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Onde a UTOPIA Capitalista e Comunista foram fieis a seus princípios e deram certo?

Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 14 de julho de 2021 | 11:44

 


 

 

Por: Eduardo Migowski

 

 

Desde a queda da URSS o Capitalismo segue triunfante e  impondo sua hegemonia, mas será que isso o torna algo bom e o socialismo algo que deve ser esquecido? Para ter uma resposta é necessário entender a origem do Socialismo, bem como as mudanças que provocou no mundo, inclusive no próprio Capitalismo.

 

 

 

“A causa a que devotei boa parte da minha vida não prosperou. Eu espero que isto me tenha transformado em um historiador melhor, já que a melhor história é escrita por aqueles que perderam algo. Os vencedores pensam que a história terminou bem porque eles estavam certos, ao passo que os perdedores perguntam por que tudo foi diferente? e esta é uma pergunta muito mais relevante.” (Eric Hobsbawm)

 

 

 

Imagine uma comunidade ideal, numa ilha distante:




 

Isolada do restante do mundo. Tal sociedade seria formada por 54 distritos e não haveria propriedade privada. A terra, principal fonte de riquezas, seria de uso comum. A jornada de trabalho duraria no máximo seis horas. Haveria também total liberdade de crença, de religião e todos os homens seriam iguais ao nascer. Seria um mundo ideal, sem hierarquias. Enfim, uma utopia. E foi exatamente esse o nome escolhido pelo escritor do texto no qual aparecem essas confabulações, “Utopia”, escrita em 1516. Seu autor não foi Marx, Engels ou Lênin. Mas do filósofo inglês Thomas More. More morreu em 1535 decapitado por se recusar a abandonar a fé católica. Por tal motivo, tornou-se Santo da Igreja.

 

 

 

Apesar das semelhanças, More não pode ser considerado um socialista, nem muito menos Jesus Cristo!

 

 

O que diferencia o Cristão do Comunista na defesa da justiça e dos menos favorecidos é o COMO SE FAZ ESTA DEFESA, o primeiro de forma evangélica, o segundo de forma IDEOLÓGICA e muitas vezes ateia, onde os fins justificam os meios.

 

 

A palavra socialismo, tal qual conhecemos hoje, aparece somente em 1820. Tal doutrina é produto dos desdobramentos daquilo que o historiador inglês Eric Hobsbawm chamou de Dupla Revolução:

 

 

1)-A Revolução Industrial (1750)

 

 

2)-A Revolução Francesa (1789).

 

 

Porém, há uma semelhança fundamental entre ambas. Tanto as ideias de More, quanto as socialistas, nascem do espanto ante as imperfeições da realidade. No primeiro caso, era a Inglaterra de Henrique XVIII. No segundo, os desdobramentos da Revolução Industrial.

 

 

 

A palavra utopia quer dizer “lugar nenhum”. Utopias são, portanto, modelos ideais. Aparentemente perfeitos e, por isso, inalcançáveis para sociedades formadas por homens imperfeitos. Mas nem por isso elas podem ser descartadas. A ideia de perfeição nos permite perceber as contradições e as injustiças do mundo em que vivemos. Pensar outras realidades, outros mundos possíveis, nos obriga a caminhar, a agir, mesma sabendo que não há uma linha de chagada.

 

 

 

O Mundo antes do Socialismo

 

 

 

Até 1789, o liberalismo era a ideologia dominante. Os liberais pregavam a liberdade irrestrita do indivíduo. Seus teóricos argumentavam que a busca do prazer individual seria o caminho para o bem estar geral. O problema é que, a despeito da coerência teórica, a realidade cotidiana teimava em demonstrar o contrário.

 

 

 

A primeira Revolução, a Industrial, mudou em definitivo o modo de vida das populações europeias!

 

 

A máquina substituiu o trabalho manual. Quem ditava o ritmo do trabalho, doravante, seriam as indústrias. Eram elas que davam emprego à população que saia dos campos e migrava para as cidades. E esse número aumentava de forma jamais vista:

 

 

Entre 1801 e 1851, a população de Birminghan cresceu de 73 mil para 250 mil. Em Liverpool, de 77 mil para 400 mil habitantes. Os efeitos desse crescimento descontrolado dos centros urbanos são bem conhecidos por nós brasileiros: miséria, violência epidemias, poluição entre outros.

 

 

 

O trabalho nas fábricas requeria pouca especialização - Poderia ser realizado por qualquer pessoa

 

 

O amplo mercado mundial, criado pelas navegações que vinham ocorrendo desde o século XVI, proporcionava uma demanda quase que infinita para os produtos manufaturados. O fluxo de ouro e prata, do novo para o velho mundo, garantia excedente de capital. Eram estas as condições daquele contexto:

 

1)-Demanda elástica.

 

2)-Mão de obra farta e barata.

 

3)-Grande quantidade de capital, que permitiram o salto industrial europeu.

 

 

Sem maiores preocupações com a demanda, a lógica nas primeiras décadas da modernidade era aumentar incessantemente a produção. O trabalhador era levado ao limite da exaustão física e mental. Se o trabalho era repetitivo e simples, por que não poderia ser realizado por mulheres e crianças? A mão de obra infantil e feminina foi amplamente utilizada, em jornadas diárias que chegavam até 18 horas. Três vezes mais da imaginada por More três séculos atrás.

 

 

 

Aos poucos, as cidades inglesas foram sendo divididas em grupos com interesses antagônicos:

 

 

-Não havia direitos sociais. O Estado pouco intervia, e quando o fazia era em favor dos empresários. Um exemplo é a Lei dos Pobres que entregava às fabricas os filhos dos indigentes que passavam a trabalhar por contrato, muitas vezes sem nenhuma remuneração. O livro Oliver Twist, de Charles Dickens, retrata esse drama de forma magistral.

 

 

-A negociação salarial era feita diretamente entre o funcionário e o patrão. Ora, num ambiente de miséria, de fome e de superlotação das cidades, seria fácil supor que qualquer valor seria aceito como salário. Não era uma negociação trabalhista, mas uma luta pela sobrevivência.

 

 

-As cidades estavam amontoadas de gente, os trabalhadores competiam entre si e poderiam ser trocados sem grandes dificuldades.

 

 

Segundo Hobsbawm, haviam três alternativas para o trabalhador pobre:

 

 

1)-Lutar para se tornarem parte do patronato, o que era quase impossível para quem isoladamente não possuía o mínimo de recursos, ou coletivamente pelas cooperativas que eram impedidas.

 

 

2)-Se resignar com a realidade de exploração.

 

 

3)-Poderiam se rebelar. Mas se rebelar em nome do quê? Um dos primeiros métodos foi a quebra das máquinas. O maior símbolo do progresso era visto também, pelo homem pobre, como a causa da sua exploração. Mas tal gesto não transformaria a sociedade. Seria preciso pensar em novas formas de organizar a produção.

 

 

 

O Socialismo surge como uma reação a uma ordem injusta

 

 

 

A Europa estava cada vez mais distante do modelo de More. Porém, é justamente quando os sonhos se afastam das expectativas palpáveis que eles se tornam utopia. O estilo vida tradicional se esvairia, as certezas sumiam. O futuro era incerto. A realidade esmagava os homens. Só restava o desejo de um futuro diferente. Mas quando? Sem perspectivas concretas, o horizonte seria preenchido por novas utopias.

 

 

A atomização do indivíduo liberal os deixava vulneráveis. O trabalhador precisava se alimentar e o empresário detinha os meios de produção. Numa “negociação livre”, o segundo ditaria as regras. A organização dos operários era uma necessidade básica. Uma estratégia de sobrevivência. Porém, não seria simples. O Estado não era um árbitro imparcial, como muitos pensavam. Em 1791 a Lei Chapelier, escrita ainda no início da Revolução Francesa, proibia as associações operárias. Argumentava-se que os sindicatos prejudicavam a livre concorrência e o funcionamento natural da economia.

 

 

Sem amparo legal, as manifestações contra a precarização da vida urbana logo tomariam a forma de motins e rebeliões.Na França a “Conspiração dos Iguais”, liderada por Graco Babeuf, fazia a incomoda pergunta se o homem pobre era realmente um cidadão.

 

 

Na Inglaterra, segundo levantamento do historiador Eric Hobsbawm, houve sublevações nos anos de 1811-1813, 1815-1817, 1819, 1826, 1829-1835, 1836-1842, 1843-1844 e 1846-1848. Muitos desses levantes eram reativos e tinham caráter espontâneo. As insatisfações eram generalizadas, porém havia poucas propostas verdadeiramente revolucionárias. O socialismo emergiu desses descontentamentos difusos. Seu objetivo era canalizar essas forças e transformá-las num projeto político genuinamente operário.O socialismo, portanto, pode ser definido como uma resposta alternativa a um contexto social de intensa exploração e desigualdade.

 

 

Mas como se organizaria a sociedade socialista?

 

 

E como seria possível alcançar tal transformação? A base comum do movimento era a crítica à propriedade privada. Porém, a partir desse momento, as divergências parecem não ter fim. Como transformar a sociedade: reforma ou revolução? Tais noções não são antagônicas. As reformas, caso sejam feitas num ritmo acelerado, podem também ser revolucionárias. A modernidade havia dado dois exemplos. A Revolução Industrial havia sido social e econômica. Novos métodos de trabalho, de disciplina, de organização e novas tecnologias haviam suprido de forma mais eficiente as demandas existentes. Num curto espaço de tempo, a paisagem urbana dos grandes centros urbanos seria transformada de forma definitiva.

 

 

O outro modelo seria o da Revolução Francesa

 

 

Protótipo de uma revolução armada, em que a população sai às ruas para derrubar um governo pela força. Qual desses métodos era mais eficaz para superar o capitalismo? Sobravam respostas, mas faltavam consensos.

 

 

 

Utópico, cristão, libertário ou reformista: as diversas vertentes do socialismo

 

 

O economista suíço Jean de Sismundi apresentou uma teoria rival à tese liberal sobre a concorrência capitalista. Segundo Sismundi, o livre mercado não favoreceria o interesse coletivo. Muito pelo contrário, a disputa entre capitalistas os obrigaria a baixar os salários dos operários e a aumentar o número de horas trabalhadas, para conquistar uma vantagem temporária sobre seus rivais. O resultado seria um mundo de instabilidade econômica, de guerras, de violência e de miséria.

 

 

Após a crise de 1929, tais ideias ajudarão a reformar o capitalismo com o aparecimento da socialdemocracia

 

 

 

Aprendemos a relacionar o socialismo ao ateísmo. Hitler, por exemplo, afirmava nos seus discursos a necessidade de se combater o “bolchevismo/ateu”, como se ambos fossem sinônimos. Porém, no início do movimento havia uma estreita correlação entre os princípios religiosos e as práticas socialistas. Robert Owen, um rico empresário, orientado pela ética cristã, passou a defender o socialismo. Na sua concepção, o socialismo seria simplesmente a melhoria da qualidade de vida dos operários. Seus funcionários desfrutavam de melhores condições de trabalho, os filhos deles recebiam educação e os salários eram muito acima da média. Com tais práticas, Owen colocou em questão o dogma liberal que dizia ser necessário baixar os custos de produção para obter lucros crescentes. No século XX, empresários conservadores, como Henry Ford, defenderão ideias parecidas.

 

 

Um rico burguês, cristão, pode ser um socialista!

 

 

Owen demonstrou que sim. Mas nem todos concordavam. Se a intervenção de um empresário fora capaz de melhorar a vida dos trabalhadores, por que tal modelo não poderia ser ampliado?

 

 

 

Outras correntes socialistas defendiam a necessidade de uma interferência externa para garantir o interesse coletivo. O francês Saint Simon, por exemplo, queria uma economia planificada e organizada pelo Estado. Com certeza você já ouviu essas teses em algum lugar. Pois bem, ela foi defendida pela primeira vez por um Conde, isso mesmo, um nobre Francês!

 

 

Atualmente, muitos criticam a economia planificada!

 

 

A nacionalização das empresas e da terra. Dizem que seria um caminho para o totalitarismo. Pois bem, as primeiras críticas ao despotismo Estatal vieram dos próprios socialistas.

 

 

 

A “utopia” de Charles Fourier

 

 

Esta por exemplo, seria organizada por unidades de produção e consumo, denominados “Falanstérios”. Os falanstérios seriam como “feudos comunais”. Ou seja, unidades independentes, formadas por associação voluntárias de indivíduos, em que todos viveriam em cooperação mútua.

 

 

O filósofo também defendia a liberdade sexual e nos falanstérios a prática sexual era livre de interdições morais. Tais experiências serão resgatadas no século XX pelas comunidades hippies e pelos movimentos de defesa das minorias.

 

 

 

O filósofo anarquista/socialista francês Joseph Proudhon criou uma proposta mais refinada de uma sociedade livre da coerção do Estado!

 

 

Conhecida como mutualismo, tais noções defendiam o fim da competição capitalista e sua substituição pela cooperação. As propriedades seriam coletivas e os lucros seriam repartidos de acordo com o volume de trabalho. Esta proposta se tornou a base daquilo que hoje é conhecido como “economia solidária”.Organizações sindicais do mundo inteiro, como no caso brasileiro da CUT, organizaram-se tendo o mutualismo como referência!

 

 


 

Mas, sem dúvida, o pensador socialista mais importante do século do XIX foi o alemão Karl Marx

 

 

 

Ao contrário do que muitos imaginam, a obra de Marx foi dedicada ao estudo do capitalismo, não do comunismo. Não existe um manual de como organizar uma sociedade comunista em seus escritos. Há apenas algumas indicações vagas. No “Manifesto Comunista”, por exemplo, que foi escrito para ser um panfleto político, há algumas indicações interessantes:

 

 

-Em um trecho, por exemplo, é dito que o operário organizado “arrancará pouco a pouco” o capital da Burguesia.

 

 

-Em outra parte, o Manifesto propõe algumas medidas que poderiam ser imediatas, como: confisco da propriedade dos emigrados rebeldes, a expropriação da propriedade fundiária, a nacionalização das comunicações e dos bancos, a criação de um ensino público e gratuito, a adoção do imposto progressivo e o fim do direito a herança.

 

 

Muitas dessas propostas acabaram sendo adotadas, com êxitos variados!

 

 

O imposto progressivo é, ou foi, aplicado por praticamente todos os países de capitalismo avançado. A Finlândia, principal referência em educação no século XXI, oferece ensino público e gratuito a toda população.

 

 

O fim do direito a herança pode ser perfeitamente justificado usando o discurso liberal de meritocracia. Num mundo pautado pela livre concorrência, a riqueza individual deveria vir do esforço, não da posição familiar.

 

 

 

O Socialismo real sempre será Leninista Stalinista

 

 


 

Os pensadores socialistas tinham países como França e Inglaterra como base para suas reflexões. Imaginavam que a revolução aconteceria num país industrializado. Isso tinha um motivo. Todas as nações haviam se desenvolvido por meio de intensa exploração da mão de obra. Era preciso excedentes financeiros para investir em indústrias. Para Marx, por exemplo, o socialismo nasceria de uma contradição básica do capitalismo. Se, por um lado, nesse sistema a capacidade produtiva é ampliada, por outro, o trabalhador é relegado à miséria.

 

 

O socialismo seria encalçado quando o operário organizado passasse a controlar os meios de produção, que seria usado para o bem estar coletivo. Nada disso aconteceu na Rússia.

 

 

Os bolcheviques conquistaram o poder num país atrasado, em ruínas. Destruído por sucessivas guerras. Pior, a esperada “Revolução Mundial” não ocorreu. Estavam isolados e cercados por inimigos.

 

 

A modernização era uma questão de sobrevivência. Mas como ela seria realizada? Nesse caso, a literatura marxista pouco poderia ajudá-los. Os bolcheviques tinham muitas suposições, mas não havia um plano de governo. Estavam lidando com problemas novos, para os quais não havia soluções claras.

 

 

 

Segundo o historiador Daniel Aarão Reis, após medidas emergenciais como o Comunismo de Guerra e a NEP, duas propostas para a construção do socialismo passaram a dominar os debates:

 

 

1)-A primeira, cujo o principal expoente era N. Bakharin, defendia uma aliança entre o camponês e o operário. O desenvolvimento industrial seria precedido do enriquecimento da população rural. O projeto era interessante, mas havia um problema. A URSS era um país pária num mundo em desordem. O desenvolvimento industrial era urgente, pois a qualquer momento outra guerra poderia “explodir”. Por isso, homens como Preobrazhensky afirmavam ser prioridade o investimento na indústria pesada.

 

 

2)-Quando Stalin assumiu o controle do país, o segundo modelo seria adotado. O georgiano dizia que a Rússia estava 100 anos atrasada em relação ao ocidente. Ou os soviéticos se modernizavam em 10 anos ou desapareceriam. O desenvolvimento comunista foi, portanto, uma luta contra o relógio. Sob o comando de Stalin, a URSS começou um novo processo de transformações. Uma revolução imposta de cima. A modernização foi realizada de improviso e de modo forçado. Foi fortalecido o órgão central, a GOSPLAN, responsável pelo planejamento econômico. Este estabelecia metas de produção a serem alcançadas de cinco em cinco anos, eram os planos quinquenais. O capital excedente viria do campo. Mas como ficaria o camponês? A agricultura seria coletivizada de modo forçado, bem diferente do modelo de associações voluntárias. Os trabalhadores também pouco opinavam, as determinações vinha da burocracia do partido.

 

 


O modelo stalinista se estruturaria da seguinte forma:

 

 

1)-Estado monopartidário (Partido único).

 

2)-Cultura ideológica única (Extermínio de outras culturas, incluindo a Cultura Judaico-Cristã).

 

3)-Centralização política (O poder não emana do povo, mas do dirigente/ditador).

 

4)-Economia planificada (Se produz e consume não o que quer, mas o que os dirigentes acham que o povo precisa).

 

5)-Mobilização do operário (Não pela recompensa, mas pela punição).

 

6)-Coletivização da agricultura (Tudo para o Estado e pelo Estado, o homem é apenas mera engrenagem do aparelho estatal).

 

 

 

As unidades produtivas foram dividias em basicamente duas:

 

 

1)-Kolkhoses (cooperativas agrícolas).

 

 

2)-Sovkhoses(fazendas estatais).

 

 

Ao contrário do que se imaginava, a revolução não acabou com a antagonismo entre as classes; muito pelo contrário, eles se intensificaram, pois ao destruir a classe entre patrões e empregados, Clero e leigos, surgiram as novas classes: Poderosos dirigentes do partido único e povo dirigido, militares, artesãos, cooperativistas e pessoas comuns. A conformação do socialismo soviético foi uma verdadeira guerra contra os chamados Kulags, como eram conhecidos os agricultores mais abastados.

 

 

Stalin iniciou uma cruzada contra os camponeses, com resultados catastróficos!

 

 

Os números são assustadores. Em retaliação, os trabalhadores do campo se recusavam a semear a terra, matavam o gado. A produção de grãos despencava enquanto a população das cidades crescia vertiginosamente. Em 1913 fora produzido 80, 1 toneladas de grãos. Até a Segunda Guerra Mundial, tal marca só foi superada em duas oportunidades – em 1930 e em 1937 – no restante houve queda.

 

 

Havia constantes crises de desabastecimento. O regime ia endurecendo. Stalin acusava os kulags de estarem sabotando a revolução. Muitos deles foram presos e enviados para os Gulags, campos de trabalho forçado.



Se o modelo stalinista pode ser considerado como a concretização da utopia socialista, certamente é uma utopia bem diferente daquela proposta pelo Católico Ingles More:

 

 

Na Utopia havia um Rei, mas as cidades mandavam representantes para discutir os problemas locais. Tal medida visava impedir que houvesse uma centralização excessiva. Todo cidadão deveria trabalhar no campo e na cidade. Isso seria uma forma de cada indivíduo experimentar diferentes formas de trabalho e entender as dificuldades de cada área. Tal prática também uniria o mundo rural ao urbano. Nada poderia estar mais distante da experiência soviética.

 

 

 

Mas seria precipitado afirmar categoricamente o fracasso da economia planificada. Olhando para os números da indústria, os resultados foram positivos. Foi esse setor que impulsionou o crescimento econômico. A produção de aço, por exemplo, saltou de 4,9 toneladas em 1929 para 18,4 em 1940. Nunca houve tamanha expansão na história Russa.

 

 

O I Plano Quinquenal ostentou uma média de crescimento de 13,2% ao ano. O II Plano Quinquenal atingiu a impressionante marca de 16,1%. Até a década de 1950, o crescimento dos países socialistas era superior ao dos países capitalistas. A Rússia finalmente alcançaria o patamar de uma potência mundial.

 

 

Houve bons resultados também na área da educação. O analfabetismo foi erradicado. Antes de 1917, metade da população não sabia ler. O nível de escolaridade obteve avanços em todas as áreas. Como podemos ver, os resultados foram muito contraditórios. Não é tarefa simples avaliá-los só de forma positiva, ou negativa. Na verdade, dependendo do olhar, é possível chegar a conclusões totalmente díspares.

 

 

Se, por um lado, os socialistas pegaram um país destruído, atrasado, e o transformaram na segunda maior potência mundial em poucas décadas; por outro, isso foi conquistado com enormes sacrifícios de vidas humanas em nome de uma ideologia imposta. Por ironia da história, a Revolução Industrial carrega essa mesma ambiguidade.

 

 

O socialismo soviético, depois dessa disparada inicial, foi perdendo fôlego e se mostrou incapaz de se reformar!

 

 

O modelo era eficiente como forma de desenvolver países dependentes, atrasados. Mas quando a modernização era conquistada, ele ia perdendo fôlego. Hobsbawm usa uma interessante imagem para explicar tal fenômeno. Segundo o historiador é como um condutor entrasse num carro e acelerasse fundo até atingir a marca de 100 km/h, nesse momento o freio de mão é acionado e o carro vai perdendo força até finalmente retornar a inércia.

 

 

Fazendo o Mea Culpa - Por que isso ocorreu?

 

 

1)-O Regime não conseguiu fazer a transição de uma produção extensiva, baseada no aumento da capacidade produtiva; para a intensiva, que buscava o crescimento da produtividade do trabalho. 



2)-A principal causa era que desde o início os bolcheviques apelaram para o voluntarismo do operário, sem oferecer motivações recompensatórias.

 

 

3)-Havia pouco estímulo para as empresas já existentes procurarem modernizar as bases produtivas para aumentar a produção. A inovação tecnológica era limitada.

 

 

4)-A corrida armamentista também deslocava parte do excedente produzido para a fabricação de armas. Para isso, os bens de consumo eram relegados a um plano secundário.

 

 

5)-Com poucas opções de consumo, o trabalhador tinha poucos estímulos para aumentar sua renda. Criando um círculo vicioso. Se ele não produzia, não havia o que comprar. Se não havia o que comprar, não havia motivo para trabalhar.

 

 

6)-Quando, após da década de 1970, os países capitalistas sofreram um boom tecnológico com a invenção do microchip, os soviéticos não tinham mais forças para acompanhar tais transformações.

 

 

 

Considerações finais

 

 

 

Após essa rápida retomada do processo histórico, podemos chegar a algumas conclusões. Como vimos, o socialismo emerge das promessas não cumpridas da modernidade. Praticamente todos os intelectuais socialistas eram entusiastas da Revolução Industrial. Diante da diversidade de modelos, seria impossível afirmar de forma categórica se o socialismo deu certo ou não. Apenas análises descontextualizadas e simplificadoras responderiam tal questionamento de modo cabal. Nossa análise tentou mostrar que não existe o socialismo, mas socialismos. Tal tradição doutrinária é muito mais fértil se analisada como práticas que buscam reformar o capitalismo e não apenas pelo seu corpo doutrinário. Isto é:

 

 

Tão importante quanto entender a concepção de propriedade privada em Proudhon, seria analisar como o mutualismo poderia ser, e foi, aplicado em contexto específicos.

 

 

O capitalismo produz crises cíclicas

 

 

Ao mesmo tempo em que o livre-mercado expande a produção, ele achata a renda de grande parte da população. Portanto, buscar formas de reformar o capitalismo não é apenas uma postura ideológica, mas uma necessidade.

 

 

Em 1920 isso ficou claro e a socialdemocracia emergiu como uma tentativa de encontrar um meio termo entre doutrinas antagônicas. Deu certo. Os trinta anos mais prósperos da história da humanidade (1945/1975) foram pensados dessa forma.

 

 

 

Desconsiderando tais fatos, nos anos 1990, alguns especialistas chegaram a dizer que a história havia acabado com o fim da cortina de ferro. A liberdade e a democracia haviam vencido. A globalização trataria progresso econômico para todos. Nada poderia estar mais distante da realidade. Em 2008, outra grave crise cíclica foi produzida. O livre mercado está sendo questionado até na maior economia mundial, a vitória do Donald Trump foi fruto dessas insatisfações. E o socialismo começa a ser reformulado e atualizado. Não é mais possível simplesmente descartá-los como algo que não funciona. Vivemos num mundo em desordem, imperfeito. E, como tal, a ideia de perfeição sempre subsistirá, como um espectro.

 

Ao contrário da utopia comunista, a utopia capitalista não promete o paraíso terrestre. Não prega a revolução. Prega a reforma do capitalismo para a humanidade alcançar novo patamar civilizatório. Para Marx, a superação da desigualdade se daria com o fim do capitalismo. Os pensadores capitalistas pensam diferente: a desigualdade não é intríssica ao capitalismo ou a globalização. Ela é produto de escolhas políticas e econômicas. O mesmo raciocínio vale para a devastação ambiental.

 

 

 

Houve também mudanças estruturais. O chão de fábrica de hoje nada tem a ver com o das primeiras revoluções industriais e de uma sociedade estruturada em classes.  A classe operária, tida como redentora por Marx, hoje quer fazer a roda da história girar para trás. O capital também se modificou.

 

 

A posição de Alfred Marshall em relação ao capitalismo de sua época e às possibilidades de mudança social devem também, ser levada em consideração.

 

 

Apesar de ser um grande defensor do sistema de liberdade econômica, Marshall considerava fundamental sanar o problema da pobreza e da indigência que assolava e degradava física, moral e intelectualmente boa parte da população. Todavia, ao contrário dos socialistas e coletivistas que visavam extinguir as principais instituições vigentes (a concorrência, a propriedade privada, o trabalho assalariado, entre outras), Marshall vislumbrava uma sociedade melhor ainda sob a égide dessas instituições capitalistas. Essa situação melhor poderia ser atingida por meio até da intervenção do Estado e de mudanças importantes nos valores dos indivíduos - que envolveriam a adoção de uma postura mais nobre e cavalheiresca no seu agir econômico, ou seja, um capitalismo ético e humanista.

 

 

O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produza riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas.A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista. O fato é que o comunismo não foi fundado nem por Marx, Engels, Jesus Cristo e nem por Ramsés II. Talvez encontremos algum inventor genial na origem do arame para cortar manteiga e da pólvora de canhão. Mas não encontramos nenhum na origem do comunismo, assim como na origem do capitalismo.

 

 

Os movimentos sociais não são questão de invenção.Engels, e a seguir a ele Marx, juntaram-se a um movimento que já estava bem consciente da sua própria existência. Nunca pretenderam ter inventado a palavra ou a coisa. Sobre a sociedade comunista propriamente dita, nem sequer escreveram muito. Ajudaram o movimento e a teoria comunista a livrar-se das brumas da utopia para a praxis. Incitaram os proletários a não fundarem o seu movimento sobre os planos deste ou daquele reformador, sobre as revelações deste ou daquele iluminado.

 

 

 

Os verdadeiros revolucionários não idolatram as ideias de Marx e Engels, ou de David Hume e Adam Smith, pois sabem que estas são fruto de uma época determinada, a qual estão condicionadas, e que têm os seus limites. Porém, não podemos deixar morrer a utopia, porque a utopia não é de esquerda nem de direita, mas faz parte do universo humano. A direita não tem que ficar complexada pelo facto de a esquerda se crer utópica, nem a esquerda tem que ficar complexada se a direita também, quiser ser utópica.

 

 

O Importante é que não deixemos de perseguir a utopia na sociedade, na economia e na política, mas de forma plural, porque só assim se foge ao populismo antissistema. A ausência de pluralidade, não serve a democracia, não serve o Estado de direito, não serve a Constituição e, sobretudo, não serve a humanidade que não é uniforme, mas plural.

 

 

Há realmente muito pouca gente interessada em demonstrar as vantagens e, principalmente, o lado moral e ético do capitalismo

 

 

Poucos se dão conta, por exemplo, de que, no livre mercado, os indivíduos só são recompensados quando satisfazem as demandas dos outros, ainda que isso seja feito exclusivamente visando aos próprios interesses.

 

 

Ao contrário de outros modelos, o capitalismo não pretende extinguir aquele certo egoísmo dosado e sadio inerente à condição humana, mas que nos obriga constantemente a pensar na satisfação do próximo, se quisermos prosperar. Além disso, para obter sucesso em grande escala, você tem de produzir algo que agrade e seja acessível a muitas pessoas, inclusive aos mais pobres, e não apenas aos mais abastados. Sob todos os aspectos o capitalismo é bem melhor moralmente e socialmente  que o socialismo. Deveríamos bater mais nessa tecla de que a superioridade moral também é espantosa, e que um abismo intransponível separa um modelo baseado em trocas voluntárias de outro voltado para a “igualdade” forçada, que leva ao caos e à degradação de valores básicos da civilização.

 

 

Quando você abastece seu carro, ou quando o avião aterrisa, escutamos o piloto agradecendo pela escolha da companhia aérea. Não por acaso, quando um cliente entra numa loja, a primeira coisa que ouve do vendedor é: “Em que posso ajudá-lo?”. E a última coisa que ambos dizem, depois de uma compra, é um duplo “obrigado!”. Um sinal inequívoco de que aquela transação foi vantajosa para ambos”, pois nesta relação é satisfeito o princípio: de cada um conforme a sua capacidade, e para cada um conforme a sua necessidade”.

 

 

 

O capitalismo fortalece os laços de cooperação e cordialidade, enquanto o socialismo leva ao cinismo, à inveja e ao uso da força para se obter o que se demanda. É verdade que o capitalismo produz resultados materiais bem superiores, mas esse não é “apenas” seu grande mérito: ele é também um sistema bem melhor sob o ponto de vista moral. No capitalismo quem chega ao topo elas estão mais ligadas ao mérito individual, enquanto na burocracia socialista elas dependem de favores e coação.No socialismo, os que chegam ao topo são os piores, os mais cínicos e mentirosos, os populistas, os bandidos, os exploradores, os inescrupulosos, basta ver os exemplos onde esta experiência se instalou e no que se transformou.

 

 

 

Portanto, antes de perguntar: Onde o capitalismo deu certo? Pergunte: Onde e por que não deu certo?

 

 

 

E terá como óbvia resposta histórica: nos países que tem governos com inspirações de esquerda e ditatoriais. A diferença entre o capitalismo e o socialismo, é que no capitalismo você é o senhor do seu futuro. Obviamente existirão injustiças, mas a sociedade avança e no final, distribuímos mais riquezas a nível global que os regimes ditos comunistas.

 

 

Se o homem é movido pelo dinheiro (anteriormente era por comida, terras, poder) o que moveria a população em uma sociedade estratificada? A verdade é que governo Robin Wood (conf. Venezuela e Brasil da era Ptista) só dá certo enquanto os ricos ainda produzem. Quando estes param, vem o desastre logo a seguir.

 

 

Quantos países capitalistas você viu se recuperar de enormes crises (Grande Recessão/bolhas,etc), aprenderam com os próprios erros e continuarem capitalistas sem precisar apelar para o extermínio de seu próprio povo? Agora me diga: quantos de regimes socialistas se reergueram e mantiveram o modelo sem ter que apelar para a opressão ditatorial? Por último, um homem (estado) nunca será perfeito a tal ponto de saber o que é melhor para todo mundo. É melhor que cada um decida o que é melhor pra si. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento.No Bonde da História prevalece sempre a razão, e assim caminha a humanidade, pois não acredito em cultura e nem em ideologia de escritório, ou seja, naquelas criadas em uma sentada ou canetada por pseudo iluminados, mas naquela testada na história da humanidade com tentativas de erros e acertos e naturalmente prevalecida, pois este tal Comunismo dito científico, de científico não tem absolutamente nada, pois tudo que é científico se caracteriza pela repetibilidade em laboratório, coisa que nenhum laboratório social Comunista mundo afora em suas tentativas de implantação o fez até agora, pois tudo descambou em ditaduras sanguinárias e desumanas de esquerda.

 

 

O documentário “Era das Utopias”, do Cineasta brasileiro Sílvio Tendler traz uma interessante reflexão:

 

 

“Com lágrimas e sangue se construiu a história do socialismo. A luta por igualdade consumiu muitas vidas. Transformou os sonhos em pesadelos, pesadelos geraram novos sonhos, novas utopias.E, desse modo, a história continua. Rumo a lugar-nenhum".

 

 

 

Adaptado de: http://voyager1.net/historia/o-papel-do-socialismo-na-historia/

 

 

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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