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Curso Bíblico Completo e Gratuito - Apostolado Berakash

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 23 de janeiro de 2011 | 18:20




Por *Francisco José Barros Araújo 




A bíblia sagrada não caiu do céu, prontinha com capa, zíper, dividida em capítulos, versículos e já traduzida em nossa língua, ou seja, vários anos se passaram para que ela chegasse até este atual estado que a temos. Ela é a história de um povo com o seu Deus; não de qualquer povo, mas do povo de Deus, escolhido e consagrado por Ele, para ser exemplo para todos os povos. Ela nasceu no meio do povo hebreu, no tempo de Abraão, na terra de Canaã, que em seguida chamou-se terra de Israel e bem mais tarde Palestina. A palavra Bíblia provém do grego biblos e significa livros, o que bem demonstra não ser a Bíblia um único livro. Assim, quando usamos hoje a palavra “Bíblia” nos referimos a um conjunto de livros. 









Nela estão agrupados 73 livros, é uma verdadeira mini-biblioteca que destaca o a aliança e plano de salvação de Deus para com a humanidade!








(e infelizmente, também, na visão de muitos católicos)






E justamente por não ser um livro, mas um conjunto de livros, a bíblia levou bem mais de mil anos para ser escrita e tomar a forma de hoje, podemos identificar em sua gestação, que ela passou por 3 fases:




 






1)– Os acontecimentos: antes de se tornar um livro, a Bíblia foi uma realidade vivida e experimentada pelo homem. A essência da Sagrada Escritura não está nas palavras, ou especulações filosóficas de Deus, mas nos acontecimentos, na experiência, nos fatos concretos e acontecimentos salvíficos das intervenções divinas.











2)– Tradição Oral: logo depois dos Acontecimentos, entra em cena a Tradição Oral. Eles eram contados pelos pais e mães aos filhos, de geração em geração. Esse período durou cerca de 900 anos. Desta forma, o povo mantinha forte em sua lembrança as fortes experiências vividas com Deus. “Lembra-te dos dias antigos, considera os anos das gerações passadas. Interroga teu pai e ele te contará; teus anciãos e eles te dirão” (Deuteronômio 32, 7). “Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa” (2Tessalonicensess 2, 15).









3)– Tradição Escrita: quando possível, devido às condições políticas, sociais e culturais da época, algumas pessoas começaram a colocar por escrito as ricas e vastas experiências do povo eleito de Deus, evitando a deturpação dos fatos. Graças a homens inspirados pelo Espírito de Santo, também chamados de hagiógrafos, a Bíblia começou a ser escrita.









Vemos, assim, que a Bíblia, ou melhor, os livros que a compõem foram escritos por homens, mas inspirados por Deus, de forma a prevenir erros. O homem foi o instrumento de Deus e foi movido e dirigido por Ele. No entanto, cabe aqui uma importante observação: o fato de Deus ter inspirado homens a escreverem os livros que compõem a bíblia, não significa que tenha anulado a inteligência e a liberdade deles, veja o que nos diz o Magistério da Igreja a respeito disso:“Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens,dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades a fim de que, agindo Ele próprio neles e por eles,escrevessem, como verdadeiros autores,tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse” (Dei Verbum Nº 11).





Todo homem busca a verdade e a felicidade plena, firme e imperecível!








CIC 27: O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso: «A razão mais sublime da dignidade humana consiste na sua vocação à comunhão com Deus. Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por amor, constantemente conservado: nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e não se entregar ao seu Criador».

CIC 1718: As bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Este desejo é de origem divina; Deus pô-lo no coração do homem para o atrair a Si, o único que o pode satisfazer: Todos nós, sem dúvida, queremos viver felizes, e não há entre os homens quem não dê o seu assentimento a esta afirmação, mesmo antes de ela ser plenamente enunciada. Como é então, Senhor, que eu Te procuro? De facto, quando Te procuro, ó meu Deus, é a vida feliz que eu procuro. Faz com que Te procure, para que a minha alma viva! Porque tal como o meu corpo vive da minha alma, assim a minha alma vive de Ti.«Só Deus sacia».



Mas o que será "ser feliz?"







Ser feliz é possuir tudo o que se deseja, é infeliz, quem não possui? E pode ser feliz de modo absoluto alguém sujeito a receios? É claro que não! E pode estar sem receios aqueles que podem perder o que amam, o que possuem? Tudo o que possuímos está sujeito a mundanças, isto é, podem ser roubados ou deteriorados. Isto quer dizer que o homem que anseia por algum bem, não é feliz por não possuí-lo e se ainda sim o possui, não ficará feliz por anseiar perdê-lo.A verdadeira felicidade possui plenitude e segurança, satisfazendo o apetite humano. Nada do que é material satisfaz o homem plenamente! Fica sempre na alma um vazio e uma sensação de que está faltando algo!



(ter, poder, beleza e prazer não é suficiente)




E qual é o bem pleno, eterno, imutável e absoluto? Este bem é Deus! Somente Deus é pleno, eterno, imultável e absoluto. Então quem possui a Deus é plenamente feliz! A posse de Deus traz a plenitude que é o anseio da alma humana.Em todos os tempos e em todas as nações da terra, existem sistemas religiosos, comprovando o desejo do homem pela posse de Deus. Por sua natureza um inseto não pode desejar conhecer o universo, nem um peixe desejar beber toda a água do oceano. 






O homem finito, desejar o infinito é como um peixe desejar beber todo o oceano. Portanto, Deus criou o homem com o desejo de conhecê-lo. Criou o homem para um fim sobrenatural, única dimensão que sacia nossa sede de infinito.Mas, assim como existe o alimento para o corpo, também a alma possui o seu próprio alimento, que é o conhecimento. Por este motivo, é que Deus deu ao homem a inteligência que tem sede de conhecimento.Assim como o corpo pode receber alimentos bons e saudáveis ou ruins e prejudiciais à saúde, assim também a alma.O bom alimento é o verdadeiro conhecimento, a verdade; o mau alimento é o erro, a mentira.O adversário oferece ao homem um falso conhecimento de Deus, sempre negando a onipotência, a onisciência e a onipresença do Criador.A maioria as religiões possuem coisas construtivas e sementes da verdade, mas a Verdade é única, pois “várias verdades” até mesmo contraditórias não podem ser reflexo da Verdade única que é Deus. E esta Verdade se manifesta em sua criação, através da Ciência e da História, assim como São Paulo nos ensinou: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”(Rm 1,20).







 Mas o que é, e onde está a verdade?



“Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim...” (João 14,5-6)


Também São Paulo nos dá uma pista:



“A Igreja é a Coluna, e o Fundamento da Verdade” (1Tm 3,15).








Portanto, a Verdade só poder ser encontrada em Cristo e na sua Igreja! E isto é muito propício, pois se Deus é o bem eterno que precisamos, e a Verdade é bom alimento para a alma, a Verdade tem que estar realmente nele na Igreja a qual Ele mesmo edificou (Mateus 16,18).Portanto, o bom conhecimento é o ensino da Igreja, a sua doutrina. Alguém poderia perguntar: “Em qual igreja podemos encontrar a verdade, já que vivemos e um mundo em que várias instituições religiosas se intitulam “Igrejas de Cristo”?


O nosso Deus Uno e Trino nos revelou:



“Eu sou Deus e não mudo” (Mal 3,6). Nosso Senhor Jesus Cristo também afirmou: “Passarão os céus e a terra, mas minhas palavras não passarão.” (Lc 21,33).






Cristo fundou uma só Igreja, Uma, Santa, Católica e Apostólica. Colocou seu fundamento sobre Pedro (Mt 16,18), garantiu esta Igreja (Mt 16,19), e confiou a ela a sua Doutrina e prometeu a Sua assistência Divina (Mt 28,20).Na Bíblia é o próprio Deus que se revela a nós através de sua Palavra. Por isso devemos “acolher a palavra de Deus, não como palavra humana, mas como mensagem de Deus, o que ela é em verdade” . Ela é “viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4, 12). Além disso “toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2Timóteo 3, 16).




A bíblia serve para:





1)-Que as pessoas creiam em Jesus Cristo: João 20, 30 – 31



2)-Ajudar os cristãos a caminharem: Salmo 118(119); 105



3)-Para nossa instrução:1Coríntios 10, 11



4)-Para ajudar-nos a instruir, refutar, corrigir e educar na justiça:2Timóteo 3, 16




São Jerônimo (+ 420) dizia: “Desconhecer as Sagradas Escrituras é ignorar o próprio Jesus Cristo”. Santa Teresinha do Menino Jesus, falando do Evangelho, escreveu: “Acima de tudo, o que me sustenta durante a oração é o evangelho. Nele encontro tudo o que necessita minha pobre alma. Nele continuamente descubro novas luzes e sentidos ocultos e misteriosos...” (Ms A 83v). No entanto, não basta conhecer a Bíblia, é preciso coloca-la em prática de maneira fiel e criativa (Tiago 1, 22). A Bíblia precisa tornar-se fonte da nossa força, luz de nossa caminhada e objetivo de todo nossos trabalhos.





QUAIS OS “SENTIDOS INTERPRETATIVOS” DA BÍBLIA CONFORME O MAGISTÉRIO DA IGREJA?
















CIC §115:  Segundo uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, sendo este último subdividido em sentido alegórico, moral e analógico. A concordância profunda entre os quatro sentidos garante toda a sua riqueza à leitura viva da Escritura na Igreja.






CIC §116: O sentido literal. É o sentido significado pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese que segue as regras da correta interpretação. "Omnes sensus fundantur super litteralem - Todos os sentidos (da Sagrada Escritura) devem estar fundados no literal".






CIC §117 O sentido espiritual. Graças à unidade do projeto de Deus, não somente o texto da Escritura, mas também as realidades e os acontecimentos de que ele fala, podem ser sinais.O sentido alegórico. Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos reconhecendo a significação deles em Cristo; assim, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo, e também do Batismo.O sentido moral. Os acontecimentos relatados na Escritura devem conduzir-nos a um justo agir. Eles foram escritos "para nossa instrução" (1Cor 10,11). O sentido anagógico. Podemos ver realidades e acontecimentos em sua significação eterna, conduzindo-nos (em grego: "anagogé"; pronuncie "anagogué") à nossa Pátria. Assim, a Igreja na terra é sinal da Jerusalém celeste.





CIC §118:  Um dístico medieval resume a significação dos quatro sentidos: “Littera gesta docei, quid credas allegoria, moralis quid agas, quo tendas anagogia.” (A letra ensina o que aconteceu; a alegoria, o que deves crer; a moral, o que deves fazer; a anagogia, para onde deves caminhar).





CIC §119: "É dever dos exegetas esforçar-se, dentro dessas diretrizes, por entender e expor com maior aprofundamento o sentido da Sagrada Escritura, a fim de que, por seu trabalho como que preparatório, amadureça o julgamento da Igreja. Pois todas estas coisas que concernem à maneira de interpretar a Escritura estão sujeitas, em última instância, ao juízo da Igreja, que exerce o divino ministério e mandato do guardar e interpretar a Palavra de Deus" - “Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas.” (Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja católica" –Sto. Agostinho).





COMO A BÍBLIA DEVE SER LIDA?

 











A Bíblia é a Palavra Viva de Deus! Precisamos ter a consciência de que:













a)-“Toda Escritura é inspirada por Deus” (2Timoteo 3, 16).




b)-“Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal” (2Pedro 1, 20).



c)-Que “nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2Pedro 3, 16b).







O Concílio Ecumênico E UNIVERSAL Vaticano II definiu que:





“…para bem captar o sentido dos textos sagrados, deve-se atender com não menor diligência ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura, levada em conta a Tradição viva da Igreja toda, e a analogia da fé” (Dei Verbum 12).





ATENÇÃO! As escrituras prefiguram (antecipam) no A.T. aquilo que se cumpre no N.T






1)-A messianidade de Jesus (seu plano integral de salvação e os valores do seu reino).



2)-Prenúncio e o advento do Espírito Santo! (o grande mistério da Santíssima Trindade).



3)-A maternidade e missão intercessora e corredentora de Maria a mãe do Nosso Senhor (as mulheres do AT).



4)-A Igreja Samaritana e Coluna e Sustentáculo da Verdade (a quem o bom samaritano confia os cuidados do homem ferido até sua volta).




Por tudo isso, se conclui  que não devemos ler a bíblia como se estivéssemos lendo um livro qualquer, mas sua leitura exige respeito, humildade e prudência. Por isso é muito importante buscarmos participar de Círculos bíblicos Católicos, Cursos de bíblia, etc, que facilmente podemos encontrar em nossas comunidades, paróquias e dioceses, e se não houve supliquemos aos nossos padres de bispos!





"Dei Verbum"  e a formação do Antigo Testamento






1. DEI VERBUM - INTRODUÇÃO: Nosso estudo tem como base um documento do Magistério Eclesiástico que se chama Constituição Dogmática Dei Verbum. Este documento foi elaborado em 1965 no último Concílio Ecumênico da Igreja Católica, ou seja, no Concílio Vaticano II. Fala sobre a Revelação Divina e Sua Transmissão.



O que é a Revelação Divina?





É Deus comunicando e manifestando gradualmente (marcha ascendente da revelação), a sua própria vida divina na história dos homens, por etapas, e que vai culminar na pessoa de Jesus. Deus quis Se revelar ao homem para que este O conhecesse e assim pudesse livremente amá-Lo e escolhê-Lo como Bem Supremo de sua vida!




Etapas da Revelação Divina (REVELAÇÃO+TRANSMISSÃO+INTERPRETAÇÃO = MAGISTÉRIO)









1)-Deus manifestou-se desde o princípio, aos nossos primeiros pais através das coisas criadas.


2)-Convidou-os a uma comunhão íntima (aliança) consigo mesmo revestindo-os de uma Graça e justiça resplandecentes.



3)-Depois da queda do homem, Deus prometeu-lhes a salvação! Não os deixou abandonados à própria sorte!


4)-Iniciou com Noé e Abraão a primeira aliança entre Si e todos os seres vivos.


5)-Escolheu Abraão e concluiu  a primeira aliança com Ele e seus descendentes. Fez deles o Seu povo.


6)-Revelou a este povo a Sua lei por meio de Moisés.


7)-Preparou a este povo através dos profetas a acolher a salvação destinada a toda humanidade.


8)-Revelou-Se plenamente, enviando o Seu Filho Jesus "o Cristo", no qual estabeleceu a Sua aliança para sempre.



9)-O Filho é a palavra definitiva do Pai! Depois Dele não haverá outra Revelação! Na cruz disse: Tudo está consumado! (João 19,30). Portanto, conforme 
Gálatas 1,8: "ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja excomungado".




Transmissão da Revelação Divina:











A transmissão da Revelação Divina aconteceu ao longo dos tempos, de duas maneiras: primeiro, oralmente e depois, por escrito. Hoje o que Deus revelou encontra-se por escrito na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, os quais constituem um só sagrado depósito da Palavra de Deus confiado à Igreja.






"SAGRADA TRADIÇÃO" (o berço da Sagrada Escritura)





É oriunda dos Apóstolos e progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo - Jesus ordenou aos Apóstolos que o Evangelho fosse pregado por eles a todos. E os Apóstolos pregaram de forma oral e depois (sob a inspiração do Espírito Santo) de forma escrita. A pregação apostólica foi conservada por escrito na Sagrada Tradição. Também fazem parte da Tradição, os escritos dos padres apostólicos (Santos Padres), bispos que conviveram com os 12 Apóstolos).





"SAGRADA ESCRITURA" (a Bíblia - Palavra de Deus)





É a Palavra de Deus, redigida pelo hagiógrafo (autor sagrado) sob a inspiração do Espírito Santo. 
A Palavra de Deus (Bíblia) - por meio do homem (autor sagrado) torna-se língua humana - O Verbo de Deus (Jesus) - por meio de Maria(encarnação) torna-se homem. Por isso a Igreja venera a Sagrada Escritura (a Bíblia) = Corpo de Cristo (Pão da vida)





"SAGRADO MAGISTÉRIO" DA IGREJA (Fiel interprete Colegiado da Revelação)





Só o magistério da Igreja pode interpretar e transmitir a Revelação Divina, cuja autoridade é exercida aos bispos em comunhão com o Papa. 
O Magistério está a serviço das Palavra de Deus. Ensina fielmente aos homens o que foi transmitido por Deus.





A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO (REVELAÇÃO E TRANSMISSÃO)












Foi no seio do povo hebreu que nasceu a Bíblia (A.T.) Os textos bíblicos do Antigo Testamento começaram a ser escritos a partir do século IX a. C. No decorrer dos séculos foi-se formando a biblioteca sagrada de Israel, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação das mesmas. E o último livro a ser escrito foi Sabedoria (50 aC). Os autores sagrados (os hagiógrafos) viveram em lugares e ambientes muito diversos: cada um imprime na sua obra traços característicos de sua personalidade. Mas como eles escreveram sob a inspiração do Espírito Santo, é Deus o Autor principal de toda a Bíblia.Só depois do Exílio (538 aC) é que se escreveu definitivamente o Antigo Testamento. Nessa época é que o Antigo Testamento adquiriu toda a sua autoridade. Ele se tornou o eixo de um sistema social e religioso - o judaísmo. O Antigo Testamento era como a carteira de identidade do povo de Israel.





Os judeus foram juntando no decorrer de sua história A coleção dos livros do Antigo Testamento e dividiram-na em 3 partes:





1)-A Lei Torá - contendo os 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Formam o núcleo fundamental da Bíblia.




2)-Os Profetas - os judeus compreendiam por esse título os livros que hoje são denominados proféticos e históricos.




3)-Os Escritos - os judeus designavam por este nome os livros: Salmos, Provérbios, Jó, Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras e Neemias, Crônicas.





No segundo século antes da nossa era, esta coleção já estava terminada (séc. II aC). Nessa época (entre 250 e 100aC), os judeus estavam, em parte, dispersos pelo mundo afora (diáspora - emigração e dispersão dos judeus para outros países). Quando os judeus começaram a emigrar para outros países, levaram consigo a Bíblia. Se fixou, um grupo de judeus, em Alexandria (Egito), onde se falava grego e lá constituíram uma colônia. Adotaram a língua grega e tiveram a necessidade de traduzir a Bíblia do hebraico para o grego. Conta a Tradição que o rei Ptolomeu II (Alexandria) querendo possuir na sua biblioteca um exemplar grego dos livros sagrados dos judeus, pediu ao sumo sacerdote Eleázaro de Jerusalém os tradutores. Eleázaro enviou seis sábios de cada uma das doze tribos de Israel (72 sábios) para Alexandria. Estes ficaram em 72 cubículos individuais e no final os 72 textos gregos do Antigo Testamento estavam idênticos. Consideraram um milagre! Ficou sendo conhecida como a TRADUÇÃO DOS SETENTA ou tradução Alexandrina. Alguns escritos velhotestamentários após o concílio Judaico de Jamnia, fizeram com que os judeus de Jerusalém não os reconhecessem como inspirados: Tobias e Judite, Daniel e Ester (parte), Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Jeremias. A Igreja Cristã primitiva admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros. Desse modo a Bíblia grega (tradução dos setenta hebraico-grego) tem 7 livros a mais do que a Bíblia hebraica (original).No ano 100 dC os rabinos se reuniram no sínodo de Jâmnia para estipular seus Critérios (meramente nacionalistas) de Canonicidade. Os judeus de Jerusalém não reconheceram os 7 livros como verdadeiros porque eles mesmos decidiram que:


- Só podem ser escritos dentro de Israel (Critério Nacionalista).


- Só podem ser escritos em hebraico (Critério Nacionalista).


- Só podem ser escritos antes de Esdras (Critério também, Nacionalista).




O Judaico e "anticristão" Concílio de JÂmnia












O Concílio de Jamnia foi realizado em Yavneh, na Terra Santa, foi um concílio rabínico farisaico, ocorrido entre o final do Século I d.C e o início do Século II d.C. A antiga cidade de Jamnia localizava-se na costa sudoeste da Palestina, onde atualmente situa-se a cidade de Yavne. Depois que os romanos conquistaram e destruíram Jerusalém e o templo, tornou-se um importante centro de influência da comunidade judaica; é o nome dado a um concílio que teria sido realizado no final do primeiro século sob a liderança do rabino Yochanan ben Zakai. Seus participantes foram, segundo o historiador judeu Heinrich Graetz, mestres adeptos de um grupo de hebreus devotos à Torá, os fariseus, e fortes opositores do Cristianismo.O Concílio de Jamnia teria sido proposto com a finalidade de dar um rumo para o Judaísmo, após a destruição do Templo de Jerusalém, no ano 70 d.C., e o advento da propagação da seita do Nazareno, cujos textos de seus célebres seguidores já estavam se popularizando como Escrituras Sagradas. Assim, nesse concílio regional, os participantes teriam decidido considerar como textos canônicos do Judaísmo apenas aqueles cujos originais tivessem sido compostos em língua hebraica, dentro dos limites da Terra Santa e que, no mínimo, remontassem ao tempo do profeta Esdras. Tais critérios canônicos, portanto, invalidavam para esse grupo não apenas os textos cristãos venerados pelas comunidades cristãs – visto que não eram, evidentemente, contemporâneos a Esdras, nem tinham sido compostos em hebraico, sendo que alguns foram elaborados fora das muralhas de Jerusalém. Apesar de a crítica moderna afirmar que vários livros que constam no cânon hebraico são posteriores ao tempo de Esdras (como é o caso do Livro de Daniel, Crônicas, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes), os estudiosos explicam que os fariseus não dispunham do método científico que existe hoje para datar uma obra, ou mesmo para atribuir-lhe autoria. Os judeus alexandrinos, representados hoje pelo judaísmo etíope e judaísmo egípcio, reconhecem a Septuaginta como inspirada. Ela contém os livros deuterocanônicos (os que se encontram na Bíblia usada pela Igreja Católica). A preponderância do cânon de Jâmnia no Judaísmo moderno se deu pelo fato de os judeus da Europa, majoritários em Israel, seguirem esta tradição em detrimento da alexandrina.













Os Manuscritos do Mar Morto e de Massada mostram que entre os antigos judeus ainda não havia uma lista bíblica fixa ou instituída, pois o cânon da Septuaginta era usado entre os judeus de Israel e mesmo pelos apóstolos de Cristo ao seu tempo. Também após a morte dos apóstolos, os cristãos utilizaram-se desse cânon da septuaginta continuamente em suas comunidades.











O Concílio de Jâmnia rejeitou vários livros e demais escritos tradicionais, considerando-os como apócrifos. Houve muitos debates acerca da aprovação de vários livros. A tese de que o trabalho desse Concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos carece de fundamento científico e é rejeitada por quase todos os especialistas católicos, protestantes, ortodoxos ou judeus da diáspora. Atualmente, não é um consenso sobre quando precisamente o cânon do Antigo Testamento tenha sido concluído. Neste sentido, o pesquisador americano Jacob Neusner publicou alguns livros entre 1987 e 1988 sustentando que a noção de um cânon bíblico no judaísmo rabínico não foi preeminente no segundo século, nem mesmo mais tarde e que, ao contrário, o conceito de Torá fora alargado para incluir a Mishná, a Tosefta, o Talmude e o Midrashim (McDonald & Sanders, The Canon Debate , 2002, page 5, cited are Neusner's Judaism and Christianity in the Age of Constantine , pp. 128-145, and Midrash in Context: Exegesis in Formative Judaism , pp. 1-22) - Jack P. Lewis escreveu que “O conceito do Concílio de Jâmnia é uma hipótese levantada para explicar a canonização dos Escritos (a terceira divisão da Bíblia hebraica) com a consequente conclusão do cânon judaico.Estes debates em curso sugerem a escassez de provas nas quais a hipótese do Concílio de Jâmnia se assenta e levanta a questão para saber se a sua utilidade é válida e que não deva ser lançada ao limbo das hipóteses sem fundamento. Não é possível que se estabeleça um consenso tão-somente pela repetição da afirmação.(The Anchor Bible Dictionary vol. III, pp. 634-7, New York 1992)






A BÍBLIA SEPTUAGINTA (200 a.C):  USADA POR JESUS E OS APÓSTOLOS






O que é importante considerar na questão do cânon é o seguinte: Em primeiro lugar, deve-se considerar que o cânon está fora da Bíblia! A relação dos livros da Bíblia não está na Bíblia, e portanto a Escritura não se sustém por si mesma, precisando da Tradição que a forjou e que a elenca. Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica para o grego koiné, traduzida em etapas entre o terceiro e o primeiro século a.C. em Alexandria.Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande.A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos trabalharam nela e, segundo a história, teriam completado a tradução em setenta e dois dias. A Septuaginta foi tida em alta conta nos tempos antigos. Fílon de Alexandria e Flávio Josefo consideravam-na divinamente inspirada. Além das traduções latinas antigas, a LXX também foi a base para as versões em eslavo eclesiástico, para a Héxapla de Orígenes (parte) e para as versões armênia, georgiana e copta do Antigo testamento. De grande significado para muitos cristãos e estudiosos da Bíblia, é citada no Novo Testamento e pelos Padres da Igreja. Muito embora judeus não usassem a LXX desde o século II AD recentes estudos acadêmicos troxeram um novo interesse sobre o tema nos estudos judaicos. Alguns dos pergaminhos do Mar Morto sugerem que o texto hebraico pode ter tido outras fontes que não apenas aquelas que formaram o texto massorético. Em vários casos, estes novos textos encontrados estão de acordo com a LXX. Os mais antigos códices da LXX (Vaticanus e Sinaiticus) datam do século IV AD. Para saber mais sobre este tema, sugerimos o link abaixo para um melhor  aprofundamento (copie e cole):





O TEXTO MASSORÉTICO (Séc VI d.C.)











Texto massorético ou masorético é o texto hebraico da Bíblia utilizado com a versão universal da Tanakh para o judaísmo moderno, e também como fonte de tradução para o Antigo Testamento da Bíblia cristã, inicialmente pelos protestantes e, modernamente, também por tradutores católicos. Em torno do século VI, um grupo de competentes escribas judeus teve por missão reunir os textos considerados inspirados por Deus, utilizados pela comunidade hebraica, em um único escrito. Este grupo recebeu o nome de "Escola de Massorá". Os "massoretas" escreveram a Bíblia de Massorá, examinando e comparando todos os manuscritos bíblicos conhecidos à época. O resultado deste trabalho ficou conhecido posteriormente como o "Texto Massorético".O termo "massorá" provém na língua hebraica de messorah (מסורה, alt. מסורת) e indica "tradição". Portanto, massoreta era alguém que tinha por missão a guarda e preservação da tradição.Escrito em hebraico antigo, com letra quadrada, os massoretas levantaram a pronúncia tradicional do texto de consoantes (o hebraico não tinha vogais), graças a um sistema de pontuação inventado para atender a acentuação vocálica. Com isso, eles padronizaram uma pronúncia das palavras do texto, tornando-o igual para qualquer pessoa que o lesse após a época em que iniciou-se a compilação. Nessa época o hebraico já não era um idioma popular e havia, principalmente por parte da comunidade hebraica muita dificuldade em pronunciá-lo corretamente, conforme a pronúncia original. A metodologia utilizada era bastante rigorosa: ao final de cada cópia pronta, todas as letras eram contadas, e uma letra era estabelecida como letra central de referência. Assim, as letras do início da cópia até a letra central teriam de estar perfeitamente iguais às do documento original. Também eram contadas todas as letras desde a letra final até a letra central. Em caso de discordância, todo o trabalho era destruído e uma nova compilação realizada. Por criarem uma base para a interpretação do texto hebraico, aperfeiçoando os símbolos da escrita, já que até então não havia um sistema definido de regras gramaticais por escrito, os massoretas são considerados os pais da gramática da língua hebraica atual.




O texto massorético é composto de 24 livros:





•A Torá ( תורה ), que refere-se aos cinco livros conhecidos como Pentateuco.



•Neviim ( נביאים) "Profetas"



•Kethuvim (כתובים) "os Escritos".




Foi a tradução apostólica que levou a Igreja a decidir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista é chamada de Cânon das Escrituras:



-Cânon - Karon (grego): Catálogo



-Canônico: Livro catalogado





Os livros escritos dentro do seio da comunidade dos judeus, são chamados: PROTOCANÔNICOS (Catalogados em primeiro lugar) - 
Os sete livros da bíblia Septuaginta excluídos pelos Judeus em Jâmnia por estarem escritos em grego, são chamados: DEUTOROCANÔNICOS (catalogados em segundo lugar).




É VERDADE QUE Jesus, os apóstolos e São Jerônimo rejeitaram os "Deuterocanônicos" (7 livros excluídos por Lutero e Judeus, do A.T)?

 










*(Por Rafael Rodrigues)




São Jerônimo viveu entre os séculos IV e V, e foi secretário do Papa Damaso,  apedido deste começou a traduzir a Vulgata Latina (Tradução das escrituras do original para o Latim). Em 11 de dezembro de 384 o Papa Damaso morreu, então se mudou para Jerusalém onde fundou dois mosteiros e lá pôde continuar seu trabalho de tradução. (LIMA, 2007). São Jerônimo é o Padre da Igreja mais freqüentemente usado pelos protestantes para dizer que, os pais negavam a inspiração do deuterocanônicos. Sua atitude em relação ao Deuterocanônicos é realmente, a primeira vista, a mais dura entre os Padres. Vamos aos seus relatos: “Este prefácio das para as escrituras [Samuel e Reis] podem servir como um ‘elmo’ introdutório para todos os livros desde que possamos ter certeza de que aqueles que não são encontrados em nossa lista devem ser colocados entre os escritos apócrifos. Sabedoria, o Livro de Sirac, e Judite, e Tobias e o Pastor não são canônicos. O primeiro livro de Macabeus eu encontrei em hebraico, o segundo em grego, como pode ser demonstrado de alto estilo. “Nós temos o autêntico livro de Jesus, Filho de Sirac [Eclesiástico], e outro trabalho pseudo-epígrafo, intitulado Sabedoria de Salomão. Eu encontrei o primeiro no hebraico, com o título, ‘parábolas’, não eclesiástico como nas versões latinas.O segundo de forma alguma se encontra nos textos hebraicos, e seu estilo aproxima-se de eloqüência grega: um número de escritores antigos afirma que é um trabalho do Judeu Fílon. Conseqüentemente, apenas como a Igreja lê Tobias, e os livros dos Macabeus, mas não são admitidos no cânon das Escrituras; a Igreja permite que estes 2 volumes sejam lidos, para a edificação das pessoas, não para darem suporte à autoridade das doutrinas eclesiásticas” (JERÔNIMO, 430) - Constata-se aqui, mais uma vez, que a Igreja da palestina não rejeitava estes livros, ou os tinha como heréticos!Assim como os protestantes acusam, mas os tinham no início da reforma como de serventia para a “edificação das pessoas”, logo vemos que desde sempre estes livros estavam em posse da Igreja e amplamente usados. Olhando de cara, São Jerônimo diz especificamente que os deuterocanônicos não são contidos no cânon das Escrituras e até diz que eles não devem ser usados para a doutrina. O mesmo caso de Orígenes e de Atanásio não se aplica a ele, pois aqui ele menciona claramente que não são usados para a doutrina, logo não estava fazendo nenhuma recomendação ou falando liturgicamente. De todos os Padres, ele tem a visão mais “negativa” dos deuterocanônicos, como é visto suas em declarações. No entanto, se formos ver na prática tempo depois de ter feitos essas declarações, São Jerônimo cita todos esses livros, que ele negou a canonicidade, como Escritura, e os mantém no mesmo nível de inspiração dos outros. Procuramos em suas obras, a que tivemos acesso, e encontramos diversas vezes ele se referindo aos deuterocanônicos como inspirados e faz menção a eles cerca de 55 vezes.Perceba o leitor que ele não coloca o livro de Baruc entre os não canônicos, logo significa que ele aceitava a inspiração de Baruc.  Disse que Judite não era canônico, porém mais tarde ele mesmo vem reconhecer como canônico como podemos ler em seu relato:“Entre os hebreus do livro de Judite é encontrada entre os Hagiógrafos, a autoridade do qual para confirmar aqueles que entram em disputa é julgado menos apropriado. No entanto, tendo sido escrito em Língua Caldéia, ele é contado entre as histórias. Mas porque este livro é encontrado, pelo Concílio de Nicéia, sendo contados entre o número das Sagradas Escrituras, tenho concordado com o seu pedido, de fato uma ordem, e trabalhando  tendo sido posto de lado a partir do qual eu estava com força reduzida, dei a este (livro) uma curta noite de trabalho, traduzindo mais sentido do sentido do que a palavra da palavra. […] Receba a viúva Judite, um exemplo de castidade, e declare honra triunfal com louvores perpétuos a ela.[…]” (Prólogo do livro de Judite).Ou seja, ele reconhece o canonicidade de Judite devido uma promulgação do Concílio de Nicéia, tal citação não foi preservada nos cânones, cartas ou atas do concílio, só tomamos conhecimento disto através de Jerônimo. Portanto, podemos ver, até agora, que ele aceitava Judite e Baruc como canônicos.





Vejamos agora os que ele fala sobre os acréscimos de Daniel:






“Livro II, 33. Em Referencia a Daniel minha resposta será que eu não disse que ele não era profeta; ao contrário eu confesso, no próprio início do prefácio, que ele era um profeta. Mas eu desejei mostrar qual era a opinião sustentadas pelos Judeus; e quais eram os argumentos que eles usavam para provar. Eu também disse ao leitor que a versão lida nas Igrejas Cristãs não era a da septuaginta mas a de Teodocião. É verdade, Eu disse que a versão da septuaginta era neste livro muito diferente do original, e que foi condenada pelo justo julgamento das Igrejas de Cristo; Mas o erro não foi meu que relatei o fato, mas daqueles que lêem a versão. Nós temos 4 versões para escolher: aquelas de Áquila, Simáco, Septuaginta, e Teodocião. As Igrejas escolheram ler Daniel na versão de Teodocião. Que pecado eu cometi se segue o julgamento das igrejas? Mas quando eu repeti o que os judeus dizem contra história de Susana, o hino dos 3 Jovens, e a estória de Bel e o Dragão, que não estão contidos na bíblia hebraica, o homem que fez esta acusação contra mim prova que ele mesmo é um tolo e um caluniador. Pois eu expliquei não o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós. Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que eu sendo breve, e cuidadoso para não parecer que eu não estava escrevendo um prefácio e sim um livro. Eu disse, portanto, ‘aqui não, agora não é o momento para entrar em discussão sobre isto.’” (JERONIMO, 420)





Veja que ele aqui aceita a canonicidade dos acréscimos de Daniel, diz que as acusações não são suas, mas dos judeus: “Pois eu não relatei o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós.” - Ele também mostra que não quis refutar os judeus para seu prefácio não ficar grande:Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que queria ser breve, e cuidadoso. Eu disse portanto, ‘aqui não! agora não é o momento de entrar em discussão sobre isto.’”.Até Aqui constatamos, portanto, que São Jerônimo aceitava como canônicos  Judite, Baruc, e os acréscimos de Daniel e Ester.






Vejamos o que S. Jerônimo diz sobre o livro Eclesiástico:






“A Escritura não diz: ‘não te sobrecarregue acima do teu poder’? (Eclesiástico 13, 2)” (A Eustóquio, Epístola CVIII) - São Jerônimo chama o livro do Eclesiástico, que ele  mesmo havia dito como não canônico, de Escritura. Assim, na prática, para apoiar a doutrina, ele o chama de Escritura. Esta citação, mesmo se não houvesse outras citações dele dos deuterocanônicos, já mostra que a sua visão sobre o que é e o que não é Escritura não pode ser vista somente a partir de citações mais antigas.“Não, meu querido irmão, estime meu valor pelo número de meus anos. Cabelos brancos não são sabedoria, é sabedoria, que é tão boa quanto os cabelos brancos Pelo menos é isso que Salomão diz: ‘a sabedoria que faz as vezes dos cabelos brancos’ (Sabedoria 4, 9). Moisés também na escolha dos setenta anciãos disse para tirar aqueles a quem ele sabia  que eram anciãos de fato, que não para selecionar-los por seus anos, mas por sua discrição (Números 11, 16) E, como um menino, Daniel, julgou os homens de idade  e na flor da juventude condenou a incontinência da idade (Daniel 13, 55-59)” (A Paulino, Epístola 58).Aqui São Jerônimo mescla o uso do Livro da Sabedoria com o escrito de Moisés. Depois de se referir a Moisés, ele também se refere à história de Susanna para estabelecer um ponto. Ele não faz distinção, na prática, dos escritos de Moisés dos dois livros deuterocanônicos.“Gostaria de citar as palavras do salmista: ‘os sacrifícios de Deus são um espírito quebrado’, (Salmos 51, 17) e o de Ezequiel ‘Eu prefiro o arrependimento de um pecador ao invés de sua morte’, (Ezequiel 18, 23) e as de Baruc, ‘Levanta-te, levanta-te, ó Jerusalém’ (Baruc 5, 5) e muitos outras proclamações feitas pelas trombetas dos profetas.” (A Oceanus, Epístola 77, 4).Observe como Jerônimo não faz distinção alguma entre o salmista, Ezequiel e Baruc. Eles são todos Inspirados, Palavras de Deus. Além disso  contrariamente ao que os protestantes dizem, que os deuterocanônicos não tinham profetas, Jerônimo chama Baruc de profeta. De acordo com Jerônimo, Baruc, portanto, com autoridade falou da Palavra de Deus. Ele usa Baruc em conjunto com esses profetas para provar que Davi no Salmo 51 está correto.“ainda a nossa alegria não se deve esquecer o limite definido pela Escritura, e não devemos ficar muito longe da fronteira da nossa luta. Seus presentes, de fato, lembram me dos livros sagrados, pois nele Ezequiel adorna Jerusalém com braceletes, (Ezequiel 16, 11) Baruc recebe cartas de Jeremias (Baruc 6) e o Espírito Santo desce na forma de uma pomba no batismo de Cristo (Mateus. 3, 16)” (A   Eustóquio, Epístola XXXI, 2 ).Observe que São Jerônimo cita em referência às Escrituras, os Livros Sagrado. Em seguida, ele se menciona três passagens de Ezequiel, Baruc e Mateus. Agora, São Jerônimo aqui se refere às cartas (plural) de Jeremias  a Baruc, uma vez em Jeremias 36, e outra vez em Baruc 6. Assim, para Jerônimo,  Baruc é claramente Escritura, e ele é um dos autores do Volume Sagrado, a Bíblia.“Como nas boas obras é Deus quem lhes traz a perfeição, pois não é do que quer, nem do que corre, mas de Deus que se compadece e dá-nos ajuda para que possamos ser capazes de alcançar a meta: então em coisas ímpias e pecadoras, as sementes dentro de nós dão o impulso, e estes são trazidos à maturidade pelo demônio. Quando ele vê que estamos construindo sobre o fundamento de Cristo com feno, madeira, palha, então ele se aplica no jogo. Vamos, então, construir com ouro, prata, pedras preciosas, e ele não vai se aventurar a tentar-nos: apesar de mesmo assim não há certeza e posse segura. Pois o leão espreita a emboscada para matar os inocentes. ‘ Os vasos do oleiro são provados pela fornalha, e os homens justos, pelo julgamento da tribulação’ (Eclesiástico 27, 5). E em outro lugar está escrito: ‘Meu filho, quando tu vires a servir ao Senhor, prepara-te para a tentação.’ (Eclesiástico 2, 1) Novamente, o mesmo Tiago diz: ‘Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla seu rosto natural no espelho, pois ele contempla a si mesmo, e vai embora, e logo se esquece que tipo de homem ele era’ .(Tiago 3, 22).  Seria inútil avisá-los para adicionar obras a fé, se não pudessem pecar depois do batismo.” (Contra Joviniano, Livro 2, 3) - Como vimos, “Está escrito” é uma frase que ambos os autores das Escrituras, e os Padres da Igreja usam apenas em referência às Escrituras. Jerônimo usa a frase identificando a citação como Escritura, e a mesma vem do  livro do Eclesiástico. Assim, Eclesiástico é Escritura. Ele então cita Tiago alternadamente e o põe ao mesmo nível de autoridade do Eclesiástico.“No entanto, o Espírito Santo no trigésimo nono Salmo, enquanto lamentando que todo homem anda numa vã aparência, e que eles estão sujeitos aos pecados, fala assim: ‘Porque todo homem anda à imagem’ (Salmo 39, 6). Também após o tempo de Davi, no reinado de seu filho Salomão, lemos uma referência um tanto similar à semelhança divina. Pois no livro da Sabedoria, que está escrito com o nome dele, Salomão diz:. ‘Deus criou o homem para ser imortal, e o fez ser uma imagem de sua própria eternidade.’ (Sabedoria 2, 23) e mais uma vez, cerca de mil cento e onze anos depois, lemos no Novo Testamento que os homens não perderam a imagem de Deus. Pois Tiago, um apóstolo e irmão do Senhor, que eu mencionei acima – que não podemos ser enredado nas armadilhas de Orígenes – nos ensina que o homem possui a imagem e semelhança de Deus. Pois, depois de um breve discurso sobre  a língua humana, ele passou a dizer dela: ‘É um mal incontrolável … Com ela bendizemos a Deus, o Pai e com ela amaldiçoamos os homens, que são feitos à semelhança de Deus.’ (Tiago 3, 8-9) Paulo, também, o ‘vaso escolhido’ (Atos 9, 15), que em sua pregação foi totalmente mantida a doutrina do evangelho, nos instrui que o homem é feito à imagem e à semelhança de Deus. ‘Um homem’, diz ele, ‘não devem usar cabelos longos, porquanto ele é a imagem e glória de Deus.’ (I Cor. 11, 7). Ele fala da ‘imagem simplesmente’, mas explica a natureza da semelhança com a palavra ‘glória’.Em vez de três provas da Sagrada Escritura que você disse que iria satisfazê-lo se eu pudesse dá-las, eis que eu te dei sete …”  (Carta LI, 6-7).O próprio Jerônimo que havia escrito que o deuterocanônicos não eram utilizados para estabelecer doutrina, aqui em um contexto mais amplo falando de como somos feitos à imagem de Deus, prova uma doutrina e usa especificamente o Livro da Sabedoria para estabelece-la. São Jerônimo não faz distinções entre os outros livros bíblicos, que ele usa para falar sobre a doutrina, e o Livro da Sabedoria. Pra ele o livro foi uma das sete provas das Escrituras para estabelecer o significado da imagem de Deus.“Seu argumento é engenhoso, mas você não vê que é contra a Sagrada Escritura, que declara que, mesmo a ignorância não é sem pecado. Por isso, foi que Jó ofereceu sacrifícios por seus filhos, teste, por acaso, eles tinham involuntariamente pecado em pensamento. E se, quando se está cortando madeira, a cabeça de machado salta do punho e mata um homem, o proprietário é ordenado a ir para uma das cidades de refúgio e ficar lá até o sumo sacerdote morrer (Num. 35, 8); isto é, até que ele ser redimido pelo sangue do Salvador, seja no batistério, ou em penitência que é uma cópia da graça do batismo, através da inefável misericórdia do Salvador, que não quer ninguém pereça (Ezequiel 18, 23), nem se deleita na morte dos pecadores, mas sim que eles se convertam e vivam. […]Você espera que eu explique os objetivos e planos de Deus? O Livro da Sabedoria dá uma resposta à sua pergunta tola: “Não olhe para as coisas acima de ti, e não procure coisas fortes demais para ti’ (Eclesiástico 3, 21). E em outro lugar ‘Não te faça exageradamente sábio, e não argumente mais do que é necessário.’(Eclesiastes 7, 16) E no mesmo lugar ‘em sabedoria e simplicidade de coração busca a Deus.’ Você talvez negará a autoridade deste livro […]” (Contra os Pelagianos, Livro I, 33) - Note, no início do seu depoimento, ele fala como ele vai provar o erro do pelagiano usando as Escrituras, então ele dá uma série de versículos para provar a loucura de seu oponente. Parte desses versículos dos quais ele faz uso para provar o seu ponto de vista é do livro do Eclesiástico. O livro do Eclesiástico, de acordo com Jerônimo, explica o plano e propósito de Deus, que refuta doutrina de seus adversários. Na verdade, embora ele diga que é a citação é da Sabedoria, na verdade é de Eclesiástico 3, 21, ou seja  ele está se referindo ao livro como Sabedoria de Sirac, como também é conhecido o livro de Eclesiástico. Assim, o livro faz parte das Escrituras aos olhos de Jerônimo, são citados por  ele para provar doutrina, e refutar uma pergunta tola. Ele diz que talvez o seu adversário vá negar a autoridade do livro, mas não ele mesmo. Assim, ele afirma sua autoridade.“E os provérbios de Salomão nos dizem que como ‘O vento norte traz chuva, e a língua fingida, o rosto irado.’ (Provérbios. 25, 23) Às vezes acontece que uma flecha quando é dirigida a um objeto duro ricocheteia sobre o arqueiro, ferindo o atirado, e assim, as palavras são cumpridas ‘viraram-se como um arco enganador’ (Salmo 78, 57) e em outra passagem: ‘aquele que lança uma pedra ao alto,  lança-a sobre sua própria cabeça’(Eclesiástico 27, 25)” (A Rusticus, Epístola 125, 19) - Aqui Jerônimo diz que as “palavras são cumpridas”, quais são as palavras que são cumpridas? Ele cita dois versículos, primeiro, o Salmo, em seguida, Eclesiástico. Se Eclesiástico fosse de um status inferior não faria sentido a frase Jerônimo dessa forma. Ele usa o termo, “outra passagem” em referência a Eclesiástico que confirma o mesmo ponto de vista, tornando assim o livro de nível equivalente de autoridade aos Salmos. As passagens acima são claróssimas e referências explícitas aos livros deuterocaônicos, os quais, sem dúvida, Jerônimo considera como Escritura e os mostra-claramente como inspirados. Existem outras referências a eles, onde ele não diz explicitamente: “Está escrito”, “A Escritura diz” ou “o Profeta diz”, porém, sem dúvida, define estes livros como Escrituras como ele fez nos exemplos anteriores. Na maioria dos tratamentos das passagens, se é Êxodo, Números, ou Eclesiástico, ele apenas dá a citação sem dizer explicitamente que é Escritura, assim como mencionado com outros padres. Ele assume  que essas passagens são Inspiradas, sem necessariamente dizer os indicadores de autoridade, como as passagens já vistas nos mostram.  Na verdade na maioria das citações dos Padres a respeito das escrituras, eles apenas as citam para apoiar o seu ponto de vista, sem fazer essa marca identificável. Assim, as passagens abaixo mostram que ele trata esses livros na prática  da mesma forma que trata os livros protocanônicos, dando-lhes status equivalente e identificando-os como Escritura, embora de forma menos explícita:“Deixe-me chamar em meu auxílio o exemplo dos três Jovens que, em meio ao fogo, fresco de cerco, cantava hinos, (Daniel 3, 14-94 ) em vez de chorar, e em torno daqueles turbantes e cabelos santos as chamas jogado sem causar danos. Deixe-me lembrar, também, a história do abençoado Daniel, em cuja presença, embora fosse sua presa natural, os leões agachados, com caudas abanando e bocas assustadas. (Daniel 6).  Deixe Susanna também subir na nobreza de sua fé ante os pensamentos de todos, que, depois de ter sido condenada por uma sentença injusta, foi salva por um jovem inspirado pelo Espírito Santo (Daniel 13, 45). Em ambos os casos a misericórdia do Senhor foi também mostrada, por enquanto Susanna foi libertada pelo juiz, de modo a não morrer pela espada, essa mulher, embora condenada pelo juiz, foi absolvida pela espada.” (Carta I, 9) - “Essas coisas, querida filha em Cristo, eu te impressiono e freqüentemente repito, que você pode esquecer as coisas que estão para trás e chegar-vos as coisas que estão diante (Filipenses 3, 12). Você tem viúvas, como você dignas de serem modelos, Judite de renome na história hebraica (Judite 13) e Ana, filha de Fanuel (Lucas 2), famosa no evangelho. Ambas Tanto de dia como de noite viviam no templo e preservado o tesouro de sua castidade pela oração e pelo jejum. Uma delas era tipo a Igreja, que corta a cabeça do diabo (Judite 13, 8) e a outro primeiro recebeu nos braços o Salvador do mundo e lhe foi revelado os santos mistérios que estavam por vir (Lucas 2 , 36-38).” (A Salvina, Carta 79, 10).






Agora um relato de São Jerônimo sobre o Novo testamento a Dardano, o prefeito da Gália:





“Isto deve ser dito a nosso respeito que aquela epístola que é intitulada ‘aos Hebreus’ é aceita como do apóstolo Paulo não somente pelas igrejas dos leste mas por todos os escritores da Igreja de língua grega dos tempos mais remotos, embora muitos a julguem para ser de Barnabé ou de Clemente. Agora não é importante quem é o autor, uma vez que é um trabalho de um homem da Igreja e recebido reconhecidamente dia a dia na leitura pública das Igrejas. Se o costume dos Latinos não o recebe entre as escrituras, de outro modo pela mesma liberdade, fazem as igrejas dos gregos ao aceitarem o apocalipse de João. Contudo nós aceitamos ambos, não seguindo o costume presente, mas dos escritores primitivos, que geralmente fizeram livre uso dos testemunhos de ambos os trabalhos. E isto eles fizeram, não querendo na ocasião citar escritos apócrifos, como fizeram usar exemplos da literatura pagã, as tratando-os como canônicos e eclesiásticos” (JERÔNIMO, 420)




Percebemos que nem o antigo testamento, nem mesmo o novo testamento, São Jerônimo cita a lista completa, pois havia ainda divergências quando a canonicidade de alguns livros como é no caso de Hebreus e Apocalipse, que a Igreja ainda não tinha dados como certos, dessa liberdade, portanto, vem a sentença de São Jerônimo a respeito de alguns deuterocanônicos, isso não significa que ele os repudiava, mas preferia ver o julgamento da Igreja a respeito. (LIMA, 2007). Em suma, Jerônimo chama os deuterocanônicos de Escrituras. As provas que ele dá para provar doutrinas e em debates com hereges várias vezes vem dos deuterocanônicos. Ele chama Baruc de profeta, da mesma forma que  Ezequiel. Ele cita Sabedoria e Eclesiástico e dá-lhe a mesma autoridade que os outros livros e reclama que seu oponente irá negar a autoridade desses livros. Suas referências às partes deuterocanônicas de Daniel, incluindo Susanna, Bel e o Dragão, são em apoio a doutrina. Mostramos, portanto, que Jerônimo  refere-se a cada um dos livros deuterocanônicos como Inspirados e faz largo uso deles. Isto inclui Eclesiástico, Sabedoria, II Macabeus, Tobias, Ester, Baruc, e até mesmo as porções deuterocanônicas de Daniel, incluindo Susana, Bel e o Dragão e o Cântico dos Três Jovens, tratando cada um desses livros  com a mesma autoridade que os outros livros protocanônicos. Assim, o maior suposto “detrator” dos Deuterocanônicos, trato os como Inspirados e extrai doutrinas e ensinamentos deles, contrariando toda a crítica protestante *(Este artigo é fragmento da obra “Manual de Defesa dos Livros Deuterocanônicos.” de autoria de Rafael Rodrigues)





ATENÇÃO! O Cânon Católico compreende 46 livros do Antigo Testamento (conforme a septuaginta) - Divisão da Bíblia:

 














Divisão da Bíblia (A.T.)






-Pentateuco (a Lei): Gen, Ex, Lev, Num e Deut.


-Livros Históricos: Jos, Jz, Rt, Sam, Reis, Crôn, Esd, Nee, Tob, Jud, Est, Macabeus.


-Livros Sapienciais: Jó, Sl, Prov, Ecle, Cânt, Sab, Eclo.


-Livros Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias



O Cânon Católico: Adota a Bíblia hebraica juntamente com os sete livros da Septuaginta de tradução grega. Os protocanônicos e deuterocanônicos. Os judeus adotam só a Bíblia hebraica (Protocanônicos). Não aceitam os livros deuterocanônicos que se encontravam na Septuaginta em grego.




Como os antigos israelitas escreviam a Bíblia?







Dentre todos os antigos povos do Oriente, somente o povo de Israel se distingue por ter cultivado a história. No meio de uma cultura politeísta de Israel de desdobra sob a influência de uma crença monoteísta. Os Israelitas sabiam, por revelação divina, que Deus fala e age pelos acontecimentos.
“Deus querendo e preparando a salvação do homem, elegeu para si um povo ao qual confiaria as promessas” (Rom 15, 4)





Línguas Bíblicas - Os idiomas que Deus quis se servir para falar aos homens foram: 





a)-O Hebraico (para praticamente o AT inteiro)

 

b)-O aramaico (alguns dos livros) 



c)-E o grego (Parte do AT escrito pelos setenta, e para quase todo o NT).




Contexto Histórico-Cultural do Antigo Testamento





Para entender o que fala cada livro é salutar que se entenda o que se passava na época. Cada um dos livros é fruto da história e da percepção do povo de Deus em determinado tempo da Caminhada. E isto influencia desde a maneira de escrever, quanto os questionamentos feitos, as ênfases dadas.





"Marcha ascendente da revelação" para Cristo na ordem cronológica dos livros - Das origens à realeza:





GÊNESIS





Há a narração da criação, a história de Adão, do pecado original, da povoação da terra, de noé, do dilúvio da repopulação da terra. Estes acontecimentos marcam a história do Povo de Deus, como o início do mundo e de suas caracterísitcas. De um modo especial marcará o conhecimento de Deus povo, o seu amor criador,a queda original que deu origem a todo o mal do pecado e o rompimento com Deus. Sua leitura deve ser feita encontrando os grandes valores que Deus quisa dar aos homens de todos os tempos , de todas as culturas.Mais do que um mundo criado em sete dias, nos ensina o catecismo, devemos ver um mundo criado ordenadamente, criado bom, para o bem, uma graduação de criações que vinham possuindo mais e mais importância. O homem obra prima de Deus, a maldade do homem que livremente optou por desobedecer a Deus, a grande misericórdia de Deus que se manifesta continuando a amá-os e deles cuidadr e já desde ali prometer a Salvação por meio do filho da Mulher.A partir do cap. 12 (cerca de 1800-1250 ac) Deus faz uma aliança com Abraão. Esta alinça centralizará para sempre a escolha dos eleitos por Deus. Este seria seu Deus e ele e sua descendência seria seu povo. É desta promessa que surge para sempre a eleição de Israel e de sua linhagem, e que será lembrada por todo o povo judeu como sua escolha irrevogável.Teve por filho, Isaac, que teve por filho Jacó, ambos mantiveram a aliança. Jacó volta a se relacionar com Deus como eleito. Foi chamado por Deus de Israel, por isso o povo de Jacó foi chamado de Israelita.Este teve doze filhos, que seriam os patriarcas, os descendentes destes doze filhos de Judá repatiriam a terra prometida em doze estados semi independentes na nação de Canaã. dentre eles destacaríamos, Judá , Levi e José.Judá porque seria seus descendentes os únicos que permaneceriam fiéis a Deus quando começassem a ocorrer as divisoes das tribos, e assim, seria a única nação que subsistiria na Aliança, e para a qual as demais passariam a ter como referência. Seria de sua descendência que viria também a também a nascer o Messias. Levi, porque seus descendentes seriam separados do povo para serem sacerdotes e responsáveis pelo culto e templo. Não teriam terra na divisão, mas de modo diferente iriam ser distribuídos em todas as outras terras.Jacó adotou (uma maneira honrosa do direito) os dois filhos de José por filhos seus. Eles se mudam da terra que moravam para o Egito, ao qual José após ser vendido pelos irmãos .Esta divisão na terra de Canaã ocorreria somente a partir do tempo narrado pelos Juízes. Por enquanto morariam e se multiplicariam em uma terra do Egito.



ÊXODO



O Povo de Deus se multiplica no Egito, viram milhares de milhares, passam a ser escravizados. Este livro surgiu entre os israelitas - Narra a história de Moisés que por chamado e orientação de Deus os tira do Egito. A história de sua saída do Egito, cercada de sinais e manifestações de Deus torna-se algo dentre o que há de mais caro na história judaica, e a grande eleição de Deus por seu povo, dando-lhe o dom de seus preceitos e mandamentos.




Levítico, Números e Deuteronômio





Já no livro do Êxodo, seguido ainda pelo Levítico, Números e Deuteronômio, narram a história do povo de Deus durante seus quarenta anos vagando no Deserto, após seu desagrado a Deus (em Números 12). Narra os feitos de Deus, lado a lado com as várias murmurações e infidelidades do Povo de Deus. Prossegue com as várias intercessões de Moisés, mas também o povo de Deus seguindo, por seus altos e baixos, como povo eleito. Mais do que tudo isto narra nestes livros, a lei de Deus e suas orientações ao povo de Deus. E se tornam junto com o Gênesis, o Pentateuco (os cinco livros da Lei). Entende-se ali que os Levitas não teriam terra nenhuma mais seriam separados para em todo o reino cuidar das coisas santas.




Josué, Juízes, Samuel, Reis e Rute




  • Há a Morte de Moisés conduzindo o povo a Canaã, a terra prometida.

  • Josué e os israelitas entraram em Canaã para consquistá-la.

  • Divisão das doze tribos na terra parcialmente conquistada, e o povo relaxando de lutar contra eles.

  • Morte de Josué.

  • As tribos se dispersaram para restabelecer a situação do povo, surgiu entre eles os Juízes

  • Autoridade política e religiosa que mantinha a unidade do povo

  • Juízes: 1° Juiz - Josué e último juiz - Samuel

  • Já no final do livro, ele manifesta muito o desagrado do povo a Deus por ser disperso pela ausência de um rei.

  • Quando Samuel estava velho o povo pediu um rei

  • 1° rei: Saul, que fez um reinado pequeno, e que desagradando a Deus foi deposto em prol de Davi.

  • 2° rei: Davi, que venceu seus inimigos e agradou a Deus. Demonstra-se como a mais ilustre figura de Rei de Israel, mesmo em suas quedas se entrega humildemente a Deus e alcança dele sempre sua misericórdia.

  • 3° rei: Salomão, que fez um grande reinado, majestoso e soberano, dentre ooutras coisas é quem constrói e consagra o Santuário. Viria a desagradar a a Deus a fim da vida.

  • A partir daqui há a posterior divisão do Reino, logo após Salomão.

  • O Reinado dos dois é narrado nos livro de Samuel, dos Reis, e mais tarde pelo livro das Crônicas dos Reis de Israel.



No quadro dos reis até o exílio:





Salmos, provérbios, Miquéias, Amós, Oséias, Jonas, Isaías, Sofonias, Naum (profetiza a queda de Nínive - 612), Jeremias, Habacuc (prediz a invasão dos caldeus e as desgraças de Judá), Ezequiel, Baruc (exílio da Babilônia). Lamentações (ruína de Jerusalém e do Templo), Daniel.






Divisão do Reino - 971 a.C












Depois da morte de Salomão, devido a palavra de Deus que lhe foi contrária ao fim de sua vida, no reinado de seu filho o reino se dividiu - as 12 tribos se dividiram em 2 reinos:





  • Reino do Norte - 10 tribos do norte - reino de Israel, inicialmente governado por Jeroboão I, capital Samaria. Este Reino desagradou muito a Deus no decorrer de sua história.



  • Reino do Sul - 2 tribos do sul - reino de Judá, governado por Roboão, capital Jerusalém. Este reino foi aos poucos desagradando a Deus.





É nesta época que surgem os profetas, grandes, conhecidos e perseguidos entre eles. Os Reis exprimiam a disposição do povo, ao ler o II Livro dos Reis vemos como Deus é fiel em ir atrás do povo de Deus (por meio dos profetas, de sinais e de prodígios) a partir de seus reis, mas vemos também como a grande maioria deles é infiel e idólatra. Surge aqui o mais expoente dos profetas do A.T.  Elias.




Domínio da Assíria (721)





Longe da bênção de Deus, Samaria (Reino do Norte) é invadida pela Assíria, alguns são exilados, outros fogem para Jerusalém (Reino do Sul), levando o livro do deuteronômio (livro da Lei) - em 622 o rei Josias, reformando o Templo em Jerusalém encontra o Deuteronômio e faz a reforma religiosa que dá base ao judaísmo, nome pelo qual aquele povo vai ficando conhecido.






Domínio da Babilônia (597)






Em 597 os babilônios invadiram Jerusalém, que ia se demonstrando mais e mais longe de Deus. Em 587 Nabucodonosor rei da Babilônia toma e destrói Jerusalém, o templo, levando seus habitantes para o exílio da Babilônia.Surge na Babilônia Ezequiel,  e em Judá  Jeremias.Com isto o Povo de Deus vai fazendo história na terra do exílio, poderíamos citar Tobias (dos livros deuterocanônicos) e Daniel.





profetas Após o exílio: Esdras, Neemias, Joel, Ageu, Zacarias, Malaquias, Abdias (539-490)





  • Ciro, rei da Pérsia atacou Babilônia e assumiu o domínio do Império babilônico (538). Agora império Persa.

  • O povo retornou para Palestina, a fim de restaurar a cidade e reconstruir o Templo.

  • Diante de histórias da dificuldades profundas, Neemias e Esdras narram este revigor do Povo de Deus.



LIVROS DE: Tobias, Judite, Ester, Jó, Eclesiastes (séc. III aC), Eclesiástico (175-163), Sabedoria, Cântico dos Cânticos e Macabeus




O Povo passa por período de grande fidelidade a Deus, que lhes livra dos inimigos que surgem. Mas com o tempo vem o arrefecimento da religiosidade dos mesmos. Em 490 aC os persas foram derrotados pelos gregos, os quais impuseram aos judeus a sua cultura. Mas os judeus fiéis reagiram (revolta dos Macabeus), durante o Império Grego. Em 63 aC. os romanos dominaram os gregos. Começou o Império Romano. Fica cada vez mais forte a cultura da vinda do Messias, que iria restaurar seu povo e a chegada do dia do Senhor.




O Pentateuco e os Livros Históricos





Penta = Cinco



Teuco = rolo, livro






Pentateuco Palavra grega que significa 5 livros - São os primeiros livros da Bíblia. Na Bíblia hebraica (judaica) o Pentateuco é chamado de “a Lei Torá”, porque é o fundamento da religião judaica. É o livro canônico (a Lei) dos judeus.





HISTÓRIA DO PENTATEUCO:





Na história do Pentateuco encontramos as grandes linhas da fundação do reino de Deus na terra. A formação do mundo, da humanidade e do povo escolhido por Deus. As leis contidas foram sendo escritas durante cinco séculos, reformulando, adaptando e atualizando tradições mais antigas, que vieram desde os tempos de Moisés. Mostra a Revelação gradativa de Deus aos homens. Deus se revelando aos patriarcas, libertando seu povo da escravidão, alimentando seu povo, conduzindo-o e criando leis.




OS 5 LIVROS LIVROS QUE FORMAM O PENTATEUCO:






1. Gênesis - Como a Providência Divina preparou desde o princípio dos tempos, um povo especial para ser o primeiro núcleo de Seu Reino. 



Gênesis = Começo, nascimento. Fala do surgimento do mundo, da história e do povo de Deus


Gên 1-11 - A criação do mundo e do homem por Deus. A história dos homens e do processo humano dominado pelo pecado.


Gên 12-36 - História dos Patriarcas



Gên 37-50 - História de José




2. Êxodo - Como de fato o Reino foi fundado. Conta como Deus libertou e formar seu povo. Êxodo = Saída. Começa narrando a saída dos hebreus da terra do Egito, onde eram escravos. A mensagem do Êxodo é uma prefiguração da mensagem do Novo Testamento.






RELAÇÃO DO ÊXODO COM O NOVO TESTAMENTO:







Êxodo - Páscoa dos hebreus, simbolismo do batismo, passagem da escravidão do Egito para a terra Prometida (O Reino de Deus estabelecido na terra); Deus liberta seu povo.











Novo Testamento: Páscoa de Jesus, Deus na Pessoa de Jesus, liberta o homem da escravidão do pecado para uma vida nova. Estabelece uma nova e plena Aliança.



3. Levítico - Formação de um povo santo. O povo toma conhecimento de sua natureza “santa”.


Levítico = provém do nome Levi, a tribo de Israel que foi escolhida por Deus para exercer a função sacerdotal no meio do seu povo.



Mensagem Central: “Sêde santos como vosso Deus é Santo” (Lev 19, 2).




4. Números - O povo a caminho das Terra Prometida, toma conhecimento de sua organização. Chama-se assim porque começa com um grande recenseamento do povo hebreu no deserto. Fala sobre a divisão das 12 tribos de Israel; o tabernáculo, onde ficava guardada a arca da aliança; as funções de cada um; a escolha dos levitas e sua missão de cuidar do tabernáculo; Aarão como sacerdote.



Mensagem Central:A caminhada do povo até a terra prometida: nos fala que todo o povo de deu é peregrino e caminha para a terra prometida por Deus (a glória). A organização: mostra que, dentro do povo de Deus, as funções devem ser repartidas, mas com um único objetivo: realizar o projeto de Deus. A arca da aliança no centro: indica que, nessa caminhada, Deus está sempre presente no meio de seu povo.



5. Deuteronômio - O povo tomou conhecimento de seu espírito baseado no amor e na obediência. A palavra grega deuteronômio significa: segunda lei. Lei de Moisés, segundo às necessidades do povo de Israel.



Idéia Central: Israel viverá feliz na terra se forem fiel à aliança com Deus; se for infiel, terá a desgraça e acabará perdendo a vida.


Mensagem: Mostra que o comportamento fundamental do homem para com Deus é o amor com todo o ser (Deut. 6, 4-9).


“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a alma e de todas as tuas forças”.



Nos livros históricos encontramos a história do povo de Deus, desde a entrada na terra prometida até próximo a época de Jesus. Mostra-nos as relações entre Deus e os homens, através dos acontecimentos.





Podemos dividir em três grupos: 





a. História deuteronomista: Josué, Juízes, Samuel, Reis.


b. História do cronista:
Crônicas 1 e 2, Esdras e Neemias.


c. História de Pessoas como modelos de fé:
Macabeus, Rute, Tobias, Judite, Ester.





HISTÓRIA DO DEUTERONOMISTA:






Josué, Juízes, Samuel, Reis - Mostraram que a história de Israel depende da atitude que o povo toma na aliança com Deus: “Se o povo é fiel à aliança, Deus lhe concede a bênção (saúde, felicidade). Se o povo é infiel, atrai para si a maldição (fracasso, doença, miséria). Esta idéia faz parte faz parte da história deuteronomista.



Josué - Deus libertou o povo do Egito para ser livre na Terra prometida. Mas o povo teria que conquistar a Terra que Deus lhe dera. Deus concede o dom, mas não viola a liberdade e nem dispensa o esforço do homem para assumí-la em seu viver. Deus exige que o homem busque e conquiste o dom que Ele concede. Deus quer a colaboração do homem.



Juízes - Depois das morte de Josué, as tribos se dispersaram, o povo começa a adorar deuses, consequentemente perde a liberdade e se torna escravo dos ídolos. No sofrimento toma consciência, se arrepende e suplica para que Deus lhe liberte. Deus faz surgir um juiz que reúne o povo e o conduz à liberdade.



Samuel - O último juiz. Este sagrou o primeiro rei - Saul. Estabelecimento da monarquia sob Saul e Davi.Afirma que qualquer autoridade que não obedece a Deus e não serve o povo é ilegítima e má, pois ocupa o lugar de Deus para explorar e oprimir o povo. Toda autoridade vem de Deus!



Reis - Mensagem Central: “O rei deve ser fiel a Deus e governar com sabedoria e justiça, servindo o povo que pertence a Deus”. Mas os reis são sempre infiéis e fazem o mal diante do Senhor (praticam idolatria, oprimem o povo, perseguem os profetas). Por isso o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá) são levados à ruína.O templo e os profetas tem um papel importante nessa época. O templo - lugar da reunião do povo com Deus. 




Os Profetas - guardiões da consciência do povo, e os críticos da ação política dos reis.





HISTÓRIA DO CRONISTA:





Esdras e Neemias - Procuram dar as normas básicas para a sobrevivência e a organização do povo de Deus depois do exílio.



Esdras
- Sacerdote conhecedor da Lei de Moisés


Neemias - Leigo corajoso.



As bases da reforma de Esdras e Neemias são os alicerces do judaísmo.
Crônicas 1 e 2 - Para fundamentar essas normas, eles repensam a própria história do povo, desde o início. Com o objetivo de dirigir a atenção do povo para a esperança de Israel que se reúne: no templo e no Messias.



Templo: onde Deus estabeleceu sua morada.



Messias: que há de vir e cumprir as promessas feitas aos patriarcas e profetas.





HISTÓRIA DE PESSOAS COMO MODELOS DE FÉ:






Macabeus 1 e 2, Rute, Tobias, Judite, Ester -Se apresentaram como modelos de vivência da fé diante de situações difíceis, seja de vida pessoal (Rute, Tobias), como nacional (Judite, Ester, Macabeus).



Macabeus - Mostraram a resistência heróica de um grupo diante da dominação grega, que impõe a sua culta e religião ao povo de Israel.



Rute - Uma história emocionante do amor de Deus, que quer gente de todas as nações formando a sua família, o seu povo. O amor de Deus é para todos.



Tobias - A finalidade do livro é estimular e fortalecer a fidelidade e a confiança do povo nas mãos de Deus, nos valores de Israel e no seu Deus.



Judite - É um convite à coragem. Leva o povo a louvar o verdadeiro Deus que vence os ídolos opressores.



Ester - Deus dá força e coragem e derrota o orgulho humano, fazendo vencer os oprimidos






Livros Proféticos e Livros Sapienciais






Dentre os livros do Antigo Testamento, após o Pentateuco e dos livros narrativos seguintes, temos os Livros Proféticos e os Sapienciais.






Em hebraico
- profeta = nabi = o que é chamado



Em grego - pro = em nome de; Phemi = falar
- falar em nome de Deus.





O profeta recebe um chamado de Deus para ser mensageiro e intérprete da Palavra Divina; teve um encontro pessoal e extraordinário com Deus e esta experiência o convocou a se tornar este mensageiro.







Tipos de pregação profética:





1. Exortações - é um apelo do coração do homem para que este evite a desventura. Geralmente começa: “escutai”.




2. Oráculos - tinham geralmente um tom ameaçador. Tem motivação moral e anuncia ventura ou desventura futura.




Temas das mensagens proféticas (antes, durante e após exílios):






Os profetas falavam principalmente aos próprios contemporâneos, mas sua visão acerca do mundo engloba o passado, o presente e o futuro. O profeta vê num só relance as verdades eternas e os fatos em que elas se mostram. A mensagem de cada profeta varia de acordo com o momento histórico em que viveram e com os ouvintes de sua pregação. Temas principais: a salvação realizada em Cristo, o anúncio do Messias, a glória de Deus.





i - Profetas antes do exílio: Sofonias, Naum, Habacuc, Miquéias, Isaías, Jeremias, Oséias e Amós.





-Mostravam ao povo e reis as suas faltas.



-Deus os entregaria aos estrangeiros pelas suas faltas.



-Exigiam a conversão do povo, para que não caísse sobre o país o julgamento de Deus.






ii - Profetas durante o exílio: Ezequiel, Isaías (40-55)





- Viveram na Babilônia



- Denominados profetas da consolação!



- Procuram erguer o ânimo do povo, para que retornem a caminhada e recuperem a fé em Deus.





iii - Profetas depois do exílio: Abdias, Ageu, Zacarias, Malaquias, Joel, Isaias e Jonas






-Incentivaram o povo a reconstruir o templo, os muros e a cidade de Jerusalém.



-Empreender a reforma religiosa, moral e social da comunidade judaica, predizendo a glória do futuro Messias.






Literatura Sapiencial do povo judeu:






A literatura sapiencial de Israel fundamenta seu ensinamento sobre a experiência do seu povo, na fé em Iahweh. Os sábios de Israel orientam seu pensamento para a sabedoria em Deus.





LIVROS SAPIENSIAIS: Provérbios, Jó, Eclesiástico e Sabedoria- Acrescenta-se dois livros poéticos: salmos e Cântico dos Cânticos.





1. Livro de Jó: Se preocupa com o problema do sofrimento do homem reto. A intervenção de Deus para revelar persistirem na fé mesmo no sofrimento.Preparação do futuro conhecimento do valor do sofrimento humano unido ao sofrimento de Cristo.




Revelações escatológicas:




- Provação do justo - se transformará em beatitude eterna.




- Prosperidade do ímpio - leva ao afastamento de Deus.




a. Tese antiga - tese da teologia da retribuição do bem e do mal nesta vida; sofrimento como castigo de pecados pessoais; vida longa, saúde, dinheiro - prêmio de Deus aos fiéis (Dt 8, 6-18).Os judeus antigos não tinham conhecimento da existência da vida consciente após a morte. Julgavam que depois da morte, tudo acabava. Só no séc. II a.C. tomaram consciência. Jó foi escrito no século V a.C.



b. Contexto que o livro de Jó foi escrito - os bons são recompensados nesta vida por Deus enquanto que os maus são punidos com doença e miséria.




c. O livro de Jó mostra que: 




-O sofrimento não é dado somente aos maus.


-Deus não confirma a tese antiga (Teologia da Retribuição).


-Deus instrui o homem também pelos sofrimentos.


-O sofrimento é instrumento de salvação.


-Deus salva os penitentes arrependidos.


-No sofrimento o homem confia que além do sofrimento está seu único libertador e pacificador.


-Deus ultrapassa a inteligência do homem.


-Ninguém pode sondar os desígnios de deus.


-Ninguém pode pedir contas a Deus dos seus planos.





2.Livro de Eclesiastes: Se preocupa com a felicidade do homem. Escrito (tese da retribuição do bem e do mal nesta vida). O autor é um judeu das Palestina (séc II aC.). Levanta críticas ao rei, ao reino e à corrupção. Fala do que ele observa e experimenta.



- Quando o autor fala do gozo dos prazeres materiais não é no sentido materialista (ateu), mas como ele não tinha conhecimento das vida póstuma consciente, ele convida seus discípulos a gozar dos bens que Deus lhe dá nesta vida.


- Expressões de amargurar e pessimismo significa a insatisfação do homem que espera uma resposta para seus anseios naturais.


- Rehma - todo homem foi feito para a vida, a justiça, a verdade, o amor, quando não os encontra sente amargura.


- Não consegue ver a felicidade garantida neste mundo, Inconsciente expressa o anseio do coração do homem pelo céu. Prefiguração de Mt 16, 26.


- Escrito depois do exílio (300aC.)



3. Provérbios:Os Provérbios foram escritos de Salomão (950 aC.) até depois do exílio (400aC.).São ensinamentos adquiridos por meio da experiência do povo, e coletados a fim de instruir e orientar o homem para a vida eterna.



4. Eclesiástico:Escrito em 190-180 aC. por Jesus ben Sirac, em Jerusalém , em hebraico e traduzido para o grego (132aC.) por seu neto. Ben sicar era escriba e conhecedor das Torá. Queria ajudar o povo a viver segundo a Lei.



- Título primitivo: sabedoria de Ben Sirac ou Siracida (hebraico). Os cristãos - o livro da Eclesia (Igreja).


- Apresentado aos catecúmenos como manual como manual dos bons costumes e à história do Antigo Testamento.


- Tema: produto de toda a vida do homem, com sua meditação na Torá.


- Sabedoria = Torá.


- Objetivo - ensinar a piedade e a moralidade.



- Doutrina: exorta à humanidade, bondade, dar esmolas, denúncia o orgulho, o pecado da língua, o adultério, a inveja e a preguiça.



5. Sabedoria: Autor: um judeu de Alexandria (Egito), escreveu e, 50aC. Atribuiu Salomão. O título “sabedoria de Salomão é fictício. é o último escrito do Antigo Testamento.



- Contexto histórico: escrito em Alexandria, onde havia uma colônia de judeus, os quais para não serem marginalizados, deixavam seus costumes e sua fé, perdendo sua própria identidade para se conformar com uma cultura pagã, idolatra e injusta. O autor alimentado pelas Escrituras, escreve o livro procurando reforçar a fé e ativar a esperança. Ensina a verdadeira sabedoria que vem de Deus e conduz a uma vida de felicidade.


- Doutrina: serve de prelúdio ao ensinamento sobre a graça que viria no Novo Testamento.É expressada como portadora da salvação para os homens (Sb 9-18).



6. Cântico dos Cânticos: Título Hebraico: o mais belo dos cânticos ou canto por excelência


- Autor - atribui-se a um autor depois do exílio, que escreveu em Israel no período das reformas de Esdras - Neemias.


- Tema: amor de Salomão (rei) por uma pastora.


- Doutrina: mistério da aliança de Deus com os homens.





A tradição vê a relação!




1. Deus com seu povo: (esposo - esposa)




2. Cristo com a Igreja:  (esposo - esposa)





7. Salmos: São os resultado do trabalho de muitos hagiógrafos desde o tempo de Moisés (séc XIII aC.) até o séc III aC. Eles foram se entranhando na tradição do povo judeu , muitos deles compostos pelo Rei Davi, e foram fazendo parte das festas e cultos do Povo.


Salmo = Psalmoi (grego) = melodias


Saltério = psalterion (grego) = instrumentos de cordas, de onde se extrai melodias (coleção de 150 salmos)



- Os salmos nasceram em lábios humanos sob a moção do Espírito Santo!


- O livro dos Salmos - 150 unidades em 5 partes: 


Livro 1 - Salmo 1 a 41


Livro 2 - Salmo 42 a 72


Livro 3 - Salmo 73 a 89


Livro 4 - Salmo 90 a 106


Livro 5 - Salmo 107 a 150






Contexto Histórico do "Novo Testamento"





Como se encontravam os judeus?





a)-O judaísmo formado por Esdras e Neemias surgiram no período persa 538-333 aC. Ciro rei dos medos e dos persas, conquista a Babilônia, cidade onde o povo judeu estava cativo. Considerado um rei muito humano, Ciro permite aos exilados voltar para sua terra, a Palestina, sob o comando de Neemias (445-533) e Esdras (398). É dado a Esdras o poder de reorganizar o povo e restaurar a lei judaica, que se torna lei de estado. Esta reforma tem uma importância considerável para o futuro do povo judeu e Esdras é verdadeiramente o pai do judaísmo. (Ne 8).




b)-Dominação grega no período do Macabeus (helenização) 333-63 aC: Alexandre da Macedônia conquista a Grécia, assim divulga a cultura e língua (Coinê) grega, que daí em diante, aos poucos substitui o aramaico. Quando morreu seus generais dividem entre si seu império. Quanto ao Oriente Médio, o Egito sob Ptolomeu; a Síria ficou com Seleuco (dão o nome Selêucidas). Assim a Palestina fica sob o domínio de Ptolomeu.




c)-Os judeus da Alexandria, não compreendendo mais o hebraico desejaram possuir, para uso liturgico na Alexandria, a lei em sua língua (grego), veio a tradução para o grego. Essa tradução criou vocabulário e o estilo que serviram para reescrever o Novo Testamento. Foi também a Bíblia dos cristãos.





c)-A Palestina é invadida pelos Selêucidas e Matatias e depois seu filho Judas Macabeu assumem o comando na cidade organizando a resistência armada. A dinastia dos Macabeus resistem ao domínio dos Selêucidas que querem impor pela força a cultura e religião helenística, instalam no templo um altar a Zeus. Começa por esta época em Israel os martírios. Os irmãos de Judas e a seguir seus descendentes, restabelelcem por um momento o reino de Israel.






d)-Invasão romana: A partir de 63aC-135dC. Em 63 aC. Roma, através do general Pompeu chega ao Oriente Médio. É o começo duma influência que não cessou senão com as invasões partas e árabes no séc. VII. Assim a Palestina passa a fazer parte do Império Romano. Herodes, o Grande (40-4 aC) obtém de Roma o título de rei. É no seu reinado por volta do ano 6 aC. que Jesus nasceu. O nascimento de Jesus sucedeu durante o governo do imperador romano Augusto: “Naquele tempo foi publicado um edito de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o império”. (Lc 2,1), é a época do seu julgamento o procurador romano era Pôncio Pilatos.Morto Herodes, seu reino é dividido em três e confiado a seus filhos. A Galileia e a Pérsia fica sob o reinado de Herodes Antipas (4 aC - 39dC). Arquelau, que reina sobre a judeia e Samaria, não demora a se fazer odiar; é exilado para a Gálias. é então substituído por funcionário romanos, os procuradores, dos quais o mais conhecido é Pôncio Pilatos ( 26-36dC).O povo judeu custa a suportar essa sujeição. Estão divididos os herodianos são os colaboradores da época e os publicanos também. Os saduceus se preocupam sobretudo com manter sua posição. Os fariseus, ao contrário, são geralmente hostis ao ocupante; quanto aos zelotes, fomentam a revolta armada. Em 135 dC Jerusalém é destruída e fica proibido aos judeus morar lá. É o fim do povo judeu. Aparentemente, pois o povo judeu não morre. Disperso entre as nações, ele guardou sua consciência de povo.



e)-Situação Religiosa - No tempo de Jesus podemos distinguir vários grupos religiosos que se diferenciaram no modo de se relacionar com a política, economia. Esses grupos tinham grande importância na sociedade da época. São eles: os saduceus, os escribas, fariseus, zelotas e essênios.





As principais seitas judaicas:







a). Os fariseus: fariseu quer dizer separado. Religiosamente eram as personagens mais importantes do judaísmo durante a vida de Jesus. Os saduceus sentiram aversão por eles porque acreditavam e praticavam coisas que a interpretação literal da Lei de Moisés condenava. A maioria da gente simples, os tinha em grande consideração. A principal queixa dos saduceus contra os fariseus era de que haviam amontoado um enorme acervo de regras e regulamentos para explicar a Lei do Antigo Testamento. Os fariseus, embora considerassem o Antigo Testamento como a sua suprema regra de vida e crença, viam que eles não se podiam aplicar diretamente ao tipo de sociedade em que viviam. Para ter valor e eficácia precisava ser explicado de novas maneiras. Os dez mandamentos recomendavam, entre outras coisas, que se podia fazer o judeu piedoso em dia de sábado? Os fariseus tinham uma lista de regras para responder em termos práticos a essa pergunta. Assim, os fariseus inventaram tantas regras peso moral para as pessoas piedosas. Jesus denuncio-os de hipócritas.Aos olhos de Jesus o mal dos fariseus era o fato de julgarem que Deus só se interessava pelas exigências da Lei. A teologia dos fariseus não abria espaço para aquele Deus que Jesus conhecia como seu Pai, um Deus cheio de bondade e amor mais desvelado e solícito para com aqueles que eram apenas convencionalmente religiosos.Os fariseus aceitavam a autoridade do Antigo Testamento como um todo, e não apenas a Lei de Moisés. Não tinham dificuldade em crer na ressurreição dos mortos. A maior expressão do farisaísmo foi a criação das sinagogas, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus.




b). Os saduceus: Esses grupo era formado por grandes proprietários da terra e pela elite dos comerciantes. Era um grupo pequeno mais de muita influência, dele provinham os Anciãos, isto é, aqueles que controlam a administração da justiça no tribunal supremo, chamado Sinédrio; do mesmo grupo provinha também a elite sacerdotal, que administrava o Templo e era responsável pelo culto. Os saduceus, portanto, concentravam nas suas mãos todo o poder político. Embora não se relacionassem diretamente com o povo, eram intransigentes com a sociedade e viviam preocupados com a ordem pública. Esse grupo foi o principal responsável pelo julgamento e morte de Jesus. Os saduceus foram os maiores colaboradores da dominação romana na Palestina e sempre mantiveram uma política de conciliação, certamente pelo medo de perder seus encargos e privilégios. Por essa razão sempre foi o grupo mais odiado pela ala nacionalista do judaísmo.No que se refere à religião, esse grupo era o mais conservador: aceitavam apenas a autoridade da lei escrita dada por Moisés nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento - o Pentateuco ou Torah. Não tinham tempo a perder com o resto do Antigo Testamento ou que se aventurasse a reinterpretá-lo. não compartilhavam com os outros judeus de algumas crenças do judaísmo que não constava explicitamente na Torah. Rejeitavam as novas concepções geralmente aceitas pelos escribas e fariseus. Não acreditavam nos anjos, demônios, messianismo e ressurreição (Ler Mc 12, 18-27), também não acreditavam que Deus tivesse um objetivo por trás dos acontecimentos da história. Como grupo desapareceram com a destruição do Templo pelos romanos no ano 70 dC.




c). Os Essênios: Tudo que faziam assumia alguma importância religiosa. Mantinham uma espécie de comunidade em Qumrã (às margens do Mar Morto), esforçando-se por preservar as tradições de pureza religiosa e moral do Antigo Testamento. Contudo nem todos os essênios viviam assim, alguns diferentemente dos grupos monásticos, casavam, porém somente por considerarem ser este o meio de continuar a espécie humana. A exemplo de algumas seitas, viviam os essênios na expectativa de um dia de crise na história. Deus, então reafirmaria sua soberania sobre o mundo, desbaratando os hereges da própria raça judaica, e os inimigos estrangeiros, como os romanos. Depois os membros da seita, e não a totalidade da raça judaica, seriam reconhecidos como o povo eleito de Deus. Assumiriam e restaurariam o culto de Deus no templo de Jerusalém.




d). Os Zelotas: O nome zelota é atribuído a todo aquele que aderiu a um partido radical nascido na Galiléia, no tempo de Jesus e na época imediatamente posterior. O termo indica alguém que demonstra zelo e entusiasmo. Foram aqueles que mais se envolveram em ações diretas contra os romanos. Tinham a convicção religiosa de que não podiam ter outro senhor senão Deus e que, portanto, os romanos não eram vindos. Tinham uma insaciável paixão pela liberdade, e tão convencidos de que só Deus podia ser seu amo e Senhor.




Os doutores da Lei:





Também chamados de Escribas. No tempo de Jesus este grupo estava em ascensão e cada vez adquiria mais prestígio. Embora não pertencessem à classe mais abastarda, gozavam de uma posição de estratégia sem igual. Eram guias espirituais do povo, influenciando e determinando até as regras que dirigiam o culto. Por Seu grande poder residia no saber, pois eram especialista na interpretação da Sagrada Escritura. Como as Escrituras era a base da vida do povo judaico, os escribas acabavam se tornando especialistas em direito, administração e educação. Além do mais não ensinavam tudo o que sabiam e escondiam ao máximo a maneira como chegavam a determinadas conclusões. Após a destruição do Templo foram os escribas e fariseus que deram uma nova forma à religião judaica, tornando-a uma religião da Palavra.A influência dos escribas se fez sentir principalmente em três lugares, no Sinédrio (tribunal superior), na sinagoga (casa de oração) e na escola.No Sinédrio se apresentavam como juristas para aplicar a Lei de Moisés em assuntos governamentais, administrativos e em questões judiciais.Na Sinagoga eles eram os grandes intérpretes da Sagrada Escritura, criando novas tradições através da reeleitura, da explicação da Lei para os novos tempos e circunstâncias. Eram eles que abriam escolas para ensinar a ler e escrever, formando novo discípulos.






As festas Judaicas











No tempo e Jesus, três festas exerciam um papel importante - Páscoa, Pentecostes, e Tendas. São as festas de peregrinação em que o povo se reunia para manifestar a solidariedade, a união, e para celebrar os grandes feitos do Senhor, libertador do seu povo. Cada uma delas durava uma semana inteira e vinha gente de todos os lugares. Os peregrinos de várias aldeias viajavam até Jerusalém em caravanas para evitar assaltos ou surpresas desagradáveis. Desde criança Jesus participava dessas festas (Lc 2, 41-50).





1)-Na festa da Páscoa se celebrava a libertação da escravidão do Egito, além de outros acontecimentos da história. Foi durante essa festa que Jesus instituiu a Eucaristia, foi preso e morto. Ele é o autêntico cordeiro de Deus.



2)-Na festa de Pentecostes, celebrada 50 dias após a Páscoa, era o momento de renovar a Aliança que Deus fizera com o seu povo no monte Sinai. Lucas coloca no dia dessa festa a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos (At 2, 1-41).



3)-Na festa das Tendas, cada família construía nos arredores de Jerusalém uma cabana de folhagens, na qual morava por uma semana, relembrando os antepassados que moraram em cabanas quando saíram do Egito. À noite era, aceso candelabros de ouro no Templo e o povo saia em procissão levando tochas, iluminando assim a cidade inteira. Foi durante essa festa que Jesus declarou “Eu sou a luz do mundo” e fez com que um cego de nascença enxergasse a luz (João 7-9).




Templo e Sinagogas





O templo representava o centro da vida do povo judaico. Era nele que todos, até mesmo os judeus que viviam espalhados fora da Palestina, se reuniam para prestar culto a Deus. O Templo era a casa onde habitava o Deus único, santo, puro. Assim podemos perceber o poder que os sacerdotes tinham sobre o povo, sendo estes quem administrava o Templo e também por considerarem que estavam mais perto de Deus, e consequentemente eram eles os mais puros. A autoridade dos sacerdotes acabou transformando o Templo não só no centro da vida religiosa, mas também da vida política e econômica. É por isso que no tempo de Jesus o Templo possuía riquezas imensas (era o Tesouro Nacional), e toda a cúpula governamental agia a partir do Templo, (o Sinédrio que reunia sacerdotes, escribas e anciãos). Desse modo a morada de Deus se transformou num lugar de poder. Quando Jesus expulsou os comerciantes do Templo, estava na verdade, atacando o alicerce da sociedade judaica.O Templo era o lugar de culto e o povo freqüentava, principalmente por ocasião das grandes festas. Na vida comum, porém, o centro religioso era constituído pelas grandes festas. Na vida comum, porém, o centro religioso era constituído pela sinagoga, presente até mesmo nos menores povoados. Era o lugar onde o povo se reunia para a oração, para ouvir a Palavra de Deus e para a pregação, explicando o texto e relacionando-o com outros textos. Pelos Evangelhos sabemos que pelo menos uma vez Jesus, que era leigo, se apresentou para fazer a leitura do texto e interpretá-lo (Lc 4, 16-30).O sacerdote não tinha uma função especial na sinagoga, porque esta não era o lugar de culto litúrgico. Embora qualquer adulto pudesse presidir a reunião, nem todos o faziam, ou por serem analfabetos ou por não se julgarem preparados para um comentário. As reuniões acabavam então sempre animadas pelos escribas e fariseus que, cada vez, propagavam mais suas idéias e aumentavam sua influência sobre o povo, adquirindo prestígio cada vez maior. Em Jerusalém. algumas sinagogas tinham até hospedaria e instalação de banheiros para peregrinos. Até hoje as sinagogas são casas de oração e reunião dos judeus espalhados no mundo.





POR QUE O DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO aparenta SER DIFERENTE DO DEUS DE JESUS CRISTO NO NOVO TESTAMENTO? (a moral dos povos no Antigo Testamento ainda estava em desenvolvimento: olho por olho...)


 






Os homens da antiguidade, mesmo os mais chegados a Deus, tinham mentalidade primitiva e, praticavam o que hoje para nós seriam “escândalos morais” tais como: A mentira, fraudes, crueldade para com os adversários, concubinato, poligamia. Deus respeita o lento desabrochar da nossa natureza humana. Esse desabrochar da consciência humana deveria acontecer pela reflexão dos homens de todos os tempos, e pela meditação da Revelação de Deus. Assim, por esses dois meios: reflexão e Revelação, a consciência do povo de Deus foi se aperfeiçoando, desde a moralidade simples dos Patriarcas do Antigo Testamento até à lei de Cristo que é a caridade. O caminho foi lento e árduo por causa das conseqüências do pecado original que enfraqueceram a inteligência e a vontade do homem. Veja a fé de Abraão, o fervor da oração de Davi, o zelo de Elias, são modelos que devemos imitar. A Igreja porém, não os coloca nos altares porque nem sempre suas atitudes servem hoje de modelo de vida.

 

 

D. Estevão Bettencourt em seu livro: “Para entender o Antigo Testamento” (editora Lúmen Christi), nos ajuda a entender esta realidade:

 



 

Os textos bíblicos que narram coisas desse tipo deixam chocado o leitor que não se dá conta da moral primitiva desses homens! Pode parecer que nem a consciência repreendia os israelitas que assim procediam, e que nem o próprio Deus os censurava. Antes de tudo é preciso saber que nem tudo que o Antigo Testamento narra é proposto como “norma de conduta” para nós. Nem todas as ações de um herói (como Sansão, por exemplo) de um livro inspirado por Deus, são ações inspiradas. A Bíblia não tem erro de doutrina, verdades de fé reveladas por Deus, mas pode ter falhas de outra natureza! A Igreja, assistida pelo Espírito Santo, sabe fazer este discernimento, e é para isto que Jesus deixou o Magistério sagrado do Papa e dos Bispos. A Igreja sabe encontrar as verdades dogmáticas transmitidas mesmo através de histórias às vezes “não edificantes”.

 

 

ATENÇÃO! Os “escândalos” narrados no Antigo Testamento fazem parte da miséria dos filhos de Adão

 

 

Então, ao se defrontar com os episódios de “barbárie” das Escrituras antigas, não devemos nos prender no aspecto repugnante que eles podem ter; devemos saber passar além da aparência superficial, e olhar “para dentro desses acontecimentos” com o olhar de Deus. Assim, também eles nos falarão de algo muito sublime. Às vezes no Antigo Testamento, os homens considerados justos (Abraão, Moisés, Davi...) cometem atos ao nosso critério, considerados pecaminosos. Para entender esta dificuldade é preciso que consideremos o problema dentro de um quadro à luz de Deus, e não simplesmente do nosso ponto de vista de homens do século XXI. (seria cairmos no "Anacronismo", que é julgar o passado com a nossa mentalidade do presente).

 

 

 

O desenvolvimento das obras de Deus são lentos e graduais, basta ver como a natureza se desenvolve:



 

Uma  grande árvore começa de uma semente, é preciso entender que também, na ordem moral isto ocorre da mesma forma: lenta, gradual, e não instantaneamente, especialmente no que diz respeito à consciência humana de nossa humanidade limitada e decaída - Basta ver como a consciência da criança se desenvolve até a fase adulta. Só aos poucos é que a criança ou o adolescente vai percebendo as conseqüências concretas daquilo que nos diz a consciência: “faça o bem, evite o mal”. Com o gênero humano inteiro aconteceu algo semelhante ao que se dá com toda criança: nos primórdios da história, os homens tinham uma consciência moral pouco desenvolvida, a qual foi se tornando mais apurada e sensível através dos séculos. Deus agiu assim com o homem, de maneira pedagógica. Isto aconteceu com o povo de Deus, portador da verdadeira fé. Este povo também possuía uma consciência moral ainda embrionária. Sabiam que era preciso “fazer o bem e evitar o mal”, e obedecer a Vontade de Deus; mas na prática este princípio escapava à sua percepção. Jesus fez o mesmo com os Apóstolos. Na última Ceia Ele lhes diz: “Ainda tenho muitas coisas para dizer-lhes, mas vocês não as podeis entender agora. Quando vier o Paráclito…” (Jo 16,12). Só depois de Pentecostes é que os Apóstolos entenderam muitas coisas.Deus respeita o lento desabrochar da natureza. Esse desabrochar da consciência humana deveria acontecer pela reflexão dos homens de todos os tempos, e pela meditação da Revelação de Deus. Assim, por esses dois meios – reflexão e Revelação – a consciência do povo de Deus foi se aperfeiçoando, desde a moralidade simples dos Patriarcas do Antigo Testamento até à lei de Cristo – a caridade. O caminho foi lento e árduo por causa das conseqüências do pecado original que enfraqueceram a inteligência e a vontade do homem.Deus, para preservar a verdadeira fé e a esperança messiânica no mundo idólatra, escolheu Abraão e sua posteridade para formar o povo e onde nasceria o Messias. Não se pode esquecer que essa gente, oriunda de ambiente pagão (Mesopotâmia), recebeu de seus antepassados na Caldéia, muitas tradições e costumes supersticiosos. Deus teve que paciente e pedagogicamente polir e elevar esta gente até à altura do culto do verdadeiro Deus; mas não quis cortar bruscamente todas essas tradições, pois seria antipedagógico, e não seria entendido. Inicialmente Deus fez o essencial, eliminou, rigorosamente o que era estritamente Politeísta; mas quanto às outras coisas, preferiu ir devagar, contemporizando, aceitando o povo como era, seguindo práticas antigas, mas não politeístas. Assim, por meio dos profetas Deus foi fazendo com que o povo fosse se elevando espiritualmente, até um dia poder ouvir a mensagem do Evangelho: “Este é o meu preceito: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (Jo 15, 12)”.A consciência embrionária do povo no Antigo Testamento, não é incompatível com santidade. Em qualquer época da história, a inocência consiste em que o homem nada faça “contra a sua consciência”, nada que lhe pareça contradizer à Vontade de Deus. Veja, os grandes homens e mulheres da história sagrada, como mostra o texto bíblico, se esforçavam por não violar normas que o seu senso moral (consciência) lhes exigia e, quando por fraqueza, as violaram, se arrependeram disto sinceramente. Há muitos exemplos disso na Bíblia.Esses homens davam a Deus tudo que sabiam que deviam dar-lhe; embora “tudo”, era pouco em comparação com o padrão moral que hoje nos é proposto; mas precisavam de grande esforço.Na medida em que a consciência não os acusassem, podiam seguir seus costumes primitivos, para nós as vezes bárbaros; e assim não deixavam de obedecer o que Deus lhes pedisse. Era esta incondicional adesão ao Senhor que os tornava justos, santos. Por isso, esses homens são modelos de santidade, para a época, não pelo aspecto exterior de sua vida (que às vezes nos assusta!), mas pelo desejo interior de cumprir a vontade de Deus e lhe ser fiel.Veja a fé de Abraão, o fervor da oração de Davi, o zelo de Elias, são modelos que devemos imitar. A Igreja porém, não os coloca nos altares porque nem sempre suas atitudes servem hoje de modelo de vida.Para nós que temos o conhecimento do Evangelho, seria ilícito repetir o que era praticado pelos justos do Antigo Testamento, já que a nossa consciência, iluminada por Cristo, tem agora muito mais clara noção do bem e do mal, e se torna mais exigente. O que hoje é pecado contra a lei natural sempre foi mau olhos de Deus, já que o mal não depende de mera convenção humana, mas nem sempre isto foi percebido pelos homens antigos, por causa de sua consciência moral pouco desenvolvida. Enfim, Deus quis fazer do homem seu filho, chamando-o a participar de sua vida e da sua felicidade, e para isto o foi educando pedagogicamente.



 

 

à luz dessas explicações podemos agora compreender porque a lei de Moisés (1240 a.C.) inicialmente, incorporava a lei de talião (UM AVANÇO ENORME PARA A MORAL RETRIBUTIVA DA ÉPOCA)!




O código babilônico, de onde veio Abraão, do rei Hamurabi (1800 a.C.), prescrevia: “Olho vazado por olho vazado” (Art. 196); “membro quebrado por membro quebrado” (Art. 197); “dente espedaçado por dente espedaçado” (Art. 200); “boi por boi, carneiro por carneiro” (Art. 263); “morte ao arquiteto de uma casa que desmorone sobre o proprietário” (Cf. art. 229); “morte ao filho do arquiteto, se a casa cai sobre o filho do proprietário” (Cf. art. 230). Com o progresso da cultura, os antigos pagãos foram percebendo a imperfeição da retribuição pelo talião. Consequentemente, admitiam que o criminoso pagasse indenização monetária, caso nisto consentisse a vítima. Ao promulgar a Lei Mosaica, Magna Carta de Israel, o Senhor quis respeitar a tradição da sua gente; para depois reformá-la aos poucos. Jesus, completando o processo pedagógico do Antigo Testamento, aboliu a lei de talião, ordenando que os discípulos perdoassem gratuitamente até os inimigos (cf. Mt. 5, 38-42, 21-15).

 

 


Introdução aos Evangelhos





Os cristãos consideram os quatro Evangelhos como o centro do Novo Testamento. A palavra Evangelho vem do Grego que significa Boa Nova. Entre os cristãos passou a significar a mensagem de Cristo, “aquilo que Jesus fez e disse” (At 1, 1). A Igreja reconhece 4 narrações dos Evangelhos como inspirados e canônicas: O Evangelho segundo São Mateus, Marcos, Lucas e João.





OS QUATRO EVANGELISTAS E SEUS EVANGELHOS











Os quatros evangelistas são Mateus, Marcos, Lucas e João Marcos e Lucas não fazem parte dos Doze Apóstolos. Conforme uma profecia de Ezequiel e uma passagem em Apocalipse (Ez 1, 4-10, e Ap 4, 6-8), a tradição cristã dos séculos II/IV representa os evangelistas por símbolos ou figuras de animais, da seguinte maneira:




1)-Mateus - representado pela figura de um homem, porque começou a escrever seu Evangelho dando a genealogia de Jesus (dimensão da obra prima de Deus; a imagem e semelhança de Deus).Mateus, também chamado de Levi é filho de Alfeu conforme os Evangelhos de Marcos e Lucas (Marcos 2,14) (Lucas 5, 27).Antes de ser chamado para seguir Jesus, Mateus era um coletor de impostos do povo hebreu, durante a dominação romana.Por ordem de Herodes Antipa, ele estava alocado em Cafarnaum, uma cidade marítima no mar da Galileia, na Palestina. Seu primeiro contato com Jesus se deu enquanto estava trabalhando: “saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse”: “siga-me!” Ele se levantou e seguiu Jesus. (Mateus 9, 9).“Depois, Mateus preparou, em sua casa, um grande banquete para Jesus”. “Estava aí uma numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas, sentadas à mesa com eles.” (Lucas 5, 27-28-29).Como Mateus era coletor de impostos, uma ocupação desprezada pelo povo judeu, os fariseus criticaram Jesus ao vê-lo à mesa com os publicanos e pecadores. O Mestre respondeu: “Não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”. (Lucas 5,29)  -  Seu evangelho é organizado em “cinco livrinhos”, cada um contendo uma parte narrativa seguida de um discurso, que reúne e explica o que está contido nas narrativas.O nome de Mateus aparece sempre na relação dos 12 primeiros apóstolos de Cristo, geralmente ao lado de São Tomé. Entre as citações consta uma ordem de Jesus: “Os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante deles. Ainda assim, alguns duvidaram”. Então, Jesus se aproximou e falou: “Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra”. “Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês”. “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. (Mateus 28, 16-17-18-19-20). A tradição relata a pregação de São Mateus na Judéia durante 15 anos, depois de haver percorrido grande parte da Etiópia e Pérsia. Fora do Evangelho, segundo Eusébio de Cesaréia, em sua “História da Igreja”, a única referência a respeito de Mateus é uma citação do bispo Papias de Hierápolis, do século II. Da sua atividade após o Pentecostes, se conhece somente as páginas do seu Evangelho, primitivamente redigido em aramaico. Existem várias versões sobre sua morte. Uma delas é que teria morrido na Etiópia apedrejado, decapitado e queimado, defendendo Santa Ifigênia. Suas relíquias teriam sido encontradas em 1080, e levadas para a cidade italiana de Salerno, onde até hoje se encontram e são consideradas pelos mais crentes como verdadeiramente do santo.A Igreja Católica celebra sua festa em 21 de setembro, e a grega em 16 de novembro.




2)-Marcos - representado pela figura de um leão, porque começou a narração de seu Evangelho no deserto, onde mora a fera (dimensão de força, realeza, poder, autoridade) - O Evangelho de Marcos faz parte do Novo testamento e é curiosamente o mais antigo e mais curto de todos os evangelhos, e ao longo de dezesseis capítulos, podemos identificar que foi escrito provavelmente antes da destruição do templo de Jerusalém por volta de 70 DC. O testemunho dos primeiros cristãos deixa poucas dúvidas de que Marcos tenha sido o autor e por isso o livro leva seu nome. Sabe-se que sua mãe também se chamava Maria, e ele era primo de Barnabé. Embora não tenha sido um dos doze discípulos escolhidos por Jesus, ele testemunhou grande parte dos fatos ocorridos na igreja primitiva, especialmente em Jerusalém. Inclusive, Marcos viajou com Paulo e Barnabé e passou longo período com Pedro que se referia a ele como “meu filho”.Marcos anuncia a boa nova sobre Jesus Cristo, dando ênfase à sua atuação constante e sua autoridade em toda a terra. Jesus vai de lugar a outro anunciando a vinda do reino de Deus, ensinando multidões, curando e fazendo milagres.Este Evangelho relata fatos extremamente relevantes para os cristãos, demonstrando que Jesus era o Filho de Deus, o Messias profetizado no Velho Testamento. Entre tais fatos estão: Jesus acalmando a tempestade; andando sobre as águas; agindo sobre a figueira cujas raízes secaram; entre outros milagres de cura de muitos como a sogra de Pedro, o homem paralítico, a mulher que sóbria a doze anos com uma hemorragia e o mudo e surdo, e o poder de Jesus sobre a morte ao trazer de volta a vida a filha de Jairo. O ápice do livro fala sobre a autoridade de Jesus vinda de Deus. Ele é o Filho do Homem, aquele que Deus escolheu e enviou para ser o Salvador de todos “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10,45).  Portanto Ele tem autoridade para expulsar demônios, curar doentes e perdoar pecados. Este evangelho começa com o batismo de Jesus por João Batista no rio Jordão e termina com a ressurreição de Jesus Cristo: “E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram” (Mc 16, 1-6)

 

 

 




3)-Lucas - representado pelo Touro, porque começou a narração pelo templo, onde eram imolados os bois (dimensão de oferta).  Não se sabe se Lucas era judeu ou gentio, mas sabe-se que viveu na Antioquia da Síria, e é comumente identificado como gentio. Provavelmente o evangelho de Lucas foi escrito na mesma época que o livro de Atos dos apóstolos, entre 59 e 63 DC. Há indicações de que Lucas tenha começado a escrever durante o período em que Paulo ficou preso em Roma, ou ainda um pouco antes durante a prisão de Paulo em Cesáreia.  Lucas, mais tarde adotou Filipos como seu lar, investindo sua vida no jóvem ministerio da igreja filipense. Logo no começo o autor diz o seguinte “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem” (Lc 1, 1-4) . O Evangelho de Lucas apresenta Jesus não somente como o Messias prometido por Deus ao povo de Israel, mas como Salvador da Humanidade. Ele nos conta sobre os pais de Jesus, conta também sobre o nascimento de seu primo João Batista "disse João a todos: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Lc 3,16), a trajetória de José e Maria até Belém, lugar em que Jesus nasceu, e ficou numa manjedoura “José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 4-7). Neste Evangelho Lucas demonstra a através das narrativas das parábolas de Jesus como a do filho pródigo, do homem rico e Lázaro, e do Bom Samaritano, o quanto Ele é compassivo e grande em perdoar pecados, pois muitos líderes da época se opuseram aos ensinamentos de Jesus, rejeitando valores como amor, comunhão e equidade. O resultado disso é amplamente conhecido até mesmo nos dias atuais, entre os que são cristãos ou não: Jesus foi perseguido, e sofreu uma morte de cruz "Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem"(Lc 23,33-34) Foi a ressurreição de cristo, e todos os esforços por parte dos que creram Nele garantiram a continuidade do ministério cristão e seus ensinamentos: "Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado. E encontraram a pedra removida do sepulcro; mas, ao entrarem, não acharam o corpo do Senhor Jesus"(Lc 24,1-3)




4)-João - representado pela Águia, por causa do elevado estilo de seu Evangelho, que fala da Divindade e do Mistério altíssimo do Filho de Deus (ver resumo logo abaixo, nos escritos Joaninos).






A FORMAÇÃO (COMPOSIÇÃO) DOS EVANGELHOS:







Atualmente a teoria das fontes e uma teoria defendida pela maioria dos exegetas, para explicar a formação dos Evangelhos sinóticos. Esta teoria afirma o seguinte: Marcos é o mais antigo dos nosso Evangelhos, seguido por Mateus e Lucas, independentemente um do outro, Acredita-se que existiu um outro documento especial onde havia Palavras e discursos de Jesus. Esse documento hipotético, que deve ter sido escrito em grego, é chamada “Q”, do alemão Quelle (fonte), teria sido uma fonte usada para compor, juntamente com o Evangelho de Marcos, os Evangelhos de Mateus e Lucas. Quanto ao Engelho de São João foi escrito, em grego, por volta do ano 100.O Evangelho foi anunciado oralmente e depois escrito. Há um intervalo de 30 a 70 anos entre Jesus e o texto definitivo dos Evangelhos. Na verdade Jesus pregou sem deixar nada por escrito, nem tampouco mandou os apóstolos escreverem.




A Igreja admite três etapas nesse período de tempo:





1. De Jesus aos Apóstolos - Jesus pregava a Boa Nova usando a linguagem dos rabinos (Parábolas), Após a ressurreição, Cristo investiu os apóstolos da missão de pregar o Evangelho por todo o mundo, o que se deu após o dia de Pentecostes.



2. Dos Apóstolos às primeiras Comunidades cristãs - Jesus morreu e ressuscitou não abandonou os seus discípulos. Enviou o Espírito Santo para orientar os Apóstolos na fiel pregação do Evangelho. Ele mesmo disse “não vos preocupeis com o que haveis de dizer...” A mensagem de Jesus foi levada de Jerusalém para Samaria, Galiléia, Síria, Grécia, Roma ... Até os confins da terra. Depois da morte de Jesus e reunindo comunidades para viver um estilo de vida de acordo com a Palavra e a ação de Jesus.Essa pregação inicial era chamada de primeiro anúncio, ou Kerigma, era uma pregação curta, que gerava frutos de conversão e a adesão a Jesus, cujo tema central era a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte obtida na cruz - Páscoa -, a ressurreição etc.Depois desse anúncio começava a catequese, isto é, de educação para uma vida segundo a fé. É esta etapa de catequese nas comunidades iniciarem as tradições orais e também os primeiros escritos que formaram mais tarde os Evangelhos, pois a medida que iam pregando o Evangelho, os apóstolos sentiram necessidade de escreverem o que pregavam para facilitar a aprendizagem texto de parábolas, milagre, profecias, narrativas da paixão e ressurreição, para poder transmitir as verdades da fé.



3. Das primeiras Comunidades cristãs aos Evangelhos - Assim os evangelho são um espelho de catequese que era feita nas primeiras comunidades cristãs. Essa pregação chamava-se dedachê, nela estava incluído o conteúdo do querigma, passando porém, a uma formação cristã mais profunda para aquelas comunidades. O Sermão da Montanha é um exemplo clássico da didachê.





Das diversas compilações feitas nas Comunidades, quatro foram reconhecidas pela Igreja como canônicas, isto é autêntica Palavra de Deus. Dai surgiu os quatro Evangelhos segundo Mateus, Marco, Lucas e João. Os quatro Evangelhos são semelhantes entre si porque tratam do mesmo Jesus. Apresentam variações diferentes porque nasceram em comunidades diferentes. Os Evangelhos aparecem entre 30 e 70 anos depois da morte de Jesus. A intenção não era fazer uma biografia, uma história de Jesus. Queriam, sim, converter, esclarecer e manter vivo nas comunidades o compromisso com Jesus, recordando suas palavras, sua morte e ressurreição.





FIDELIDADE HISTÓRICA DOS EVANGELHOS





Mesmo se fora da Bíblia não tivéssemos testemunho algum sobre a vida de Jesus não seria de modo algum para se estranhar, levando em conta que para historiografia daquela época, a vida de Jesus não podia constituir um acontecimento da importância decisiva. Porém, tais testemunhos existem. Flávio José (37-97dC) - nascido em Jerusalém, conheceu a primitiva comunidade cristã de Jerusalém. Membro de uma família da nobreza sacerdotal, interessou-se em observar, criticar e até escrever sobre esta nova religião e sobre seu fundador Jesus Cristo. Plínio o Moço (62-114dC) - governador da Província da Bitínia pediu instruções ao imperador Trajano sobre o comportamento a adotar com relação aos cristãos.




1. A mensagem de Jesus Cristo se propagou como o acompanhamento dos Apóstolos. - As comunidades surgiram sempre com a presença de um apóstolo. Lembremo-nos, por exemplo, de que, “quando os apóstolos souberam em Jerusalém que a Samaria tinha recebido a Palavra de Deus, enviaram Pedro e João para lá (At 8, 14). “Pedro viajava por toda parte” na terra de Israel, a fim de atender às necessidades dos cristãos (At 9, 32). São Paulo mantinha intercâmbio com as comunidades da Ásia Menor, da Grécia e de Roma, recebendo mensageiros e enviando cartas às mesmas. O mesmo se diga dos outros apóstolos cujos escritos atestam o zelo pela conservação da integra da doutrina. Veja também outros textos que mostram o contato constante das novas comunidades com a Igreja-mãe de Jerusalém: At 11, 27-29 - At 15,2 - At 18, 22; I Cor 16, 3; II Cor 8, 14.




2. Os apóstolos tinham consciência de lidar com uma tradição santa e intocável. São Paulo dizia aos Coríntios: “ Eu vos transmiti aquilo aquilo que eu mesmo recebi” ( I Cor 15,3; 11,23). O Evangelho pregado por São Paulo aos gentios, foi reconhecido pelos grandes apóstolos de Jerusalém ( Gl 2,7-9) . Os Tessalonicenses eram exortados a manter a tradição recebida e afastar-se de quem não a seguisse (II Ts 2,15). Antes de morrer, São Paulo recomenda a Timóteo que transmita o depósito santo a homens de confiança que sejam capazes de o passar a outros( II Tm 2,2) . É dever dos ministros de Cristo que sejam fiéis ( I Cor 4,1s; Its2,4).





3. Os apóstolos inspirados pelo Espírito Santo discerniram o que era autêntico e o que era mito. E cuidaram para que tais mitos não se mesclassem com a autêntica doutrina de Cristo. A Igreja recolheu os mitos, desvios e erros doutrinários ocorridos na pregação da mensagem cristã e chamou de literatura apócrifa. São Paulo tem consciência de que mitos não fazem parte da mensagem Evangélica, e por isso, devem ser banidos da pregação (I Tim 1, 4; 4, 7; II Tm 4,4; Tt 1, 14 e também cf I Pd 1, 16).




Apócrifo - Os mitos erros e desvios ocorridos na pregação da mensagem cristã dos primeiros foram recolhidos na chamada literatura apócrifa, cujo estilo é evidentemente imaginoso e fictício. A Igreja teve a assistência do Espírito Santo para discernir claramente o autêntico e não autêntico.





Mito - Os mitos todos têm estilo vago, do ponto de vista da cronologia e da topografia. Refere-se, geralmente como contexto um tempo fora do tempo. Tem como heróis em geral os primeiros homens à volta com deuses ou seres maus; não podem se referir a uma época histórica precisa; na maioria das vezes e pessimista ou fatalista; não deixando ao homem o direito de exercer sua liberdade e responsabilidade. Com os Evangelhos (e toda a Palavra de Deus) dá-se o contrário: o local é exato - a Palestina -, a cronologia é exata e comprovada pela história, como se pode verificar menções a César Augusto (Lc 2, 1) Tibério César, Pôncio Pilatos (Lc 3, 1s).






COMO SURGIU O NOVO TESTAMENTO?









Entre a vida de Jesus e a composição dos escritos do Novo Testamento não há um espaço vazio sem literatura. Entre o período de 30 a 50 dC. houve uma grande tradição oral, e também a fixação de uma tradição escrita que dava testemunho de Jesus crucificado e ressuscitado dentre os mortos. Ele tinha contato com a fé, a difundia, vivia em meio às comunidades cristãs, não era alguém isolado, que observava os fatos “de fora”, era alguém que guardava em seu coração a viva tradição oral e que depois passou a registrar em escritos inspirados. Assim, primeiro veio a tradição oral, que era viva e eficaz no seio da Igreja nascente. A Igreja nasceu, os seus primeiros membros, homens e mulheres “afortunados”, que geralmente conviveram diretamente com Jesus, começaram a se mexer e foram surgindo as primeiras comunidades e assim a mensagem foi se espalhando. Depois começa a surgir a tradição escrita; os primeiros escritos, as primeiras cartas.Muitos pensam que os 4 Evangelhos foram escritos por primeiro, já que falam tão diretamente das ações de Jesus, mas não foi assim, o escrito mais antigo do Novo Testamento é a I Carta de São Paulo à comunidade de Tessalônica, na Grécia, no ano 51 dC, ou seja 18 anos depois da Páscoa do Senhor. É só por volta de 64 dC que aparece o primeiro Evangelho, escrito por Marcos.O Novo Testamento foi escrito inteiramente em grego, na língua “comum” da época. É importante notar que toda a riqueza do Novo Testamento veio da Igreja. Primeiro surgiu a Igreja, primeiro veio a necessidade dos cristãos estarem juntos, unidos, e dessa união, dessa fundação vieram os escrito inspirados e canônicos.





O que significa a "inspiração bíblica" (livro inspirado) e revelação?








Distingue-se da inspiração no sentido usual da palavra, pois não é ditado mecânico, nem comunicação de idéias que o homem ignorava. Inspiração bíblica é a iluminação da mente de um escritor para que, sob a luz de Deus possa escrever, com as noções religiosas e humanas que possui, um livro portador de autêntica mensagem divina ou um livro que transmite fielmente o pensamento de Deus revestido de linguagem humana.A finalidade da inspiração bíblica é religiosa, e não da ordem das ciências naturais. Toda a Bíblia é inspirada de ponta a ponta, em qualquer de seus livros. Certas passagens bíblicas, além de inspiradas, são também portadoras de revelação ou da comunicação de doutrinas que o autor sagrado não conhecia através da sua cultura. Por exemplo: é uma revelação e não inspiração a verdade de que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Nunca os homens chegariam por si a conhecer tais verdades. Por isto o judaísmo e o cristianismo são religiões reveladas!




Atenção! Nem todas as páginas da Bíblia são portadoras de revelação divina, mas todas as páginas são inspiradas!







O que é um escrito Canônico?





Cânon vem do grego Kanná, caniço. Significa catálogo, registro. Neste sentido os cristãos passaram a falar do cânon bíblico ou da Bíblia = catálogo dos livros bíblicos. A Igreja possuía, desde o primeiro dia de sua existência, um cânon das Escrituras inspiradas: o Antigo Testamento. Porém a Igreja primitiva tinha três autoridades: 



1)-O Antigo Testamento.


2)-O Senhor Jesus.


3)-Os apóstolos. 



Contudo, a autoridade maior e decisiva era Cristo, o Senhor. As palavras do Senhor e os relatos dos seus feitos começaram a ser redigidos. Em sua obra missionária, os apóstolos tiveram a necessidade de escrever a certas comunidades e estes escritos, passado algum tempo, ganharam a mesma autoridade dos escritos do Antigo Testamento. Os Evangelhos, embora não sejam os escritos mais antigos do Novo Testamento, foram os primeiros a serem colocados em pé de igualdade com o Antigo Testamento e reconhecidos como canônicos. Coube sempre a Igreja a tarefa de reconhecer quais os livros inspirados, visto que os escritos nasceram da Igreja e com a Igreja.Na Igreja primitiva, quando começava a circular algum escrito atribuido aos apóstolos, este escrito era levado ao conhecimento de uma TESTEMUNHA OCULAR ainda viva seguidora direta de Cristo ou de algum dos apóstolos. O critério da canonicidade usado por esta testemunha não era o reconhecimento da escrita, mas o conteúdo, ou seja, se estava conforme a pregação de Cristo ou dos apóstolos. No caso de aprovado, seguia a juntar-se nas liturgias de determinada comunidade.






Os atos dos Apóstolos










O livro Atos dos Apóstolos retrata o nascimento e crescimento da Igreja impulsionada pelo Poder do Espírito Santo. Neste livro encontraremos um testemunho de como o Espírito guiou a Igreja segundo a vontade de Deus frente aos desafios do cristianismo nascente. É muito importante, salientar a princípio que não esperamos, todavia, encontrar nos Atos uma perfeita narração de fatos segundo um esquema muito bem elaborado, inclusive entre as teses de origem deste livro o que mais se aceita é que ele tenha sido escrito com o intuito de fornecer uma pregação que formasse a origem apostólica da Igreja para as comunidades nascentes, então este libro é muito mais a pregação da Igreja do que um elaborado esquema teológico ou epistolar. Eis o caminho para compreendermos melhor este livro das Escrituras: ler tendo em vista que reflete a Igreja nascente em suas dificuldades que procura afirma-se em sua origem, o testemunho de Pedro e Paulo.Este livro é atribuído ao mesmo autor do terceiro Evangelho, o médico Lucas, companheiro de viagens de Paulo. O primeiro caminho que nos leva a tal identificação é a comparação entre os dois prólogos: Lc 1, 1-4 e At 1, 1-5. A variação de pronomes entre a terceira e primeira pessoa indicam que próprio autor parece passar a fazer parte da expedição de evangelização de Paulo, nós vemos estas variações nas passagens: 16, 10; 20, 5-15; 21, 1-18; 27, 1-28, 16. A data da composição, conforme sugere o prólogo, é posterior a do Evangelho, logo podemos situá-lo por volta dos anos 80 dC., 10 anos após o Evangelho.Na composição deste livro dois pontos se tornam muito claros para uma primeira leitura: as ações de Pedro e de Paulo. Versando sobre estes dois apóstolos é desenvolvida a narração da origem da Igreja. Podemos dividir em dois grandes blocos este livro: 1-12 (tendo em foco mais a figura de Pedro e 13-28 (voltando para Paulo).Outra característica muito importante desde livro estão nos grandes discursos pronunciados durante a narrativa. Encontramos grandes ensinamentos que certamente orientaram a Igreja sobre o seu caminho e sua doutrina. O mais conhecido destes discursos é o discurso de Petencostes, onde Pedro, cheio do Espírito Santo, anuncia o que nós damos o nome hoje de “Kerygma”, palavra grega usada para indicar a pregação primeira da Igreja.Após o prólogo no capítulo primeiro, encontramos a narrativa da ascensão. É muito importante compreendê-la bem dentro do sentido de toda a obra do livro dos Atos, pois esta passagem indica todo o sentido da Obra e gera uma linha comum para toda a Obra. A ascensão é a ligação entre o Evangelho e o livro dos Atos, onde os dois se encontram e ocorre certa continuidade. A mensagem de Cristo aos seus Apóstolos é de esperarem a “força do alto”, que indica o Espírito Santo motor de toda Evangelização nos Atos, que impulsiona a Obra desde Jerusalém até os confins da terra. Esta linha comum se mostra na evangelização dos judeus e dos gentios, iniciando com a fundação da Igreja em Jerusalém e terminando em Roma, confins da Terra para o mundo Romano. Este prólogo, desta forma, garante a linha comum em todo o livro, unido a Obra dos dois Apóstolos dentro do sopro do Espírito Santo.Após esta introdução teológica o autor apresenta a origem da Igreja com a narrativa de Pentecostes. A Igreja é sinal da unidade entre todos os povos, a descrição de Pentecostes segue uma linha de interpretação teológica dos fatos, interessando ao autor revelar os fatos dentro de uma perspectiva. O milagre de Pentecostes é colocado em oposição à narrativa do Antigo Testamento de Babel, é difícil precisar sobre a variedade de povos e línguas, Lucas parece querer indicar a ação universal da Igreja.Logo após a narrativa de Pentecostes a Igreja caminha no Poder e na ação do Espírito. Os milagres operados pelos apóstolos testemunham esta dimensão carismática da Igreja (carismática = no Poder do Espírito), e cresce a cada dia os que abraçam o “caminho” (antiga denominação da Igreja).A perseguição que encontramos descrita neste início que leva a prisão Pedro e João, sendo submetidos a açoites, é uma perseguição mais restrita oferecida pelos líderes judeus. Ele interpretam o cristianismo como um perigo ao judaísmo e perseguem e matam os líderes cristãos. Esta crise conhece seu clímax no apedrejamento de Estevão. Por outro lado este acontecimento resulta no grande motor de evangelização da Igreja, pois os perseguidos saem evangelizando em várias regiões fundando comunidades. Neste ínterim nasce a Igreja de Antioquia, uma das mais importantes da Igreja primitiva.O apedrejamento de Estevão é também muito importante por que vemos aí, pela primeira vez, aparecer Paulo, exalando ódio contra a Igreja. Um perigo é pensar que as perseguições neste período são generalizadas e oficiais, na realidade o que ocorre é uma grande afronta por parte dos judeus. Porém, a Igreja existia livremente e os discípulos evangelizavam a “céu aberto”. As perseguições oficiais só virão depois com Nero e os imperadores seguintes.A partir do capítulo 13 o livro volta-se para Paulo (sua conversão é narrada em At 9, 1-19). Ele em suas atividades apostólicas passa a ocupar o centro das narrativas. Este restante se divide nas 3 viagens apostólicas e na viagem do cativeiro que culmina com Rom sendo o Evangelho proclamado de Jerusalém (início do livro com Pentecostes) até os confins da terra (Roma o cativeiro de Paulo que continua seu serviço mesmo que preso).




Não estudaremos muito esta segunda parte do livro, nos voltaremos para um estudo da pessoa de Paulo, partindo do que nos fala Lucas em Atos, e do que o próprio Paulo declara em suas cartas: 












Conhecer Paulo é de fundamental importância para conhecer suas cartas, e isto não é uma tarefa das mais difíceis, pois devido ao seu forte gênio ele deixa registrado os traços de sua personalidade.O primeiro passo está em saber de onde vem Paulo, ou seja a sua formação: tomemos o Apóstolo ele fala de si mesmo em Fil 3, 4-16. Comentemos este texto:"Paulo de fato possui muitos motivos na carne para ufanar-se, em nenhuma outra carta ele enuncia tantos títulos como aqui... Ao dizer-se hebreu, filho de hebreus ele evoca sua pertença ao povo eleito, em outras partes já havia declarado como as promessas de Deus são pertença ao povo eleito, em outras partes já havia declarado como as promessas de Deus são irrevogáveis (cf. Rom 9, 1-5). Sendo fariseu, Paulo toma a maneira mais radical de irrevogáveis (cf. Rom 9, 1-5). Sendo fariseu, Paulo toma a maneira mais radical de vivência do judaísmo, pois esta seita trazia a marca de ser a mais radical na observância dos menores detalhes das Lei. De fato ele podia dizer: Quanto a lei irrepreensível, pois o era" - Paulo foi formado em Jerusalém na escola de Gamaliel, notável fariseu de sua época, algo muito invejável visto que muitos jovens deixavam suas casas em busca de conhecimento junto aos grandes mestres (cf. At 22, 3). De família com certa posse, conseguiu a cidadania romana por nascimento, o que lhe rendia vários direitos como cidadão protegido pela chamada “Lex Porfia”, conforme vemos em At 16, 37; 22, 25-29.Encontramos desta forma em Paulo um grande homem: muito bem formado quanto as tradições judaicas, de cidadania romana que lhe valia grande prestígio social, conhecedor das Escrituras, adepto da observância mais radical das Leis e cheio de zelo por Deus... Mas havia um grande problema: tudo isto estava orientado ao orgulho e não a Deus. Para compreendermos bem o coração deste grande apóstolo devemos entender o que foi a sua conversão. Para estudarmos o que aconteceu a caminho de Damasco nos basearemos nos textos de At 22, 6 e 26, 4-16.Nestas duas passagens ouvimos da boca do próprio Paulo variantes de sua história de conversão e podemos perceber um ponto muito importante: "ao falarmos de conversão de Paulo não estamos falando de uma mudança de mentalidade mundana para uma vida religiosa, mas de uma autêntica mudança de mentalidade (palavra grega = metanoia)". A grande mudança certamente não a encontramos numa simples troca de bandeiras ou de culto (isto, é claro, é uma conseqüência natural), o que de fato há é uma mudança de maneira de enxergar as coisas. O centro das duas narrativas está na luz que vem do alto e o revela a cegueira... Podemos entender então como uma lua que brilha nas trevas do homem Paulo para fazê-lo sair de seu engano, de sua cegueira absoluta. Deus ao brilhar a sua luz na vida de Paulo o faz perceber que toda a sua luta na realidade era sua maneira de pensar sobre Deus, daí que Jesus não se apresenta condenando as atitudes do apóstolo, mas lhe diz: “Porque me persegues?”- que podemos entender muito bem como: “Vê que ao voltar-se contra estes é a mim que persegues e a ti que cultuas. Este seu zelo é por ti, és cego...” Este evento a caminho de Damasco foi decisivo para a transformação deste homem de Deus, pois o Senhor manifestou-se revelando a ferida e convidando a receber dele a cura... Paulo pode muito bem experimentar assim de uma intervenção poderosa e gratuita do Senhor que o convida das trevas à luz e a salvação. Uma palavra no Novo Testamento é praticamente definida em seu sentido por Paulo: CHARIS = GRAÇA! De todas as vezes que a encontramos no Novo Testamento 90% estão nas cartas paulinas (nestas seu sentido quer indicar acima de tudo a intervenção poderosa e gratuita de Deus pela salvação dos homens...) fazendo-nos perceber como ele fora marcado pela forte experiência do Amor gratuito de Deus. Esta palavra entendida à luz do evento de Damasco torna-se então a grande marca da espiritualidade paulina que passa tudo considerar então como nada se comparado a este Deus tão grande e tão bondoso. Se Deus o arranca das trevas ele devia responder a este amor de Deus com toda a sua vida.Partindo deste ponto entenderemos muito melhor por que era tão importante para Paulo lutar contra a questão judaizante, ou seja, era incompatível esperar receber de Deus graças por méritos alcançados por uma prática de tradições... Era negar a intervenção de Deus na sua própria vida! Paulo se levanta com a força de quem havia experimentado em si a gratuidade do amor e a ação da graça.Quando mais tarde é forçado a defender a autenticidade da sua pregação se vale da ação gratuita de Deus que o fez apóstolo (cf. Gal 1, 11-20). Era insustentável para Paulo um homem querer justificar-se pela força da Lei, pois encontrava em si as feridas do pecado, ele sabia muito bem das trevas que estava imerso o homem e só podia libertar-se com a ajuda da Graça.É muito importante entender que Paulo reconhecia sua condição de pecador, o texto de I Cor 15, 6-10 fala-nos de como Paulo reconhecera sempre o que Deus fez em sua vida. Ler este texto à luz de Gal 2m 15-17 que indica uma visão desta ação divina em todos os homens. A sua experiência o lançava na comunidade, pois este Deus que lhe aparecera o chamou a ser apóstolo (como vemos nas cartas aos Gálatas e aos Coríntios, principalmente). Eis o mistério do homem novo nascido em Cristo! Todo homem é pecador, judeu ou gentio, ninguém pode ser justo diante de Deus, mas o homem é justificado em Cristo Jesus pela graça. Confira este mistério e como lançava na comunidade partindo do texto de II Cor 5, 14-6,1.





Por fim, façamos ainda uma consideração sobre Paulo: 





Ele era um homem apaixonado por Deus e pelos irmãos! Pelo que vemos nas cartas e nos Atos, podemos deduzir Paulo como um homem de grandes sentimentos e grandes expressões de afeto e de raiva. Porém um texto nos salta aos olhos quando fala sobre seu amor a Deus e a comunidade: Fil 1, 1-2, 4. Em especial se consideramos os vers. 8 e 23 do primeiro capítulo. Em Fil 1, 23 Paulo declara seu amor apaixonado por Cristo muito maior do que qualquer coisa que possa ter na vida e para isso usa um termo muito interessante em grego: “EPITIMIA”. Este mesmo termo ele usa em Col 3, 5 para falar de paixões carnais, sendo assim ele não reclama para si unicamente um amor idealizado por Cristo, antes um amor forte e presente em seu corpo, um amor apaixonado, um desejo que o faz arder por Cristo... e ao falar da comunidade no vers. 8 usa a variação “EPIPOTHU” que indica seu grande amor igualmente apaixonado pelos homens.Paulo é um homem apaixonado por Deus e pelos homens, um homem de grande amor humano e real, arde por estar com Cristo e sente desejo de enquanto viver nesta vida estar com os irmãos. Este amor pela comunidade encontrava raiz em sua imitação profunda de Cristo: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus...” (Fil 2, 3).Como Paulo podemos rezar com uma expressão muito simples, mas que indica muito bem a sua luta e seu desejo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!” (Gal 2, 20).No Novo Testamento entre os 27 livros encontramos 21 cartas. São cartas que em sua preocupação Pastoral são enviadas as comunidades que se organizavam, respondendo dificuldades ou orientando pastoralmente. Oficialmente encontramos 14 Cartas Paulinas no Novo Testamento. Entretanto muitos estudiosos consideram somente 13 cartas Paulinas. Sendo que a carta aos Hebreus para estes autores não pertence ao grupo das cartas de Paulo, embora tenham semelhanças na escrita. Levando em consideração este aspecto das cartas elencamos a baixo os grupos de cartas encontradas no Novo Testamento.Sete são consideradas autênticas, de Paulo e outras 7 consideradas deutero-paulinas. Isto é pessoas que estavam muito perto de Paulo, usaram a autoridade de seu nome, ideias, ensinamentos e escreveram para as comunidades. Extra oficialmente a Carta aos Hebreus, não é considerada uma carta Paulina, e alguns estudiosos a classificam como um sermão.Fazendo a distribuição das cartas podemos dizer que 13 delas são consideradas Paulinas, sendo 7 autênticas e 6 deuteropaulinas, 1 Hebreus (existem dúvidas da autenticidade de Paulo):




Cartas Paulinas autênticas:




1 - Romanos
2 - Primeira Coríntios
3 - Segunda Coríntios
4 - Gálatas
5 - Filipenses
6 - Filemon
7 - Primeira Tessalonicenses


Cartas deuteropaulinas:


1 - Segunda Tessalonicenses
2 - Efésios
3 - Colossenses



Cartas Pastorais:



1 - Tito
2 - Primeira de Timóteo
3 - Segunda de Timóteo


As outras sete cartas são chamadas de cartas católicas (Universais)



1 - Tiago
2 - Primeira carta de Pedro
3 - Segunda carta de Pedro
4 - Primeira Carta de João
5 - Segunda carta de João
6 -Segunda carta de João
7 - Carta de Judas




OS ESCRITOS JOANINOS: UM EVANGELHO, TRÊS CARTAS E O APOCALIPSE










O Evangelho de João quarto e último evangelho na bíblia apresenta Jesus como Verbo de Deus que existiu desde a eternidade com Deus e que se fez ser humano, mostrando assim o amor e a verdade de Deus “No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,1-4) Sabe-se que João era irmão de Tiago e filho de Zebedeu (um homem considerado bem sucedido e influente). A tradição afirma que o livro foi escrito por volta de 80 a 95 DC, e que João tenha escrito no fim de sua vida. Inclusive, a maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, uma indicação de que o autor já conheccesse o conteúdo dos outros três livros de sua autoria ao escrever este livro.A maior parte deste evangelho é dedicado a relatar fatos da trajetória de Jesus Cristo, sobretudo suas palavras durante seus últimos dias. Há indícios de que  propósito de João tenha sido inspirar aos cristãos a permanência na féem Jesus Cristocomo o Filho de Deus, e ainda ressaltar que por meio Dele humanidade terá Salvação "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16).Ao final dos vinte e um capítulos, o livro termina com afirmações a exaltar a grandeza das ações de Jesus:



"Jesus Fez Ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20,30-31).










“Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (Jo 21,25)







As três epístolas fazem parte do Novo Testamento. Apesar do autor não se identificar diretamente, alguns pais da igreja, entre eles Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano, nomearam João como autor. As cartas teriam sido escritas nos anos  finais da vida de João por volta de 80 e 95 DC.







I João




“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo” (I Jo 2,1)




O autor escreve essa carta direcionada aos cristãos que estavam em risco de serem enganados por falsos mestres (naquela época, obviamente, não havia um Novo Testamento completo onde os crentes podiam consultar). O objetivo era estabelecer a verdade sobre questões relevantes, entre elas a identidade de Jesus Cristo; e com isso responder aos questionamentos dos crentes, fortalecendo a fé de toda a igreja. Além disso João ressaltava que ser cristão, também  significava admitir os próprios pecados e pedir perdão a Deus, e que por meio do amor e do respeito ao Senhor, convivendo em paz uns com os outros,  o cristão conquistava um importante conhecimento do que é viver de fato como servo de Deus:




"Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça"(1Jo 1,9).




"Filhinhos, vocês são de Deus e os venceram, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo" (1Jo 4,4).





II João




"E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nesse amor" (2 Jo 1,6)




Esta pequena epístola é dirigida aos membros de uma igreja, onde o autor pede que amem uns aos outros e que tomem cuidado com certas doutrinas falsas que estavam sendo espalhadas pelo mundo :




"Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão. Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho" (2Jo 8,9).




III João




"Não tenho maior alegria do que esta, o de ouvir que os meus filhos andam na verdade"(3Jo 1,4).





Esta pequena epístola é dirigida a Gaio, dirigente de uma igreja. O autor elogia a Gaio, condena a oposição de Diótrefes (um líder ditatorial a frente de uma das igrejas na província da Ásia, e seu comportamento estava desagradando por se opor a tudo o que o apóstolo e o seu Evangelho pregava) "Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus" (3Jo 1,11), e fala bem, elogia o bom testemunho de Demétrio.





O Tema do Livro do Apocalipse do evangelista São João?










O Apocalipse foi escrito para falar de Jesus, não da Besta ou do Anticristo. Todo o livro do Apocalipse se destina a falar do triunfo efetivo e total do Cordeiro (a forma simbólica de referir-se a Jesus no Apocalipse). O centro e essência do livro é Cristo, não a Besta. O centro e essência do livro é a graça, não o pecado. O centro e essência do livro é a ressurreição, não a morte (nem a de Cristo nem a de ninguém). O centro e essência do livro é Cristo, não o diabo. O centro e essência do livro é o Reino de Deus (em Cristo), não o inferno ou a destruição. E o mais atraente no Apocalipse (em todo o Novo Testamento) éprecisamente que é Cristo Jesus quem no Apocalipse nos fala de Jesus, o Cristo (justamente para dar autoridade ou força à mensagem do livro, que só aparece uns 50 ou 60 anos depois da morte e ressurreição de Cristo).O Apocalipse todo parte da ressurreição de Jesus Cristo. Se Jesus não tivesse ressuscitado, nos diz o Apocalipse, nossa fé seria uma mentira e nós, uns idiotas (ver 1 Cor 15), mas Jesus ressuscitou. Tudo, no Apocalipse, se projeta e se anima na esperança de sua “volta” gloriosa. Ele não é apenas “Aquele que era” e “Aquele que é”, mas também, e sobretudo, é “Aquele que virá”(Ap 4,8;1,4); Ele é o “Ômega” (Ap 22,13); Ele é “o último” (Ap 22,13); Ele é o fim de tudo (Ap 22,13); Ele é aquele cuja “vinda” imploram o Espírito e a Esposa (Ap 22,17;1,7-8). Toda esta acumulação de títulos para dizermos, o mais claramente possível, que o futuro, o verdadeiro futuro, o futuro definitivo, é de Jesus Cristo e tão-somente Dele. Ao contrário do que ocorre nos Evangelhos, no livro do Apocalipse toda atenção do escritor está voltada para o acontecimento decisivo da vida de Jesus:Sua morte e ressurreição (o que o Evangelho de João chama “a hora”). Mas, nós cremos na ressurreição de Jesus Cristo? Cremos de verdade que ele “virá” como Senhor?, quer dizer: que a última palavra na vida dos seres humanos e do universo todo pertence a Deus, não ao dinheiro, ou ao poder, ou à violência, ou à injustiça, ou à morte, ou à ideologia, ou a um partido político?




Esquema geral do Apocalipse: O livro está dividido em duas grandes partes!




1ª)-Do capítulo 4 ao 11 revela “o Cordeiro”.
Só o Cordeiro (o próprio Jesus) pode abrir o livro selado (ver Ap 5). Nada, pois, de revelações sobre o futuro trazidas por ninguém mais; só Cristo pode nos revelar o futuro porque sóEle é dono desse futuro. Só Cristo, só o Cordeiro pode iluminar todo o sentido do Antigo Testamento. E emprega-se a figura de um cordeiro para simbolizar que Cristo não vem fazer mal a ninguém, que Ele pode apenas dar vida, não tomá-la ou destruí-la.



2ª)- Do capítulo 12 ao 22 revela-se o “filho do homem”, o homem de Deus, o homem no qual Deus reina plenamente
, o homem no qual se nos revela o que é o Reino de Deus.



ATENÇÃO! O Apocalipse é puro Evangelho! Pura Boa Nova!









O Apocalipse pretende ser pura boa notícia, puro Eu-anguelion. O Apocalipse é um grande livro de esperança, já que celebra a vitória definitiva do Cordeiro sobre a Besta, a vitória definitiva da vida sobre a morte,
a vitória definitiva do amor sobre o ódio, sobre a violência e a perseguição (ver Ap5,12). O Apocalipse tem, como objetivo essencial, encorajar os crentes em meio asuas tribulações e exortá-los a não desanimarem, a perderem o medo, a serem perseverantes. O Apocalipse é, essencialmente, boa notícia cumulada de bem-aventuranças e aleluias (ver as 7 bem-aventuranças do Apocalipse: Ap 1,3;14,13; 16,15; 19,9; 20,6; 22,7; 22,14). Para o Apocalipse, porque é pura boa nova, o fim, o definitivo, está nas mãos de Deus, não nas dos romanos, ou nas do império, ou nas do dinheiro, ou da violência, ou da morte, ou do poder atômico, ou da injustiça; não será essa uma boa notícia? E, além disso, o que Deus quer é a salvação da humanidade. O mundo, o universo, será transformado radicalmente até se converter em um mundo novo, em um mundo renovado segundo as concepções de Deus. E, assim, onde abundou o pecado, vai superabundar a graça (ver Ap 7,9-17; Rm 5,20). O Éden, o Paraíso, segundo o Apocalipse, não se encontra lá atrás, no passado, mas no futuro; o Reino efetivo de Deus está adiante, não atrás, ou fora, num mundo paralelo (ver Ap 22,2-5; Gn 1-4).



O Apocalipse é um Livro Litúrgico!




Nele uma comunidade louva a Deus, o santo e onipotente, e associa Cristo a esse louvor. O povo, a comunidade que louva a Deus através de Cristo, é uma comunidade de sacerdotes (ver Ap 1, 6; 5,10; 20,6). Assim como há nele sete bem-aventuranças, há sete louvores: Ap 1,4-7; 5,9-10; 5,12; 5,13; 7,10; 11,15;19,6-7. Na mesma linha da Carta aos Hebreus e de 1 Pedro 2,9, o Apocalipse diz que Cristo é o único sacerdote e que, fazendo parte de seu corpo, todos os membros da comunidade, corpo de Cristo, todos são agora sacerdotes (ver Ap5,10). Por ser o Apocalipse um livro litúrgico, tudo nele ocorre em um só dia,que é, precisamente, um domingo, dia da ressurreição de Cristo (ver Ap 1,10).


Alguns detalhes importantes a esclarecer!



1. Como já mencionamos acima, tudo o que se diz no Apocalipse é para referência “direta” ao tempo em o que o livro foi escrito (ou seja: ao final do século I da era cristã). Para que não nos reste a menor dúvida, o autor repete isso duas vezes já nos três primeiros versículos do livro e o diz cinco vezes no capítulo final (ver Ap 22,6; 22,7; 22,10; 22,12; 22,20). Prova, além disso, desse mesmo fato é que todos os Apocalipses judaicos diziam coisas que tinham de cumprir-se no momento em que se estava publicando o livro e nunca faziam afirmações sobre futuros remotos no tempo; o Apocalipse de João não é nenhuma exceção nesse ponto.



2. O fato de as igrejas às quais se dirigem as sete cartas no início do livro serem apenas sete implica, precisamente pelo uso do número sete (sempre simbólico na mentalidade judaica), que a necessidade de crítica recaia sobre todas as comunidades cristãs, e que todas essas críticas possam dirigir-se a cada uma das igrejas do mundo. As expressões usadas nessas cartas significam o seguinte: só a Igreja que passe por esses sete filtros é uma Igreja perfeita, é uma Igreja como Cristo a quer.O relato segue um esquema bem claro:As igrejas pares nessa numeração de sete (a segunda, a quarta e a sexta) são elogiadas; as igrejas ímpares, e em ordem crescente (a primeira, a terceira, a quinta e a sétima) são qualificadas como negativas. Nesse esquema, a Igreja de Tiatira, muito pequena e de muito pouca importância na história da Igreja, é colocada numa posição de grande valor e em lugar central na avaliação feita pelo autor do Apocalipse. Não se chama a Igreja de Tiatira à conversão, ao invés disso, elogia-se seu amor, sua integridade, sua fé, sua entrega ao serviço, sua perseverança e outras boas obras. É na carta à Igreja de Tiatira que se dá a Cristo o título mais elevado ao falar de sua divindade (o título de “Filho de Deus”, ver Ap 2,18), título que só volta a aparecer, ainda assim apenas implicitamente, ao final da carta (ver Ap 2,28).




3. Os números, como sempre na Sagrada Escritura, são utilizados no Apocalipse com todo o seu sentido simbólico
. Recordemos que, na mentalidade judaica, os números têm valor de letras, como todas as letras têm valor numérico. Por isso, pode-se encontrar o valor numérico (a cifra) de qualquer nome e, também, um número qualquer pode ser expresso em letras e, portanto, por um nome.Na mentalidade judaica no tocante à Bíblia o sete é o número de Deus e, por isso, daquilo que é perfeito. O que se faz sete vezes está feito com perfeição (a prata mais pura, no Salmo 12,6 ou as sete petições no Pai Nosso que, de fato, é a repetição septenária do único pedido que se há de fazer: que venha a nós o vosso Reino).O número doze significa, sempre, a totalidade do povo (as doze tribos). Dizer que tenha chamado os doze implica que tenha chamado todo o povo.O número mil representava, em Israel, o incontável; como quando dizemos “já lhe disse isso mil vezes”.O número três é o número de Deus (significa a santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo); mostra quando se trata em repetir três vezes, ou menciona três coisas em seguida, significa o superlativo ou o mais perfeito (assim Santo, Santo, Santo significa totalmente Santo);O número três quando se trata de três e meio (a metade de sete), representa, a partir do livro de Daniel, a duração de qualquer tipo de perseguição (por exemplo em Lc 4,25, ou em Tg 5,17). Esses três tempos e meio aparecem como três meses e meio, como três anos e meio, como 42 meses, como 1.260 dias etc. Aludem sempre a feitos históricos que eles, os redatores, vivenciaram. Por exemplo: Nero desapareceu de Roma por três meses e meio e, em seguida, reapareceu para mandar matar aqueles que se haviam alegrado com seu desaparecimento.O número seis (não consegue nunca chegar a sete) emprega-se sempre que se quer aludir a alguém que pretendia ser considerado como Deus, sem sê-lo.O número quatro é usado sempre que se quer aludir ao universo inteiro, uma vez que tem a ver com as quatro direções do cosmos.O número dez se usa para tudo aquilo que pode ser contado, mas se acaba, e deve ser aprendido de memória (naturalmente, tem a ver com o que se pode enumerar com os dedos das mãos).





4. O Apocalipse, como todos os livros escritos segundo o gênero literário apocalíptico, é um livro escrito durante uma perseguição contra pessoas de mentalidade judaica, por isso está cheio de símbolos. Esses símbolos só eram claramente compreensíveis para o judeu iniciado nos “mistérios” cristãos. Que poderia revelar a um soldado romano a expressão “o cordeiro triunfará sobre a besta”? Mas um cristão, que tivesse participado das reuniões clandestinas da comunidade, entenderia perfeitamente que o que se queria dizer era que Cristo acabaria triunfando sobre o império romano e seu representante oficial, o imperador. Precisamente porque o Apocalipse tinha um sentido político muito forte, falava continuamente através de expressões simbólicas. E assim haviam feito sempre todos os livros apocalípticos judaicos.No Apocalipse trata-se de descrever o indescritível e, para isso usam-se imagens já utilizadas pelo povo judeu e outras imagens conhecidas usadas pelos pagãos, mas com um sentido novo, com um sentido cristão. As imagens do Apocalipse eram perfeitamente compreensíveis para judeus que haviam lido os livros de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Joel ou Isaías. Para descrever o indescritível usam-se até mesmo símbolos da astrologia ou da mitologia pagã.  



5. Todas as aparições relatadas no Apocalipse têm exatamente o mesmo sentido que tem toda aparição no Novo Testamento: justificar e autorizar uma missão ou apostolado de alguém. A aparição bíblica nunca tem sentido em si mesma, tem sempre uma função. Por isso, em todas essas aparições o relator não dá importância ao como, mas à finalidade da aparição (contra todo o nosso sensacionalismo e “milagreirismo” atual).




6. Observemos que, no Apocalipse, sempre se diz que Cristo vem, não que nós tenhamos de ir a algum lugar. Não se diz que nós vamos para o céu, mas sim que o céu (ou seja “Deus”) tem de vir aqui. É este mundo, diz o Apocalipse, o que tem de se converter plenamente no Reino de Deus, num mundo como Deus o quer, num mundo em que reine visivelmente o amor (Deus), não o dinheiro, ou o poder, ou a morte, ou a injustiça, ou a enfermidade, ou a dor. “Ele vem” significa o mesmo que “venha a nós o vosso Reino” ou a jaculatória contínua dos leitores do Apocalipse: “Maranatha”: vem, Senhor.




7. Observemos, também, a repetição da expressão “não temas” no início das revelações (em Ap 1,17). Toda manifestação/revelação de Deus (ou seja: toda “teofania”) começa por afastar o temor. E assim acontece no Evangelho cada vez que há uma revelação/manifestação de Deus (ver Mt 1,20; 14,27; 17,7; 28,5; Mc 4,40; 6,50; 16,6; Lc 1,13; 1,30; 2,10; Jo 6,20). Se o Novo Testamento revela algo é a proximidade de Deus conosco através da encarnação, e que essa proximidade é salvadora; se Deus se aproxima do homem é para salvá-lo, é por amor. Se Deus é amor, e o amor expulsa o temor (ver 1Jo 4,18), toda manifestação de Deus traz a paz e afasta o temor.




8. Marcar com um selo ou tatuar sobre a pele o nome do dono era coisa muito comum na época em que foi escrito o Apocalipse. Entre os cristãos se dizia “marcar com o selo” ao ato de fazer o sinal da cruz sobre a fronte do catecúmeno no dia de seu batismo/confirmação. Também se chamava “o selo” ao Espírito Santo que vinha sobre o cristão e o possuía para sempre no momento de seu batismo/confirmação. Como contraposição se diz, no Apocalipse, que há gente que, em vez de levar o selo de Cristo, leva a marca da Besta, pois pertencem a ela e a ela servem; em vez de pertencer ao Reino de Deus, se orgulham de pertencer ao reino da Besta, ao império romano, e servem precisamente a quem persegue a Cristo e a seus servidores (ver Ap 7,2-17; 9,4; 13,16-18).




9. Para quem está a par do que significam as imagens e símbolos do Apocalipse, o número de 144.000 salvos (ver Ap 14,1-5; 7,2-17) não pode ser mais claro.
Trata-se de doze vezes doze vezes mil, isto é: o povo inteiro, de todos os povos da terra, até tornar-se uma multidão incontável. E isso é, exatamente, o que se diz no mesmo lugar em o que se mencionam  esses 144.000 (ver Ap 7,4-9; 19,1 e 6; 20,4; 13,7 e 16). Não se trata, pois, de um número matemático exato, não é 143.999 +1, e sim, um número simbólico, ocorrência típica deste livro, de uma multidão incontável de todos os povos, raças, nações, de todas as idades e de toda condição social.




10. O Apocalipse é, naturalmente, um livro político. A isso precisamente se deve que nele se utilizem tantos símbolos e imagens: para que só entendesse seu sentido claro o cristão iniciado e não qualquer soldado romano que lançasse mão do livro. Os romanos eram absolutamente intransigentes com quem questionava de algum modo o poder do imperador ou do império romano. Isso, exatamente isso, é o que se faz no Apocalipse. Quem louva ao Cordeiro que reina para sempre não é amigo do César (ver Jo 19,12-15).O Apocalipse afirma que tudo será transformado, que nada no universo se subtrai ou pode subtrair-se ao poder de Cristo!Até as estruturas mais físicas do universo serão transformadas pelo reinado efetivo de Cristo. Se para alguém está claro que não se pode servir a dois senhores é para o autor do Apocalipse (ver Mt 6,24; Lc 16,13). Segundo o livro do Apocalipse, Roma, e com ela o império romano inteiro, deve cair e caíra (ver Ap 17 e 18). Para que não nos reste a menor dúvida do que pensava o autor sobre Roma, capital do império, ele a denomina (sessenta anos depois da morte e ressurreição de Cristo, e trinta anos depois de ali terem sido mortos  Pedro e Paulo) a grande prostituta, a que fez multiplicarem-se por toda a Terra as abominações, a Babilônia que deve ser destruída. Claro que o Apocalipse é um livro com sentido político! Em nome do livro do Apocalipse não se pode, legitimamente, pedir a um cristão que se mantenha apartado da política, porque o Apocalipse não só tinha sentido político quando foi escrito, mas continua a ter no presente.



11. A Besta aparece muitas vezes no livro do Apocalipse (ver Ap 11,7; todo o cap. 13; 14,9-11;16, 2.10.13; 17,3; 19,19-20). A imagem da Besta foi tomada do livro de Daniel 7. O que no livro de Daniel se diz sobre as quatro bestas se resumiu no Apocalipse em uma só Besta, que é Roma, o império romano, e seu representante oficial, o imperador desse império. Todo o Apocalipse trata, na verdade, de uma luta entre a Besta e Cristo e de como a Besta é totalmente vencida por Cristo. Uma vez mais, é Cristo quem agora detém todo o poder no universo (Mt 28,18; Fl 2, 9-11) e é Cristo quem terminará vencendo a quem se oponha a Ele. Por forte que pareça o império ou o imperador, diz o autor do Apocalipse, por fraco que pareçam Cristo (um Cordeiro) ou os cristãos, Cristo acabará triunfando e os cristãos com Ele. Justamente pelo conteúdo político de uma tal afirmação os cristãos dos primeiros séculos tinham de usar de símbolos para dizê-la, símbolos só compreensíveis para o cristão iniciado daquele tempo.



12. De uma vez por todas: o Apocalipse não menciona ninguém, nem uma só vez, com o nome de “anticristo”. Onde encontraremos o nome de “anticristo” é nas cartas de são João (1Jo 2,18.22; 4,3; 2Jo 7). E, por certo, para João, anticristo é todo aquele que se opõe à doutrina de Jesus Cristo. Não há, segundo João, um anticristo, mas muitos, todo aquele que, em qualquer época, se oponha a Cristo. Façamos a verdadeira exegese: Retirar do texto o que ele quer nos dizer, e não EIXEGESE, ou seja inserir o que eu acho no texto.



13. Falemos do número da Besta (o 666 ou o 616). Recordemos que em hebraico toda letra tem valor numérico, e todo número tem valor de letra. Em numerosas versões originais do Apocalipse aparece, em vez do número 666, o número 616. Em hebraico, a expressão “Nero-César” soma 666 pontos. Em letras gregas, a expressão “César-Deus” soma 616 pontos. Uma vez mais, no momento em que foi escrito o Apocalipse, tratou-se de representar, desta vez por meio de números, uma mensagem político-teológica em relação a Cristo, ao imperador de Roma, e aos cristãos dessa época.


14. A expressão “novos céus” e “nova Terra” (Ap 21,1) jamais significou que a Terra ou o universo viessem a ser destruídos, mas sim, renovados.
O Apocalipse não faz senão utilizar uma imagem de Isaías (51,16; 65,17; 66,22) para explicar a renovação que ocorrerá no reinado do Messias. E assim o utiliza são Paulo (Rm 8,18-19). O Novo Adão não é um homem diferente que tenha aparecido pela destruição do homem velho, mas sim o homem, o mesmo homem, mas totalmente renovado, graças a Cristo.









Por fim,o Apocalipse é um livro escrito para animar, para dar esperanças, para fortalecer o cristão. Nada nele foi escrito para assustar, ameaçar ou revelar algo sobre a história como ciência. Nele não há uma só palavra que tenha sido escrita para falar do ano dois mil do nascimento de Jesus (que, por certo, já passou há muito tempo). Para o Apocalipse, como para todo o Evangelho, o Reino de Deus já está aqui, entre nós, e aqui deve produzir seu fruto; o semeado por Deus deve chegar aqui à colheita plena. Nos, cristãos, somos os únicos que sabemos, por fé, que o universo não acabará em uma hecatombe de nenhum tipo, mas no triunfo definitivo, total, absoluto e evidente de Cristo, no que chamamos, e o Evangelho chama, o “Reino de Deus”.





Breve complemento: “Jesus histórico” x “Cristo da fé”?











O “problema bíblico-teológico” que tenta distinguir o “Jesus histórico” do “Cristo da fé” fez correr muita tinta e envolveu diversos estudiosos a partir de 1920 em especial, mas se resume no seguinte: pelos Evangelhos como temos hoje, dizem eles, sabemos apenas o que as primeiras comunidades cristãs professaram sobre Jesus (o Cristo da fé), mas não quem Ele realmente foi e o que ensinou (o Jesus histórico).Para saber, portanto, quem foi, de fato, Jesus, seria preciso – afirmam – “desconstruir” os Evangelhos montados pelos primeiros cristãos a fim de chegar à verdade.Ora, essa doutrina não se sustenta do ponto de vista lógico. Pois, se as melhores fontes que temos sobre Jesus são os Evangelhos e demais escritos do NT, em qual ou quais fontes esses estudiosos encontrariam dados para “passar a limpo” o NT? Não há tais fontes.E ainda: a diferenciação entre o “Cristo da fé” e o “Jesus histórico” se fundamenta em hipóteses improváveis. Não é fruto de sérias descobertas científicas.Quem crê nos Evangelhos tem neles um só Senhor, da fé e da história. Daí escrever o Papa emérito Bento XVI: “Eu confio nos Evangelhos... quis tentar representar o Jesus dos Evangelhos como o Jesus real, como o ‘Jesus histórico’ no sentido autêntico. Estou convencido, e espero que também o leitor possa ver, que esta figura é mais lógica e historicamente considerada mais compreensível do que as reconstruções com as quais fomos confrontados nas últimas décadas. Penso que precisamente este Jesus – o dos Evangelhos – é uma figura racional e manifestamente histórica…” (Jesus de Nazaré. São Paulo: Planeta, 2007, p. 17-18) - As fontes cristãs sobre Jesus são os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Contudo, aqui a crítica propõe uma dificuldade que se remove sem grandes esforços: “São verdadeiras e fiéis as narrativas históricas dos Evangelhos?









Não seriam apenas fruto da fé dos primeiros cristãos? Em resposta, notamos que: 





a)Há nos Evangelhos citações históricas, geográficas, políticas e religiosas da Palestina (César Augusto e Tibério, Pôncio Pilatos, fariseus, saduceus, piscina de Betesda etc.), que supõem testemunhas oculares anteriores aos anos 70, uma vez que, nessa data, Israel foi totalmente ocupado e transformado pelos romanos.



b)Os apóstolos e evangelistas falam a verdade sobre Jesus, pois, se mentissem, seriam logo desmascarados pelos adversários do Cristianismo, que não eram poucos na época da pregação oral e da redação dos textos sagrados. É verdade que alguns cristãos exageradamente piedosos imaginaram e registraram pontos apresentando um Jesus muito diferente do que Ele realmente era. Tais escritos, quase sempre lendários, não foram, ao menos em regra geral, reconhecidos pela Igreja e passaram a constituir a chamada literatura apócrifa (oculta ou não oficial).



c)É difícil conceber que homens simples e rudes da Galileia inventassem um Messias tão fora dos padrões por eles conhecidos, o próprio Deus feito homem e crucificado, algo absolutamente impensável para os judeus. Aliás, o próprio São Paulo nota que essa pregação era escandalosa para os judeus e loucura para os gregos (cf. 1Cor 1,23). Portanto, só se entende tal pregação como refletindo a verdade por eles vivenciada, compreendida por Revelação Divina e plenamente manifestada em Jesus Cristo. Também não é possível pensar que esses mesmos homens simples pudessem dar a Jesus a dimensão intelectual, moral e psicológica com a qual Ele se apresenta.



d)Reais precisam também ser, por conseguinte, os milagres atribuídos a Jesus. Eles explicam por que o Senhor conseguiu tantos adeptos em pouco tempo. Sim, pois sua pregação era dura e muitas vezes chocava-se com o pensamento popular: numa terra dominada por estrangeiros, ensinava a amar os inimigos (Mt 5,43-44); num tempo em que o divórcio era comum em Israel, Jesus o proibia (Mt 16,24-26), etc.





CONCLUSÃO













Entretanto, o milagre decisivo para o Cristianismo é a Ressurreição corporal de Jesus. Se esta não fosse um fato histórico, mas simples fruto da fé da comunidade apenas, como ensinou, entre outros, o racionalista Rudolf Bultman (†1976), o Cristianismo estaria fundado sobre uma mentira, mentira que já dura mais de 2000 anos. Daí comentar, com precisão, o teólogo Dom Estevão Tavares Bettencourt, OSB, que, se todos estivéssemos enganados quanto à Ressurreição, esse engano “seria um autêntico portento, talvez ainda mais milagroso do que a própria ressurreição corporal de Jesus” (Curso de Iniciação Teológica. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2013). 












Mais: a datação dos Evangelhos, fontes históricas escritas sobre Jesus, é, conforme bons autores, das últimas décadas do século I, como vimos. Ora, se não se põe em dúvida, sem mais, a existência histórica de Homero ou de Platão, cujos manuscritos distam séculos de seus respectivos autores, não se deve pôr em dúvida a autenticidade dos Evangelhos, redigidos poucas décadas após a morte e ressurreição de Jesus Cristo.











*Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17







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BIBLIOGRAFIA:






-BETTENCOURT, Dom Estêvão; LIMA, Maria de Lourdes Corrêa. Curso Bíblico. 2ª ed. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2016



-SAULNIER, Christiane; ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1983 (fonte válida no estudo dos quatro Evangelhos).



-BÍBLIA DO PEREGRINO. Trad. Ivo Storniolo et al. São Paulo: Paulus, 2002



-CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Petrópolis: Vozes, 1993.



-CHITTISTER, Joan. Sabedoria que brota do cotidiano: viver a regra de São Bento Hoje. Trad. I. F de A. Camargo. Juiz de Fora: Subiaco, 2004.



-CLÉMENT, Olivier. Fontes: os místicos cristãos dos primeiros séculos, textos e comentários. Trad. Monjas beneditinas no Mosteiro de Nossa Senhora das Graças. Juiz de Fora: Mosteiro da Santa Cruz, 2003.



-CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA: DEI VERBUM. Disponível em: http://www.vatican.va. Acesso em: 12 jan. 2006.



-FIORES, Stefano; GOFFI, Tullo. Dicionário de espiritualidade. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2005.



-LE GOFF, Jacques. Os intelectuais na Idade Média. Trad: Maria Julia Goldwasser. São Paulo: Brasiliense, 1988.



-REGNAULT, Lucien. À escuta dos pais do deserto hoje. Trad. Monjas beneditinas do Mosteiro de nossa senhora das graças. Juiz de Fora: Mosteiro da Santa Cruz. 2000.



-TARNAS, Richard. Epopéia do pensamento ocidental: para compreender as idéias que moldaram nossa visão de mundo. Trad. Beatriz Sidou. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.



-VEILLEUX, Armand. Lectio Divina como escola de oração entre os Padres do Deserto. Rio Negro, [s.n.], 1995.

 

 




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Anônimo
24 de novembro de 2022 às 09:24

Nunca vi um curso bíblico tão simples e tão completo que desse uma visão de conjunto tão clara assim das escrituras! Parabéns aos autores de tão nobre trabalho!

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