Salmo Responsorial – 145 (146): “Bendize, minha alma, e louva ao Senhor!”
Chamados a participar da Eucaristia, o banquete da vida eterna, acolhamos o apelo que a liturgia nos faz para evitarmos uma
vida de indiferença e egoísmo e procurarmos a justiça e o amor. Neste dia
nacional da Bíblia, a Palavra de Deus abra nossos olhos para a realidade
em que vivemos e nossos ouvidos para o clamor dos lázaros sofredores.
Anúncio do
Evangelho: Lucas
16,19-31
— Glória a vós, Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Naquele
tempo, Jesus disse aos fariseus: 19“Havia um homem rico que se vestia com
roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. 20Um pobre,
chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão à porta do rico. 21Ele queria
matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os
cachorros lamber suas feridas. 22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no
para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. 23Na região
dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a
Abraão, com Lázaro ao seu lado. 24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de
mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque
sofro muito nestas chamas’. 25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu
recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora,
porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26E, além disso, há um
grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar
daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27O rico
insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu
pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham
também eles para este lugar de tormento’. 29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm
Moisés e os Profetas, que os escutem!’ 30O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão, mas
se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. 31Mas Abraão
lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés nem aos Profetas, eles não acreditarão,
mesmo que alguém ressuscite dos mortos'”
— Palavra da Salvação!
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
Neste evangelho a diferença é clara: o
rico vestia-se de púrpura; o pobre tinha como vestido as chagas. Na verdade esta
parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que
nele depositava confiança. Os Judeus criam ser a riqueza um sinal das
bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício,
do seu desagrado para com os ímpios. A situação de igualdade chega
seguidamente: morreram os dois. Porém, ao mesmo tempo, acentua-se a diferença:
um chegou ao seio de Abraão; ao outro se limitaram a sepultá-lo. A
sentença pós morte chega-nos pela boca de Abraão, o pai na fé, e esclarece-nos
quanto ao desenlace: «Filho, lembra-te de que durante a vida recebeste teus
bens e Lázaro, por sua vez, seus males» (Lc 16,25). A
justiça de Deus inverte a situação. Deus não permite que o pobre permaneça para
sempre no sofrimento, na fome e na miséria.Este relato sensibilizou milhões de
corações de ricos ao longo da história e levou multidões à conversão; porém,
que mensagem será necessária neste nosso mundo desenvolvido, hiper-comunicado,
globalizado, para nos fazer tomar consciência das injustiças sociais de que
somos autores ou, pelo menos, cúmplices? Todos os que escutavam a mensagem de
Jesus tinham o desejo de descansar no seio de Abraão, mas, no nosso mundo
quantas pessoas se contentam com ser sepultados quando morrerem, sem querer
receber o consolo do Pai do céu? A autêntica riqueza consiste em chegar a ver
Deus, e o que faz falta é o que afirmava Sto. Agostinho: «Caminha pelo homem e
chegarás a Deus». O problema não estava no fato do homem ser rico,
mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus havia
afastado os fariseus e os Judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna,
esqueceram do segundo objetivo que se encerra na lei de Deus: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” Mt 22,39.Essa parábola nos lembra também que só morremos
uma vez e logo após vem o juízo (Heb 9,27), portanto, conforme reafirma o
Sagrado magistério: CIC §1013 – “A morte é o fim
da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que
Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e
para decidir seu destino último. Quando tiver
terminado o único curso de nossa vida terrestre", não voltaremos mais a
outras vidas terrestres. Os homens devem morrer uma só vez"(Hb 9,27). Não
existe reencarnação depois da morte.” – Que possamos viver bem para morrermos bem. Que
os Lázaros de cada dia nos ajudem a encontrar Deus.
“Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”
MOTIVAÇÕES PARA A
LITURGIA DIÁRIA E DOMINICAL:
A Liturgia Diária é uma ótima ocasião para que se opere a “conversão diária!” -
A leitura da Liturgia Diária forjou e moldou muitos Santos:
1)-Santo Agostinho foi
um deles. “Tolle et lege” (Toma e lê) foi a frase que o conduziu a ler um trecho
do Evangelho que mudou sua vida.
2)-O grande Santo Antão, que deu origem à vida
monástica, foi tocado pela graça ao ler a parábola do moço rico no Evangelho.
3)- São Francesco
(Francisco) cujo nome é adotado depois de uma viagem à França, onde o menino teria ficado
cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria
começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês"
em italiano. Também, como Santo Antão,a passagem do
jovem rico é tão significativa que inspirou também São Francisco de Assis a
elaborar sua Regra de Vida baseada no desapego aos bens e o amor aos pobres:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um
tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. (Mt 19, 21).
4)-Também para Santo
Inácio de Loyola a ocasião escolhida por Deus para sua mudança de vida foi a leitura de
consagrados livros Cristãos. Gravemente ferido na batalha de
Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procura ler
livros para passar o tempo, e começa a ler a "Vita Christi", de
Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos, de Jacopo de
Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus com uma ordem
cavalheiresca.A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma
vida dedicada a Deus, emulando os feitos heroicos de Francisco de Assis e
outros líderes religiosos. Decidiu devotar a sua vida à conversão dos
infiéis na Terra Santa.
Os Santos recomendam com
empenho a Liturgia Diária:
1)-São Bernardo: “A leitura espiritual nos
prepara para a oração e a prática das virtudes. Leitura
e Oração são as armas com as quais se vence o demônio e se conquista o
céu”.
2)-São Cipriano (bispo
de Cartago -África): “Permanece na oração e na leitura: desse modo conversarás com Deus e
Deus estará contigo”.
3)-Santo Afonso de
Ligório: “Quantos Santos abandonaram o mundo e se deram a Deus por meio da
leitura espiritual!”
4)-São Gregório Magno,
Papa: “Eu te rogo:
empenha-te em meditar cada dia as palavras do teu Criador. Assim aprenderás a conhecer o coração de Deus através
das palavras de Deus”.
A Liturgia Diária
ajuda-nos a compreender e amar a Liturgia Católica:
O Catecismo da Igreja Católica
ensina que “a liturgia é participação na oração de
Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo. Nela, toda a oração cristã
encontra a sua fonte e o seu termo. Pela liturgia, o homem interior lança
raízes e alicerça-se no «grande amor com que o Pai nos amou» (Ef 2, 4).
A Liturgia Diária prepara
nossa alma para recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Na Liturgia Diária, as orações e
as leituras da Palavra de Deus são ocasião para alimentar a nossa fé. Em cada
leitura Deus fala a seu povo e o alimenta.Por esse modo
a Santa Igreja prepara o coração dos fiéis para poder receber o Corpo e Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Sagrada Comunhão.Na Liturgia da Palavra o fiel
ouve com atenção as leituras da Bíblia que são uma carta escrita por Deus para
cada um de nós.Na Liturgia Eucarística somos preparados para receber o
Pão dos Anjos, que transformará nossa vida, e como Elias nos dar força para
continuar a caminhada alimentados por este pão (I Reis 19,4-10).
Como viver de forma
prática a Liturgia Diária?
Este é um método de “leitura orante da Palavra de Deus”, da Liturgia Diária,
praticado e ensinado pelos Padres da Igreja desde os seus primeiros séculos.
Foi batizada com esse nome por Orígenes no Séc. III, e generalizou-se nos
séculos IV e V como maneira predominante de ler a bíblia. Esta pode ser
feita diariamente, por exemplo, meditando o Evangelho proposto pela liturgia
diária da Santa Missa.
Após suplicar a luz do
Espírito Santo, o método se desenvolve em 4 passos:
1)-Leitura: o que a Palavra diz em si?
2)-Meditação: o que a Palavra diz para mim; o
que ela me ensina, me revela, como ela me forma, como a vejo em minha vida?
3)-Oração: Qual minha resposta a palavra de
Deus?
4)-Contemplação: O que a
palavra de Deus fez em mim? O que devo mudar concretamente em minha vida? Que
postura devo tomar? O que me proponho a viver doravante durante a minha vida?
- O fruto dessa nova dinâmica de vida ao
ritmo da Palavra é uma transformação real e concreta que nos elevará em fé,
esperança e caridade, além disso, nos proporcionará uma vida junto de Deus mais
constante e digna de Seu amor! Por
último, que possamos perseverar neste caminho. Auxiliados pela graça de Deus já
provaremos aqui nesta terra das riquezas do céu, e possamos cantar esperançosos
com São Tomás de Aquino:
“...Ó Jesus, que nesta vida pela
fé eu vejo
Realiza, eu te suplico, este meu
desejo:
Ver-te, enfim, face a
face, meu divino amigo!
Lá no céu, eternamente, ser feliz
contigo!”
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