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O Neo Maniqueismo na Religião e na Politica

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 17 de novembro de 2019 | 21:06








O Maniqueísmo é gnóstico uma religião que se originou na Babilônia, no século dC 3d.Seu fundador foi um nobre persa de ascendência chamado Mani (ou Manes), c.216-c.276. Maniqueísmo foi muito tratada como uma heresia cristã, mas é mais claramente entendido como uma religião independente, aproveitando a diversos recursos do Cristianismo , Zoroastrianismo, e Budismo.A cerca da idade de 24, Mani recebeu uma especial revelação de Deus, segundo a qual ele foi chamado para o perfeito incompleto religiões fundada por profetas anteriores - Zaratustra, Buda e Cristo.Sobre o ano 242, ele empreendeu uma extensa viagem como um pregador itinerante, proclamando-se o "Mensageiro da Verdade", o Paraclete prometida por Cristo.Viajando por todo o Império Persa e, tanto quanto Índia, ele reuniu um número  considerável de seguidores.Ele sucumbiu com a crescente hostilidade de Zoroastra sacerdotes e finalmente foi executado por heresia. O maniqueísmo foi a essência do princípio da absoluta Dualidade: conflito entre o primitivo Deus, representada por luz e do espírito, e Satanás, representado pela escuridão e ao mundo material.Os seres humanos, criados por Deus, eram na sua essência divina, mas eles exercidas dentro deles sementes da escuridão, semeada por Satanás, porque os seus materiais de órgãos.




Salvação, como ensinado por Mani, requer a libertar as sementes de luz, a alma, a partir do material escuridão em que está preso. Isto é conseguido pelo estrito celibato ascético e práticas. Aqueles que são perfeitos para tornar-se-ia definir três "focas" em suas vidas: um sobre a boca, só para falar a verdade e que se abstenham de carne ou comida impura de qualquer natureza, sobre as mãos, para que se abstenha de guerra, matando, ferindo ou vida ; Sobre o peito, para tornar impossíveis as obras da carne. Este triplo selo aplica-se somente ao eleger ou pura; ouvintes siga um código menos exigente. Os imperfeitos são destinados ao contínuo renascimento em um mundo material de órgãos. O Maniqueísmo negou a realidade do corpo de Cristo e rejeitou a noção de livre arbítrio, adaptado do cristianismo batismo, a Eucaristia, e um terceiro sacramento da remissão dos pecados no momento da morte. Por causa de sua atitude para com o mundo material, Maniqueísmo encarado como um mal físico, e não uma entidade moral.As mulheres eram consideradas forças das trevas, vinculam os homens para a polpa.


O imperador bizantino Justiniano emitiu um édito contra o Manichaeans, e Santo Agostinho, que por 9 anos tinha sido um Manichee, escreveu e falou contra esta heresia, assim como descreveu a sua própria experiência em sua Confessions. O Maniqueísmo desapareceu no Ocidente por volta do século 6o, embora as suas doutrinas reapareceu no ensinamento da Bogomils, Albigenses, e outras seitas durante a Idade Média. No Oriente, Maniqueísmo sobreviveram até o 13 º século.Filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsicamente má e o espírito intrinsicamente bom. Com a popularização do termo, maniqueista passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal.


A igreja cristã de Mani era estruturada a partir dos diversos graus do desenvolvimento interior. Ele mesmo a encabeçava como apóstolo de Jesus Cristo. Junto a ele eram mantidos doze instrutores ou filhos da misericórdia. Seis filhos iluminados pelo sol do conhecimento assistiam a cada um deles. Esses "epíscopos" (bispos) eram auxiliados por seis presbíteros ou filhos da inteligencia. O quarto círculo compreendia inúmeros eleitos chamados de filhos e filhas da verdade ou dos mistérios, sua tarefa era pregar, cantar, escrever e traduzir. O quinto círculo era formado pelos auditores ou filhos e filhas da compreensão. Para esse ultimo grupo as exigencias eram menores, eles deviam seguir sobretudo, os dez mandamentos seguintes como fio condutor da sua vida cotidiana:

1. Não adorar nenhum ìdolo.
2. Purificar o que sai da boca: Não jurar, não mentir, não levantar falso testemunho ou caluniar.
3. Purificar o que entra pela boca: Não comer carne, nem ingerir alcool.
4. Venerar as mensagens divinas.
5. Ser fiel ao seu cônjuge e manter a continencia sexual durante os jejuns.
6. Auxiliar e consolar aqueles que sofrem.
7. Evitar os falsos profetas.
8. Não assustar, ferir, atormentar ou matar animais.
9. Não roubar nem fraudar.
10. Não praticar nenhuma magia ou feitiçaria.


O NEO-MANIQUEÍSMO DA ESQUERDA


O Maniqueísmo baseava-se na crença na existência de dois princípios opostos e inconciliáveis - um, naturalmente, bom; e outro, naturalmente, mau.Em larga medida, até pela origem geográfica, tratava-se duma variante tardia do mazdaísmo. O Neo-maniqueísmo baseia-se em idêntica crença, promovida, entretanto, a dogma. Possui uma mira ontológica de alcance ilimitado. Não se trata apenas, agora, de quem é de esquerda é NATURALMENTE BOM, PURO E SANTO,           e aqueles que discordam e não colaboram com seu modus operandos é exponencialmente os pérfidos e a encarnação do mau. E aí, na essência, garantem-nos todos os seus profetas e beatos, até os seus  atos infames são excelentes e justificáveis.


As condições de surgimento do fanatismo


O fanatismo não surge do nada. O perigo do fanatismo são as bases reais e até sinceras, que o possibilitam e a sutil extrapolação da verdade por uma hábil e calculada retórica que - insisto, a partir de certas verdades - descamba para o exagero e para o erro. O que se confirma que a sinceridade não é o critério da verdade, pois uma pessoa pode estar sinceramente enganada. Naturalmente, isto só pode ser feito fora do âmbito estritamente racional e lógico, de preferência em ambientes de massa, altamente emotivos (embalados por hinos, chavões, gritos de guerra,gestos e linguagens próprias do “grupo”). O fanatismo floresce sobretudo no âmbito do ressentimento, da revanche, da superação de uma humilhação. E ainda mais se os ressentidos julgam que se trata de uma humilhação injusta e indevida, sobretudo em contraste com um período de esplendor perdido e que deve ser recuperado a todo custo. O quadro se completa se, além disso, for possível identificar um inimigo (real ou imaginado), responsável pelo atual período de decadência.


Não sejamos ingênuos. Não convém esquecer, por exemplo, que Hitler não era meramente um desequilibrado que por métodos de terror enganou o povo alemão. Hitler apresentava-se como a real esperança de uma Alemanha humilhada e ressentida pelo esmagador Tratado de Versailles que lhe fora imposto (cabe lembrar que, em certos meios cristãos, Hitler era bem visto: por exemplo, Julián Marías conta em suas memórias que na Espanha oficialmente católica pós-guerra civil: “Hitler e Mussolini eram os ‘salvadores da civilização ocidental’ e piedosas senhoras punham o retrato de Hitler ao lado da imagem de Nossa Senhora do Pilar. A encíclica de Pio XI Mit brennender Sorge, contra os erros e perigos do nacional-socialismo, era proibida”; para aquele catolicismo oficial, o Führer era visto até mesmo como o “salvador da cristandade”).Do mesmo modo, em outros campos, um Palmeiras na segunda divisão, uma Argentina falida, na qual os prêmios de programas de auditório de televisão são simplesmente empregos de carteira assinada, apresentam condições ideais para a irrupção de fanatismos, desde que surja o líder carismático (no sentido weberiano) como a possibilidade concreta de “virar o jogo”.


Quanto mais glória, quanto mais história, quanto mais orgulho tiver havido antes da decadência, quanto mais “indevida” for a situação de miséria atual, tanto mais êxito fácil alcançará o líder que souber canalizar os ressentimentos da massa que, guiada pela retórica e pelos resultados espetaculares da seita ou do movimento, não se importará muito com a supressão da liberdade e a falta de ética dos métodos utilizados. Afinal, o grupo de eleitos estão convencidos de que estão em uma missão e eles são os “autênticos fiéis” executores da mesma. Junte-se a isto uma total ausência dos padrões mais elementares do rigor intelectual e a vontade dos seguidores de aceitar qualquer bobagem apocalíptica, ou as palavras de um pseudo intelectual,  e ai teremos o quadro completo.Um dos aspectos mais assustadores no fanatismo político e religioso é o fato de que os iluminados, precisamente porque se assenhorearam da verdade absoluta e são os procuradores absolutos de toda verdade e conhecimento para todas as questões humanas, nunca reconhecem um erro e não hesitam em valer-se da mentira para caluniar aqueles que eles julgam inimigos da causa.


COMO SUPERAR TUDO ISTO DE FORMA PRUDENTE?

Precisamente porque é na prática que tudo se resolve, a primeira investida das seitas é contra a virtude da Prudentia, a arte de decidir.Para bem entender o grandioso significado da Prudentia, virtude cardeal que é o melhor antídoto contra o fanatismo, vale a pena tentar conhecer o seu significado clássico.Baseados em quê tomamos nossas decisões? A arte de decidir bem, reta e adequadamente, era denominada pelos antigos Prudentia. Originariamente, a virtude da Prudentia nada tem a ver com a encolhida cautela a que, hoje, chamamos prudência; Prudentia (a legítima, a verdadeira) é, pura e simplesmente, a arte de decidir corretamente.


Estudando o tratado De Prudentia de Tomás de Aquino, deparamos com uma doutrina maravilhosa e riquíssima e, além do mais, de extrema atualidade. Encontramos, por exemplo, que a Prudentia é uma virtude intelectual; seu princípio é a inteligência reta, o olhar límpido capaz de ver a realidade e, com base na realidade vista, tomar a decisão boa, para “fazer a coisa certa”.



A inteligência da Prudentia é uma virtude e não se confunde com dotes de inteligência, digamos, de Q.I., porque só o homem bom consegue ter a inteligência que não distorce o real (pense-se, por exemplo, na dificuldade de ver a realidade por conta de preconceitos, inveja, egoísmo etc.). Virtude da inteligência, mas da inteligência do concreto: a Prudentia não é a inteligência que versa sobre teoremas ou princípios abstratos e genéricos, não! ela olha para o “tabuleiro” de nossas decisões concretas, do aqui e agora, e sabe discernir o lance certo, moralmente bom.Entre muitos outros pontos geniais (o papel da memória na Prudentia, por exemplo) da doutrina clássica, destacaria aqui seu critério para saber o que é bom: a realidade! Saber discernir, no emaranhado de mil possibilidades que esta situação me apresenta (que devo dizer a este aluno?, compro ou não compro?, devo responder a este mail? etc.), os bons meios concretos que me podem levar a um bom resultado e, para isto, é necessário um único requisito: ver a realidade.Mas este ver a realidade (por mais assintótico que possa ser, como em toda virtude) é só uma parte da Prudentia; a outra parte, ainda mais decisiva (literalmente), é transformar a realidade vista em decisão de ação: de nada adianta saber o que é bom, se não há a decisão de realizar este bem.


A prudentia é assim a arte de exercer bem a liberdade



Os fanáticos de nosso tempo, que ignoram o verdadeiro significado da clássica Prudentia, atentam contra ela de diversos modos: em sua dimensão cognoscitiva (a capacidade de ver o real, por exemplo aumentando o ruído - exterior e interior – que nos impede de “ouvir” o real) e em sua dimensão preceptiva: o medo de enfrentar o peso da decisão, que tende a paralisar os imprudentes (pois é, a Prudentia toma corajosamente a decisão boa!).Já se pode avaliar, assim, a relação entre abolição da prudentia e fanatismos. A grande tentação da imprudência (sempre no sentido clássico) é a de delegar a outras instâncias o peso da livre decisão que, para ser boa, depende só da pessoal visão da realidade.


Certamente, há absolutos na moral (não existem homicídios ou adultérios bons); refiro-me aqui à indevida absolutização do relativo. O regime Taliban, por exemplo, pretendia tornar dispensável o discernimento de cada fiel, por meio de um extenso e detalhado sistema de normas, que determinava inclusive as formas verbais de que a torcida podia se valer num jogo de futebol: ante a alegria do gol, a exclamação devia ser: “Al-hamdu lillah” (louvor a Deus); ante uma roubada do juiz, Allahu Akbar (“Deus é grande”) e, em qualquer caso: Allah (qualquer palavrão estava proibido pelo Ministério do Vício e da Virtude).Mesmo sem chegar a extremos como o da criação de um Ministério do Vício e da Virtude, a tentação é a de tornar dispensável a virtude pessoal da prudentia: deixando tudo definido, previsto e operacionalizado num código a ser escrupulosamente consultado e obedecido.


Para além de leis secas, rigidezes e literalidades, as religiões correm ainda outro risco de imprudentia: no afã de libertar-se do peso da responsabilidade de decidir, o crente transfere o “abacaxi” para Deus (ou para o sobrenatural, ou para o iluminado pastor da comunidade). Certamente, Deus pode inspirar-nos em nossas dificuldades de decisão e a Ele devemos humildemente recorrer para pedir luzes e discernimento. O problema, nisso como em tudo, são os abusos.A base dos fanatismos, nunca é demais insistir, é o medo, sobretudo o medo à liberdade. Daí sua pretensão de erradicar a prudentia e, portanto, o risco de abusar da  liberdade pessoal.


Temperança e neo-maniqueísmo: medo ao mundo, exaltação do negativo.



A melhor análise da temperança e, por contraste, do maniqueísmo que lhe é oposto, encontra-se no clássico Das Viergespann [26] de Josef Pieper, inspirado na genial antropologia de S. Tomás de Aquino. A idéia fundamental, legitimamente cristã, da temperança como virtude cardeal, é simplesmente a de que as forças fundamentais da auto-realização são as mesmas que, se mal empregadas, podem levar à auto-destruição. Com isto se afirma uma visão do mundo extremamente positiva e saudável: o mundo é bom, foi criado por Deus; a matéria (a comida, a bebida, o sexo) é boa, foi criada por Deus; a reta afirmação do próprio eu é boa; etc. A temperança é, para Tomás, o bom gerenciamento da dinâmica dessas forças fundamentais em ordem à auto-realização. A ênfase nunca é na repressão, na negação dessas forças.


Bem diferentes são as coisas para o maniqueísmo; a antiga heresia do maniqueísmo que, sempre de novo, reaparece aos olhos dos cristãos como se fosse a mais pura ortodoxia. O maniqueísmo é a heresia de origem oriental que afirma um princípio positivo do mal, identificado com a matéria, o mundo, etc. Não é de estranhar, portanto, que o neo-maniqueísmo exagere no apreço pela virtude da temperança e a erija como a principal das virtudes. Na verdade, não se trata de um apreço pela virtude, mas por uma pseudo-temperança, desvirtuada de seu caráter essencial, fundamentalmente positivo.


O neo-maniqueísmo odeia o mundo, não vê o mundo como criação de Deus e, conseqüentemente, vê o diabo (afinal, para o maniqueu, o mal tem um princípio positivo: o mau) por todas as partes.Nessa pregação não há o menor respeito pela inteligência, não há o mínimo senso do ridículo, não há sequer a necessidade da verdade: se é “por Deus” e pela causa ideológica vale tudo, inclusive mentir.


Por que esta aversão ao mundo? O sentimento básico do fanático é o medo, o medo à alegria, o medo ao mundo, o medo às outras religiões, medo do outro, medo do diferente, medo, medo.Para vencer este medo, vale-se da distorção de outra virtude cardeal: a Fortaleza.


Minha perplexidade fundamental refere-se à dicotomia (um bocado maniqueísta) que estabelece a divisão entre músicos de satanás / músicos de Deus. Sou ardente admirador da (divina) música clássica e MPB brasileira e fico a me indagar se, segundo esta  visão, são "de Satanás": Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Cartola, Pixinguinha, Maria Betânia, Elizete Cardoso e tantos outros para não citar os Roberto Carlos e as infinidades de duplas e cantores sertanejos (ou country, como preferem alguns), ou mesmo roqueiros como Renato Russo, que musicou o hino à caridade do Apóstolo São Paulo "ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos..." etc. Já o Papa João Paulo II, pelo contrário, dirige sua "Carta aos Artistas" a TODOS os artistas (e não somente aos cristãos) dizendo-lhes:


"Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo daquele pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos. Infinitas vezes se espelhou um relance daquele sentimento no olhar com que vós - como, aliás, os artistas de todos os tempos -, maravilhados com o arcano poder dos sons e das palavras, das cores e das formas, vos pusestes a admirar a obra nascida do vosso génio artístico, quase sentindo o eco daquele mistério da criação a que Deus, único criador de todas as coisas, de algum modo vos quis associar".
E diz também o Papa no ponto 10 dessa Carta (e parece estar a falar da música popular brasileira):


"De facto a arte, mesmo fora das suas expressões mais tipicamente religiosas, mantém uma afinidade íntima com o mundo da fé, de modo que, até mesmo nas condições de maior separação entre a cultura e a Igreja, é precisamente a arte que continua a constituir uma espécie de ponte que leva à experiência religiosa"


Será que a música clássica e a MPB brasileira, imensamente rica, é o reino de Satanás? Ou será que ele (Satanás) não prefere a música "religiosa" insossa, fanática, com heresias e de má qualidade, que se recusa a celebrar o mundo como Criação?



CONCLUSÃO:


Milton Santos disse que – “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”. Sendo assim, para aqueles que detêm o monopólio da força, na manutenção do poder, é indispensável que busquem alimentar a fragilidade levantada por Milton, de modo que torne o povo alienado e subserviente aos seus interesses.Essa alienação é construída, no livro 1984 de Orwell, pelo “estado de ódio”, em que a sociedade é erigida sob pilares contrários à paz, fazendo com que os indivíduos sejam influenciados a viverem em constante ódio e medo. Há uma série de atividades ligadas ao ódio, como os dois minutos de ódio, executados diariamente e a semana do ódio. Nessas ocasiões, de forma automatizada e repetitiva os indivíduos são impelidos pelo Partido a exprimirem seu ódio pelos inimigos deste. O próprio protagonista da história, Winston Smith, que é contrário as idéias do Partido, em dada situação dos dois minutos do ódio, se vê gritando de forma inflamada contra os opositores do Partido, comportando-se de acordo com a massa ou como ele diz – “fazer o que todo mundo fazia, era uma reação instintiva”. Desse modo, através da ingerência da vida das pessoas e da repetição das suas artimanhas políticas, o Partido, em 1984, tornava as pessoas facilmente alienadas ao seu discurso. Esse recurso é o mesmo utilizado no Admirável Mundo Novo de Huxley, em que por meio da repetição, as pessoas internalizam as idéias que lhes são passadas como verdades, afinal – “Sessenta e duas mil repetições formam uma verdade”. Ao submeterem os indivíduos ao estado de ódio (ou estes se deixarem submeter), o Partido consegue fazer com que estes esgotem suas energias com o discurso alienante, de maneira que não consigam ter energia e tempo para perceber as correntes que os prendem. Assim, o Partido se mantém no poder com uma oposição muito débil, que pouco pode fazer para mudar a situação estabelecida.


O cenário político brasileiro atual comporta-se do mesmo modo que o Partido em 1984. Alimenta-se o ódio por qualquer posição contrária a suas “ideologias”, fazendo com que haja uma ruptura dualista entre “petralhas” e “coxinhas”. Basta qualquer manifestação de pensamento para que as brigas comecem e tomem horas a fio, sobretudo, no Facebook. Até mesmo, declarações sem cunho político-partidário geram declarações que apenas confirmam que vivemos no estado de ódio da distopia de Orwell.


Sem nos darmos conta (ou sem querer nos darmos) estabelecemos um maniqueísmo, fragmentando o povo entre bem e mal, sendo que o discurso que alimenta esse ódio é produzido tão somente por demônios, de tal forma que escolher um lado e defendê-lo como o lado do “bem” é no mínimo ingenuidade, para não dizer mau-caratismo mesmo. Enquanto o povo se divide, nessa guerra de ódio, os partidos revezam-se no poder, com pouquíssima mudança de ideologia e sem qualquer pensamento que privilegie a probidade e o bem comum.


Para o Partido, no livro 1984, ou para a classe política brasileira, seja situação ou oposição, de direita ou de esquerda (se isso quer dizer ainda alguma coisa), o poder se dá pela construção de – “Um mundo de medo, traição e tormento, um mundo de pisar ou ser pisado, um mundo que se tornará cada vez mais impiedoso, à medida que se refina”. Dessa forma, devemos reconsiderar o modo como facilmente nos ludibriamos e, como disse Milton, nos tornamos cegos que apenas identificam as diferenças que nos formam e esquecem que a soberania é popular, mas, se o povo está se digladiando em uma guerra de ódio, o poder passa a ser daqueles que conseguem fazer desse ódio a fonte da sua vitória.

Apostolado Berakash



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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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