"De cada qual, segundo sua
capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades, é uma frase de efeito
popularizada por Karl Marx no ano de 1875, em Crítica ao Programa de Gotha".
(indiretamente o próprio Marx defendia a Meritocracia)
Marx enfatiza o princípio de que, numa sociedade comunista, cada pessoa deveria
contribuir com o melhor de sua habilidade e consumir dela apenas a proporção do
necessário a si (apesar dele não seguir seu próprio conselho).Recentemente ouvimos falar sobre a meritocracia como um inimigo
natural da justiça social, ora todos nós sabemos que no mercado somos
recompensados pelo valor que agregamos a sociedade seja ele por esforço ou não
de um individuo, ou seja, pelo resultado que obtemos independente de sua
condição física, econômica ou intelectual etc. A meritocracia não é perfeita,
mas ela existe e talvez seja a ferramenta mais importante ainda hoje para
impedir que voltemos aos modelos populistas e paternalistas que tantos males
produzem na sociedade (Venezuela e Brasil estão ai para provar a ineficácia do
populismo paternalista).
O fato de não existir uma plena igualdade na sociedade,
não exclui o mérito desse conceito, mas apenas reduz a sua aplicabilidade! A meritocracia existe para separar os
que estão em condições iguais também, ou seja: iguais na pobreza, iguais na
mediocridade ou iguais no topo. É imperfeita exatamente por causa dessa
discrepância entre pessoas com condições socioeconômicas e intelectuais MUITO
diferentes. Caso contrário, já seríamos selecionados antes de nascer, e os
motivos seriam desde os físicos, condições econômicas dos pais, até níveis de
inteligência, e isso por si só já refutaria qualquer argumento sobre malfadada
igualdade nivelada e imposta por força de lei.
QUEM TEM
MEDO DA MERITOCRACIA? E POR QUE?
Por Caio S. Lois - Professor,
cientista social e jornalista
Meritocracia (do latim meritum, “mérito” e do sufixo grego antigo κρατία
(-cracía), “poder”) é um sistema de gestão que considera o mérito, como
aptidão, a razão principal para se atingir posição de topo. As posições
hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento e entre os
valores associados estão: educação, moral, aptidão específica para determinada
atividade. Constitui-se uma forma ou método de seleção e, num sentido mais
amplo, pode ser considerada uma ideologia ou ferramenta de apoio governativo. A meritocracia está
associada, por exemplo, ao estado burocrático, sendo a forma pela qual os
funcionários estatais são selecionados para seus postos de acordo com sua
capacidade (através de concursos, por exemplo). Ou ainda – associação mais
comum – aos exames de ingresso ou avaliação nas escolas e universidades, nos
quais não há discriminação entre os alunos quanto ao conteúdo das perguntas ou
temas propostos. Assim, meritocracia também indica posições ou colocações conseguidas
por mérito pessoal. Bem ao contrário do que se prega e do que se está em voga
nas universidades federais atualmente.
ATENÇÃO! Embora a maioria das
organizações seja apologista da meritocracia, ela não se expressa de forma pura
em nenhum lugar! Governos como de Singapura e da Finlândia utilizam
padrões meritocráticos para a escolha de autoridades, mas misturados com outros.
Um modelo de uma meritocracia é o método científico, no qual o que é
considerado como sendo verdade é justamente definido pelo mérito, ou seja, a
consistência do conteúdo em relação às observações ou a outras teorias.
O principal argumento em favor da meritocracia é que ela proporciona
maior justiça do que outros sistemas hierárquicos, uma vez que as distinções
não se dão por sexo ou raça (as chamadas cotas), nem por riqueza ou posição
social (ou conchavos políticos, apadrinhamentos de governistas, etc), entre
outros fatores biológicos ou culturais, nem mesmo em termos de discriminação
positiva. Além disso, em teoria, a meritocracia, através da competição entre os
indivíduos, estimula o aumento da produtividade e eficiência (em todas as
classes da sociedade).Embora o sufixo
“cracia” sugira um sistema de governo, há um sentido mais amplo. Em
organizações, pode ser uma forma de recompensa por esforços e reconhecimento,
geralmente associado a escolha de posições ou atribuição de funções. Entretanto
a palavra “meritocracia” é agora frequentemente usada para descrever um tipo de
sociedade onde riqueza, renda, e classe social são designados por competição,
assumindo-se que os vencedores, de fato, merecem tais vantagens.
Consequentemente, a
palavra adquiriu uma conotação de “Darwinismo Social”, e é usada para descrever
sociedades agressivamente competitivas, com grandes diferenças de renda e
riqueza, contrastadas com sociedades igualitárias. O que, em sua essência, é
exatamente o contrário do que vemos diariamente em nossas vidas, ainda mais quando
tratamentos do assunto Brasil, suas universidades públicas, seus sistemas
políticos de apadrinhamento, suas instituições público-privadas como o Banco do
Brasil, a Petrobrás. Tudo o que foi construído pelo povo é agora retirado do
povo para a permanência de governos, independente de qual, no poder. Governos e
organismos meritocráticos enfatizam talento, educação formal e competência, em
lugar de diferenças existentes, tais como classe social, etnia, ou sexo. Em uma democracia
representativa, onde o poder está, teoricamente, nas mãos dos representantes
eleitos, elementos meritocráticos incluem o uso de consultorias especializadas
para ajudar na formulação de políticas, e um serviço civil, meritocrático, para
implementa-los.
O problema perene na defesa da meritocracia é definir, exatamente, o que
cada um entende por “mérito”? Além disso, um sistema que se diga meritocrático
e não o seja na prática será um mero discurso para mascarar privilégios e
justificar indicações a cargos públicos!
Origens e História da Meritocracia
A palavra
meritocracia provavelmente apareceu pela primeira vez no livro “Rise of the
Meritocracy“, de Michael Young (1958). No livro carregava ela um conteúdo
negativo, pois a história tratava de uma sociedade futura na qual a posição
social de uma pessoa era determinada pelo QI e esforço. Young utilizou a
palavra mérito num sentido pejorativo, diferente do comum ou daquele usado
pelos defensores da meritocracia. Para estes, mérito significa aproximadamente
habilidade, inteligência e esforço. Uma crítica comumente feita à meritocracia
é a ausência de uma medida específica desses valores, e a arbitrariedade de sua
escolha. Os primeiros indícios
de um mecanismo semelhante remontam à Antiguidade, na China. Confúcio e Han Fei
são dois pensadores que propuseram um sistema próximo ao meritocrático. Também
podem ser citados Gengis Khan e Napoleão Bonaparte; cada qual utilizou no
exército e na vida política de seus estados, elementos da meritocracia.
Parafraseando o
colega Mailson Ferreira de Nóbrega que foi Ministro da Fazenda e consultor
Técnico e Chefe da Divisão de Análise de Projetos do Banco do Brasil, “O
primeiro serviço público profissional surgiu na China. A dinastia Qin (221-207
a.C.) selecionava funcionários à base de rigorosos concursos públicos, que
depois serviam também para promoções.” O que não ocorre mais nas universidades
públicas. Atualmente, para promoção, só conta o tempo de serviço, independente
se você produz cientificamente, socialmente, forma profissionais de
pós-graduação, escreve livros, organiza congressos científicos, além de
lecionar aulas para a graduação e diversas outras atividades que são da alçada
de um cientista brasileiro digno.
A dinastia Song
(960-1279) proibiu altos funcionários de se relacionarem com parentes; membros
da família real não podiam assumir cargos públicos. A dinastia Ming (1368-1644)
estabeleceu a rotatividade de cargos a cada três anos, que, atualmente, no
Brasil só ocorre nas forças armadas brasileiras. A ascensão da China muito
deveu a esse profissionalismo, que viria a ser abolido em 1905, na dinastia
Qing, em um dos momentos finais do longo declínio do país. Não me estranha que é
o que o Brasil está vivendo atualmente. No Ocidente, as
ideias de profissionalização apareceram na Revolução Francesa (1789), mas o paradigma
do serviço público moderno nasceu na Inglaterra vitoriana.Escândalos de
incompetência, fisiologismo e corrupção deram origem à comissão
Northcote-Trevelyan (1853), cujo relatório foi a base das mudanças. Entre as
distorções identificadas estava a presença de analfabetos em empregos públicos.
A comissão recomendou a criação do serviço público profissional, politicamente
neutro e escolhido por mérito. Outras propostas foram adotadas ao longo do
tempo, incluindo o estabelecimento, em 1855, de um órgão independente, ainda
existente, para supervisionar a seleção de funcionários. Os servidores ficaram
impedidos de concorrer a cargos eletivos. Dirigentes passaram a ser nomeados
com o auxílio de consultorias independentes (headhunters). Hoje, pouco mais de 100
cargos dependem de indicação política, incluídos os ministros. A recente
designação do novo presidente do Banco da Inglaterra (o banco central) foi
precedida da publicação de edital para atrair candidatos. O escolhido foi um
canadense. “Nossas origens são outras. Herdamos tradições de Portugal
patrimonialista, cujo serviço público era composto de fidalgos". Como disse
Raymundo Faoro (1925-2003), comerciantes buscavam ser funcionários para se
tornar nobres e obter benefícios pessoais. Aqui não foi diferente.
Segundo João
Francisco Lisboa (1812-1863), para quem:
“Indivíduos há que abrem mão de suas
profissões, deixam ao desamparo suas fazendas, desleixam o seu comércio, e se
plantam na capital anos inteiros à espera de um emprego público”.
Para Joaquim
Nabuco (1849-1910):
"O funcionalismo será a profissão nobre e a vocação de
todos. Tomem-se, ao acaso, vinte ou trinta brasileiros em qualquer lugar onde
se reúna a nossa sociedade mais culta: todos eles ou foram ou são,ou hão de
ser, empregados públicos; se não eles, seus filhos”!
No livro “Caráter e
Liderança” (Mameluco, 2013), Luiz Felipe D’Ávila informa que dom Pedro II
(1825-1891) defendia “a institucionalização da meritocracia no serviço
público”
Mas, o primeiro esforço de modernização esperou até 1938, quando se
criou o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp) com a função de
melhorar a máquina pública, assessorar o presidente da República e elaborar a
proposta orçamentária. Muito se evoluiu desde então, mas o vasto número de
cargos preenchidos por indicação política só aumentou.” Confesso que não
consigo compreender. Sempre entendi que o concurso público fosse avaliação de
desempenho. Avaliação para aferir quem é o melhor a ocupar a vaga no serviço
público. A Constituição de 1824, em tempo de D. Pedro I, já previa: “Todo
cidadão pode ser admitido aos cargos públicos sem outra diferença que não seja
por seus talentos ou virtudes”. Alguém pode ser contra? Aníbal Curi
era. Dizia que em concurso público só eram aprovados comunistas e japoneses. Por
isso, encheu a assembleia de comissionados. Talentos e virtudes à parte,
preferia Aníbal. De lado preferências mais exóticas, “à la Aníbal”, quase todos
são favoráveis ao concurso público, desde que não seja “camaradas” encenando
alguma proposta já eleita. É consenso. Por que não aferir o talento e a virtude
depois do concurso? Aqui termina o consenso. Uma vez aprovado em concurso, o
servidor estabelece uma relação filial com o Estado. Sabe que o talento e a
virtude, para repetir as expressões da nossa Constituição de 1824, não serão
mais avaliados. É verdade! Entrou, acabou a avaliação por mérito, agora segue a
avaliação pelos padrinhos, e quem não tem padrinho, que se ajeite para ser
inoportuno em meio de um sistema corrupto.
Entram em campo agora os defensores de um inexplicável "igualitarismo!"
Tenta explicar a
filósofa Regina Novaes, secretária da gestão petista no Distrito Federal:
“Salário de professor não é consequência de rendimento individual. Qualquer
ação que exacerbe a competitividade na escola é negativa”. Pobre mediocridade.
E para quem não compreende a palavra medíocre, deve-se levar em conta que
significa à margem do que está no centro, neste caso, a meritocracia. Premiar
pelo desempenho é discriminação, dizem outros. O que isso é meu Deus? Seria o
mesmo que eliminar o concurso para não exacerbar a competição ou discriminar os
que não conseguiram aprovação! Avaliação de desempenho de funcionários públicos
nada mais é do que aplicar a saudável lógica do concurso – avaliação de
desempenho que acontece – no decorrer da carreira!
Os funcionários públicos devem ser constantemente avaliados, e os melhores e exemplares devem ser sim premiados!
E premiados
pelo desempenho, preferencialmente em dinheiro. Supor o contrário é
desestimular o esforço individual, a vontade de realizar e – sofram
igualitaristas – as diferenças de talentos naturais. A propósito, como bem
lembrava Roberto Campos, foi precisamente Deus o responsável por distribuir de
forma não isonômica os talentos individuais. Há vários bons
exemplos aqui no Brasil. São Paulo está premiando professores com sucesso há um
bom tempo. Também o socialista Eduardo Campos. Lá em Pernambuco, a aplicação de
técnicas modernas de gestão, com a previsão de metas e prêmios para
professores, elevou a posição do Estado no ranking da educação. É o óbvio sendo praticado! Resistem apenas os ingênuos (e preguiçosos acomodados). Quem é contra a
avaliação de desempenho sustenta que os funcionários públicos devem render
apenas em função do grau de compromisso com o Estado. Existem funcionários
empenhados sem que haja qualquer sistema de avaliação? Claro que sim! Mas são
precisamente estes os desestimulados pela falta de reconhecimento, pois todos
recebem o mesmo, tudo em nome de um igualitarismo anacrônico.
A espera do velho "homem novo" do socialismo!
Na futura sociedade
comunista, dizia Kautsky (quem lembra?) “um novo tipo de homem surgirá (…) um
super-homem (…) um homem exaltado”. É pena, mas os exaltados não surgiram.
Gorbatchov (entre tantos outros) não demorou a constatar. Em tempos de Glasnost, em seu
discurso na abertura do XXVII Congresso do PCUS, reclamou da psicologia da
nivelação, afirmando que a ausência de critérios de avaliação dos funcionários
do Estado “facilitou a vida daqueles que gostavam de trabalhar sem entusiasmo”.
E ainda tem gente pré-glasnost posando de esquerdista moderno! Entendo. Os
intelectuais marxistas têm uma visão idealizada dos trabalhadores, dizia R.
Bahro (recuperei aqui na minha biblioteca seu livrinho antigo: “A alternativa
para uma crítica do socialismo real”, pela Editora Paz e Terra).E quem duvida que
assim o seja, vá a uma universidade pública! Não somente as instituições de
ensino público, seria deselegante e muito pretenciosismo centralismo, deixar de
fora todas as instituições da esfera pública e pública-privada, incluindo aí as
economias mistas, Banco do Brasil e Petrobrás, só para deixar você, amigo
leitor, de orelha em pé _ onde não se encontra dois colegas de mesmo
nível hierárquico (se é que se pode dizer isso) ou posicionamento que um
trabalhe 12 horas e outro finge que trabalha 4 horas… Você com certeza sabe
disso! Fosse dispensável a
premiação por avaliação de desempenho, a iniciativa privada teria adotado a
psicologia da nivelação, para repetir os resultados de Gorbatchov. Como é que reagiria nosso
João Paulo Lemann se fosse obrigado a tocar seus empreendimentos com os métodos
aplicados aos servidores públicos? Promovendo gerentes da AmBev apenas pelo
critério da antiguidade? É piada!
Tem uma conhecida passagem de um conto do americano Kurt
Vonnegut que precisa ser compreendida pelos filósofos da nivelação:
“Era o ano de 2081 e todos
finalmente eram iguais! Não eram iguais apenas perante Deus e a lei, eram
iguais de todas as maneiras! Ninguém era mais inteligente do que ninguém! Toda
essa igualdade era produto das emendas 211, 212 e 213 à Constituição e da
vigilância incansável dos "agentes do Ministério de nivelação e Incapacitação" do Estado”.
Mas a nossa "esquerda caviar" (que só tem na cabeça aquilo que gato enterra), grita a todos os pulmões: "Fora meritocracia! Viva a nivelação por decreto! Ou, quem sabe... Viva o demérito!"
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