II Tessa 2,15: “Sendo assim, irmãos, permanecei firmes e conservai as
tradições que vos foram ensinadas...”
As tradições familiares podem ser encaradas como
mera repetição ou entendidas em suas nuances de carinho e vontade de passar um
ensinamento às próximas gerações!
Em
um mundo em que cada vez mais somos escravos do tempo e somos convidados ao
mais restrito individualismo, parece mais difícil ir ao encontro do outro,
ouvir com interesse as suas histórias, sentar para compartilhar uma refeição.
Pense nos ritos e costumes de suas origens. Quantos deles são carregados de
significado para você? Quantos desses bons significados você conseguiu
apreender e vivenciar? Sim, porque podemos simplesmente perder a chance de
captar o instante, perder a riqueza por trás do gesto. Mais que assar o peru de
natal porque é assim que tem que ser, importa o amor que se imprime na ação de
escolher o alimento que possa alimentar a mais pessoas que me são caras, pensar
no sabor que possa gerar mais satisfação, preparar a mesa para receber. A
beleza que antecede e acompanha o gesto vale mais do que o vinho ter vindo do
sul ou do norte da França, ou quão nova é a decoração da sala de estar, quanto
se gastou nos enfeites da árvore de natal. Talvez o vinho seja daqueles
comprados em mercearia, mas a conversa é tão agradável que um copo de água já
seria o suficiente para um simples "molhar a palavra", como dizem
alguns. A acolhida pode ser tão aconchegante que ninguém se importará em ver
alguns arranhões no canto do sofá feitos pelas crianças ou pelos gatos e
cachorros. A intenção de tornar a casa agradável é mais significativa do que
onde, a quantidade e de que maneira se dispôs os enfeites.
Quem sabe até como sugestão
aqui, não seria mais pessoal e acolhedor preparar os próprios enfeites deixando
a marca registrada de cada um? Devemos valorizar mais a afeição que embrulha
cada gesto que ganhamos de presente ao longo da caminhada. Precisamos
reconhecer cada elemento que faz das pessoas que convivem e passam pela nossa
vida serem especiais, principalmente se são nossos familiares, não podemos
deixar a indiferença reinar em nossos lares.Mais agradável é a alegria de
reunir, mais belo é o ato de receber com carinho, mais amoroso é aceitar o
outro como ele é do que os enfeites e uma tradição feita sem nenhum sentido.Sem
esse legado, dá-se a liqüidação da memória familiar, extingue-se a cada geração
uma família; e os filhos aceitarão como normal aquilo que os pais tratam com
indiferença.
Vemos hoje a "agonia"
das tradições familiares em nosso tempo, resultando entre outros fatores em
leis contra a família, promovendo a desagregação familiar e toda uma rebeldia
por parte dos frutos destas famílias destruídas atingindo jovens e crianças por
esta contra cultura nociva a manutenção dos bons valores familiares, e
provocando problemas psicológicos nos filhos de todas as classes sociais. A solução apresentada por peritos, conselheiros familiares, e pela
própria Igreja mater e magistra, perita em humanidade, é no sentido de se
evitar a elaboração de leis contrárias à instituição da família, bem como a formação
de um movimento de opinião pública em imbuir nas almas dos filhos as boas tradições
familiares, pois, enquanto estas perdurarem, esses atos legislativos
encontrarão uma sã resistência.
Neste sentido duas tarefas se tornam evidentes:
1)- A primeira tarefa
neste sentido é conceder aos pais de família a liberdade de reconstituir um
patrimônio equilibrado e sadio de bem de família transmissível de geração em
geração, é apenas a metade da tarefa a executar, para cobrir novamente o solo
da humanidade com esta célula mater, com verdadeiras famílias, no sentido
próprio da palavra.
2)- A segunda tarefa é
fazer renascer nelas as boas tradições!
Com relação a
primeira, está ao nosso alcance indiretamente, através dos nossos legisladores,
portanto é necessário eleger pessoas que defendam a família e seus valores. A segunda tarefa pode
e deve ser a obra de cada um na sua própria casa. Só se pode esperar a abolição
das leis revolucionárias a partir de um grande movimento de opinião. Mas o que
cada um pode fazer é reavivar junto a si o espírito de família. Assim, fará aos
seus o maior bem possível, e ao mesmo tempo prepara a renovação da sociedade. Porque é necessário
que haja boas e sadias tradições sustentando as leis, para que elas tenham a
força que o assentimento do coração lhes proporciona; da mesma forma que é
necessária a educação familiar para sustentar as tradições, mantê-las e fazer
com que elas se tornem o princípio dos costumes, sem os quais as boas leis não
são nada, e contra os quais as leis más nada podem.
Transmissão
das boas "tradições de família" COMEÇA EM CASA!
(respeito e boas maneiras se aprende em casa, ou seja, na família)
Transmissão
das boas "tradições de família" - De onde vem essa impassibilidade? (a ausência de reação às más leis e maus
costumes que destroem a família e valores sociais)?
Do fato de não haver
mais nos espíritos idéias firmes, princípios solidamente estabelecidos nas
almas, e sim idéias vagas,relativistas e flutuantes, incapazes de colocar
energia nos corações. E por que as idéias, em nossos dias, flutuam assim?
Porque as idéias-mães, as idéias-princípios não foram impressas na alma das
crianças e dos jovens por pais nos quais elas haviam sido inculcadas pelos
ensinamentos dos avós, por sua vez imbuídos dessas verdades pelos ancestrais.
Em uma palavra, porque não há mais tradições nas famílias.Havia antigamente uma
idéia de modo geral disseminada, quase religiosa, associada à expressão
´tradições de família´, entendida no seu melhor significado, enquanto
designando a herança das verdades e das virtudes, no seio das quais se formaram
as características que fizeram a duração e a grandeza da Casa.Hoje em dia essa
expressão não diz nada às novas gerações. Estas surgem num dia para desaparecer
no seguinte, sem haver recebido, e sem deixar depois delas, aquela fonte de
lembranças e afeições, de princípios e de bons costumes (tipo: simples como pedir a
benção, tratar os pais por Sr e Senhora, respeito e cuidado com os mais velhos,
respeito às autoridades: Poiciais, professores, etc) que antes eram
transmitidos de pais para filhos e colocavam as famílias que lhes eram fiéis
acima das que os desprezavam. Toda família que tem tradições deve-as, de modo
geral, a um dos seus ancestrais, no qual o sentimento do bem foi mais forte que
no comum dos homens, e ao qual a sabedoria e a vontade foram dadas para as
inculcar nos seus.
Deus nos fala em Num. 6, 23-27: “Eis como abençoareis os filhos de Israel: O Senhor te abençoe e te
guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te a sua graça! O Senhor volva
o seu rosto para ti e te dê a paz! E assim invocarão o meu NOME sobre os filhos
de Israel e eu os abençoarei.” Quando Deus nos fala “Israel”,
quer dizer todo o seu povo e nós somos o seu povo e a sua Igreja. O que
percebemos hoje em dia é que a benção deste modo, bíblico, se faz presente na
benção do padre na Santa Missa e que caiu em desuso no modo mais simples no
nosso cotidiano. Porém, algumas famílias mais
tradicionais mantêm o costume, seus filhos pedem a benção ao chegar e ao sair
de casa, como se fosse uma saudação. O costume de pedir a benção
veio de Israel, da tradição judaica, passou pela Europa até chegar a nós, na
maneira simplificada de “Deus te abençoe!”.
No entanto, seu significado vai além de uma saudação corriqueira. É uma unidade
espiritual, tem seu peso na vida familiar. Para quem tem o costume de pedir
a benção, sair de casa sem a benção parece estranho, parece que falta algo que
seria a segurança ou o sucesso em suas atividades diárias. A bíblia está
repleta de passagens que falam sobre a importância da benção, elas indicam que
Deus dá aos pais grande importância à vida dos filhos. Pois, os pais cooperam na
criação dos filhos, dessa forma são canais da graça de Deus. Em Deut. 5,16, o
quarto mandamento de Deus é o primeiro que vem acompanhado de uma promessa.
Observe: “Honra teu pai e tua mãe, como te mandou o Senhor, para que
se prolonguem teus dias e prospere na terra que te deu o Senhor teu Deus”.Se
você é pai ou mãe ensine seus filhos a pedir a benção e ser abençoado por vocês
dizendo: “Deus te abençoe meu filho”.E se você ainda tem os seus
pais, não perca a oportunidade de pedir-lhes a benção e beijar-lhes as
mãos todos os dias!
Progresso ou regresso moral?
(jovens destruindo imagens religiosas por puro vandalismo)
"A verdade é um bem" –
diz Aristóteles – e uma família na qual os homens virtuosos se sucedem é uma
família de homens de bem. Esta sucessão de virtudes tem lugar quando a família
remonta a uma origem boa e honesta, pois é próprio a um princípio que ele
produza muitas coisas semelhantes a si mesmo. De algum modo, é a sua obra de
formar seu semelhante. Portanto, quando existe numa família um homem tão unido
ao bem que sua bondade se comunica aos seus descendentes durante muitas
gerações, daí decorre necessariamente uma família virtuosa.Todo homem que
queira formar uma ´família virtuosa´ deve persuadir-se desde logo de que seu
dever não se limita como quis Rousseau, a prover às necessidades físicas do seu
filho enquanto ele não tenha condições de provê-las por si mesmo. Ele lhe deve
a educação intelectual, moral e religiosa. O animal tem a força necessária para
atender às necessidades corporais da prole, e isto lhe basta. Mas a criança,
ser moral, tem muitas outras necessidades, e é por isso que Deus deu ao pai de
família a autoridade para instruir a vontade dos seus filhos e fazê-los entrar,
manter-se e progredir na via do bem, coisa que não deve ser terceirizada a ninguém,
ou seja, nem a escola e nem ao estado, que deve apenas favorecer e não
substituir este papel e responsabilidade dos pais. Essa autoridade, Deus a quis
permanente, porque o progresso moral é obra de toda a vida. Segundo as
intenções da Providência, o progresso deve se desenvolver e crescer com a
idade, e por isso é necessário que a família humana não se extinga a cada
geração. O vínculo familiar deve subsistir entre mortos e vivos, enlaçar umas
às outras todas as filiações de uma mesma descendência, mantendo-se assim
durante séculos nas gerações vindouras.
O pensamento do homem
de bem não deve limitar-se aos seus próprios filhos. Deve ir além, para as
gerações que se seguirão, e fazer com que aquilo que é virtude se torne
tradição entre eles. Para isso o livro da sua família pode contribuir
grandemente. Iniciar esse livro, ordenar ao primogênito que o continue e
transmita essa ordem ao seu próprio filho, é o meio mais fácil e mais seguro de
se introduzir numa família as tradições perenes e saudáveis. Pode-se adotar sem
impor claro, mas propondo se estabelecer vínculos [casamentos, e amizades por
exemplo] com famílias em que reinem as virtudes que se deseja transmitir aos
próprios filhos e gerações posteriores.
Algumas Tradições Familiares que você precisa e pode com o auxílio da graça de Deus ter em seu lar:
Nada como ter nossa
própria família, nossa casa e uma vida que conquistamos com muito custo e
esforço. As crianças começam a crescer, e tentamos repetir com elas as boas tradições
que tivemos em nossa infância. Como cônjuges, nossas histórias são diferentes,
então, nada melhor do que implantar algumas das muitas tradições que foram
benéficas e criar claro as nossas próprias boas tradições.Há tradições que
passam de pais para filhos e muitas de nossas memórias trazem boas recordações.
Não queremos que nossos filhos cresçam num mundo frio e fiquem à mercê do que o
mundo oferece. Unir nossa família de forma que nossa casa seja o refúgio de um
mundo conturbado e solitário, um local onde as crianças e adolescentes queiram
sempre voltar, sintam-se à vontade e seguros, é primordial para a manutenção e
criação das melhores tradições que levarão consigo para a vida e gerações
posteriores.
A
título de sugestão, pois o Espirito Santo é criativo, seguem algumas práticas
de boas tradições que podemos fazer diariamente, semanalmente, mensalmente,
anualmente e em datas especiais:
(tradição da oração em família)
1.Rezar juntos antes das refeições e antes
de dormir.
2.Ter ao menos uma refeição ao dia juntos.
3.Contar histórias para as crianças
dormirem.
4.Dividir as responsabilidades de casa, onde
até os pequenos possam ajudar.
1)- Fazer sempre que
possível e de forma simples, um LAZER (Koinonia) familiar que consiste de
reunir a família uma vez por semana para sentarem todos juntos e partilhares
sobre como foi a semana, (Graças e desafios), e os planos de cada um para a
semana seguinte. Pode-se jogar jogos familiares, fazer pratos e sobremesas
especiais, assistir um filme, praia, shopping, parque, clube, praia, ou outras
atividades juntos.
2)- Reunir-se para
rezar o terço, ou fazer uma oração comunitária de gratidão e reconciliação
familiar (Beraká).
3)- Tirar uma tarde
de domingo para visitar os parentes e amigos e parentes. Se ainda possuem pais e avós, nada
como irem juntos visitá-los.
4)- Tirar um dia ou
uma tarde para passear com os filhos, levá-los ao parque, ou dar uma volta de
carro e comer algo juntos.
Sentar-se com o
cônjuge e verificar o orçamento familiar. Listar os gastos e as necessidades
deles e dos filhos. Isso aproxima o casal, compartilha colaboração entre os
membros da família e pede compreensão e colaboração de todos!
1)- Comemorar os aniversariantes
da casa, todos juntos. Cada um pode fazer um cartão, uma decoração, um bolo com
as frutas e cores favoritas da pessoa. Tirem fotos uns dos outros, fotos juntos
de família, e comparem o crescimento dos filhos e da família através dos anos.
2)- Fazer uma viagem
para um local divertido e fora de sua cidade.
3)- Comemorar o final
de ano e ler a história da natividade na bíblia nos dias anteriores traz mais
significado ao Natal. Se a família é cristã, pode-se fazer uma pequena festa de
aniversário para Jesus Cristo e a ceia de Natal.
4)- Visitar um asilo em
família no dia das mães e pais levando flores ou pequenas sobremesas e
lembrancinhas. As crianças nunca esquecerão destes momentos!!!
Com a prática e
manutenção destas boas tradições, geraremos filhos, famílias e uma sociedade
mais sadia, pois só haverá mundo novo se houver famílias novas. A vida, bem
como as boas e más experiências com o auxílio da graça de Deus se encarregará
de conduzir a nós e nossos filhos. Criar sadias e valorosas tradições entre família é mais que
dar-lhes a segurança de um porto seguro, é um ato de amor. E por fim lembre-se sempre: Educar
dar trabalho, se você não está tendo trabalho é porque não está educando
corretamente e deixar a coisa correr solta. Pais não desanimemos nesta
árdua e honrosa tarefa de pastorear este pequeno rebanho que Deus nos confiou,
confiemos em sua promessa:
-Mgr Henri Delassus,
L'Esprit Familial dans la Maison, dans la Cité et dans l'État, Société
Saint-Augustin, Desclée, De Brouwer, Lille, 1910.
-Exortação “Amoris laetitia”: A alegria do amor na família - Papa Francisco - 2016.
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