são consideradas com rigor, segundo a palavra dos Santos Livros: “Aos pequenos perdoa-se por piedade”13. Por conseguinte, ela não desejava sentir-se perfeita, nem que os outros a cressem tal, porque então cresceria e Deus a deixaria andar sozinha.
“As crianças não trabalham para conseguir uma posição, dizia ela; se são ajuizadas é para contentar seus pais; assim, não se deve trabalhar para tornar-se santo, mas para dar prazer ao Senhor.”
"Durante sua doença, cometi uma imperfeição e, como me arrependi muito, disse-me: Agora beijai vosso crucifixo. Eu o beijei nos pés...É aí que um filho beija seu pai? Depressa, depressa, beijai-lhe o rosto! Eu o beijei. E agora deixai-vos beijar por Ele! Foi preciso que eu colocasse o crucifixo sobre minha face; então ela me disse:Está bem, desta vez tudo está esquecido!”
A partilha das criancinhas
Perguntaram-lhe sob que nome deveríamos invocá-la quando estivesse no Céu?
Notas de referência:
1 Par. 2.341, p. 799.
2 Bossuet, fim de seu opúsculo sobre a Manière courte et facile pour faire oraison.
3 Citado por John Wu Ching-Hioung, antigo ministro da China junto à Santa Sé, no opúsculo Dom Lou. Sa vie spirituelle; un grand témoignage. Paris-Tournai, Desclée de Brouwer, 1949, p. 41.
4 John Wu Ching-Hioung, La science de l’amour, p. 29.
5 Eis as referências: Mt 19, 14; Mc 10, 14; Lc 18, 16; Mt 18, 10 e 4; Mc 10, 16.
6 Referências completas dos dois textos: Rm 4, 4-6; Is 40, 11.
7 Mensagem de 11 de julho de 1954, durante a consagração solene da Basílica de Lisieux.
8 Pr 1, 4.
9 Jo 14, 2.
10 Thérèse Lehoux, de aproximadamente 7 anos, idade de Céline.
11 A santa dirigia-se a noviças, às quais aconselhava não perderem tempo a analisar inutilmente as dificuldades.
12 Por “nossas acomodações”, Santa Teresa do Menino Jesus fazia alusão ao espírito de infância. Jesus não pode sofrer com as faltas involuntárias que escapam à fraqueza e à fragilidade das almas humildes e amantes que confiam n’Ele.
13 Sb 6, 6.
14 Mt 20, 23; Mc 10, 40.
15 Sal 67, 28.
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