A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas no todo ou em parte, não significa necessariamente, a adesão às ideias nelas contidas, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Todas postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores primários, e não representam de maneira alguma, a posição do blog. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo opinativo desta página.
Home » , » Que a “Irmã Morte” Seja Bem-Vinda: Lições de São Francisco de Assis

Que a “Irmã Morte” Seja Bem-Vinda: Lições de São Francisco de Assis

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 16 de fevereiro de 2020 | 21:46







São Francisco de Assis: "que a nossa irmã morte seja bem acolhida!"





Na espiritualidade católica, a morte não é vista como derrota, mas como cumprimento de uma promessa. O próprio Cristo venceu a morte e, pela sua ressurreição, abriu para nós o caminho da vida eterna (cf. Jo 11,25-26). Por isso, a Igreja ensina que “a morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo da graça e da misericórdia que Deus lhe oferece” (CIC 1013). É nesse horizonte de fé que compreendemos o gesto ousado de São Francisco de Assis, que chamou a morte de “irmã”.  Para Francisco, que viveu em plena comunhão com toda a criação, nada era estranho à obra do Criador, nem mesmo a morte. Acolhê-la não significa desejar a dor, mas reconhecer que ela faz parte do ciclo da vida e é caminho de retorno à casa do Pai. O santo nos ensina que a verdadeira preparação para esse encontro não está em temê-la ou em evitá-la a qualquer custo, mas em viver com simplicidade, amor e desapego, certos de que “se morremos com Cristo, com Ele viveremos” (cf. Rm 6,8).  Assim, acolher a “irmã morte” é um convite à confiança: confiar que a vida não se perde, mas se transforma; que o último suspiro não é o fim, mas passagem para a eternidade; que cada instante vivido na graça é já um passo rumo ao encontro definitivo com Deus. São Francisco nos lembra que não devemos temê-la, mas acolhê-la com fé, pois ela nos conduz ao abraço misericordioso do Criador.Em  um trecho  da  letra de um cântico  sobre São Francisco  de Assis sobre a sua morte, há uma mensagem  muito interessante a qual deve ser refletida, que diz assim



"Que a nossa irmã morte seja bem acolhida, como a gente acolhe o sono depois de um dia bem conturbado...”  (hinários franciscanos: “Ofício Divino Franciscano - Cantos Franciscanos para a Liturgia”)





No Cântico das Criaturas existe o famoso verso do próprio Francisco de Assis:






“Louvado sejas, meu Senhor, 
pela Irmã nossa, 
a morte corporal, 
da qual nenhum homem vivente 
pode escapar...”






Nos relata Tomás de Celano seu biógrafo:





“Convidava também, todas as criaturas ao louvor de Deus e, por meio das palavras que outrora compusera, ele próprio exortava ao amor de Deus. Exortava ao louvor até a própria morte, terrível e odiosa para todos, indo alegre ao encontro dela, convidava-a a sua hospitalidade; disse, “Bem-vinda, minha irmã morte!” (2Cel 217,7).













Francisco preparou ritualmente sua morte, fez da sua morte uma celebração, um rito de passagem!






Por estar plenamente na vida e na totalidade da existência integrou a morte não como aquele grande absurdo que é para alguns filósofos, mas como parte natural do ciclo da vida.Francisco de Assis é uma afirmação da vida por isso pode encarar a morte como um processo da curva biológica que traça a linha do nascer, crescer, envelhecer, morrer no momento oportuno ou prematuramente. Francisco preocupou-se com a vida e não com a doença e morte. Morre cantando a vida e sua essência! Ao celebrar a morte, ele a encarou de frente como aquela que lhe estendia a mão para concretizar o grande sonho humano: a imortalidade! Ele sabe que não está perdendo nada da vida porque encontrou e ganhou a vida plena que estava dentro de si mesmo.Fez do Amor seu projeto de vida, amar a Deus, amar a humanidade, a fraternidade, amar todos os seres. 












Esta confraternização universal do Amor não conhece a morte e o morrer. Tudo fez parte de sua vida, inclusive a finitude. Ele pode dizer como Santa Terezinha, “Eu não morro, entro na vida!”. Ele pode dizer como Gabriel Marcel:“Amar é dizer: Tu não morrerás jamais!” Francisco de Assis sente e pensa, sente e age com a certeza de que a morte não é um fim, mas a grande oferenda, a entrega, a restituição de si mesmo para Deus! Conquistou a esperança dos justos, que é imortalizar-se e andar para sempre no florido e fecundo caminho do Paraíso. A força vital que emana de Francisco de Assis o fez dar boas-vindas à Irmã Morte.





Francisco faz da morte uma celebração, uma liturgia. Por ser ela um fato humano, uma realidade “da qual homem algum pode escapar”, ele a convoca para unir-se aos demais elementos vitais do homem: o sol, a lua, a terra com suas flores e frutas, as estrelas e o vento, a água cristalina e cantante. Não é ela a mensageira de uma fatalidade, embora, homem vivente algum dela possa esquivar-se, não é destruidora da tessitura da vida e separadora de corações e dos elementos naturais. 




A morte não é uma criatura deformada, repelente, intrusa ou alheia à criação de Deus!






Ela é também uma criatura nascida, como todas, da bondade de Deus.Se para Francisco todas as criaturas são irmãos e irmãs, também a morte é a irmã, aquela que nos toma pela mão e nos conduz por este trecho do caminho, misterioso e sombrio. Misterioso porque não temos dele nenhuma experiência. Tudo o que da morte sabemos é algo exterior a nós, algo que nos chega de fora.Por isso, não a conscientizamos. E, conseqüentemente, não a incorporamos à nossa história, procurando afastá-la. E como não o podemos fazer biologicamente, fazemo-lo mentalmente: recusamo-nos a pensar nela e dela falar. Rejeitamo-la. Sombrio, porque as civilizações e as culturas encheram este caminho de negrume e sombras assustadoras.




Para Francisco de Assis, esta saudação não é mera exuberância poética, numa hora de bem-estar espiritual, quando nosso ser suporta até os pensamentos aparentemente mais assustadores e desconfortantes. É uma saudação arrancada, no momento de plena consciência da proximidade de sua dissolução, quando o fenômeno morte lhe está próximo, palpável, no tempo e no espaço. Nem tampouco é um grito nascido de um “cansado da vida”, porque sua cosmovisão fazia-o degustar a vida, e amá-la, em suas múltiplas alegrias. É a conformidade profunda, nascida da fé que acredita numa realidade meta-histórica, atingível apenas através da morte.





Se a morte é irmã, isto significa que entre ela e o homem existe um parentesco, portanto não se trata de algo estranho, algo punitivo, algo fatal, algo inimigo. Também aqui aparece uma dimensão diferente: o desapego foi libertando o homem, até desejar apenas a realização no plano eterno de Deus. 





Portanto, não fala, aqui, a emoção estética, ainda que o belo exercesse tão profundo fascínio em Francisco, mas é uma expressão teológica de aceitação alegre. Tudo é bem. Tudo é dádiva. Tudo é gratuidade! Por isso ele usa a expressão: bem-vinda! A terra é “irmã” e sobre ela quer seu corpo estendido para nela passar à realidade eterna, pelas mãos de outra “irmã”, a Morte. Sempre de novo, na visão de Francisco, aparece a fraternização, que vem marcada pela entrega total. Francisco foi o homem “à disposição” de tudo e de todos, como ensina em suas exortações: o frade está submisso à toda criatura. Mormente à disposição de Deus. Daí a entrega final, generosa e alegre, fraterna e pacificada.





Francisco tinha bem claro que o homem não é um ser-para-a-morte, mas um ser-para-a-vida! Por isso, olha com o mesmo olhar límpido e destemido o sol, a lua, as flores, as águas e a morte, porque em todos eles se manifesta o mesmo mistério do ser e palpita a mesma centelha da vida. Sem dúvida, é resultado de uma longa caminhada. Sobretudo, resultado de um relacionamento equilibrado e iluminado com todos os seres, relacionamento feito de ternura e de amor. 



O que se ama não se teme, pois os dois termos são excludentes. Esta estrofe não foi um aditamento de última hora, mas um complemento necessário, sem o qual o Cântico das Criaturas ficaria mutilado e incompleto.





O Cântico começa com o SOL e termina com a MORTE sem estabelecer um paradoxo, ou antagonismos, mas é uma continuidade natural, uma decorrência lógica. É o encontro da luz solar com a luz da eternidade. É a explosão da luz. Francisco aproximou o Sol e a Morte, a Vida e a Morte, a Beleza e a Morte, a Alegria e a Morte, dentro de sua simplicidade característica, sem fazer violências a si ou aos outros, mas na aceitação plena de quem sabe que somente quando as folhas da flor caem é que a semente tem possibilidade de tornar-se geradora de uma nova primavera! “Na verdade, na verdade vos digo que se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto...” (Jo 12,24). 





Ou somente no “apodrecer no seio da terra”, irrompe a vida do grão. Na tradição franciscana, desde Frei Pacífico, o jogral da corte, dos dias de Francisco até um Alceu Amoroso Lima, vamos encontrar esta fraterna convivência do homem com a morte, depois de ter exorcizado todos os fantasmas e medos e de ter aceito o parentesco com a Irma Morte que deve ser bem acolhida não importando se cedo, ou tardiamente.






Adaptação do livro: “São Francisco, vida e ideal”, de Frei Hugo Baggio, Vozes.







ORAÇÃO DA "BOA MORTE"












Meu Senhor Jesus Cristo, Deus de bondade e Pai de misericórdia, eu me apresento a vós com o coração contrito e humilhado, para recomendar-vos o meu último suspiro e o que depois dele me espera de vosso reto e justo juizo. Quando a imobilidade de meus pés me advertirem que a minha carreira neste mundo está prestes a terminar:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando as minhas mãos trêmulas e entorpecidas já não puderem sustentar o crucifixo e, a meu pesar, o deixarem cair sobre o meu leito de dor:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando os meus olhos, ofuscados pelo horror da morte iminente, fixarem em Vós as vistas lânguidas e desfalecidas:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!




Quando os meus lábios, frios e trêmulos, pronunciarem pela última vez o vosso nome adorável:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando a minha face, pálida e lívida, inspirar aos circunstantes compaixão e terror, e os meus cabelos, banhados de suor da morte, anunciarem o meu fim próximo:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando os meus ouvidos, prestes a cerrarem-se para sempre aos discursos dos homens, se abrirem para escutar a vossa voz, que pronunciará a irrevogável e decisiva sentença de minha sorte para toda a eternidade! (Vinde  mim, ou afasta-te!)



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando a minha imaginação e o meu espírito perturbados pelo aspecto das minhas iniquidades e pelo temor da vossa justiça, lutarem contra o anjo das trevas, que procurará afastar-me da vista consoladora das vossas misericórdias e precipitar-me no abismo da desesperação:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!








Quando o meu débil coração, oprimido pelas dores da enfermidade e tomado dos horrores da morte, se achar extenuado pelos esforços que tiver feito contra os inimigos de minha salvação:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando correrem dos meus olhos as últimas gotas de lágrimas, sintomas da minha destruição; recebei-as, ó meu Jesus, em sacrifício expiatório, para que eu expire como vítima de penitência, e nesse terrível momento:




– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!



Quando meus parentes e amigos, ao redor do meu leito, se enternecerem à vista do meu doloroso estado e vos invocarem por mim:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!




Quando eu tiver perdido o uso de todos os meus sentidos, e o mundo inteiro tiver desaparecido diante de mim, deixando-me só, inteiramente só, a gemer nas angústias da extrema agonia e nas aflições da morte:




– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!




Quando as ânsias extremas do coração forçarem a minha alma a desprender-se do corpo, arrancando os últimos suspiros, aceitai-os como sinal de uma santa impaciência de unir-me a vós:




– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!




Quando a minha alma sair para sempre deste mundo e deixar meu corpo pálido, frio, inanimado, e cadáver, aceitai essa destruição do meu ser físico em sacrifício de homenagem por mim prestada à vossa divina majestade, e então:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!





Finalmente, quando minha alma comparecer na vossa presença, e ver pela primeira vez o esplendor de vossa infinita majestade, não a expulseis da vossa vista, antes recebei-a no amoroso seio da vossa misericórdia, para que cante eternamente os vossos louvores:



– Misericordioso Jesus, tende piedade de mim!














PETIÇÃO





Meu Deus que, condenando-nos à morte, nos ocultastes a hora dela, fazei que, vivendo em justiça e santidade todos os dias da nossa vida, mereçamos sair deste mundo em vosso santo amor, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que convosco vive e reina, na unidade com o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.




Amém!









CONCLUSÃO





São Francisco de Assis nos ensina que a morte não é um inimigo, mas uma irmã a ser bem acolhida, pois ela nos conduz à presença de Deus. Na perspectiva católica, a vida é um dom divino, e a morte, uma passagem para a eternidade, onde a alma encontra a plenitude do amor de Deus. Ao contemplarmos a nossa fragilidade e finitude, somos chamados a viver com santidade, caridade e fé, conscientes de que cada dia é uma oportunidade de nos aproximarmos do Senhor. Que possamos, como São Francisco, receber a morte com serenidade, confiando na misericórdia de Deus, sabendo que ela não encerra, mas transforma a vida em comunhão eterna com o Criador e com todos os irmãos e irmãs que nos antecederam na fé.




------------------------------------------------------

 





🔥 Transforme seu dia com reflexões profundas e sadias!


👉  Clique aqui para seguir o Blog Berakash

👉 Clique aqui e siga  em nosso canal no YouTube

 

A Paz em Cristo e o Amor de Maria, a mãe do meu Senhor (Lucas 1,43)

Curta este artigo :

+ Comentário. Deixe o seu! + 1 Comentário. Deixe o seu!

Anônimo
28 de setembro de 2022 às 10:48

São José patrono da boa morte, rogai por nós e por todos os moribundos que neste momento fazem esta passagem!

Postar um comentário

Todos os comentários publicados não significam nossa adesão às ideias nelas contidas.O blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a).Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos se ofensivos a honra.

TRANSLATE

QUEM SOU EU?

Minha foto
CIDADÃO DO MUNDO, NORDESTINO COM ORGULHO, Brazil
Blog educativo e formativo inspirado em 1Pd 3,15, dedicado à defesa da fé e à evangelização. Nele somos apenas o jumentinho que leva Cristo e sua verdade aos povos, proclamando que Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14,6) e que sua Igreja é a coluna e sustentáculo da verdade (1Tm 3,15). Nossa Missão: promover a educação integral da pessoa, unindo fé, razão e cultura; fortalecer famílias e comunidades por meio da formação espiritual e intelectual; proclamar a verdade revelada por Cristo e confiada à Igreja. Nossa Visão: ser um espaço de evangelização que ilumina também os campos social, político e econômico, mostrando que fé e razão caminham juntas, em defesa da verdade contra ideologias que afastam de Deus. Áreas de Estudo: Teologia: mãe de todas as ciências. Filosofia: base da razão e da reflexão. Política: análise crítica de governos e ideologias à luz da fé. Economia: princípios éticos e cristãos aplicados à vida financeira. Rejeitamos uma imagem distorcida e meramente sentimentalista de Deus, proclamando o verdadeiro Deus revelado em Jesus Cristo. Nosso lema é o do salmista: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória” (Sl 115,1).

SIGA-NOS E RECEBA AS NOVAS ATUALIZAÇÕES EM SEU CELULAR:

POSTAGENS MAIS LIDAS

TOTAL DE ACESSOS NO MÊS

ÚLTIMOS 5 COMENTÁRIOS

SOMOS CONSAGRADOS JESUS PELAS MÃOS DE MARIA SANTÍSSIMA

SOMOS CONSAGRADOS JESUS PELAS MÃOS DE MARIA SANTÍSSIMA
 
Support : Creating Website | Johny Template | Mas Template
Copyright © 2013. O BERAKÁ - All Rights Reserved
Template Created by Creating Website Published by Mas Template
Proudly powered by Blogger