Isaías 61,1: "O Espírito do
Soberano, o Senhor,está sobre mim, porque o Senhor ungiu-me para levar boas
notícias aos pobres.Enviou-me para cuidar dos que estão,com o coração
quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos
prisioneiros."
O
profeta Isaías estava compartilhando sobre a sua própria vocação para servir a
nação judaica neste versículo, mas ele também estava profetizando sobre a vinda
do Messias. Parte do que foi chamado para trazer uma boa notícia para os
pobres, em outras palavras para ser gentil e compassivo para com eles e
ajudá-los conforme necessário. Este é um daqueles versos poderosos na Bíblia
que transcende o tempo e o espaço, porque descreve Isaías em seu dia, mas
também descreve Jesus quando ele veio à terra várias centenas de anos mais
tarde, e em seguida, ele também se aplica a nós, cristãos de hoje. Então, se
Isaías e Jesus foram ungidos para ministrar aos pobres, em seguida, da mesma
forma que somos chamados a ministrar a eles também.
Gálatas 2,10:"Recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com
diligência. "
Após
a conversão de Paulo, uma enorme polêmica surgiu entre os jovens cristãos sobre
se era necessário seguir todas as leis judaicas, a fim de ser salvo. Depois de
muita oração e discussão, os apóstolos perceberam que não era necessário ser
judeu para a salvação, e foi assim que disseram a Paulo sua decisão. Ele foi
exortado, de lembrar e cuidar dos pobres. Então isso é muito importante e
querido ao coração de Deus.
“Em Jesus, Deus se comprometeu de
modo completo para restituir esperança aos pobres, ou seja, aos que se
encontravam desprovidos de dignidade, aos estrangeiros, aos doentes, aos
prisioneiros, e aos pecadores, os quais acolhia com bondade. Em tudo isso,
Jesus era a expressão viva da misericórdia do Pai. Devemos sempre levar aquela
carícia de Deus – porque Deus nos acariciou com a sua misericórdia –, levá-la
aos outros, àqueles que precisam, àqueles que têm um sofrimento no coração ou
são tristes: aproximar-se com aquela carícia de Deus, que é a mesma que Ele nos
deu. Uma Igreja que caminha para procurar, visitar, encontrar, escutar,
partilhar e sustentar as pessoas mais pobres. Francisco ainda lhes recordou: Cada
um de vocês é chamado a ir ao encontro dos mais pobres levando Jesus. A ir como
discípulos, como amigos do Senhor. Isso significa partilhar a sua Palavra, a do
Evangelho, repetir os seus gestos de perdão, amor, doação e não buscar o
próprio prestígio, mas o bem dos outros. O Santo Padre propôs como modelo a
Virgem Maria e os exortou: Como Maria, não se cansem de partir, às pressas,
para encontrar e levar a visita de Deus.Ela leva Deus para visitar, porque está
em comunhão profunda com Ele, afirmou Francisco para dizer em seguida: Somente
na fé levamos Jesus e não a nós mesmo”.
Foi
o que disse o Papa Francisco na segunda Audiência jubilar do Ano extraordinário
da Misericórdia. Diante de cerca de 50 mil fiéis e peregrinos reunidos na Praça
São Pedro, Francisco refletiu sobre o tema do compromisso com os pobres:
Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mt 5,3)
Vivemos
numa sociedade marcada pelo pragmatismo, sucesso como sinal da interferência de
Deus e progresso econômico como referencial de bênção. Mas, para quem vive ou
trabalha entre os pobres, esses sinais poucas vezes, ou quase nunca, se
manifestam. Por isso, caímos no desânimo, desencanto, frustração e, muitas
vezes, em desespero.Situações adversas sempre surpreendem quem vive engajado na
luta em favor dos pobres. E, muitas vezes, chegamos ao ponto de desanimar.Todavia,
mais do que resultados imediatistas e meramente materiais, devemos guardar os frutos
de nossa própria humanização apreendida a partir do contato como pobre de todas
as formas.Coisas boas sempre vão acontecer, mesmo em circunstâncias adversas.
Quero
animar você a não desistir, a continuar sonhando, a fazer do reino dos céus a
possessão dos realizados com a vida, por serem pobres de espírito. Vamos juntos
buscar algum entendimento sobre o que Jesus quer nos ensinar, quando anuncia a
felicidade dos pobres de espírito.Há uma tendência de se espiritualizar a
interpretação da palavra “pobre” nas Escrituras. É evidente que a Bíblia não
fala de pobre dando somente uma conotação econômica e social. A pobreza é
apresentada também como uma disposição interior ou atitude de alma, em que a
pessoa se coloca sob a total dependência de Deus.Mesmo assim, a maioria das
palavras hebraicas usadas na Bíblia para designar “pobre” tem em seu conteúdo
literário a idéia de “pobre” como pessoa desprovida de bens materiais ou
oprimida pelos ricos e poderosos. Nestes casos, em geral, os documentos,
principalmente dos profetas, falam muito mais do juízo de Deus em relação aos
que provocam a injustiça do que da situação dos que a sofrem. A parcialidade de
Deus, que está sempre do lado do pobre injustiçado, é evidente, mas não se pode
perceber em nenhum momento que ele seja feliz porque foi injustiçado. Aliás, sob a lógica da sobrevivência, é
necessário um milagre tremendo para alguém estar feliz por causa da pobreza.
Além de outros males, a pobreza gera revolta, indignação e, às vezes,
blasfêmia, na mesma proporção em que a riqueza gera indiferença e materialismo
idólatra.
Nos manuscritos mais antigos do
texto de Mateus, não se encontra o complemento de espírito, que a maioria dos
tradutores preferiu acrescentar. E tudo nos faz crer que não houve equívoco.
Deram ao texto o sentido mais próximo daquele a quem Jesus está chamando de
pobre. Pobre não é apenas o economicamente desprovido, o socialmente
marginalizado, o psicologicamente oprimido. No novo conceito de Jesus, pobreza
implica uma condição de alma, um estado de espírito, uma nova atitude em
relação a Deus. Jesus está falando de pessoas que confiam exclusivamente em
Deus, sendo que a razão dessa confiança é a incapacidade de confiar em si
mesmas, pois não dispõem de prestígio, influência social nem poder. Quem são,
geralmente, as pessoas com essas características, senão principalmente as
pobres?
Portanto,
os pobres, para quem Jesus foi ungido a evangelizar (Lc 4.18), para quem são dadas
as bem-aventuranças (Mt 5,1-12), para quem o evangelho é revelado (Mt 11,28),
são os indigentes, os carentes, os fracos, os humilhados. São os que trabalham
dignamente e possuem apenas o trivial, e os que vivem em condição de miséria
absoluta. São ainda os cidadãos do reino de Deus, que, desprovidos de socorro
humano e material, recorrem exclusivamente ao socorro de Deus e, por isso, são
felizes (Bem aventurados), São felizes conforme o Sermão do Monte, por não
acumularem tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem. São felizes
porque foram cativados a servir, em adoração a Deus e amor ao próximo. São
felizes por terem encontrado a alegria do ser, ou seja, a fonte onde a
infelicidade não existe. Este pobre não é pobre porque vendeu tudo
para sair em busca do verdadeiro tesouro, mas vendeu tudo, porque o encontrou
esta pérola preciosa. Na escolha entre Deus e as riquezas, preferiram
Deus, pois, segundo Jesus Cristo, não é possível servir aos dois ao mesmo
tempo.
Em
geral, as riquezas escravizam, tornam as pessoas devotas do ídolo do mercado.
Muitos perdem a sensibilidade humana, tornando-se pessoas avarentas, egoístas,
enfim, longe da felicidade que está no ser, e não no ter. Do mesmo modo,
podemos ter pobres — economicamente pobres — cuja esperança está
prepotentemente enraizada na possibilidade de sua aceitação pelo mercado, e não
na esperança em Deus. Alguns, por terem a riqueza, adoram-na como a um ídolo;
outros não a tem, mas nela põem toda a sua esperança. E tanto estes quanto
aqueles são miseráveis, pobres mesmo, cegos e nus — são infelizes, pois temos
ricos tão pobres em nosso meio que percebemos que a única riqueza que possuem é
simplesmente dinheiro.
Felizes
os pobres de espírito. Entre estes estão aqueles que vão em busca do pobre que
não tem dinheiro, do pobre que teve o direito usurpado, do pobre sem acesso à
escola, sem lugar para morar, sem terra para cultivar o pão nosso de cada dia.
Esses que sem nenhum interesse ideológico vão aos pobres, muitas vezes vão com
a alma vazada de indignação para com os dirigentes dos órgãos públicos e,
desencantados com a indiferença dos religiosos, acabam tomando para si o desespero
de não ver seus sonhos concretizados. E, a despeito de tudo, são felizes. São
felizes por terem sua sensibilidade humana redimida — os pobres nos humanizam!
São felizes por terem uma decodificação do evangelho simplesmente explícita no
cotidiano do pobre — entre os pobres, o Evangelho se enraíza. Assim, entre os
pobres, o pobre de espírito recebe a revelação de que toda a esperança da vida
não está no bem financeiro de quem o possui, nem na expectativa de possuir,
algum dia, qualquer bem material. Entre os pobres, que não têm prestígio, fama,
reconhecimento nem poder, o pobre de espírito se percebe desnudo de qualquer riqueza,
e diante da consciência de que nada possui, decide confiar exclusivamente na
graça de Deus. Por isso, é especialmente feliz.
Conclusão
Amar e
servir a Deus é e deve ser sinônimo de ajudar os pobres. Foi certamente em seu
coração, como ele incorporou muitos versículos em sua palavra escrita, sobre
esse tema. Ele também sabe que somos abençoados quando colocamos os outros
antes de nós mesmos. Ajudar os outros especialmente os pobres e necessitados, é
um dom e uma vocação que não podemos fugir como cristãos. Então, vamos sair e
ajudar os nossos vizinhos e nossos amigos em necessidade. Continuemos entre os
pobres alimentando sonhos e esperanças, sem usa-los como massa de manobra
ideológicas, mas acima de tudo, sendo por eles humanizados e re evangelizados,
para que a nossa bem-aventurança seja completa na ressurreição de nossa
humanidade. Não podemos deixar morrer a
utopia, porque a utopia não
é de esquerda nem de direita, mas faz parte do universo humano. A direita não tem que ficar complexada
pelo fato de a esquerda se crer utópica, nem
a esquerda tem que ficar complexada se a direita quiser ser utópica. O Importante é que não deixemos de perseguir
a utopia na sociedade, na economia e na política, mas de forma plural, porque
só assim se foge ao populismo antissistema. A
ausência de pluralidade, não serve a democracia, não serve o Estado de direito,
não serve a Constituição e, sobretudo, não serve a humanidade que não é
uniforme, mas plural.
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Mas como, se não se pode fazer proselitismo? Hoje se deve apenas levar o amor que Jesus pregou e não a sua pessoa.
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