Pe. Walter Collini: “Futebol e política”

 

(foto reprodução)

 

 

Por *Pe. Walter Collini

Eu nunca fui apaixonado por futebol. Talvez exatamente por isso não consigo entender como se dá a escolha pela torcida, que se torna quase sempre fanática, de um determinado time de futebol, entre os muitos que povoam o universo deste esporte. Restam-me desconhecidas as causas, as motivações, as explicações racionais, emotivas, impulsivas ou afetivas que agem dentro destes apaixonados e que determinaram a escolha daquele que elegeram como o “seu” time.Por que, por qual razão alguém chegou a se identificar com aquele time pelo qual agora vibra? Mas o que me deixa ainda mais confuso e perplexo é a perda de imparcialidade, de equanimidade que acontece nestes torcedores, que se tornam incapazes de independência, isenção, e neutralidade ao analisar o jogo do seu time e dos seus adversários.

 

 

 

 

Mas tenho notado que aquilo eu chamaria de “Síndrome do Torcedor” afeta também outro setor da sociedade, bem diverso do lazer, que é o mundo político. Parece-me que a “paixão” política de algumas pessoas por algum político ou por um certo partido, por algum aspecto, se parece com torcida de futebol. Algo claro e evidente, mas que minha racionalidade não consegue entender e tampouco aceitar como natural. 

Quantas vezes, ao fazer um lanchinho de fruta, saboreando uma manga gostosa, uma banana, ou uma maçã, percebi que tem uma parte estragada, com um nódulo, ou um lado amassado. Às vezes a aparência externa (perfeita ou imperfeita), pode até nos enganar. Mas basta aproveitar a parte sadia que pode ser muito saborosa! Acho que como não existe fruta perfeita, também não existe nem jogador e nem time de futebol perfeito, assim como inexiste político ou partido político perfeito.

 

 

 

 

Não dá para separar o bem e o mal à maneira do maniqueísmo, como a água se separa do óleo. Todos nós somos santos e pecadores. Trigo e joio coabitam e disputam o mesmo terreno! O importante, então, é ter a capacidade de distinguir o joio do trigo que estão no mesmo espaço.

 

 

*Pe. Walter Collini – Diocese de Mossoró-RN

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