A mídia mundial deu grande destaque, a alguns “pedaços de declarações”
do papa Francisco e, além de truncá-los, e deturpa-los deu-lhes como de costume, a sua interpretação ideologicamente direcionada: a de que a Igreja estaria
“liberando o uso de contraceptivos”. O papa jamais disse ou insinuou isto em
suas palavras!
Vamos a verdade dos fatos - "Uma jornalista da rede
espanhola Cope fez esta pergunta" ao papa Francisco:
- "Santo Padre, já faz algumas
semanas que há muita preocupação em muitos países latino-americanos, mas também
na Europa, com o vírus zika. O risco maior seria para as gestantes, há
angústia. Algumas autoridades propuseram o aborto, ou evitar a gravidez. Neste
caso, a Igreja pode levar em consideração o conceito de “mal menor”?
O papa Francisco
respondeu com clareza: NÃO!
O Papa Francisco reafirmou a doutrina de sempre da Igreja:
“O aborto não é um “mal menor”! É
um crime! É descartar um para salvar o outro. É aquilo que a máfia faz! É um
crime. É um mal absoluto! Quanto ao “mal menor”, evitar a gravidez é. Vamos falar em termos de
conflito entre o quinto e o sexto mandamentos. Paulo VI, o grande, em uma situação difícil, na África, permitiu que as
religiosas usassem anticoncepcionais por causa dos atos de violência. Não
confundir o mal de evitar a gravidez, que é uma coisa, com o aborto! O aborto
não é um problema teológico: é um problema humano. É um problema médico. É
matar uma pessoa para salvar outra – e isso no “melhor” dos casos. Ou é por
comodismo, não é? Vai contra o Juramento de Hipócrates, que os médicos devem
fazer. É um mal em si mesmo. E não é um “mal religioso”: é um mal humano. Além
disso, evidentemente, já que é um mal humano, como todos os assassinatos ele é
condenado. Agora, evitar a gravidez não é um mal absoluto! E em certos casos,
como neste, como naquele que eu mencionei do beato Paulo VI, era claro. Eu exortaria os médicos a fazerem tudo para
encontrar as vacinas contra esses mosquitos que causam este mal: nisto sim, se
tem que trabalhar! Obrigado.”
Então, para que não haja dúvidas, a Igreja continua
afirmando que:
1. Evitar a gravidez "artificialmente" de forma ordinária é um mal
moral! Por quê?
Para entender este
conceito (que é certamente difícil para uma cultura que foi induzida a se
obcecar pelo prazer fugaz e inconsequente), é necessário ter uma visão de
conjunto sobre a sexualidade humana – à qual, naturalmente, a gravidez é
vinculada. Vamos lá: o ato sexual humano atinge a plenitude do seu significado
como expressão física do amor de doação entre um homem e uma mulher que se amam
verdadeiramente, que se entregam reciprocamente de alma e corpo, dentro de uma
relação consciente, livre e madura, selada pelo compromisso pessoal do
matrimônio indissolúvel, sacramentado por Deus. Fora do contexto
conjugal, o ato sexual é incompleto e moralmente deficiente, pois vai contra a
sua própria plenitude e perfeição. Dentro da sexualidade plena, que é
indissociável do amor conjugal, a abertura à vida é um requisito naturalmente
óbvio. Privar o ato sexual da sua dimensão geradora de vida dentro do amor
conjugal é reduzi-lo moralmente, tornando-o deficiente. É por isso que todo ato
artificial de evitar a gravidez é um “mal moral”: porque limita a plenitude da
sexualidade como dimensão inseparável do amor conjugal irrestrito e aberto ao
dom da vida.
2. Já evitar a gravidez com "métodos naturais
– ou seja, não artificiais" – é moralmente "lícito"!
Entendida a visão
harmônica e unitária da sexualidade em sua plenitude, pode-se também entender
que é
justo (e até moralmente obrigatório) que os cônjuges tomem todas as precauções
lícitas e boas para garantir o máximo bem do filho – e isto implica, em casos
específicos como o do atual surto do zika vírus, adiar os planos de gravidez.
Logo, agir responsavelmente para evitar a gravidez é moralmente bom e
recomendado, desde que os meios escolhidos sejam respeitosos da natureza do ato
sexual: é o caso, por exemplo, do método Billings ou, evidentemente, da
abstenção. Recorrer a meios artificiais, como visto acima, entra em
conflito moral com a plenitude da sexualidade: é por isso que, moralmente, os
meios artificiais para impedir a gravidez não são aceitáveis.
3.Excepcionalmente, o recurso a “métodos
artificiais”, desde que “claramente não abortivos”, pode ser tolerado como “mal
menor”.
Mas, somente em casos
muito pontuais (exceções), como diante de um risco grave e real como o do zika
vírus, que, até o momento, é apontado como causa provável de microcefalia. É
neste contexto de excepcionalidade que se encaixam as palavras do papa
Francisco – portanto, não se trata, em absoluto, de uma “liberação” da pílula,
do preservativo ou de quaisquer outros métodos artificiais de impedimento da
gestação, como parte da mídia deu a entender, levianamente.
4."Evitar" uma
futura gravidez, em qualquer caso, é completamente diferente de “eliminar” uma
gravidez já existente! Porque “gravidez já existente” significa “bebê já
existente”!
O aborto voluntário é
e continuará sendo sempre o assassinato de um ser humano em suas primeiras
fases de desenvolvimento, o extermínio de uma pessoa humana indefesa, e isto
jamais poderá ser entendido como “um mal menor” seja qual for o contexto! O aborto voluntário é sempre um
“mal absoluto”! Quando a gravidez já é um fato, por mais que não tenha
sido planejada e por mais que a gestante não deseje o filho, ela
dispõe de uma gama suficiente de alternativas moralmente lícitas, que passam
bem longe da opção de assassinar o bebê. (O aborto não é a única
solução para uma gravidez indesejada).
Um esclarecimento adicional: é muito
diferente a situação em que a gestante precisa passar por delicados e
inevitáveis procedimentos médicos em que, como consequência não procurada nem
provocada, o bebê em gestação acaba falecendo, outra coisa é "propositalmente" provocar a morte do bebê!
O polêmico caso das freiras "em situação de risco" e o Papa
Paulo VI na África:
No caso das freiras a
quem Paulo VI autorizou tomar contraceptivos, "o contexto é extremo"! “na iminência de serem
estupradas, elas receberam permissão (não
obrigação) pontifícia para tomar pílulas anticoncepcionais como meio de
exceção. O risco era não apenas possível, mas real e iminente, e de
consequências gravíssimas. Como o
estupro foge à sexualidade unitiva e procriativa, é evidente que ninguém tem a
obrigação de achar-se no risco iminente de sofrê-lo e não poder tomar
precauções excepcionais, que – neste caso sim – são um “mal menor”. E a
palavra “excepcional” aqui é chave: o recurso aos anticoncepcionais como medida de precaução não pode se
tornar uma regra, mas apenas uma exceção – por isso mesmo é que foi necessária a aprovação direta do próprio
papa naquele contexto extremo. Importante: Paulo VI também deixou bem claro que, se alguma daquelas
freiras fosse violentada e engravidasse, deveria deixar a vida religiosa, ter o
filho e assumir a maternidade. Aborto? Absolutamente não! Entre as muitas alternativas
moralmente aceitáveis, jamais está o assassinato do bebê inocente.” Quanto ao resto, é
manipulação ideológica das palavras do papa Francisco.
Fonte: Aleteia
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