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Como seria o mundo sem Deus e sem Religião de acordo com John Lennon?

Written By Beraká - o blog da família on terça-feira, 7 de janeiro de 2020 | 21:18










Comentários do Blog Berakash: Foi feita uma enquete entre alunos do ensino médio de um colégio particular sobre o papel da religião na sociedade perguntando se o mundo seria melhor ou pior sem a religião. Dos cerca de 120 alunos, 85% consideraram que o mundo seria pior sem religião e 6% consideraram que seria melhor.Quando perguntados sobre o papel da religião na sociedade, 75% declararam de forma positiva que a religião promove respeito e amor, é responsável pela organização da sociedade, evita violência, diminui criminalidade, promove união entre as pessoas, cria um senso ético de certo e errado, fornece sentido ou objetivo à vida, traz felicidade para as pessoas, preenche os anseios humanos, promove a fé, contribui para o desenvolvimento humano e científico, ainda que a ciência também possa afastar o ser humano de Deus e da fé. Apenas 25% consideraram que a religião provoca conflitos, promove discriminação e diferenças entre as pessoas, impõe crenças sobre os outros, interfere no que é certo e errado, provoca mortes em nome de Deus, faz com que as pessoas não sejam realistas. Mas se, de um lado, essa enquete revelou a disposição claramente favorável à religião desse grupo de alunos, por outro, um dado em particular se destacou por uma polaridade mais equilibrada do grupo. Cerca de 7% dos alunos consideraram que a religião provoca conflitos, enquanto 9% disseram que a religião contribui para diminuir os conflitos. Ainda que seja uma fatia minoritária dos entrevistados, essa polaridade talvez seja um retrato mais acurado não só do que aqueles jovens pensam, mas, sobretudo, do que a religião realmente desperta nas pessoas: conflitos e pacificações. Isso é cada vez mais nítido tanto nas relações diplomáticas entre nações como também nos debates sobre acontecimentos correntes e assuntos políticos, éticos, morais e pessoais que ocupam cada vez mais o espaço público das redes sociais motivados, muitas vezes, por convicções religiosas e doutrinárias. Amizades são construídas e desfeitas em torno da discussão de temas diversos na perspectiva religiosa. É impressionante que muitas vezes as diferenças e conflitos se manifestam de forma enérgica e contundente principalmente entre pessoas que professam a mesma fé e doutrina. É difícil quantificar, mas a impressão que se dá é que normalmente os conflitos e diferenças não ocorrem entre pessoas de religiões diferentes ou entre indivíduos religiosos e não religiosos, isto é, entre pessoas que já se identificam como diferentes das outras por sua religião ou religiosidade. Muitas discussões até agressivas e ofensivas se dão entre irmãos da mesma fé. Quando olhamos para isso, podemos ser tentados a pensar que a religião realmente provoca e promove conflitos, e que o mundo seria melhor se não houvesse religião. Por outro lado, essa mesma religião e, paradoxalmente, as mesmas pessoas são capazes de demonstrar amor e compaixão a um estranho completamente diferente de si. As pessoas são capazes de combater severamente um irmão que tem opinião diferente da sua em alguma área que julgue fundamental à fé, mas agir com compreensão, acolhimento e compaixão para com alguém que não partilha da sua fé. Há de se perguntar se essa ambivalência revela o caráter e natureza da religião ou a falta de caráter dos indivíduos que assim se comportam em nome da sua fé e religião. Seja como for, precisamos refletir como a fé e as convicções religiosas devem contribuir para vivermos de modo mais harmonioso, ainda que tendo opiniões diferentes.Curiosamente, dos 75% dos alunos da enquete que reconhecem a importância da religião, apenas 19% a associaram à Deus e à fé. Cinquenta e seis por cento associaram a religião ou com aspectos existenciais (fornecer sentido de vida, felicidade) ou de convivência social (respeito, ética, etc). Para esses, a grande contribuição da religião é a construção de uma sociedade mais respeitosa.Os profetas no Antigo Testamento e Jesus e os apóstolos no Novo Testamento também enfrentaram o desafio de fazer com que a fé em Deus não se tornasse um modo de afastar as pessoas de Deus e da comunidade, mas que fosse um modo de viver e agir tanto entre irmãos quanto entre os incrédulos, a fim de testemunhar a graça de Deus e servir de sinal do amor fraternal.Um mundo sem religião não é capaz de responder aos anseios existenciais dos indivíduos. Por outro lado, o mundo pode se tornar pior com uma religiosidade sem a realidade do amor gratuito sem esperar nada em troca, da  compaixão, justiça e da esperança transcendente, enfim, o homem é um peregrino do absoluto.Sem religião podemos até viver, mas  sem Deus é impossível, pois se você está vivo é porque Deus te ama e permite até duvidar dele, para que você o conheça e o ame RACIONAL E LIVREMENTE, e não por coação, ou obrigação, pois ninguém ama por decreto.





Bertrand Russell: "argumentos para uma vida sem Deus e sem religião"





“Os cristãos garantem que sua fé conduz ao bem e que as outras conduzem ao mal. Eles dizem isso da fé comunista. Eu, o que digo é que toda a fé conduz ao mal. Podemos definir fé como uma firme convicção em alguma coisa de que não se tem nenhuma prova. Ali onde existe a prova, não se fala de fé. Não falamos de fé a respeito do fato de que dois e dois são quatro nem de que a terra é redonda. Só falamos de fé quando queremos substituir a prova pela emoção...”(RUSSELL, 2000, p.42) - É inegável a contribuição de Bertrand Russell para o pensamento filosófico contemporâneo. Suas instigantes reflexões e seu modo de conceber o mundo fizeram dele uma referência no campo dos temas filosóficos e da matemática. Bem-humorado e rigoroso em seu método de viver e pensar, foi decidido ao desfrutar o mundo sem crer em Deus e sem professar uma religião. Como lembra Egner: “durante toda sua vida, sustentou que o que faltava ao mundo era uma coisa fora de moda – uma atitude de amor e compaixão pela humanidade. Lamentavelmente os críticos omitiram as suas afirmações sobre o tema em desrespeitoso silêncio. Uma de suas afirmações é que “a religião se baseia no medo” (RUSSELL, 2009a,p.40). Ao longo da história da cultura, há fatos suficientes para comprovar tal afirmativa, principalmente nos momentos em que houve discordância das verdades da fé. Isso é evidenciado tanto no campo da moral quanto no da ciência. Ao que tudo indica, há um falso discurso quando se tenta estabelecer o diálogo entre conhecimento religioso e científico. Para Bertrand Russell a religião se considera guardiã da vida, que pressupõe um ser supremo em sua criação. Tal pressuposição leva à crença na existência de Deus, em um plano divino para a vida. Para manter essa crença, segundo ele, a religião se utiliza do medo. Foi no abandono da religião e, consequentemente, na ausência do medo que Bertrand Russell esculpiu no vivido sua compreensão de ser e de pertencer ao mundo, tendo tido a ousadia de expor publicamente, em 1927, argumentos para sua não crença no cristianismo. Russell iniciou sua exposição esclarecendo os ouvintes sobre o que é ser  cristão, segundo claro, sua perspectiva: “Quando digo cristão, não quero dizer qualquer pessoa que tente viver de maneira decente de acordo com suas luzes. Penso que é preciso ter uma certa crença definida antes que se adquira o direito de se autodeterminar cristão. A palavra não tem o mesmo significado quando tinha na época de Santo Agostinho e Tomás de Aquino. Naquele tempo, se um homem afirmasse ser cristão, já se sabia o que ele queria dizer: ele aceitava. Aceitava todo um conjunto de credos definidos com muita precisão e acreditava em cada sílaba daquilo com toda força de suas convicções.”(RUSSELL, 2009b, p.25-26)A proposta de Russell era discutir a ausência de fundamentos na crença da religião cristã e, para isso, ele busca explicar o que é ser cristão. Segundo ele, o indivíduo que se autodenomina cristão deve necessariamente crer em Deus e na imortalidade. Além disso, deve acreditar na existência de Cristo. Partindo desse pressuposto, ele confessa o seu “ateísmo” conforme a sua própria experiência: “Não acredito em Deus e na imortalidade; e segundo, porque não penso que Cristo foi o melhor e mais sábio dos homens, apesar de atribuir a Ele um alto grau de excelência moral”. Assumir tal posição exigiu dele uma fundamentação teórica derivada de seu pensar filosófico. Seus argumentos provocaram evidente mal-estar nas autoridades eclesiásticas, que, não dispondo de elementos ou mesmo interesse para uma refutação racional, recorreram a argumentos de autoridade ou emotivos. 




Vamos então agora usar a racionalidade da fé e da RAZÃO PURA para refutá-lo! 







Ora, o próprio Jesus condena e pede ao seus discípulos que não sigam aqueles(as) que pregam este tipo de religião do medo, citada por Russell - Lucas 21,8: “Não sigais e nem deis atenção à aquele que diz: “O Tempo está próximo...” Mas, de certa forma Bertrand Russell tem razão (ele nasceu e cresceu neste meio), pois infelizmente este artifício proselitista do medo é muito utilizado por algumas lideranças Cristãs para conseguir converter pessoas e atrair clientes ao seu sistema de crença, ou negócio, ou seja, utilizam o medo para impulsionar as pessoas para dentro de suas igrejas. E o que vem a ser este medo? É a doutrina contumaz do inferno no lugar do amor e da misericórdia divina. Ora seguir a Deus por medo do inferno é pura hipocrisia, e Deus é capaz de desmascarar tudo. Um detalhe interessante a se destacar aqui, é que os Saduceus ao contrário dos Fariseus, não acreditavam na ressurreição e muito menos na imortalidade da alma, e por consequência, também, não acreditam na vida eterna, e nem por isto deixavam de acreditar que Deus existia e era Sr da história. Hoje diferentemente do passado, um verdadeiro Cristão esclarecido, não segue mais a Deus por medo, mas por amor, e pela busca de respostas e ao verdadeiro sentido da vida, em fim pela Verdade que liberta. 










Será que Deus quer que sejamos "bons" apenas por medo do inferno? Ou será que Ele prefere a nossa total sinceridade, ainda que seja com todas as falhas humanas? Deus é a verdade, portanto Ele deve querer a verdade vinda de nós também. Ou seja, se eu, por mais que me esforce, não consiga concordar ou seguir de boa vontade um de Seus mandamentos, preciso ser sincero com Deus e revelar a minha verdade para que Ele revele a sua que é sempre misericordiosa, libertadora e salvífica. Ora, do contrário estaríamos fazendo algo ainda pior, que é mentir pra Deus e para nós mesmos, praticando a hipocrisia tão combatida por Cristo, o qual chamou os hipócritas de SEPULCROS CAIADOS. Sem sombra de dúvidas no dia em que formos julgados por Deus, aquilo que fizemos (na prática da justiça e da caridade para sermos vistos e considerados justos e bonsinhos) será o de menor importância, mas sim aquilo que realmente queríamos ser e fazer, pois Deus vendo o interior de nosso coração poderá nos dizer: “Afastai-vos de mim, não vos conheço!”





O mundo não pode existir sem religião a menos que deixe de existir ser humano!














A Igreja afirma que “a pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual” (Catecismo, n. 362). Sendo o homem um ser também espiritual, ele, naturalmente, é impelido ao transcendente, isto é, para aquilo que é superior a ele mesmo. Isto acontece, em particular, por meio da religião. O francês Blaise Pascal, matemático, físico, inventor, filósofo e teólogo católico, ao falar sobre religião, expressou-se da seguinte maneira: “Os homens desprezam a religião, odeiam-na e temem que seja verdadeira. Para acalmá-los, é preciso começar mostrando que a religião não é contrária à razão, que é digna de veneração e de respeito; em seguida, torná-la amável, fazer com que os bons desejem que seja verdadeira, digna de veneração, pois conhece exatamente o homem; e amável, porque promete o verdadeiro bem”.





Diz o filósofo alemão Friedrich Hegel:





“Tudo aquilo no que o homem procura a sua vocação, as suas virtudes e a sua felicidade, de onde a arte e a ciência retiram o seu orgulho e a sua fama, as relações ligadas à sua liberdade e à sua vontade: tudo isso tem o seu ponto central na religião, no pensamento, na consciência, no sentimento de Deus. Ele é o ponto de partida e o ponto de chegada de tudo, onde tudo começa e ao qual tudo retorna. Dado que Deus é o princípio e o termo do agir e do querer, então todos os homens e povos têm consciência de Deus, da substância absoluta como verdade, que é a verdade em si mesmo”(F. W. Hegel)






O fenômeno da religião abrange toda a humanidade em tempo e espaço. Não está presente tão somente nesta ou naquela cultura particular, neste grupo social de determinada época histórica. Não! Trata de um fenômeno universal, pois está presente em todo o mundo independente da época ou contexto social.Citarei alguns nomes de grandes autores incluindo teólogos, filósofo, historiadores, entre outras áreas do saber, que falam sobre a religião. Como exemplo temos Aristóteles, que disse: “Todos os homens estão convencidos de que os deuses existem”. Clemente de Alexandria escreveu: “Não há nenhum tipo de agricultor, de nômade ou cidadão que possa viver desprovido de fé num ser superior”. Bergson faz a seguinte observação: “Houve, no passado e há ainda hoje, sociedades humanas que não têm ciência, arte nem filosofia. Mas não existe nenhuma sociedade sem religião”. No mesmo sentido, exprime-se Van der Leeuw: “Não há povo sem religião. No início da história, não encontramos nenhum indício de ateísmo. A religião está sempre presente, em todos os lugares”. Recentemente, N. Bobbio escreveu: “O homem continua sendo um ser religioso, apesar de todos os processos de demitização, de secularização, e de todas as afirmações da morte de Deus, características da idade moderna e, sobretudo, da idade contemporânea’” (Batista Mondin, p. 50).Isso é tão verdade, que, mesmo antes do Judaísmo, Islamismo e, posteriormente, o Cristianismo, em todas as culturas existe a busca pelo divino. O culto a Deus ou aos outros deuses fez parte da história da humanidade. Isso prova que o homem, por natureza, é um ser religioso. Busca religar-se com o transcendente, pois percebe que sua existência vai além da matéria, e, acima de tudo, sabe que existe um ser, ou “algo” que lhe é superior, e que faz a ordem das coisas e da criação terem sentido.





A etimologia da palavra RELIGIÃO ajuda na compreensão!

 





(Deus toma a iniciativa, mas o RELIGAR-SE passa pela liberdade)





“O termo ‘religião’ vem do latim religare, que significa ligar, unir. De fato, a religião é um conjunto de mitos (relatos, textos sagrados, símbolos), ritos (preces, ações, sacrifícios) e normas (mandamentos, preceitos, regras) com o qual o homem exprime e realiza seus contatos com Deus” (Batista Mondin, p. 48). Tendo em vista que a religião é um fenômeno exclusivamente humano e não existe humanidade e civilização sem religião, vale se perguntar qual sua importância. Entre muitas relevâncias, vale salientar algumas:





1)- Pode-se constatar que a religião leva o homem a compreender sua origem e, ao mesmo tempo, seu destino.





“Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar de sua vida bem-aventurada. Eis por que, desde sempre e em todo lugar, está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas forças” (Catecismo, n.1).Existe uma atração natural do homem para Deus. Somente n’Ele o ser humano é capaz de saber de onde veio e para onde vai.





2)- Práxis da Verdadeira e Falsa Religião? 




A verdadeira religião, fundamentada em Cristo, promove o respeito e o amor ao próximo. Traz consigo alguns legados, entre eles podemos destacar: cria um sendo ético nas pessoas, evita a violência e, consequentemente, diminui a criminalidade. Além do mais, a religião dá sentido à vida do homem. É por isso que o ateísmo, neste caso, aparece como um grande mal, leva o ser humano a perder suas esperanças, leva-o a viver como se estivesse morto. A vida não passa de um momento que em breve acabará. Aqui está o grande problema do ateísmo, as pessoas perdem o sentido de ser, de existir, sobretudo, o sentido de viver. A religião dá ao homem as duas asas da razão e da fé que precisa para alçar voo e chegar ao sentido de sua vida e de sua existência. O homem religioso está, constantemente, voltado para o seu futuro, pois sabe que o tempo breve, neste mundo, não pode ser comparado com o que há de vir.

 

 


3)- Em suma, sendo a pessoa um ser corporal e espiritual, um mundo sem religião seria incapaz de responder aos anseios existenciais de cada ser humano. 





Nenhuma ciência, por mais importante e necessária que seja, não substitui a religião. Enquanto houver homem na Terra, haverá, da mesma forma, a religião.







Por: Elenildo Pereira  - Diácono da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova. Atua no Departamento de TV da Canção Nova, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários.






Se Deus não existe, tudo é permitido? SIM!













Artigo: “O mundo estilhaçado e a morte libertadora”




Por: Luiz Felipe Pondé
Filósofo cético








(Filósofo Luiz Felipe Pondé)





“Se Deus não existe e a alma é mortal, tudo é permitido” é um enunciado profundamente racional. Não se trata do lamento de uma mente frágil. Os Karamázov são especialistas na pureza da razão teórica e prática. Movimentam-se em direção aos exageros da ‘função razão’:“O objetivo é fundamentar o mundo pela sua decomposição e posterior reconstrução conceitual abstrata. Só que eles não encontram esse fundamento. Ao contrário, percebem a realidade despedaçada do mundo. O ‘tudo é permitido’ emerge dos estilhaços do mundo. A razão de Ivan Karamázov (muito próximo da que o ceticismo e a sofística conhecem) percebe a vacuidade de qualquer imperativo ético universal: o mundo é estilhaçado pela liberdade que a morte nos garante. Sem Deus, perde-se a forma absoluta do juízo moral: estamos sós no universo como animais ferozes que babam enquanto vagam pelo deserto e contemplam a solidão dos elementos. A morte, que devolverá a humanidade ao pó, é o fundamento último do nosso direito cósmico ao gozo até do mal. Esse ciclo nos liberta da única forma verdadeira de responsabilidade, a infinita. A moral é mera convenção e não está escrita na poeira das estrelas.”







O filósofo Karamázov descreve o impasse ético por excelência:







Por trás do bla-bla-blá socioconstrutivista do respeito ao ‘outro’, o niilismo ri da razão. Na crítica à teoria utilitarista do meio (social) em ‘Crime e Castigo’, Dostoiévski já apontara o caráter ‘científico’ da revolução niilista fundamentada nas ciências sociais: “Se tudo é construído, toda desconstrução é racionalmente permitida. Além de desconstruir, sabemos construir? O homem pode ser a forma do homem?” - A modernidade achou que sim. Kant pensou que, com seu risível imperativo categórico, nos salvaria, fundando a racionalidade pura da moral. Conseguiu apenas a exclusão cotidiana de toda forma de homem possível.A miserável ética utilitarista (a ética do mundo possível), síntese da alma prática que só calcula, busca na universal obsessão humana pelo prazer a fundamentação de uma ética para homens, cuja forma universal são merceeiros ingleses (Marx).







O humanismo rousseauniano apostou na educação para a felicidade e virou auto-ajuda!








Contra a fé em Kant e na economia, Dostoiévski descreve nos ‘Demônios’ a trindade que funda o projeto do homem pelo homem: o jovem melancólico sem subjetividade (Nicolai, o existencialista elegante), o pai e professor preguiçoso e ‘sensível’ (Stiépan, o amante das modas revolucionárias em educação, poesia e ciência) e o filho niilista cínico (Piotr, o patrono dos jacobinos, dos marxistas e dos cientistas da economia prática, esses burocratas da violência). Entender esse enredo como desespero de uma alma religiosa é senso comum banal. A banalização é um modo corriqueiro de a modernidade lidar com o que não conhece (e ela conhece muito pouco de tudo, mas é tagarela e ama o superficial, como diria Tocqueville).A falácia comum é a suposição de que o intelecto teológico necessariamente teme o sofrimento. O único medo em Dostoiévski é aquele mesmo de Cervantes:‘O medo tem muitos olhos e vê coisas no subsolo’. O erro de Nietzsche quando reduz a religião ao ressentimento se transformou em ‘papo cabeça’.





O argumento dos Karamázov é um diagnóstico, não uma oração pela salvação do homem:




O sentimento real de que deslizamos aceleradamente sobre fina casca de gelo mortal é prova sublime do seu caráter profético. A história aqui nos basta. Dostoiévski anuncia a comédia trágica daqueles que deixaram de acreditar em Deus e, por isso mesmo, passaram a acreditar em qualquer reforma barata. Contrariamente ao que pensava a risível crítica moderna da religião, o contato com Deus fortalece o intelecto nas mais ínfimas estruturas lógicas e práticas de sua natureza.








*Luiz Felipe Pondé, filósofo, é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da FAAP. É autor de, entre outros títulos, ‘Crítica e Profecia, Filosofia da Religião em Dostoiévski’ (Ed. 34).






Réplicas de um ateu (para reflexão):











1)
- Se o objetivo dos irmãos Karamázov teria sido o de “fundamentar o mundo pela sua decomposição e posterior reconstrução conceitual abstrata”. Os Karamázov “não encontram esse fundamento”. Nesse sentido, em que momento a religião conseguiu encontrar um fundamento efetivamente transcendente para dar sentido à vida dos homens, e idosos e mulheres e crianças a partir da fratura histórica que levou a sociedade a não mais ser vista como um todo feudal?




2)- Quando se afirma no artigo que “sem Deus, perde-se a forma absoluta do juízo moral.Esse ciclo nos liberta da única forma verdadeira de responsabilidade, a infinita”. Nesse sentido, a inexistência de Deus tornaria nula a forma absoluta do juízo moral pelo fato de o inferno não ser mais efetivo? Este raciocínio não estaria associando a responsabilidade infinita ao pecado finito? Pressupõe-se, então, que nós os humanos somos crianças, de modo que Deus ainda precise aparecer a um Profeta no monte Sinai com os Dez Mandamentos. Pressupõe-se também que, se tal pedagogia divina  nos liberta, nós os humanos não sabemos o que fazer com essa liberdade. Precisaríamos de uma sociedade orgânica e hierarquicamente organizada, tal como a medieval, para que pudéssemos refletir e concluir se a desigualdade seria ainda de responsabilidade divina?





3)- A burguesia considera que os pobres estão pedindo demais? À época em que Deus pairava sobre a face do abismo, a caridade era suficiente. Hoje, o pobre parece ter a ousadia de querer ser tão rico e vazio quanto o burguês, mesmo sabendo que  Filho de Deus já advertira: “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que o rico alcançar o Reino dos Céus”. Ainda que da parte de Cristo ele não deixou de anunciar a máxima posterior: “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.Será que o problema não estaria no relativismo não apenas ético, mas sobretudo social que se instaura com a ausência de Deus? Como é que cada um pode exercer sua responsabilidade infinita, ou por outra, aceitar seu lugar respectivo na hierarquia social, se Deus já não pode ser a instância que assegura a desigualdade? Que a competitividade dilacere os entes competitivos. Que pode Deus fazer a respeito de tudo isso? Apenas rezar?





4)- Se alguns filósofos afirmam que tudo que é construído é possível desconstruir. Só podemos ver esta desconstrução na história apenas como barbaridade? Claro que não podemos esquecer de Auschwitz pelos Alemães, Os Gulags Soviéticos da Rússia Comunista, a fome propositalmente produzida na China Comunista,Hiroshima, os paredons Cubanos, as torturas e desparecidos das ditaduras, etc. Mas por que entrever Deus como uma instância que paira sobre qualquer tipo de construção? Nós humanos criamos, recriamos, construímos e desconstruímos deuses à imagem e semelhança de nossas dúvidas e medos, e para justificar nossos comportamentos. Não nos esqueçamos de que o Deus do amor, no Novo Testamento, também já foi o Deus da Guerra, e do olho por olho e dente por dente da Velha Aliança. É bem verdade que Auschwitz e tantas outras experiências tanto Comunistas como Capitalistas, foram desconstruções racionalmente permitidas.





5)- A desconstrução histórica pode, ou não, levar à convivência entre  contrários? Os povos poderiam – ou não – entender que os seus deuses nacionais fazem parte de um mesmo desenvolvimento social que o capitalismo tornou unívoco? O capitalismo também possui germes revolucionários, e também Utópicos, pois apenas o sistema mundial pôde mostrar a cristãos, judeus e muçulmanos que eles têm muito mais a ganhar quando trocam entre si.




6)- Por que dizer que a relatividade das desconstruções racionais implica necessariamente no caos? E quanto às conquistas históricas das categorias de justiça, tolerância, fraternidade e convivência social? Como racionalmente desconstruir isso? Já não vimos este filme? Será que não já sabemos o final?





7)- Por fim: “Além de desconstruir, saberemos construir? O homem pode ser a forma do homem?” Aqui o paradoxo dostoievskiano. Eis o grande desafio que a história nos traz. A utopia marxista a seu modus operandi procurou dar uma resposta a esta questão, porém, conhecemos a lição que a história nos legou, transformando a Utopia em Distopia. No entanto, creio ser válida a seguinte pergunta: por que não exumar o cadáver da reorganização racional da sociedade por meio da justiça social? Sub-repticiamente, os críticos da transformação social gostariam de sussurrar o seguinte: “olhem, vejam só, em nossa sociedade, ao menos alguns temos um pouquinho. Na nova experiência por vir, não haverá nada a garantir a sustentabilidade, uma vez que a tradição será solapada. O que é que poderá refrear o ressentimento social quando a revolução estourar? O que poderia refrear o ímpeto de vingança social se o poder fosse tomado por aqueles que hoje são desprezados, assim como os bárbaros fizeram com Roma? Talvez nesta pergunta já se tenha a resposta, mas temos que ousar perguntar: Não haveria um cerne construtivo em toda e qualquer desconstrução, na medida em que, ao longo da história, tentou-se manter a sociedade para além de suas milhares e milhões de guerras autofágicas? A sociedade não seria o sucedâneo de Deus? O Deus-sociedade seria não a síntese ontologicamente distante das criaturas, mas a somatória de cada um de nossos anseios. Que haja conflito do contraditório, e por que não? Não ousar perguntar seria apenas adiar o conflito e não resolvê-lo, até mesmo porque um problema antes de resolver-se ele precisa ser equacionado. Não existe tratamento para uma doença sem antes diagnóstica-la, e todas a perguntas e hipóteses são necessárias, assim fez o Aquinate no passado, precisamos hoje sem medo como Tomás fez de provocar as perguntas.





8)- Precisaremos sempre de um Deus Pai para nos dar palmadas no bumbum? Mas talvez seja necessário que a antiga noção de Deus sobreviva: a desigualdade lhe dá guarida... O capitalismo, tende a naturalizar as diferenças de classe, não em forma de luta, mas de conciliação onde todos possam sair ganhando tendo como pano de fundo a Meritocracia Marxista: A cada um conforme sua capacidade e a cada qual conforme suas necessidades? Com Deus ou sem Deus, chegamos a um cinismo sem igual. O empresário e o lixeiro vivem reciprocamente em sociedade. Sem o lixeiro, o empresário seria contaminado pelo mesmo excremento que condena o gari. A humanidade ainda não encontrou uma maneira de produzir e distribuir sua riqueza para que atividades desumanas não mais sejam feitas por seres humanos, e quando encontra-la? O homem pode ser a forma do homem? Eis a questão a qual até o momento não temos ainda uma resposta segura...





Você já imaginou o paraíso sem Deus? John Lennon em sua música “imagine” disse que sim!









Um repórter americano embarca de volta para os Estados Unidos quando o regime sanguinário do ditador Pol Pot passa a perseguir e matar todos os opositores. Seu amigo cambojano é preso e forçado a entrar no sistema de reeducação do novo governo. Esse é o enredo do filme Os Gritos do Silêncio (1984), que mostra como a insanidade belicista poderia ser curada por meio da fraternidade entre as pessoas. Parece um sonho, mas se todos se unirem, o mundo poderá viver sem divisões, como se fosse realmente um. Eu também gostaria que fosse assim. E o John Lennon também! Esse verso está na canção ouvida no fim do filme: Imagine. Só há um problema (não com a bonita melodia da música, não com as boas intenções do filme ou do compositor, já que a letra de Lennon almeja um mundo sem cobiça, sem propriedades, as quais ele tinha muitas), sem o imperialismo assassino, sem os motivos torpes para matar e também sem motivos pelos quais morrer (“nothing to kill or die for”, diz a letra).






A questão é outra, e está no próximo verso dessa canção:







“Imagine que não há nenhum paraíso, é fácil se você tentar; imagine que não há inferno e que acima de nós exista só o céu”.





John Lennon queria o céu, mas não o Céu bíblico!





Lennon imaginava um “paraíso terrestre” (não capitalista, talvez um híbrido de socialismo-anárquico, mas não Marxista, ou o da alternativa hedonista hippie tipo: Faça amor, não faça guerra) mas não o Paraíso celeste! Ao compor essa música, talvez ele tivesse em mente a intolerância e a violência de sistemas religiosos que mataram em nome de Deus e de Alá, porque mais à frente a letra diz: “Imagine que não há mais religião”. Nos anos 1970, Lennon vivia uma fase família, pacífica e pacifista. Portanto, ele imaginava um mundo sem religião (ou sem um certo tipo de religioso?).Ao denunciar as chacinas de Pol Pot, o filme utiliza a canção Imagine, que se tornou uma espécie de hino pela fraternidade, que sonha com um mundo de paz, a terra sem males, mas sem religião! O regime de terror de Pol Pot preconizava um mundo sem Deus e sem fé. Ou seja, Pol Pot matava em nome de deus nenhum. No filme, as cenas de “reeducação” dos prisioneiros do governo cambojano mostram a tentativa de extirpar da mente das pessoas a ideia de lucro Capitalista e de qualquer religião. O comunismo soviético agiu da mesma forma! Quiseram sair da religião para entrar na história. Mas entraram na história dos Gulags e da repressão facínora. Escritores que promovem o ateísmo, como Sam Harris e Richard Dawkins, também imaginam um mundo sem religião. Ao procurar demonstrar que as religiões seriam a raiz de todos os males, esses autores não explicam o fato de que os regimes políticos que almejaram um mundo sem Deus, sem fé e sem fiéis, não só tiraram a liberdade de expressão das pessoas, como também, lhes tiraram a vida. Ninguém mediu o tamanho da alcateia em pele de ovelha que tem tratado o cristianismo como balcão de negócios, como tribunal de censura, como cartola para mágicos da fé. Por isso, o cristianismo prediz um Paraíso no Céu e não na Terra. Já o comunismo lutava para ver a classe operária chegando ao paraíso das conquistas sociais. O capitalismo se contenta em ver todas as classes chegando ao paraíso das compras. E o ateísmo gostaria de chegar a um paraíso sem o Paraíso...



Andréia Gripp: "Em que Deus acreditamos?"














 Por* Andréia Gripp






Você já teve a coragem de se perguntar "em que Deus tem acreditado?" 




E já perguntou, no seu trabalho, família, comunidade, em que Deus as pessoas acreditam? Parece estranho fazer essa pergunta? Mas não é! Faça a experiência e verá que a pergunta não é tão absurda quanto parece à primeira vista, e que constatará que realmente muitas vezes criamos e cultuamos um deus que nós próprios criamos, e não o Deus revelado por Jesus o Cristo que se encarnou. Sabemos que a fé, a crença em um deus, é o centro de toda religião. Como cristãos, o centro de nossa identidade deve ser a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver algo implícito ou reducionista da fé cristã, mas sim, a vivência ainda mais profunda e radical dela: se a fé cristã é trinitária, os cristãos não podem abrir mão de professar as três pessoas da Santíssima Trindade, sob pena de renegar-se a si mesmo. Mas, pensemos bem:





Será que todos os cristãos têm uma fé trinitária? Faça uma nova experiência, pergunte a você, e as pessoas com quem você convive:





“Quem é Deus Pai, quem é Jesus e quem é o Espírito Santo? Como eles se relacionam entre si? Como se relacionam conosco? Como agem no mundo e, qual o papel das pessoas da Santíssima Trindade na história da salvação?” - Com certeza você vai ficar espantado com as respostas e verá que muitos ainda não deixaram a fé imatura e superficial, porque simplesmente ainda não tiveram um entendimento sobre a Trindade e, portanto, também não tiveram uma experiência real com o Deus Uno e Trino. Para mudar essa situação é preciso desenvolver um discurso que nos leve a uma experiência trinitária e nos livre da tentação do individualismo e do falso racionalismo revanchista e preconceituoso, que teme fazer as perguntas para melhor crer e aderir ao imperativo da fé como fez Maria, que nos abra ao mistério do outro e nos leve a transmitir com a nossa vida e nossa história a experiência do Deus Ágape, que caminha conosco, e conosco escreve a nossa história e a história da humanidade. Isso vai além, muito além, das difíceis fórmulas filosóficas e teológicas do dogma da Trindade.





Questões fundamentais





A linguagem cristã sempre esteve permeada e penetrada pela revelação trinitária de Deus! Mas, como anunciar o Deus Uno e Trino no mundo plural em que vivemos hoje, onde o homem emancipado “privatizou” a fé e criou um supermercado espiritual, cheio de teísmos (crença num deus como entidade superior, sem nome e identidade), deísmos (crença num deus como arquiteto universal que põe o mundo em movimento, mas não se relaciona com ele nem se revela) e monoteísmos reducionistas (crença num único deus, um tanto despersonalizado, sem rosto, sem nome, senhor e dominador do cosmo e da história)? Hoje a pergunta fundamental a ser respondida pela nova evangelização, não é tanto o fato de Deus existir ou não, mas, “De que Deus estamos falando? O que significa para nós a existência de Deus?” Anunciamos Jesus Cristo. Mas, neste contexto plural e confuso, não podemos falar de Jesus Cristo sem o contextualizar na dinâmica da Trindade, sob o risco de não estarmos fazendo uma verdadeira evangelização. Professar a fórmula de fé de que Deus vive e se revela e pode ser experimentado e conhecido como Pai, Filho e Espírito Santo deve se verificar na realidade do homem Jesus de Nazaré, na sua encarnação, vida, morte e ressurreição, assumidas, afirmadas e confirmadas por Deus, seu Pai. “Jesus é o Filho de Deus”! Esta é a afirmação fundamental da fé cristã.






Anunciar a Trindade!






É impressionante perceber como muitas pessoas que se dizem católicas chegam à comunidade com um distanciamento de Deus Pai, fruto de um relacionamento superficial, com um “Deus de barba branca que mora lá no céu”. Deus Pai, para eles, é aquele Ser Supremo, onipresente, mas distante, muito distante. A pessoa do Espírito Santo é, para alguns, totalmente desconhecida (às vezes só identificada como a pomba citada no batismo de Jesus e as línguas de fogo, em Pentecostes). Para os que têm uma experiência mais carismática, é definido como aquele que nos leva a Deus, mas é, infelizmente, algumas vezes mais identificado com as sensações espirituais que concede ao orante. A presença do Espírito é fatalmente identificada com um arrepio que se sentiu na oração, uma emoção, um calor, etc. Um reducionismo infantil e insignificante do Ser e missão da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.






Esta realidade nos remete a uma grande responsabilidade:





Quando não anunciamos um Deus Trindade não somos fiéis à revelação bíblica. Corremos o risco de supervalorizar uma das pessoas da Santíssima Trindade em detrimento das outras e criar uma grande distorção na vida de fé. O Deus da Revelação, que devemos anunciar em nossa evangelização, é a Santíssima Trindade: mistério de comunidade das pessoas divinas, de salvação, de comunhão e de amor.





Para a nossa salvação!




Falar de um Deus em três pessoas só é possível pelo fato dEle ter se revelado a si mesmo como Trindade. E, Deus não se revela para nos dar informações intelectuais sobre si próprio. Ele só se revelou e se revela, falou e fala sobre si mesmo para nos salvar. Por isso, no anúncio da Boa Nova, é preciso estabelecer uma relação inseparável entre Cristologia, Trindade e Soteriologia (salvação). A Trindade é mistério, e mistério de salvação para nós.“O mistério de Deus em si mesmo e o mistério da nossa vida em graça são um só e mesmo mistério. Deus não é outra coisa senão aquilo que Ele revela no seu agir em favor de nós, embora o que podemos perceber do seu agir por nós não esgote aquilo que Ele é em si mesmo” (afirmam os teólogos Maria Clara Bingemer e Vitor Galdino, no livro “O Deus Trindade: A vida no coração do Mundo”).





Como sabemos que isso é verdade?





Lendo a Bíblia, escutando a Igreja e estando atentos à experiência de Deus em nós e nas outras pessoas. Porque o Espírito Santo nos diz e ensina a dizer Abbá, Pai (Rm 8, 15; Gl 4,6) e Jesus é o Senhor (1Cor 12,3). É o Espírito Santo quem nos leva à experiência e ao conhecimento de Deus-Pai e Deus-Filho. É no e pelo Espírito que podemos refletir sobre essa experiência de chamar Deus de Pai e Jesus de Senhor. É no e pelo Espírito que podemos transmiti-la aos outros de maneira coerente e inteligível nas nossas ações evangelizadoras.





A força do testemunho!





Segundo teólogos, filósofos, e sociólogos, vivemos num tempo marcado pela “crise da modernidade” (ou pós-moderno, como alguns chamam).Mas o que significa isso? Bem, para entender esse termo, é preciso saber que a modernidade foi o período histórico em que a concepção do mundo passou de teocêntrica (Deus no centro de todas as coisas) para antropocêntrica (tendo o homem como sujeito de todas as coisas, e a medida de si mesmo).Foram séculos de história da humanidade marcados pela supervalorização da razão em detrimento da emoção e do espiritual, fundamentado no cogito de René Descartes: penso, logo existo. É a partir dessa época histórica que a ciência se emancipa da teologia e passa a combatê-la. Essa autonomia humana (ou do sujeito como se diz na filosofia) é como um novo ressurgir da tentação de Adão, que queria ser como Deus, distanciou o homem de seu criador e criou grandes dificuldades para a evangelização, e precisamos pedir uma sabedoria para saber lidar com isto. Bem, a crise da modernidade chega com a crise do racionalismo e, como que numa reação, com a supervalorização das emoções, do subjetivismo, do espiritualismo. Se por um lado podemos nos alegrar com o total fracasso da afirmação nefasta de Nietzsche (aquele que afirmou que Deus morreu), por outro nos assustamos com o crescimento de seitas e correntes filosóficas da Nova Era, que igualmente ao racionalismo, afastam o homem do verdadeiro Deus, o Deus-Trindade, que se relaciona comigo pessoalmente e por mim se encarnou, morreu e ressuscitou.No mundo pós-moderno a afetividade está supervalorizada e a subjetividade impera e reina, colocando graves questões para a fé trinitária,pois se vai substituindo o Deus Trinitário, bíblico, pelo Deus light. O Deus bíblico impulsiona o ser humano a ser sujeito transformador da história, enquanto o Deus light não o questiona, é inebriante e o faz experimentar sensações que “elevam” a alma.














Resta-nos responder à pergunta: O que é para o mundo hoje a existência de Deus? Faz alguma diferença?





Se esta pergunta for feita a várias pessoas numa rua de um grande centro urbano, haverá muitas respostas diferentes. No ambiente em que vivemos, sem sombra de dúvidas, será o que nós, cristãos, conseguirmos transmitir com a nossa vida. Não conhecemos Deus através de fórmulas teológicas, nem podemos transmiti-lo desta forma, também. Por isso, se queremos realmente evangelizar, precisamos converter a nossa práxis. O que significa isso? Significa que precisamos fazer as obras de Deus (Jo 3,21. 6,28. 7,17). Afirma a teóloga Maria Clara Bingemer: “Se é o Espírito do próprio Deus que está em nós, e se nos deixamos mover e guiar por ele, tudo que fizermos será obra Dele em nós e estaremos espalhando pelo mundo as marcas do próprio Deus que age por meio de nós. Nosso encontro com Deus é um acontecimento radical. Só podemos nos relacionar, pensar e falar sobre Ele, deixando-nos surpreender e questionar radicalmente por Ele...”continua a teóloga. Para que esse encontro aconteça, faz-se necessário acolher humildemente, na fé, na escuta, a Revelação Divina, na qual Deus se aproxima de nós e apresenta seu Mistério de Pai, Filho e Espírito Santo, de forma transformadora e comprometida com a nossa história e, a partir dela, com a história da humanidade.






*Andréia Gripp - Missionária da Comunidade Católica Shalom







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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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