A nossa incomodada ESQUERDA CAVIAR, título extremamente oportuno que nos remete a uma expressão de nossos
irmãos mais velhos os Portugueses, para descrever a “esquerda festiva” (como
dizia o grande Nelson Rodrigues), é a marca de um grande desvio de caráter no
mundo contemporâneo: A esquerda Caviar é exatamente este tipo de gente que
frequenta jantares inteligentes, seminários, defendendo a África, falando dos pobres e excluídos da sociedade,
enquanto bebem suas cervejas e vinhos caros, cercados em seus condomínios
fechados. São pessoas, que nunca tiveram o desprazer de usar o SUS como única
alternativa a tratamento de saúde, pois tem seus planos de saúde, também nunca
pegaram um coletivo, ou transporte urbano,pois andam com seus carrões
importados,usam roupas de marca caríssimas, e só matriculam seus filhos nas
escolas particulares e ainda humilham as amigas menos magras. Enfim, são
aqueles, da classe média e alta, que se consideram fora deste universo, como a
guru deles: a filósofa Marilena Chauí. Os membros da esquerda caviar
adoram criticar o Capitalismo, mas hipocritamente não renunciam a nenhum dos
benefícios trazidos pelo mesmo.Nelson Rodrigues usava a expressão para
esta esquerda de: “amante espiritual de Che Guevara” para nomear a esposa de um
casal burguês com “afetações revolucionárias”, o típico “casal caviar”. Em meio
às festas da “festiva”, o casal de grã-finos, donos da casa, levava Nelson até
o pequeno altar onde uma foto de Che posava para os suspiros da esposa
apaixonada pelo revolucionário.De onde vem este fenômeno? Antes de tudo, estamos
diante do velho problema de caráter. Nada de questões políticas. Apenas
questões morais de fundo: mentira, hipocrisia, luta por autoestima social,
narcisismo, oportunismo carreirista, mamadores do sistema paralisante da
estabilidade estatal,na tentativa de se ver como pessoa pura de coração, enfim,
uma fogueira de vaidades. Como dizia o filósofo britânico Edmund Burke, do
século XVIII: "antes
de qualquer problema político, existe um drama moral.”
(foto reprodução - Rodrigo Constantino)
O baixo nível de boa
parte da esquerda sempre foi um fato. Mas, de uns tempos para cá, parece estar
batendo desespero! Estão deixando a tentativa de se manter as aparências de
lado, e partindo para ofensas pessoais – o que mais sabem fazer – com uma fúria
impressionante. Primeiro a ombudsman
da Folha partiu para um desnecessário ataque a Reinaldo Azevedo após sua
estreia no jornal, rotulando-o de “rotweiller” gratuitamente. Depois a
jornalista Míriam Leitão endossou tal rótulo, e me incluiu em ofensas sem
sentido. Aí veio Barbara Gancia demonstrar que não saiu do jardim de infância
ainda. Fora tantos outros que em seus canais de Twitter e Facebook ficam xingando
a turma da direita.
O que acontece?
“A esquerda é hegemônica na cultura, nas academias e na política. A
direita começa a ensaiar uma reação, e isso já basta para levar os esquerdistas
ao pânico? Não estavam mais acostumados a serem rebatidos, expostos,
confrontados com ideias, fatos e argumentos?”
Vejam o caso mais
recente e também chocante!
O filósofo Paulo Ghiraldelli, professor e
colaborador esporádico da própria Folha, teria feito aquela abjeta e infeliz declaração
em seu canal do Facebook, desejando que Rachel
Sheherazade fosse estrupada!
Como todos sabem, eu
mesmo já tive (e ainda tenho) várias divergências com Olavo de Carvalho.
Concordo que há excessos também, às vezes típicos de uma caricatura de direita,
e não de um filósofo culto como ele. Mas considero o ataque feito por Helinho
Saboya pesado demais e desnecessário. Olavo tem dado importante contribuição ao
pensamento brasileiro e, acima de tudo, alertado como poucos para o risco
bolivariano do PT.
E essa é minha principal crítica ao texto de Saboya:
Entendo que ele
deseje separar o “joio do trigo” na direita, mas somos tão poucos e o inimigo é
tão mais poderoso, que vejo o momento delicado como propício para uma união da
direita, não para fogo amigo.A longo prazo é saudável fazer distinções,
preservar a imagem dos mais moderados. Mas há um incêndio a ser apagado com
urgência, e essa deve ser a prioridade. Helinho diz: Constantino, Diogo Mainardi, Denis Rosenfield, Luiz Felipe Pondé,
Guilherme Fiuza e Reinaldo Azevedo fazem um respeitável contraponto ao
colunismo de esquerda formado por: Verissimo, Vladimir Safatle, Luiz Carlos
Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luiz Nassif e Emir Sader.
Aqui Helinho comete um deslize novamente:
Para elogiar o que considero, modéstia às favas, um belo time de
pensadores de direita, o autor inclui como contraponto um time patético de
esquerda. Não dá para achar que
Verissimo, Vladimir Safatle, Paulo Henrique Amorim, Nassif e Emir Sader
representem um “contraponto respeitável” a nada, pois são figuras menores,
alguns claramente vendidos, outros um tanto limitados. Há nomes bem mais respeitáveis na
esquerda, a começar por FHC, Demétrio Magnoli, entre outros. Mas além de Helinho
comparar alhos com bugalhos, em minha opinião reduzindo e até ofendendo o valor
desse time de direita citado, ele acha que nos perdemos em besteiras,
coisas menores, enquanto há toda uma luta mais importante contra o
intervencionismo e a favor da liberdade individual.
Diz ele: “A dimensão paquidérmica da máquina oficial e seus escândalos fazem
praticamente irretorquíveis os argumentos de uma direita que, mesmo com
material tão fértil a ser explorado, desperdiça energia com questões
completamente insignificantes, polemizando bobagens com verniz de erudição e
entusiasmo de hora do recreio.” O caso usado para
ilustrar seu ponto foi a Valesca Popozuda citada como “pensadora
contemporânea”, e Helinho mostrou como há exemplos similares nos Estados
Unidos. Em primeiro lugar, os Estados Unidos também vivem momentos
preocupantes de decadência dos valores morais e concomitante avanço do estado
sobre as liberdades individuais. Em segundo lugar, não
concordo que as mensagens nas letras de funk, o relativismo estético e moral da
nossa sociedade, as bizarrices do mundo contemporâneo vistas como coisas
absolutamente normais, sejam “completamente insignificantes”, polêmicas e
bobagens de hora do recreio. A luta é cultural antes de tudo, como sabia
a Escola de Frankfurt. Resgatar certos valores morais é prioridade para
defender a liberdade!
Hélio Saboya acha ainda que, enquanto essa direita perde
tempo com “besteiras”, ignora coisas mais sérias!
“Por outro lado, no recente caso Petrobras, ícones do empreendedorismo
independente que concorreram com seus votos para aprovar a polêmica operação
Pasadena não sofreram quaisquer críticas por aqueles que pregam a iniciativa
privada como a solução de todos os males que afligem a humanidade. Um silêncio
difícil de explicar.” - De fato, houve um
relativo silêncio. Mas a explicação me parece outra. Os empresários conhecidos
que ocupavam assentos no Conselho de Administração da Petrobras estão ali
lidando com o dinheiro da viúva, e o mecanismo de incentivos não é o mais
adequado. Não seriam, provavelmente, tão negligentes nas decisões estratégicas
envolvendo bilhões em suas próprias empresas. Eis o xis da questão: Se a Petrobras
fosse privatizada, a situação seria totalmente diferente!
Dando continuidade ao estilo “morde e assopra”, Helinho
ridiculariza a ideia de que há uma hegemonia da esquerda em nosso país...
Finalmente, não há
mais lenço (nem saco) para o interminável choramingo contra a hegemonia da
esquerda na política (na imprensa, como visto, não há), um “coitadismo” em
causa própria que desautoriza o discurso da meritocracia. Eleições se ganham
por mérito; não há cotas para excluídos. E o mais incensado liberal acidental,
Demóstenes Torres, saiu do Senado por feitos de gravidade mensaleira.Mesmo na imprensa
ainda há, meu caro! Sim, é verdade que alguns jornalistas e pensadores
conquistaram espaços, mas não dá para comparar isso com a presença maciça de
esquerdistas nas redações, colunas e, principalmente, na televisão. Para cada
programa com viés mais de direita, haverá uns dez sobre Fidel, Che, Lênin ou
escritores de esquerda.
Na academia ocorre a mesma coisa: para cada professor
como Felipe Pondé há uns vinte marxistas!
Eleições não se
ganham por mérito necessariamente. Ainda mais em países com muita ignorância e
miséria. Qual o mérito de Chávez, além de ser demagogo ao extremo, carismático
e populista, um bufão na era midiática? Por isso mesmo a luta liberal é, acima
de tudo, cultural!
É preciso mudar a mentalidade dos eleitores, o que leva
muito tempo!
E os partidos
políticos abraçam bandeiras claramente intervencionistas. Basta ver que nenhum
sequer endossa algo tão básico para o liberalismo como a defesa da privatização
da Petrobras. Hélio Saboya cai, ainda, na falácia de comparar o caso de Deméstenes
Torres, corrupção, com o mensalão do PT, algo muito maior, uma tentativa de
golpe na democracia, de compra de parlamentares para não precisar contemporizar
com os partidos no Congresso. Outro erro grave em seu artigo.Por fim, ele diz:“Se sobrevive a espécie dos esquerdopatas, há também destropatas que,
ressentidos e autoritários, festejam o golpe militar, tietam Bolsonaros e
Felicianos, e se arrepiam ao ver uma foto do Che Guevara. Será que não basta
ter o Lobão como muso e a Sheherazade como musa?” Concordo que há os
tais “destropatas”, mas creio que Helinho jogou muita gente no mesmo saco.
Celebrar 20 anos de regime militar é algo realmente indefensável para um
liberal como eu. Mas reconhecer que nos idos dos anos 1960 um contragolpe ao avanço comunista
era necessário, isso são outros quinhentos. Castello Branco contou com amplo
apoio popular e da imprensa, não vamos esquecer. Arrepiar-se com uma
foto do Che Guevara é sinal de saúde mental, de caráter, nada mais. É, sim,
revoltante ver um assassino frio e cruel, um porco psicopata sendo idolatrado
por uma massa de idiotas úteis (que votam, não custa lembrar). Alguém como Che
ainda despertar tantas emoções positivas demonstra nosso atraso ideológico e
nossa ignorância histórica. Podemos ter Lobão como muso e Sheherazade como musa, o que não vejo mal
algum, pois são pessoas que defendem pontos de vista bem razoáveis. Mas não
basta. É preciso repudiar aqueles que escolhem, como muso, um sujeito asqueroso
que sentia tesão em fuzilar inocentes. Não coloque todos esses no mesmo saco,
meu caro Helinho! Fechando, entendo que
Helinho tem as melhores intenções, e que pretende traçar uma linha divisória na
direita, para que o lado que considera bom não seja contaminado pelo lado que
considera ruim, ou exagerado.Mas gostaria de lembrar apenas que temos poucas vozes da direita ainda,
conquistando espaços recentes, contra um uníssono avassalador da esquerda. Deixemos o fogo amigo
para depois, quando a ameaça bolivariana for coisa do passado.
Por Rodrigo Constantino
Ferreira
Gullar responde: "Por que o capitalismo venceu?"
O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável,
com um nível de exploração inaceitável. As pessoas com espírito de
solidariedade e com sentimento de justiça se revoltaram contra aquilo.
O
Manifesto Comunista, de Marx, em 1848, e o movimento que se seguiu tiveram um
papel importante para mudar a sociedade. A luta dos trabalhadores, o movimento
sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a
relação capital-trabalho. O que está errado
é achar, como Marx diz, que quem produza riqueza é o trabalhador e o
capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um
depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever
poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas.A visão
de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária,
primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista.Mas
é um equívoco concluir que a derrocada do socialismo seja a prova de que o
capitalismo é inteiramente bom. O capitalismo é a expressão do egoísmo, da
voracidade humana, da ganância. O ser humano é isso, com raras exceções. O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um
sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma
sociedade melhor. O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da
necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é
invencível! A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural
indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando
maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis
burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses
milhões de pessoas. Não tem cabimento!
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