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Casamento e Amizade: Evidências de que a Conexão Amigável Aumenta a Qualidade do Vínculo Matrimonial

Written By Beraká - o blog da família on segunda-feira, 2 de novembro de 2009 | 17:31


(foto reprodução)




Casados e Amigos? Sim! E por que não?



Hoje se fala muito de amor entre homem e mulher, mas nem sempre se está tratando de um amor pleno, capaz de integrar de forma harmoniosa todas as suas dimensões. Em grande parte das conversas contemporâneas, fala-se de amor como quem descreve apenas uma “faísca”, um instante de entusiasmo ou encantamento, sem perceber que este brilho inicial é somente a porta de entrada para a imensa “fogueira” que o amor conjugal verdadeiramente representa. 


O matrimônio, quando visto em sua profundidade humana e espiritual, revela-se como uma realidade rica e multifacetada, composta por diversas camadas que se entrelaçam, amadurecem e se sustentam mutuamente ao longo do tempo. Há o desejo e a atração que impulsionam os primeiros passos; há a parceria que nasce quando dois passam a caminhar juntos; há o compromisso que molda a vida cotidiana; e há, sobretudo, a decisão livre de amar, que se renova mesmo diante das limitações inevitáveis de cada um.  Entretanto, entre todas essas dimensões, existe uma que frequentemente recebe menos atenção do que merece, apesar de ser decisiva para a estabilidade e a felicidade duradoura do casal: a amizade entre os esposos. É essa amizade que confere ao amor conjugal um caráter de intimidade serena e de companheirismo permanente; é ela que permite que dois permaneçam lado a lado não apenas como amantes, mas como aliados que se compreendem, se escutam e se acolhem. 


Quando a paixão muda de forma, quando a rotina exige mais paciência que entusiasmo, ou quando as provações da vida — sejam elas materiais, emocionais ou físicas — se tornam mais desafiadoras, é a amizade que impede que o vínculo se desgaste. Ela aproxima, cria confiança, gera admiração mútua e sustenta a decisão de permanecer unidos, mesmo quando as circunstâncias não são favoráveis.  Por isso, falar de amor conjugal sem falar de amizade é reduzir a grandeza da união matrimonial a apenas um de seus aspectos. A amizade é a base sobre a qual o amor se apoia para atravessar as diferentes fases da vida, desde os tempos de vigor e construção até os anos marcados pela fragilidade e pelo cuidado. Ela transforma o cotidiano em espaço de encontro, a convivência em diálogo, e a união em verdadeira comunhão de almas. E é justamente quando o casal descobre essa dimensão profunda, quando aprende a ser amigo antes de tudo, que o amor se torna não apenas sentimento, mas vocação vivida com maturidade, gratidão e alegria.









Para compreendermos o que significa a amizade no matrimônio, precisamos conhecer um pouco os diferentes graus do amor humano. Uma dimensão do amor, que a filosofia de Platão chama de "Eros", é o "amor-paixão", bem claramente presente entre os esposos no começo do namoro. A paixão O começo de tudo foi uma atração por aquela pessoa que diante do nosso olhar pareceu diferente das outras, e então quisemos obtê-la para nós. Esta dimensão, conhecida como "paixão", alguns já confundem com o amor propriamente dito, mas sozinha ainda não o é.











A "paixão" é uma das dimensões do amor, e embora não seja um sentimento "condenável", mas até bem importante, ainda não é suficiente para compor o amor conjugal, que requer fidelidade e indissolubilidade. Para compreendermos o que foi dito basta recordarmos que podemos sentir "paixão" não somente por pessoas, mas pelo trabalho, por um esporte, por uma comida e até por um bichinho de estimação. É que a paixão configura um desejo de ter para si algo ou alguém, e desperta uma imensa força para se lutar por ele. No entanto, podemos ter paixão por muitas coisas ao mesmo tempo e nossas paixões podem "esfriar" depois de algum tempo, a ponto de nos admirarmos de termos feito tantos esforços por aquela coisa ou por aquela pessoa. dos nossos instintos, e como todo instinto, nem sempre possui estabilidade. Por isso a paixão não pode ser a nossa "dona". Imagine se você fosse inteiramente movido pela paixão por doces, por exemplo, e consumisse todos que encontrasse pela frente? No mínimo seu organismo acabaria sofrendo algum transtorno e no final de tudo talvez o "amado" doce se transformasse em objeto de seu "ódio". Parece uma comparação absurda, mas entre pessoas, a paixão sozinha corre o risco de se transformar em ódio. Infelizmente o exemplo disto é comprovado por tragédias que lemos freqüentemente nos jornais: às vezes acontece de alguém agredir ou matar violentamente àquele a quem dizia "amar", ou chegar a fazer o mesmo para "se libertar" daquele a quem diz "não amar mais". Pelo que foi dito podemos ver que a paixão sozinha não é capaz de sustentar uma vida a dois. Por esta razão é que os namorados precisam galgar um ponto mais elevado de seu relacionamento que a simples atração. Um ser humano é muito mais do que seu corpo, sua voz, seu modo de atrair. Um ser humano é corpo e alma, e embora ambos sejam importantes, a alma humana sempre será o princípio vital que nos faz ser pessoas capazes de nos relacionar. Nós jamais poderemos ser felizes nos relacionando com "um corpo", por mais atraente que ele seja, mas com alguém cuja nota especial é dada pela alma única que recebeu de Deus para sempre.











A benevolência - Outra dimensão do amor, que a filosofia de Aristóteles chama de "eunoia", é o amor de benevolência, que é sempre dirigido às criaturas humanas, e consiste em amar o outro desinteressadamente, querer o seu bem e fazer o que estiver ao seu alcance para lhe proporcionar este bem. Quando acontece entre duas pessoas reciprocamente o amor de benevolência, a este amor mútuo Aristóteles chama de "filia", o amor de amizade muitas vezes esquecido pelos "apaixonados". Este amor é capaz de assumir a paixão, controlando-a e lhe dando um significado novo.Assim os instintos serão direcionados para o bem do outro e não em primeiro lugar para a própria satisfação. A "filia" não é nem camaradagem nem utilitarismo, porém, segundo o filósofo, "ela consiste num amor que não cessa de aumentar e que se ata entre duas pessoas que se amam e se escolhem como amigos" e que são capazes de declarar um ao outro: "Eu te amo por ti mesmo, e não por tua fortuna, ou pela alegria que me dás. Mesmo se tu ficares enfermo ou pobre, eu te amo porque és tu". É o amor de amizade que, presente no matrimônio, vai ajudar os cônjuges a afastar o egoísmo, causador de tantos conflitos e separações. Infelizmente, fala-se tanto em cultivar a paixão dentro do matrimônio, que é importante, que se esquece de cultivar a amizade entre os esposos, sem a qual a paixão entra em desordem, animaliza, rebaixa e acaba morrendo. Muitas vezes o que resta dentro da casa dos antigos "apaixonados" são dois corações solitários, que temem confiar um ao outro suas dores, fraquezas e até mesmo as esperanças e alegrias, pelo temor de um duro julgamento ou até de provocar uma separação.Então fica mais fácil desabafar com aquela conhecida que ela encontrou no supermercado, ou com aquele cara engraçado que ele encontrou no bar da esquina.Isto não significa que amizade entre os esposos deve fechar-se nos dois, mas que é deste laço mais forte e mais importante, que foi escolhido e afirmado diante de Deus, que agora partem as outras afeições humanas, também importantes e necessárias. Um fechamento recíproco é destruidor de qualquer amizade e também destrutivo da amizade dos esposos.Como será a amizade entre os esposos? Aristóteles se refere a dois tipos falsos de amizade, sendo o primeiro chamado de "amizade utilitária", que existe somente enquanto o amigo me é útil. Alguém já disse que este tipo de amizade existe até entre os ladrões, que se unem para fazer o mal; e o segundo é a "amizade de prazer", cujo nome já traduz o significado. Mas o amor de amizade, sendo encontro de dois amores de benevolência, ultrapassa nosso egoísmo e nos faz amar o outro por ele mesmo. A amizade entre os esposos, como toda amizade, não se constrói num dia, mas requer tempo e perseverança; requer lutar juntos diante dos desafios que se apresentam na vida de cada um, pois o problema de um amigo é também o problema do outro. Somente assim se poderá ver que o amor é capaz de superar os fracassos sofridos por um ou por outro. Requer a confiança, porque um verdadeiro amigo conhece o outro e não acredita em tudo que se diz dele, mas o vê por dentro, onde ninguém mais o vê. Requer atenção e sensibilidade ao amigo e o esquecimento de nós mesmos. O verdadeiro amigo não só perdoa sempre, mas cobre diante dos outros as faltas do outro, porque sempre acredita que ele pode mudar.A amizade verdadeira sempre leva os amigos a realizarem uma obra em comum. Assim também a amizade entre os esposos é fonte de uma fecundidade dentro de casa, não somente biológica, mas se estende na educação dos filhos e dos que convivem com eles para as virtudes. Mas para ser fecundo, este amor exige uma educação progressiva, uma luta perseverante contra o egocentrismo que teima em se insinuar em nossas relações, e para obter vitória é preciso estar sempre disposto a voltar atrás e recomeçar.












Pela própria condição humana, raro será estar ausente desses amigos experiências de sofrimento passados juntos, que podem vir de fora, ou mesmo de um para o outro. Neste caso, é preciso ir contra o egoísmo e acreditar que o fato de ter vivido o sofrimento e permanecido juntos, permitirá a amizade ir mais longe, tornar-se mais profunda. Tal amizade ultrapassará as transformações da distância e do tempo, porque entre os dois abriu-se o espaço para o amor-ágape, que é o amor de caridade, capaz de ultrapassar esta vida e alcançar a eternidade. Nenhum casal se basta.Sua amizade cultivada é como um trampolim, que permite um ao outro descobrir que por trás do amigo existe Deus que o sustenta e que o concedeu a nós. Por isso a amizade entre os esposos é uma via de acesso muito privilegiada para que ambos descubram a presença de Deus, e nos abrirmos ao Amor chamado "Ágape", que está acima do amor humano e jamais concorre com o amor conjugal, mas o eleva. 











O amor-ágape vem do Pai e somente o discípulo de Jesus é capaz de recebê-lo e vivê-lo plenamente, pois ele não nasce apenas do esforço humano, mas da graça que transforma o coração e dilata a capacidade de amar. Quando esse amor nos alcança, já não somos apenas nós que amamos o outro com nossas forças limitadas; é o próprio Deus que, habitando em nós, ama através de nossas palavras, gestos e decisões cotidianas. Essa presença divina no amor conjugal permite que o esposo e a esposa avancem muito além do que poderiam por si mesmos, elevando seu vínculo a uma profundidade que ultrapassa sentimentos passageiros e alcança uma dimensão de doação radical. É desse transbordamento que nasce a capacidade de educar os filhos com paciência, misericórdia e firmeza, bem como de irradiar, para todos ao redor, um amor que consola, reconcilia e sustenta.  











Da mesma forma, os esposos que ao longo dos anos cultivaram a amizade como fundamento de sua união descobrem que a alegria de estarem juntos não depende unicamente da juventude, do vigor físico ou da possibilidade de manifestar o amor através da intimidade conjugal. 




Quando o corpo já não permite mais certas expressões, quando a saúde fragiliza e os ritmos da vida mudam, a amizade permanece como chama serena que aquece, conforta e fortalece. Eles continuam a encontrar prazer na companhia um do outro, na conversa, no silêncio compartilhado, no simples fato de saberem que não caminham sozinhos. É nessa fase que o amor-ágape, já amadurecido, mostra sua grandeza: ele purifica o coração de toda necessidade de posse e o abre para uma ternura mais contemplativa, mais desinteressada, mais livre.  











Com o passar do tempo, esse amor tende a tornar-se cada vez mais puro e profundo, unindo os esposos numa comunhão que se torna, aos poucos, antecipação do eterno. Preparados por anos de fidelidade, de sacrifícios discretos e de alegrias partilhadas, eles se aproximam daquele momento em que, libertos das limitações da vida terrena, poderão permanecer unidos numa amizade sem fim, como já os santos e os anjos (conf. Mateus 22,30). E, juntos, transformados pela caridade que Deus acendeu em seus corações, louvarão ao Senhor por toda a eternidade, reconhecendo que todo o amor vivido na terra não foi senão o início da plenitude que os aguardava no céu.





CONCLUSÃO





Haveria ainda muito a dizer sobre o amor de amizade entre os esposos, porque ele é tão vasto quanto o próprio mistério do coração humano. O amor dos amigos, dos namorados, dos irmãos, dos filhos e, de modo especial, dos esposos, só encontra sua plenitude quando busca em Deus o modelo, a força e a inspiração para ser vivido. Fora dele, o amor corre o risco de se reduzir a afeto passageiro, a acordo frágil entre vontades ou a troca condicionada. Mas quando enraizado em Deus, torna-se fonte inesgotável de paciência, ternura, reconciliação e fidelidade — um amor que não se esgota, pois não depende apenas das forças humanas, mas da graça que sustenta, cura e aperfeiçoa. 



Se você está se preparando para o matrimônio, se casou recentemente ou mesmo se já percorre longos anos de vida conjugal e não sabe por onde começar para viver essa dimensão profunda do amor, lembre-se de que só Deus possui a verdadeira “receita”. 



Nele está a origem de todo amor que permanece, e nele se encontra a finalidade última de cada gesto de entrega, cada renúncia silenciosa, cada alegria partilhada. O matrimônio, quando alimentado pela graça divina, transforma imperfeições em caminho de crescimento e faz da fragilidade um espaço de comunhão. Assim, o amor entre os esposos cresce, amadurece e se purifica, tornando-se cada vez mais semelhante ao amor com que Deus ama. E, à medida que esse amor se aprofunda, ele prepara os esposos para aquilo que, desde o início, constitui sua vocação mais elevada: caminhar juntos em direção à eternidade. Na presença de Deus, consumar-se-á aquela amizade que, na terra, foi cultivada com sacrifício, perseverança e esperança. 










Ali, já libertos das limitações do tempo, das fragilidades do corpo e das necessidades próprias da condição terrena, os esposos participarão de uma comunhão totalmente nova, onde o amor humano, purificado e transfigurado, será elevado à perfeição da amizade dos anjos. Nessa realidade em que nada pesa, nada divide e nada falta, o amor já não será sustentado por promessas, mas pela própria visão de Deus, que unifica e plenifica todas as relações. 









Assim, unidos na caridade que jamais passa, poderão louvar o Senhor numa comunhão que não conhece ocaso, reconhecendo que tudo o que viveram no matrimônio — alegrias e dores, conquistas e renúncias — era apenas o prelúdio daquilo que agora resplandece em plenitude. E então, na verdade luminosa da eternidade, poderão afirmar, não como voto humano, mas como verdade consumada: “Agora, sim: estamos unidos para sempre no amor que não tem fim.”





Adaptado de:  Escola de Formação Shalom - Formação para casais





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Anônimo
15 de outubro de 2022 às 12:09

Obrigada mais uma vez! Me ajudou demais ler isso!

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