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Feminismo e Cristianismo em Debate: Argumentos Favoráveis, Críticas e Implicações para a Mulher Cristã

Written By Beraká - o blog da família on terça-feira, 9 de abril de 2019 | 22:26





É possível ser feminista, feminina e uma boa Cristã? – Veja os argumentos pró e Contra


"Em Efésios 5,25 diz para os maridos amarem as esposas como Cristo amou a igreja. Cristo morreu pela igreja, mesmo ela sendo infiel e não totalmente devota à Ele. Eu não acho que dizer às esposas para serem submissas a seus maridos seja mais difícil do que amar as esposas como Cristo amou a igreja. Quando você entende o contexto em que isso foi escrito e a mensagem de submissão, que tem a ver com a proteção que é dada pelo marido e mostra a submissão como reconhecimento ao sacerdócio dele no lar, eu acho que a missão da mulher é muito mais fácil. Sem a visão correta do contexto, algumas pessoas caem no erro de categorizar Deus como machista. Se você for estudar a Bíblia hermeneuticamente, você vai descobrir um Deus que no decorrer da história tenta reconstruir a imagem da mulher dentro de uma sociedade moralista e machista. Mas é um Deus que protege e dá direito às mulheres. Embora o termo machista não se enquadre corretamente em Deus, os homens descritos na Bíblia eram machistas em alguns aspectos. Deus não é machista, os homens que Ele usou ao longo da história, muitos eram. A sociedade e o período cultural que são retratados nas escrituras são machistas. Temos medo de dizer que a Bíblia não tem machismo, mas é lógico que tem. A Bíblia é o retrato cultural de uma época, um recorte no tempo. A Bíblia tem não só machismo, mas homicídio, inveja, etc. porque ela retrata seres humanos vivendo ora pela graça de Deus, ora pela perfídia dos homens. Um dia meu filho estava dormindo, depois de uma noite bem intensa de cólicas e dificuldades na amamentação. Então eu me dei conta que esse serzinho nunca vai me amar como eu o amo. O amor dele por mim vai ser sempre menor, porque o meu amor pelos meus pais é infinitamente menor do que o deles por mim, e hoje eu sei disso. Essa foi a primeira vez que eu entendi a dimensão do amor de Deus que é sempre maior que o meu por Ele." (Ex feminista, escritora e youtuber Fabiana Bertotti.)





Porque feminismo e Cristianismo não podem se misturar?





Por Patrícia Geiger







Por que eu não posso ser uma autêntica Cristã e uma autêntica feminista?







Sempre tive a minha visão muito clara sobre o assunto, então comecei a ler mais e estudar mais sobre o assunto, dos vários textos que li, esse é o mais simples e claro de entender, sem enrolação e palavras formais. Um texto claro e objetivo (este post é uma tradução de um artigo de Kristen Clark, publicado originalmente no blog “GirlDefined”, traduzido por Aline Brandão, publicado no blog Inconformados - Adaptação minha).O feminismo é um tema interessante, porque ninguém consegue fixar sua definição. Você sabe por quê? Porque se têm dezenas e mais dezenas de definições. 




Uma mulher que afirma ser uma feminista pode ser afiliada a um ou mais dos seguintes seguimentos feministas:

















E muitos e muitos outros. Eles continuam a evoluir conforme o tempo passa. Cada um desses títulos significa algo um pouco diferente também. É difícil permanecer informado. Portanto, quando uma mulher se diz feminista, não pode ser algo simplesmente genérico, ela está sempre enquadrada em alguns destes oito seguimentos relatados acima, ou outros.





ATENÇÃO! Há um campo comum que eu ainda não mencionei! É o campo mais amplamente anunciado e parece ser o que mulheres cristãs tendem a juntar-se: Chama-se "feminismo igualitário".





SEGUE O TEXTO







Após postar um tópico sobre o feminismo, nós (Girl Defined) normalmente recebemos um ou dois e-mails de meninas dizendo coisas como: 




“O feminismo é uma coisa ótima! Ele luta pela igualdade entre homens e mulheres.” Ou: ” Você está prejudicando as mulheres ao se opor ao feminismo!” 




Na verdade, uma menina nos escreveu recentemente um longo comentário explicando por que o feminismo é tão bom. Ela disse: 


“O feminismo é, essencialmente, sobre a criação de mais oportunidades para as mulheres do que as gerações anteriores tinham”. 


Ela, obviamente, se alinha com o campo do “feminismo igualitário.” E eu posso ver o porquê: Feminismo igualitário parece bom! Muito bom!






Então, há algo de errado em ser uma mulher cristã e rotular a si mesma como uma feminista?












Bem, vamos verificar a definição do feminismo igualitário. Leia devagar:




“Feminismo igualitário centra-se na obtenção de igualdade entre homens e mulheres em todas as áreas (trabalho, casa, sexualidade, lei)”. 





Parece bom! Mas, você entendeu realmente?



Feminismo igualitário centra-se na obtenção de igualdade em todas as áreas. Em poucas palavras, significa isto: igualdade para as mulheres não vai acontecer até que todos os papéis tradicionais de gênero em todas as áreas sejam iguais, tipo, as mesmas. 




Nós não somos iguais aos homens (geneticamente), até que as mulheres possam trocar livremente os estilos de vida e os papéis com eles.Aos olhos da maioria das feministas, a igualdade significa que as mulheres devem ter os mesmos trabalhos que os homens. Mesmos planos de vida que os homens. Mesmos papéis no casamento que os homens. Mesmos papéis na criação dos filhos que os homens. Estou errada? 




Pergunte a qualquer mulher que afirma ser uma feminista se ela é a favor de uma esposa submeter-se a seu marido no casamento. Ela raramente vai dizer sim. Por quê? 




Porque ela acredita que igualdade com os homens significa “não ter distinção”. O feminismo igualitário se veste de uma forma encantadora com um sorriso e diz:





“Nós somos mulheres inocentes, tudo o que realmente desejamos é ser vistas como igualmente valiosas quanto os homens”. Se isso é realmente tudo o que o feminismo estava preocupado, este post poderia acabar no próximo parágrafo. Mas não é. Nem de perto!




O feminismo sempre coloca a “igualdade” na frente da câmera porque é o lado mais atraente. E é exatamente por isso que recebemos e-mails de meninas cristãs perguntando por que somos contra o feminismo.





Elas veem apenas a encantadora ponta do iceberg feminista, e se perguntam, “por que um site cristão como GirlDefined é contra as mulheres terem o mesmo valor que os homens?” 





Se essas meninas mergulhassem suas cabeças debaixo d’água, para ver todo iceberg, elas mesmas rapidamente veriam a gigantesca massa escondida. O fato é, GirlDefined é 100% a favor da igualdade entre homens e mulheres. Isso deveria ser óbvio. Nós até mesmo escrevemos um artigo sobre isso. E sabe de uma coisa? Nós não pensamos nisso antes, e nem o feminismo. Deus pensou! 








Desde o início dos tempos, Deus claramente definiu que:“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1,27).Somo seres humanos diferentes geneticamente, mas igualmente valiosos e com a mesma dignidade de filhos(as) diante de Deus. 




Mas, não termina aí. O homem e a mulher foram criados por Deus para serem iguais em valor, mas com diferentes papéis de colaboração com Deus na criação. Deus não nos projetou para sermos idênticos. Ele não nos projetou para fazermos as mesmas coisas. Ele criou um homem e uma mulher com diferentes funções e trabalhos. Ele criou dois gêneros diferentes de propósito, e com propósitos distintos e específicos.





A maioria das feministas não gostam muito do desígnio de Deus para os gêneros (pior ainda se forem ateias). 




Elas não gostam da ideia de o homem ser apelidado como o principal líder, iniciador, mantenedor e provedor. Elas não gostam da ideia de Eva ter sido criada como uma auxiliadora de Adão. Elas simplesmente não gostam dessas coisas.



O feminismo tem rejeitado a Deus como a autoridade final para a vida, e tomou o seu trono. O deus do feminismo orgulhosamente diz: “Eu sei melhor do que Deus e vou viver a minha feminilidade como eu acho que é o melhor”.




Além de não gostar do projeto de Deus para os gêneros, o feminismo igualitário significa muito mais do que o seu nome amigável sugere. Se você fizer um pouco o dever de casa, você vai descobrir rapidamente quantas outras questões de “direitos das mulheres” o feminismo igualitário promove. Vamos mergulhar abaixo da superfície para ver o quão grande e insano, este iceberg realmente é. 





Atualmente quase todos os grupos feministas estão seguindo fielmente os "ítens da cartilha feminista" patrocinada pela ONU:í






1)- O direito da mulher de abortar (infanticídio) seus bebês.



2)- Libertação completa de limites sexuais e morais.



3)- Liberdade com a  inversão de papéis tradicionais e de gênero no casamento.



4)- Rejeição de Deus como orientação e  autoridade final na vida.





A maioria dos americanos concordaria que a maioria das feministas estão seguindo fortemente as causas acima. Eu não sei você, mas considero esses como direitos gravemente ante naturais e anti-bíblicos. Se você atualmente afirma ser uma feminista, eu espero que você considere cuidadosamente o que essa palavra significa e ao que está em grande parte associada. Aqui está a verdade difícil de engolir: 




“Como uma mulher cristã, você não pode concordar 100% com a Palavra de Deus e concordar 100% com o feminismo ao mesmo tempo. Eles simplesmente não se misturam na maioria das áreas. Na verdade, se nós jogarmos todas as ideologias feministas na mesma panela, a Bíblia seria fortemente oposta a 99% ao feminismo atual. Em sua raiz, o feminismo é construído sobre uma fundação completamente desprovida de Deus. O movimento feminista é tecido com o mesmo pecado cometido por Satanás no início dos tempos. Um coração rebelde que orgulhosamente diz: “Eu não preciso de você, Deus. Obrigado, mas sou livre e inte e vou fazer as coisas do meu jeito”. 








Quando rejeitamos ordens, propósitos e plano criados por Deus para nossas vidas como mulheres, não vamos encontrar a felicidade plena. Pode-se até ter uma felicidade e realização parcial, mas será sem sentido, e que não suportará as naturais intempéries da vida, gerando revoltas contra si mesma, contra tudo e contra todos. Nós não vamos encontrar satisfação duradoura. Nós não vamos encontrar paz duradoura. Por quê? C. S. Lewis  nos ajuda nesta resposta: 



“Deus não pode nos dar uma felicidade e paz para além de si mesmo, porque não há...” - “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá...” (João 14,27). 



E as escrituras já prever o quanto esta decisão é infrutífera, por que somo limitados e não onipotentes como Deus: 



“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem...” (João 15,1-6).






Um estudo secular publicado no UK Daily Mail, confirmou este fato:





“As mulheres são menos felizes hoje em dia, apesar de 40 anos de feminismo, afirma um novo estudo. Apesar de ter mais oportunidades do que nunca, elas têm um sentido menor de bem-estar e satisfação com a vida...” 








Diante de tudo o que foi exposto, torna-se evidente que a pergunta “é possível ser feminista, feminina e uma boa cristã?” não admite resposta simples ou genérica. Tudo depende do significado atribuído ao termo feminismo. Quando entendido como um movimento ideológico nascido em ruptura com a ordem natural, marcado pela oposição entre os sexos, pela negação da maternidade e pela recusa da lei moral objetiva, o feminismo revela-se incompatível com a fé cristã e com a própria dignidade da mulher que ele afirma defender.Entretanto, se por “promoção da mulher” compreendemos a afirmação plena de sua dignidade como pessoa humana, criada à imagem de Deus, dotada de igual valor ontológico ao homem e chamada a uma vocação própria e insubstituível, então o Cristianismo não apenas é compatível com essa causa, como sempre foi seu fundamento mais sólido. Antes mesmo das formulações modernas sobre direitos humanos, a Igreja já proclamava que “não há homem nem mulher” quanto à dignidade diante de Deus, ainda que exista distinção e complementaridade no modo de viver essa dignidade.  São João Paulo II, especialmente na Mulieris Dignitatem, oferece o critério decisivo para esse discernimento: 




A mulher realiza plenamente sua dignidade não na reprodução de modelos masculinos, nem na rivalidade com o homem, mas no dom sincero de si, expressão máxima daquilo que o Papa chamou de “gênio feminino”. Tal visão não aprisiona a mulher em papéis fixos, mas reconhece que sua liberdade só se torna verdadeira quando enraizada na verdade sobre o ser humano.  




Assim, feminilidade e fé cristã não são obstáculos à realização pessoal, mas caminhos de plenitude quando compreendidos à luz da antropologia cristã. O que se mostra problemático — e precisa ser criticado com clareza — é a adesão acrítica a slogans e narrativas que prometem libertação, mas acabam por produzir solidão, fragmentação social e desprezo pelos vínculos mais fundamentais da vida humana, como a família, a maternidade e a vida comunitária.  



A mulher cristã não precisa escolher entre ser fiel à sua fé e defender sua dignidade. Tampouco necessita adotar rótulos ideológicos para justificar seu valor. A verdadeira libertação não nasce da negação do dado natural, nem da desconstrução permanente, mas do reconhecimento da verdade que liberta. Em um mundo marcado pela confusão antropológica, a proposta cristã permanece não apenas atual, mas profeticamente necessária.  Em última análise, a grande questão não é se o Cristianismo precisa do feminismo, mas se o feminismo contemporâneo está disposto a ser domesticado, Cristianizado, ou seja, submeter-se a uma visão integral do ser humano. 



A fé cristã continua oferecendo à mulher — e à sociedade como um todo — aquilo que nenhuma ideologia conseguiu entregar: sentido, comunhão e uma dignidade que não depende de concessões culturais, mas se fundamenta na própria criação e é elevada pela graça.




Adaptação de Patrícia Geiger






mas afinal, Uma Cristã pode ser feminista?








Feminismo é um movimento que procura promover os direitos das mulheres, defendendo o respeito pela dignidade da mulher e a igualdade de tratamento entre homens e mulheres em várias áreas da sociedade. Dentro do feminismo existem muitos grupos diferentes, com objetivos e ideais variados. Um cristão pode ser feminista sem concordar com tudo que determinados grupos defendem. Um cristão também pode escolher não se identificar como feminista mas defender alguns dos ideais do feminismo. Existem muitos grupos humanitários que procuram reduzir as injustiças do mundo, como a pobreza, a falta de acesso à educação ou a cuidados de saúde, o racismo, etc. O feminismo é um movimento que procura reduzir as injustiças contra mulheres.






Como surgiu o feminismo?






Historicamente, em muitas sociedades pelo mundo inteiro, as mulheres foram colocadas em uma posição de inferioridade em relação aos homens. Ao longo dos séculos, tanto em culturas cristãs quando não-cristãs, mulheres de todas as classes sociais tiveram menos poder e independência que os homens da mesma classe. Pessoas sem poder nem proteção ficam vulneráveis e acabam sempre por sofrer abusos de algumas pessoas com mais poder. Muitas mulheres na História lutaram para ter direitos como os homens e serem tratadas com a mesma dignidade e respeito. Mas o movimento moderno conhecido como feminismo começou a ganhar força no século XIX. 




Os movimentos contra a escravatura levaram várias mulheres a refletirem na sua própria falta de liberdade. Mulheres começaram a se juntar, então, para exigirem direitos fundamentais a qualquer ser humano, como:





1)- A igualdade diante da lei - Muitas leis puniam mais severamente as mulheres que os homens pelos mesmos crimes.




2)- O acesso à educação - Em muitos locais e áreas, as mulheres eram impedidas de estudar.




3)- O acesso ao emprego - Muitas mulheres eram proibidas de trabalhar fora de casa, e quando trabalhavam recebiam bem menos que os homens pelo mesmo trabalho.




4)- O direito ao voto - Mesmo depois da conquista do voto “universal”, as leis impediam uma vasta quantidades das mulheres de votar.




5)- O direito a ser dona de propriedade - Muitas leis impediam as mulheres de herdar ou comprar propriedade, ficando sempre dependentes dos homens.




6)- O direito de não ser considerada como propriedade do marido - Muitas sociedades viam a mulher como escrava do marido, sem direitos individuais.






As diferentes “ondas” do feminismo






1ª)- No seu início, o movimento feminista focou principalmente em dar espaço à mulher na esfera pública, lutando por direitos políticos. Essa fase inicial normalmente é chamada de a primeira onda do Feminismo. Por volta dos anos 60, quando a maioria das democracias livres tinham dado o direito ao voto às mulheres, começou uma nova fase, mais focada nos direitos das mulheres na vida privada.





2ª)- Nessa que ficou conhecida como a segunda onda, grupos feministas lutaram por causas como:




a)- A criminalização e punição da violência contra mulheres. Muitas leis deixavam impunes homens que estupravam ou assediavam mulheres e, em algumas situações, a mulher ainda era punida como culpada.




b)- O acesso igual a iniciativa do pedido de divórcio. Em muitos países, somente o homem podia iniciar o divórcio, deixando muitas mulheres vítimas de abusos e humilhações sem saída, a não ser a prostituição.




c)- O direito ao aborto. Sob a lógica feminista (não Cristã), a mulher deve ter controle sobre seu próprio corpo, e deve ter o mesmo direito que o homem tem de escolher se quer cuidar, ou não de um filho(a).




d)- O acesso a métodos contraceptivos artificiais. Pela mesma lógica feminista que defende o direito ao aborto.





e)- A licença da maternidade e paternidade. Muitas mulheres eram despedidas quando engravidavam (apesar de quererem voltar ao trabalho), perdendo uma fonte importante de rendimento; também não tinham a ajuda do marido na fase inicial dos primeiros dias de nascimento da criança, porque este tinha de continuar trabalhando.





A segunda onda não foi o fim da primeira. Grupos feministas continuaram (e continuam até hoje) a lutar pelos direitos fundamentais da primeira onda do feminismo. Em muitos países esses direitos básicos, segundo as feministas, ainda não estão garantidos.





3ª)-Nos tempos mais atuais, surgiu uma terceira onda, que tem focado mais na diversidade e nos direitos de minorias, como minorias raciais ou mulheres com outras orientações sexuais. Essa onda feminista tem se envolvido bastante com a ideologia de gênero, que ensina que os gêneros são construções sociais, e não diferenças biológicas. A terceira onda apoia:




a)- Os direitos de homossexuais, transsexuais, etc. Muitas leis criminalizavam essas orientações sexuais.





b)- Os direitos de minorias étnicas – Segundo as feministas, historicamente, mulheres de minorias étnicas têm estado em uma situação muito mais vulnerável que a maioria das mulheres, porque têm de lutar contra dois preconceitos: de raça e de gênero.





c)- A eliminação da noção de apenas dois gêneros fixos e imutáveis - Sugerindo as feministas, que o gênero é definido pela vontade da pessoa, não por fatores biológicos (apesar de sabermos que pode-se mudar a estética, jamais a genética, pois a biologia não se rende a ideologia).





Hoje em dia, existem muitos grupos feministas variados, que apoiam ou rejeitam causas diferentes, de acordo com sua visão do mundo. Por exemplo, um feminista poderá apoiar o aborto, dizendo que dá liberdade à mulher, enquanto que outro poderá ser totalmente contra, porque muitas vezes o aborto é realizado por pressão da família, não pelo bem da mulher. A única coisa que todos os feministas têm em comum, é o desejo de acabar com injustiças contra mulheres e de promover sua plena liberdade.






O Feminismo e as escrituras






O feminismo não é a solução para todos os problemas das mulheres. A verdadeira solução tem nome, rosto e história: Jesus Cristo. Toda tentativa de responder à condição feminina à margem d’Ele, ou colocando a ideologia no lugar da Redenção, termina inevitavelmente por gerar novas injustiças, ainda que se apresente sob o discurso sedutor de libertação.  Isso não significa negar que existam pontos de contato entre certas reivindicações modernas e verdades já proclamadas pelas Sagradas Escrituras. 


A própria Bíblia reconhece, sem romantizações, nem de forma ideológica, que as mulheres foram frequentemente vítimas de injustiças ao longo da história humana. Contudo, a Revelação é clara ao identificar a origem desse drama: não se trata de um suposto “sistema patriarcal” criado por Deus, mas da entrada do pecado no mundo, que feriu a harmonia original entre o homem e a mulher (cf. Gn 3,16). 




O conflito entre os sexos é consequência da Queda, não do plano divino, nem muito menos de homens que se reuniram ao redor de uma fogueira e decidiram que tinham que oprimir as mulheres! 




Desde o princípio, Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e confiou a ambos a mesma missão: dominar a terra, cultivá-la e glorificar o Criador (cf. Gn 1,27–28). Embora distintos no corpo e na vocação, homem e mulher participam de igual dignidade ontológica. A Escritura não sugere qualquer inferioridade feminina no que se refere à inteligência, à capacidade moral ou à responsabilidade diante de Deus. 




Eva foi criada não como assistente subordinada, mas como “auxílio que lhe correspondesse” (Gn 2,18), isto é, como semelhante em dignidade e complementar na missão — algo que nenhum animal poderia ser.  O pecado, porém, introduziu distorções profundas: abuso de poder, dominação injusta, exploração e desprezo, inclusive contra as mulheres. A Bíblia não esconde essas feridas da história humana, mas também não as legitima como norma moral. Pelo contrário, mesmo no Antigo Testamento, Deus estabeleceu leis que visavam limitar a violência e proteger os mais vulneráveis — viúvas, órfãos, estrangeiros e mulheres — agindo pedagogicamente dentro de uma realidade marcada pelo pecado, sem jamais imputar essas práticas como ideais (cf. Pr 31,8–9).  



É no Novo Testamento que essa restauração chega ao seu ponto mais alto! 



A atitude de Jesus em relação às mulheres é verdadeiramente revolucionária — não no sentido ideológico moderno, mas no sentido evangélico: Ele devolve à mulher sua dignidade original. Enquanto muitos mestres de sua época recusavam-se até a instruí-las nas Escrituras, Cristo dialoga com mulheres, revela-lhes verdades profundas, acolhe-as como discípulas, permite que sustentem seu ministério e confia a elas missões decisivas, como o anúncio da Ressurreição. Em Cristo, a dignidade humana é reafirmada sem dissolver as diferenças, mas elevando-as pela graça (cf. Gl 3,26–28).  A Sagrada Escritura, portanto, apresenta uma extraordinária diversidade de mulheres — esposas, mães, viúvas, consagradas, líderes, pobres e ricas — todas igualmente criadas à imagem de Deus, chamadas à santidade segundo sua vocação própria. 




A Igreja sempre reconheceu essa verdade e a desenvolveu ao longo dos séculos, culminando em reflexões magisteriais como a Mulieris Dignitatem, de São João Paulo II.  




Por isso, ainda que algumas reivindicações do feminismo moderno coincidentemente toquem em verdades bíblicas — como o respeito, a dignidade e a rejeição da violência —, tais princípios não lhe pertencem por origem. Eles são cristãos antes de serem modernos. Separados de sua raiz transcendente, tornam-se frágeis, contraditórios e facilmente manipuláveis pela ideologia.  A dignidade da mulher não precisa ser “concedida” por movimentos políticos, nem garantida por slogans. Ela está inscrita na própria criação e é plenamente restaurada em Cristo. Tudo o que coincide com essa verdade é verdadeiro; tudo o que a contradiz, ainda que se apresente como progresso, não liberta — apenas substitui uma injustiça por outra.





Qual foi o impacto do feminismo?






O feminismo exerceu — e continua exercendo — um impacto profundo na sociedade moderna. Como todo fenômeno histórico amplo, seus efeitos não foram uniformes nem exclusivamente positivos. Houve avanços legítimos no reconhecimento social e jurídico da mulher, mas também desvios graves que, longe de libertá-la, acabaram por ferir sua dignidade e desestabilizar a própria ordem social.  



É inegável que, em muitas sociedades do passado recente, a mulher foi tratada como incapaz de conduzir sua própria vida fora do âmbito doméstico. Seu papel era frequentemente reduzido ao lar, não como vocação reconhecida e protegida, mas como imposição social. Ora, embora a Igreja sempre tenha exaltado a grandeza da maternidade e da vida doméstica — e muitas mulheres encontrem nelas sua realização —, a imposição de limites artificiais à atuação feminina jamais fez parte do ensinamento cristão. Tal visão restritiva refletia mais costumes históricos e estruturas sociais do que a doutrina da fé.  



Nesse contexto, algumas transformações ocorridas nos últimos séculos permitiram que talentos femininos florescessem em diversas áreas da vida social, científica, cultural e econômica. Hoje, uma mulher pode legitimamente escolher dedicar-se ao lar ou atuar profissionalmente fora dele; pode ser mãe de família ou seguir outros caminhos vocacionais, sem que isso implique abandono da feminilidade ou da dignidade própria de sua condição. Quando essa ampliação de possibilidades respeita a ordem moral e a natureza humana, não se opõe à visão cristã.  



Um exemplo luminoso dessa síntese harmoniosa entre vocação profissional, vida familiar e fidelidade radical ao Evangelho é Santa Gianna Beretta Molla. Médica, esposa e mãe, Gianna exerceu sua profissão com competência e profundo espírito de serviço, ao mesmo tempo em que viveu com plenitude sua vocação matrimonial e materna. Longe de ver essas dimensões como contraditórias, ela as integrou numa unidade coerente, culminando em seu testemunho heroico de amor à vida, ao aceitar o risco da própria morte para salvar a vida de sua filha ainda no ventre. 








Santa Gianna representa, de modo concreto, aquilo que a ideologia moderna insiste em negar: 




Que a realização plena da mulher não exige a negação da maternidade, mas pode encontrar nela sua expressão mais elevada.  



Também é fato que, sob pressão de movimentos sociais dos séculos XIX e XX, as mulheres conquistaram direitos civis importantes: 



-Como o acesso à educação em todos os níveis e a participação política. 


-O reconhecimento público da capacidade intelectual feminina, assim como o combate jurídico a crimes como o estupro e a violência doméstica, representam avanços compatíveis com a moral cristã, pois visam proteger a dignidade da pessoa humana e coibir abusos gravemente injustos.  




Contudo, a partir de determinado momento, o feminismo deixou de se orientar pelo reconhecimento da dignidade feminina para assumir um caráter ideológico e revolucionário e anti Cristão!
 


A liberalização do aborto é o exemplo mais dramático dessa inversão: apresentada como solução para dificuldades reais enfrentadas por mulheres grávidas, essa prática terminou por legitimar a eliminação do ser humano mais indefeso — o filho — e por transformar a maternidade em um problema a ser suprimido. Longe de libertar a mulher, o aborto frequentemente a isola, fragiliza e transfere sobre ela todo o peso de uma responsabilidade que deveria ser compartilhada, sobretudo pelo pai. 




O testemunho de Santa Gianna, nesse ponto, ergue-se como uma acusação silenciosa à cultura contemporânea: 



Sua liberdade não se realizou no direito de eliminar o filho e salvar a própria vida, mas no amor levado até o sacrifício!  



Mais ainda, algumas correntes feministas contemporâneas passaram a negar as próprias distinções naturais entre homem e mulher, dissolvendo as categorias que tornavam o discurso feminista inteligível. Se não existe uma identidade feminina reconhecível, se a diferença sexual é tratada como mera construção social, então o próprio fundamento do feminismo se desfaz. Em sua forma mais radical, essas correntes acabaram por abrir espaço para a legitimação de práticas moralmente desordenadas e contrárias à lei natural, frequentemente em aliança com outras ideologias libertárias modernas.  Dito isso, é preciso reconhecer que, em certas regiões do mundo, especialmente em países onde a mulher ainda é privada de direitos básicos e tratada como objeto ou propriedade, mulheres que se denominam feministas continuam atuando na defesa contra abusos evidentes. Ainda assim, mesmo nesses contextos, a solução última não reside na importação acrítica de modelos ideológicos ocidentais, mas no reconhecimento da dignidade humana universal inscrita na própria natureza e confirmada pela Revelação cristã.  



Em síntese, o feminismo teve papel histórico na melhoria de algumas condições concretas de vida das mulheres, mas não pode ser confundido com a fonte última dessa dignidade. Aquilo que nele é verdadeiro e justo não lhe pertence por origem: deriva da lei natural e do patrimônio moral cristão que moldou a civilização ocidental. 



Quando se afasta dessas raízes, o feminismo deixa de promover a mulher e passa a comprometer sua verdadeira liberdade e felicidade — enquanto o testemunho de santas como Gianna Beretta Molla permanece como sinal perene de que a plenitude feminina se encontra, não na negação da vida, mas na sua doação.




Feminismo significa odiar homens?






Não necessariamente em algumas de suas correntes. Identificar o feminismo, de forma automática, como ódio aos homens é uma simplificação que não ajuda a compreender a complexidade do fenômeno nem a responder cristãmente aos seus desafios. 




É verdade que algumas correntes feministas — sobretudo as mais radicalizadas — adotaram uma postura abertamente hostil ao masculino, alimentadas muitas vezes por experiências pessoais dolorosas ou por uma leitura ideológica da história baseada na luta entre opressores e oprimidos. Contudo, isso não permite definir todo o movimento de maneira homogênea.  Muitas mulheres que se identificam como feministas afirmam preocupar-se não apenas com o bem-estar feminino, mas com a dignidade da pessoa humana em geral, incluindo também os homens. 


Defender a valorização da mulher não implica, em si mesma, a submissão ou desumanização do homem. A ideia de “dar voz” às mulheres não precisa significar a supressão da voz masculina, mas o desejo de evitar abusos, injustiças e desequilíbrios nas relações sociais.  




Entretanto, do ponto de vista católico, é necessário fazer uma distinção essencial
 


Sempre que o feminismo — ou qualquer outro movimento — deixa de buscar a justiça para adotar a lógica da rivalidade, do ressentimento ou da inversão de papéis, ele se afasta da verdade sobre o homem e a mulher. A visão cristã não se fundamenta na oposição entre os sexos, mas na complementaridade querida por Deus, na qual homem e mulher são chamados a viver em comunhão, respeito mútuo e doação recíproca.  A proposta cristã não é a de uma “igualdade” entendida como uniformização ou disputa de poder, mas de igual dignidade ontológica com diversidade de vocações. 



Quando se perde essa referência, até mesmo causas legítimas podem degenerar em novas formas de injustiça. Não é por acaso que algumas correntes contemporâneas passaram a reconhecer problemas tipicamente masculinos — como o abandono paterno, o suicídio, a solidão e o abuso emocional — embora muitas vezes sem compreender suas raízes mais profundas.  



Para o Cristianismo, a superação das injustiças não ocorre pela troca de lugares entre opressor e oprimido, mas pela conversão do coração. Homens e mulheres não são inimigos naturais, mas colaboradores chamados a cuidar uns dos outros segundo a ordem do amor. Como ensina São Paulo, “não devais nada a ninguém, a não ser o amor” (Rm 13,8). 



É esse amor — e não a militância movida por ressentimento — que constitui o critério decisivo para qualquer ação verdadeiramente justa.  Em suma, o ódio entre os sexos jamais pode ser apresentado como libertação. Toda proposta que estimule antagonismo permanente entre homens e mulheres se opõe à visão cristã da pessoa humana. A verdadeira promoção da mulher — assim como do homem — passa necessariamente por uma cultura de reconciliação, responsabilidade compartilhada e caridade, única via capaz de curar as feridas deixadas pelo pecado e restaurar a harmonia originalmente querida por Deus.





POR UM FEMINISMO AUTENTICAMENTE CRISTÃO!

 




Por Mons. Dominique Le Tourneau – Paris






A tarefa que aguarda a Igreja, e o mundo inteiro, no terceiro milénio da Redenção é confiada por João Paulo II à intercessão de Maria, chamada a ser para os cristãos «a Estrela que lhes guia os passos ao encontro do Senhor»1. Maria é «a Estrela da evangelização» que deve guiar os jovens para que eles percorram «as etapas da história como testemunhas maduras e convincentes»2. É para uma mulher que a Igreja se volta continuamente. Para a Mulher, por excelência, a única criatura humana que não foi manchada pelo pecado original, por virtude da escolha que Deus dela fizera para ser a Mãe de seu Filho, nosso Redentor. A Mãe, sem a qual os cristãos não seriam nada, porque Ela nos gerou verdadeiramente para a vida sobrenatural e também, porque Deus a constituiu Medianeira de todas as graças, por ela ter sido a medianeira da graça maior, ou seja, pelo seu sim, trouxe até nós o próprio autor da graça em seu útero, tornando-se assim a forma dei, a forma de Deus para gerar outros Cristos. Nenhum feminismo vai tão longe. Nenhum feminismo pode sequer imaginar tal radicalismo. O que faz com que a Igreja católica seja o arquétipo dum salutar feminismo, desprovido de toda a reivindicação mesquinha e totalmente orientado para a finalidade última do homem, que consiste em reconhecer e amar a Deus, em servi-l'O e glorificá-l'O pelos séculos sem fim. Maria é chamada com toda a propriedade a cheia de graça (Lc 1, 28) e Mãe de Deus 3. «A plenitude de graça, concedida à Virgem de Nazaré, em previsão de que viria a ser a Theotókos, significa, ao mesmo tempo, a plenitude da perfeição daquilo 'que é característico da mulher', daquilo 'que é feminino'» 4.






Igualdade e complementaridade





Eis por que, podemos com toda a razão falar de «feminismo cristão». De certo modo, ele recebeu os seus títulos de nobreza com a exortação apostólica Mulieris dignitatem de João Paulo II.Mas tal feminismo não é de hoje. Para ser honesto, é preciso mesmo reconhecer que ele remonta no tempo tão longe como a Criação. Com efeito, desde a origem da humanidade, «Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus: criou-os homem e mulher» (Gen 1, 27), de modo que um e outro possuem igual dignidade diante de Deus: na óptica católica, a mulher não é inferior ao homem nem menos chamada à santidade do que ele.Foram criados «em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher» 5. A mulher possui, com o mesmo título que o homem e no mesmo grau, a natureza de ser racional e livre. Foi a um e a outro que Deus atribuiu a missão de submeter a terra (cf. Gen 1, 28) e de trabalhar (cf. Gen 2, 15).Além disso, a criatura humana é a única na terra que Deus «quis por si mesma» 6. É também isso a causa da dignidade da mulher e do homem, seres que têm relações pessoais com Deus (cf. Gen 3, 9-10). É o mesmo que dizer que a mulher não toma do homem a sua dignidade, nem a recebe do homem nem de uma eventual sujeição a ele: ela possui-a em si mesma, pela sua natureza humana, diretamente de Deus, igualmente como o homem.Quem se abstrai deste relato da criação vê-se na impossibilidade de penetrar o profundo sentido da personalidade da mulher, do que é a sua feminilidade e do papel que ela é chamada a desempenhar na economia da Redenção, e portanto, na vida da humanidade. A vocação da mulher não é uma vocação para a dependência mas para a alteridade, a complementaridade, na igualdade da natureza. 



A pessoa-homem e a pessoa-mulher não podem realizar-se senão por um dom desinteressado de si, porque ser pessoa «significa tender à sua própria realização», explica João Paulo II. Ele precisa que «o modelo de tal interpretação da pessoa é Deus mesmo como Trindade, como comunhão de Pessoas. Dizer que o homem é criado à imagem e semelhança deste Deus quer dizer também que o homem é chamado a existir para os outros, a tornar-se um dom». E isto diz respeito a todo o ser humano, «seja homem, seja mulher, que o realizam na peculiaridade própria a cada um» (MD 7), «não sendo certamente os recursos pessoais da feminilidade menores que os recursos da masculinidade, mas diversos» (MD 10).



Uma sã exaltação do papel da mulher leva a reconhecer que ela é chamada «a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade.A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida» 7.



Na descrição do Génesis, a mulher «é colocada como um outro eu» (MD 6) na humanidade comum ao homem e à mulher. Chamados a não serem senão «uma só carne» (Gen 2, 24), eles reproduzem entre si de certa maneira a unidade na distinção que existe no seio da Santíssima Trindade.Esta unidade entre os dois, «que corresponde à dignidade da imagem e da semelhança de Deus em ambos» (MD 10), está ameaçada pelas consequências do pecado original. «Sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele dominar-te-á» (Gen 3, 16) marca uma constante ameaça de ruptura da unidade, ameaça «mais grave para a mulher» na medida em que o «domínio» se opõe radicalmente ao dom de si desinteressado característico da pessoa. Este domínio «indica a perturbação e a perda fundamental, que na 'unidade dos dois' possuem o homem e a mulher» (MD 10).Esta alteração da dignidade natural da mulher afecta também o homem: desvalorizando a mulher, o homem desvaloriza-se a si mesmo, pois rompe a igualdade, «que é conjuntamente dom e direito que derivam do próprio Deus Criador» (MD 10).




A mulher não poderia reencontrar-se plenamente procurando «imitar o homem», querendo «apropriar-se das características masculinas, em detrimento da sua própria 'originalidade' feminina». Se ela cedesse a essa tentação, há razão para pensar que, longe de se realizar, a mulher «poderia, pelo contrário, deformar e perder aquilo que constitui a sua riqueza essencial» (MD 10). «Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher, não devem significar uma pretensão de igualdade – de uniformidade – com o homem, uma imitação do modo de agir varonil. Isso não seria uma aquisição, seria uma perda para a mulher, não porque ela seja mais ou menos que o homem, mas porque é diferente» 8.





A maternidade como dom!












Uma dessas diferenças essenciais, sobre a qual o Santo Padre se pronuncia longamente, é evidentemente a maternidade. É, no entanto, uma dimensão da feminilidade febrilmente combatida por certos grupos de pressão que se manifestaram ruidosamente na Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher, que teve lugar em Pequim em 1996, e que tiveram um apoio inesperado junto da União Europeia. O documento final não menciona a palavra «mãe» senão apenas quinze vezes, treze de forma negativa, duas de forma neutra e uma única de modo positivo em relação à maternidade. Esta única menção bastou para bloquear os debates durante dois dias, recusando a União Europeia que o modelo da maternidade seja proposto às jovens como uma das funções que elas podem ser levadas a assegurar na sociedade.Os países africanos, onde a maternidade é uma honra, declararam que, se os países europeus tinham problemas com as mães, era um problema regional, mas que não devia impor-se ao resto do mundo.Aliás, é interessante notar a afirmação seguinte, proferida nos trabalhos preparatórios da Conferência das Nações Unidas sobre a população: «Para serem eficazes a longo prazo, os programas do planning familiar não deveriam visar somente reduzir a fertilidade a partir das funções existentes dos dois sexos, mas antes visar mudar estas funções para reduzir a fertilidade». As paradas são de monta. É, portanto, importante lembrar o que constitui a dignidade e a especificidade da mulher. 



A maternidade, escreve João Paulo II, é «o fruto da união matrimonial entre um homem e uma mulher» (MD 18). Ela não é um simples processo fisiológico, mas faz intervir o ser da mulher na sua mais profunda intimidade e corresponde à estrutura psico-física da feminilidade. Ora, faz ainda ressaltar o Pontífice Romano, se o homem e a mulher, o pai e a mãe, são ambos os pais do novo ser humano, da nova pessoa, ao qual eles contribuíram para dar a vida, «a maternidade da mulher constitui uma 'parte', aliás a mais empenhativa, deste comum ser progenitores» (MD 18). 



Por este facto, o homem contrai «especial responsabilidade para com a mulher»: é sujeito de obrigações especiais para com a sua esposa. Eis porque «nenhum programa de 'paridade de direitos' das mulheres e dos homens é válido, se não se tiver isto presente de modo verdadeiramente essencial» (MD 18).





Deus confiou o homem à mulher!





Uma das missões da mulher é humanizar o homem. Ao relato da criação da mulher, «não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele» (Gen 2, 18), o Papa faz o seguinte comentário: «Deus Criador confiou o homem à mulher! Sem dúvida, o homem foi confiado a cada homem, mas de modo particular à mulher, porque precisamente a mulher parece possuir, graças à experiência especial da sua maternidade, uma sensibilidade específica para com o homem e para com tudo o que constitui o seu verdadeiro bem, a começar pelo valor fundamental da vida». E o Santo Padre exclama: «Como são grandes as possibilidades e as responsabilidades da mulher neste campo, numa época em que o progresso da ciência e da técnica nem sempre é inspirado e pautado pela verdadeira Sabedoria, com o risco inevitável de 'desumanizar' a vida humana, sobretudo quando ela exige um amor mais intenso e um acolhimento mais generoso!» 9.




A doutrina da Igreja católica reclama em alto e bom som, que cessem as discriminações contra a mulher e se milite com constância contra a mentalidade que não vê nela senão «um objeto de compra-venda, ao serviço do interesse egoísta e exclusivo do prazer» 10.Fá-lo com tanto mais ardor quanto, para ela, «na hierarquia da santidade, está precisamemte a 'mulher', Maria de Nazaré, que é 'figura' da Igreja. Ela 'precede' a todos no caminho rumo à santidade; na sua pessoa 'a Igreja já atingiu a perfeição, pela qual existe sem mácula e sem ruga'» (MD 27). É em Maria e por Maria que o ser humano – todo o ser humano – tem acesso a Deus e, por Ele, à santidade, quer dizer, pode realizar-se em plenitude.




CONCLUSÃO




Portanto, reduzir o debate sobre feminismo a uma simples acusação de ódio aos homens é insuficiente e, muitas vezes, enganoso. Ao mesmo tempo, ignorar que algumas correntes feministas adotaram uma lógica de antagonismo permanente entre os sexos seria igualmente ingênuo. 




A fé cristã oferece um critério mais alto e mais verdadeiro para esse discernimento: a caridade enraizada na verdade sobre o homem e a mulher.  A solução para as injustiças que ferem mulheres e homens não está na substituição de uma dominação por outra, nem na disputa por poder, mas na restauração da comunhão rompida pelo pecado. Quando se abandona a complementaridade querida por Deus e se adota a lógica da rivalidade, perde-se não apenas a dignidade do outro, mas também a própria humanidade.  


À luz do Evangelho, toda proposta que fomente ressentimento, desprezo ou divisão entre homens e mulheres deve ser rejeitada, ainda que se apresente com linguagem de justiça. A autêntica promoção da dignidade humana passa pelo reconhecimento mútuo, pela responsabilidade compartilhada e pelo amor que busca o bem do outro.  Em última instância, não é o ódio que cura as feridas da história, mas a conversão dos corações. Somente quando homens e mulheres se reconhecem como irmãos, chamados a cooperar entre si segundo a vontade de Deus, é que se torna possível construir uma sociedade mais justa, verdadeiramente humana e conforme o desígnio do Criador.






REFERÊNCIAS






1 JOÃO PAULO II, Carta apostólica Tertio millenio ineunte, 10 de Novembro de 1994, n. 59.

2 JOÃO PAULO II, Mensagem para a Jornada mundial da Juventude de Agosto de 1997, 26 de Novembro de 1995, n. 8.

3 Cf. CONCÍLIO DE ÉFESO, do ano 431.

4 JOÃO PAULO II, Exortação apostólica Mulieris dignitatem, 15 de Agosto de 1988, n. 5 (MD).


6 CONCÍLIO VATICANO II, Const. past. Gaudium et spes, n. 24.

7 Temas actuais do Cristianismo, entrevistas com o Fundador do Opus Dei, Mons. Josemaría Escrivá, 3.ª ediçãp, Lisboa 1984, n. 87.

8 Ibidem.

9 JOÃO PAULO II, Exort. Apost. Christifideles laici, 30 de Dezembro de1988, n. 51.

10 JOÃO PAULO II, Exort. Apost. Familiaris consortio, 22 de Novembro de 1981, n. 24.





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Anônimo
6 de dezembro de 2025 às 18:55

Concordo!

"Reduzir o debate sobre feminismo a uma simples acusação de ódio aos homens é insuficiente e, muitas vezes, enganoso. Ao mesmo tempo, ignorar que algumas correntes feministas adotaram uma lógica de antagonismo permanente entre os sexos seria igualmente ingênuo. A fé cristã oferece um critério mais alto e mais verdadeiro para esse discernimento: a caridade enraizada na verdade sobre o homem e a mulher. A solução para as injustiças que ferem mulheres e homens não está na substituição de uma dominação por outra, nem na disputa por poder, mas na restauração da comunhão rompida pelo pecado. Quando se abandona a complementaridade querida por Deus e se adota a lógica da rivalidade, perde-se não apenas a dignidade do outro, mas também a própria humanidade."

Edvaldo Barbosa

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