Mateus 11,18-19: "Assim, veio João, que jejua e não bebe vinho, e dizem: ‘Este tem demônio’. Então chega o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: ‘Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!’ Todavia, a sabedoria é comprovada pelas obras que são seus frutos”.
Mateus 15, 10-11: "Então, Jesus conclamou a multidão a aproximar-se e pregou: Ouvi e entendei! Não é o que entra pela boca o que torna uma pessoa impura, mas o que sai da boca, isto sim, corrompe a pessoa”.
Geralmente, todo cristão e "católico puritanista" do discurso
antitabagista, com ares de quem está ensinando a moral da Igreja, não passa de um
presunçoso ignorante e desconhecedor dos fatos. Dos papas do século XX, pelo
menos três fumavam, e todos são Santos canonizados: São Pio XI, São João XXIII e São João
Paulo II. À
esquerda, na foto acima: o bem-aventurado João XXIII, fumando; à direita, o ainda
bispo Joseph Ratzinger, e Papa emérito Bento XVI, apreciando uma boa cerveja na
sua querida terra Alemã da Baviera.É
claro que existe uma óbvia diferença entre o consumo do álcool, ou do tabaco, e
o abuso destas substâncias. Por isso, a Igreja se vê obrigada a advertir:
“A virtude da temperança leva a evitar toda a espécie de
excessos, o abuso da comida, da bebida, do tabaco e dos
medicamentos. Aqueles que, em estado de embriaguez ou por gosto
imoderado da velocidade, põem em risco a segurança dos outros e a sua própria, nas
estradas, no mar ou no ar, tornam-se gravemente
culpados.”(Catecismo da Igreja Católica, § 2290).
Como assim fumar não é pecado? Se todos sabem que o cigarro e a bebida são prejudiciais?
A 31 de Março de 1929, numa parada em
Nova Iorque, um grupo de mulheres desfilou pela Quinta Avenida expelindo o fumo
dos seus cigarros – as suas “tochas da liberdade” –, aparentando desafiar
normas sociais estabelecidas. Este acontecimento parecia marcar um momento de
viragem cultural importante. Por um lado, porque, à época, parecia constituir uma demonstração da marcha pela modificação do lugar das mulheres na
sociedade americana, nove anos depois da aprovação do seu direito de voto. Antes de tudo, que
fique claro: o nosso objetivo aqui é comunicar a doutrina da Igreja, muito mais
do que as nossas opiniões pessoais. Não devemos confundir uma coisa com a
outra. Particularmente, não fumo e nem bebo, e por mim, ninguém no mundo fumaria
, mas não há nada no magistério da Igreja que nos dê base para afirmar que
fumar cigarro, cachimbo ou charuto seja um mal em si.
O
Catecismo da Igreja se restringe a condenar o "ABUSO" do fumo!
“A virtude da temperança manda evitar toda espécie de exceção, o ABUSO
da comida, do álcool, do fumo e dos medicamentos.” (CIC, 2290)
Portanto, fumar e
beber moderadamente não é pecado. Conheço muita gente que consome alguns poucos
cigarros de tabaco, uma ou duas vezes por semana, ou que fuma um charuto, e ou
seu cachimbo eventualmente. E, até onde sei, não há estudos que provem que o
fumo em tão poucas quantidades, cause algum dano relevante à saúde. E podemos até
afirmar, sem querer provocar o incentivo, que isso é menos nocivo ao corpo do
que muita porcaria que a gente come tranquilamente nos "fast foods" da vida, sem
que nenhum moralista venha nos incomodar.
Os puritanos tanto Católicos como protestantes
piram com isto! Dizia o filósofo
britânico G. K. Chesterton que:
“Não é o álcool que degrada o
homem, mas, ao contrário, é o homem quem degrada a bebida. É o mau uso (o abuso)
que se faz da bebida alcóolica o que determina um dependente do álcool, ou
fumo. Nunca vi copos de cerveja com vida própria, se insinuando para os seres
humanos e colocando-se em suas bocas. Também nunca vi um cigarro tocando a
campainha da casa das pessoas e pedindo para ser fumado. É por iniciativa nossa
que consumimos álcool ou tabaco.”
Porém, me desculpem
os puritanos, o uso moderado destas substâncias definitivamente não constitui
pecado. Foi o próprio Jesus Cristo quem realizou o milagre de transformar a água
em vinho em uma festa nas bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-12).O próprio Senhor Jesus tratou de oferecer aos convidados da festa uma bebida alcoólica. Convenhamos:
“Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém” (Tg 1, 13). Então, como beber
vinho ou qualquer outra bebida com álcool, pode ser um ato pecaminoso? Está claro que uma
pessoa que está dirigindo embriagada coloca em risco a sua vida e também a de
outrem. Quem abusa do álcool pode enfrentar situações muito embaraçosas,
acontecendo mesmo de que não se lembre do que fez enquanto estava sob o efeito
da substância. Aí está um problema particularmente grave! Cabem, neste ponto,
as sempre atuais considerações do Compêndio de Teologia Moral do Pe. Teodoro Del
Greco, sobre o pecado da gula ou embriaguez:
“À gula se referem a intemperança
no beber até à perda do uso da razão (embriaguez), a qual, se é perfeita, isto
é, se chega a impedir completamente o
uso da razão, é pecado mortal “ex genere suo”, se causada sem motivo
suficiente. Por graves razões,
provavelmente, pode permitir-se a embriaguez, como por exemplo, para curar uma
doença ou para com mais segurança submeter-se alguém a uma operação cirúrgica.
Afastar a melancolia não é motivo suficiente para embriagar-se. A embriaguez que priva só parcialmente do
uso da razão (imperfeita) é somente pecado venial, mas poderia tornar-se mortal
pelo dano ou escândalo produzido, pela tristeza que poderia causar aos pais,
etc.”[Compêndio de Teologia Moral, Del Greco;edição em PDF, pp. 56-57]
A Igreja é bastante
criteriosa ao tratar estes assuntos, mas está bem claro que saborear uma cerveja
com os amigos sem perder o uso da razão (Sem botar boneco), no fim de semana
não é pecado algum. Constituiria pecado o seu abuso, mas não o seu uso moderado
, o que pressupõe que coloquemos em prática a virtude da temperança. Podemos
encontrar muitos grupos de alcoólicos anônimos patrocinados por movimentos
católicos, mas certamente não encontraremos uma só linha do Catecismo que
condene o consumo moderado de álcool, ou
mesmo de tabaco. Muita gente dentro da própria Igreja precisa aprender isso.
Qualquer tentativa de demonizar um copo de vinho, ou de cerveja, é mera
tagarelice achológica e puritana. Não é doutrina católica.
PAPAS
QUE FIZERAM "USO MODERADO" DE TABACO E BEBIDAS:
1)- Bento XIV também, usava pó de tabaco (rapé). Ele
disse ter oferecido uma vez a sua caixa de rapé para o líder de alguma ordem
religiosa, que não quis dar uma pitada de rapé, dizendo: “Sua Santidade, eu não
tenho esse vício”, ao que o Papa respondeu: “Não é um vício. Se fosse um vício que
você teria”.
2)- Pio IX também gostava de cheirar rapé (Pó de tabaco), e era tão efusivo e
constante nisso que muitas vezes ele teve que mudar sua longa batina branca
algumas vezes por dia, ela era branca, afinal de contas, e a poeira do rapé
iria encardi-la. Ele ofereceu rapé, e caixas de rapé para os visitantes. Quando
o representante de Victor Emanuel veio a ele para apresentar as condições que o
pontífice acreditava que eram inaceitáveis, o papa “bateu na mesa com uma caixa
de rapé, que, em seguida, quebrou” O representante “o deixou tão confuso que
ele apareceu tonto.” Em 1871, o Papa também, durante o tempo em que ele era o
“prisioneiro do Vaticano”, ofereceu a sua “caixa de rapé de ouro, muito bem
esculpida com dois cordeiros simbólicos em meio a flores e folhagens”, para ser
oferecido como prêmio em uma loteria mundial para arrecadar dinheiro para a
Igreja.
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(Audiência com o Papa Pio IX - Recebendo rapé - Biblioteca do Congresso).
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3)-Leão XIII gostava de rapé! Antes de se tornar
papa, ele serviu por um tempo como núncio apostólico em Bruxelas e contou com a
conversa e companhia dos aristocratas cultos e agradáveis lá. Uma noite, no
jantar, certo Conde, que era um livre-pensador, pensou que e iria se divertir
um pouco às custas do núncio, e ele entregou-lhe uma caixa de rapé para
examinar, que tinha em sua capa uma pintura em miniatura de uma "bela Vênus nua".
Os homens da festa assistiram o progresso da piada, e como para o Conde, ele
estava sufocando com o riso, até que o Núncio diferencialmente devolveu a caixa
com o comentário: “Muito bonita, de verdade, conde. Presumo que é o retrato da sua condessa?..."
(Papa Leão XIII com seu habitual rapé)
4)- Pio X - tomou rapé
e fumou charutos enquanto era cardeal, quando foi eleito papa deixou de fumar.
5)- Pio XI - fumava um
charuto ocasional.
6)-João XXIII - fumava cigarros.
7)São João Paulo II - preferia vinho a sumo de laranja, mas bebia moderadamente.
Várias vezes se levantou para fazer brindes, sobretudo, nas refeições com
bispos, mas nunca manifestou preferência por qualquer tipo de vinho.
8)-Papa Bento XVI - Como a maioria dos alemães da Bavária, apreciava uma boa caneca de cerveja.
SANTOS QUE "FAZIAM USO MODERADO" DO
TABACO:
"Contra
folium quod vento rapitur ostendis potentiam tuam, et stipulam siccam
persequeris." (“Queres, então, assustar uma folha levada pelo vento, ou
perseguir uma folha ressequida?” Jó 13, 25).
1)- A Venerável Marie
Thérèse de Lamourous, mostrou o manto de Santa Teresa de Ávila, no convento
carmelita, em Paris, foi autorizado a colocá-lo em: “Eu beijei ele; Apertei-o em cima
de mim”, ela escreveu: “Eu observei tudo, até mesmo as pequenas manchas, que
parecia ser de rapé espanhol.”
2)- O uso do tabaco se
tornou um problema durante as investigações beatificação de José de Cupertino,
João Bosco, e Felipe Neri. Com os dois primeiros, os advogados do diabo
argumentaram que a virtude heróica não se aplicava porque eles usaram o tabaco.
O defensor de José argumentou, com base em entrevistas com José durante a sua
vida, que o seu fumo foi uma ajuda para a sua santidade, ajudando-o a ficar até
à noite para suas devoções e estender o seu jejum. No caso de Felipe Neri, o
exame de seu corpo durante o inquérito mostrou que os tecidos moles do seu
nariz morreram e assim seu corpo não era incorruptível. Sugeriu-se que isso se
deveu ao seu uso pesado de rapé. Mas estes eram argumentos fracos contra a sua
santidade.
3)- Bernadette Soubirous
teve asma na infância e seu médico prescreveu rapé para ela (sua caixa de rapé está em
exposição no Lourdes). Quando ela tinha dezesseis anos, na escola, ela
se lembrou mais tarde: “Uma irmã ficou chocada quando eu comecei a fazer todos
espirrarem passando rapé ao redor enquanto ela zumbia de longe em francês”. Depois
que ela entrou no convento mais tarde, produziu sua caixa de rapé para
recreação, um dia, para o grande escândalo de uma irmã. Ela gritou: "Oh, Irmã
Marie-Bernard, você nunca vai ser canonizada! Por que não? perguntou a
‘rapezeira’, Porque você usa rapé! Esse mau hábito quase desqualificou São
Vicente de Paulo. "E você, Irmã Chantal, respondeu Irmã Marie-Bernard,
rapidamente você vai ser canonizada, porque você não usou?"
4)- São João Maria Vianney usou rapé, muitas vezes
durante suas longas sessões de confissões.
5)- Padre Pio
mantinha o rapé em um pequeno bolso do hábito, e passou rapé para seus
visitantes.
Um biógrafo escreveu que, “Uma noite, durante uma conferência com oncologistas,
no meio de um relatório sobre a investigação do cancro, Padre Pio virou-se para
um dos homens e perguntou: ‘Você fuma?’. Quando o homem respondeu
afirmativamente, Pio, apontando o dedo firmemente repreendeu: ‘Isso é muito
ruim’, então, com quase o mesmo fôlego, voltou-se para um outro médico e
perguntou: ‘você tem algum rapé?..."
OS JESUÍTAS E O CULTIVO DE TABACO JUNTO
AOS INDÍGENAS:
(Jesuíta cultivando Tabaco)
“Um jesuíta foi questionado se era lícito
fumar um charuto enquanto orava, e sua resposta foi um inequívoco “NÃO”. No
entanto, o jesuíta sutil e rapidamente acrescentou que, embora não fosse lícito
fumar um charuto enquanto orava, era perfeitamente lícito rezar enquanto fumava
um charuto”.
Nos séculos 16 e 17,
os jesuítas desenvolveram grandes plantações de tabaco na América Central e do
Sul e interesses financeiros na retenção
de receitas a partir deles. Dominicanos, franciscanos e agostinianos tinham
acordos semelhantes na América Central. Durante este tempo,
os jesuítas, apaixonados por seu rapé, foram acusados por seus adversários
protestantes e laicos, sem qualquer evidência que se possa provar, de
levavam rapé envenenado e oferecendo aos que tentavam
assassinar. O “rapé Jesuíta” assim este material imaginário passou a ser chamado. O
medo que o rodiava parece ter sido mais intenso depois de dezenas de milhares
de barris portando cinqüenta toneladas de rapé espanhol que foram capturados por
navios espanhóis na baía de Vigo em 1702, pelo almirante Inglês Thomas Hopsonn, que encontrou seu caminho para o mercado britânico. Ao mesmo tempo,
missionários jesuítas introduziram o rapé no Capitólio da China durante a dinastia Manchu, por
volta de 1715. Durante algum tempo, chineses convertidos ao catolicismo eram
chamados de “compradores de rapé” por seus compatriotas e lidavam com a
fabricação e venda de tabaco em Pequim. Muitos monges budistas tibetanos ainda hoje gostam muito e fazem uso de rapé. Os jesuítas não
estavam sozinhos entre as ordens mendicantes em seu amor de rapé. Laurence
Sterne, autor de Tristram Shandy, também escreveu uma viagem através da França e da Itália, em 1768, no qual ele descreve um incidente ao mesmo tempo edificante e humilhante para ele, de troca de caixas de rapé com um pobre
frade. Durante o século 19, a moda de usar rapé nasal desapareceu, e o charuto, o cachimbo, e, em seguida, o consumo de cigarros o substituiu. Fontes literárias mostram que
tomar rapé foi cada vez mais deixado para os velhos e os pobres, e para certos
clérigos conservadores que persistiram com seu rapé, em vez de mudar para o hábito de fumar.Em uma carta 1846, o
Pe. William Faber, sacerdote do Oratório de São Felipe Neri, escreveu: “Na
Florença, o Superior da Camaldolese expressa um grande desejo de me ver; ele
estava doente na cama, e sua cama cheia a rapé; ele agarrou minha cabeça,
enterrou-o nas-roupas com cheiro de fumo, e me beijou mais impiedosamente”.
“Dez Anos em Roma”, um artigo não assinado, publicado em 1870 na
revista The Galaxy, nos diz, a respeito de frades capuchinhos:
“Você vê a amostra indo
sobre Roma em seu hábito marrom-escuro, sua caixa
de rapé de chifre preto, e seu imundo lenço de algodão azul de pelúcia em sua
manga, e sua carteira pendurada em seu braço.”
E Maud Howe, em um
artigo publicado no The Outlook, intitulado “Codgers romanos e solitários”,
comentou, em 1898, sobre um frade oferecendo-lhe uma pitada de uma caixa rapé
de chifre gasto. “O rapé ainda é tomado na Itália pelo velho e o antiquado”,
escreveu ela, “e tem a sanção do clero. Um editorialista no Dublin Review de
1847, lamentou que as indagações iniciais para a fé, muitas vezes descoberto
“que os padres católicos são geralmente apenas pobres, mal-instruídos, usuários
de rapé, espécie comum das pessoas.”. Ironicamente, o autor desejou, pois um
tipo diferente de sacerdote, um “sábio e vencedor” - e deu como exemplo São
Felipe Neri.Em setembro de 1957,
Pio XII dirigiu uma carta a Congregação Geral da Companhia de Jesus, em Roma.
Ele aproveitou a ocasião para exortar os jesuítas, bem como outras ordens
religiosas a apertar sua disciplina, e abraçar a austeridade, em parte, eliminando
artigos “superficiais” de suas vidas, incluindo “não poucos confortos que os
leigos podem legitimamente exigir.” “Entre elas”, ele disse, “deve ser incluído
o uso do tabaco, hoje tão difundida e usado”. Com o mesmo espírito de
abstinência, eles “não deveriam entrar em férias fora de suas casas de sua
ordem sem motivo extraordinário nem empreender em nome de descanso, longas e
onerosas viagens de lazer”. E, em 2002, João
Paulo II assinou uma lei tornando-se “proibido fumar em locais fechados
públicos, locais frequentados pelo público e locais de trabalho, situados nos
territórios do Vaticano, as áreas para além das fronteiras deste Estado [ou
seja, escritórios do Vaticano em outros países], e nos meios de transporte
público.”
O vinho usado por Jesus e os Apóstolos não era alcoólico?
Na Sagrada Escritura várias palavras são utilizadas
para fazer referência ao vinho, cada
uma refere-se a um tipo de vinho diferente (seja no grego ou no hebraico):
1)- A primeira classe de vinho
refere-se um vinho mais forte. As palavras "sikera" (grego, cf. Lc
1,15) e "shêkar" (hebraico, cf. Prov 20,1; Is 5,1) referem-se a isto,
e normalmente são traduzidas por "sidra" ou "bebida forte",
devido ao elevado teor alcoólico que este tipo de vinho possuía.
2)- A segunda classe refere-se a
um vinho novo mais adocicado. Palavras como "gleukos" (grego) e
"tirôsh" (hebraico, cf. Prov 3,10; Os 9,2; Jl 1,10), aludem a este
tipo de vinho. Em At 2,13 os Apóstolos foram acusados de estarem embriagados
dele, por causa da ação do Espírito Santo sobre eles.
3)- A terceira classe é
mencionada com maior freqüência tanto no AT quanto no NT. A palavra hebraica para este
vinho é "yayin", que tem em sua raiz o significado de borbulhar,
espumar ou ferver. A palavra referente no grego é "oinos", que em seu
sentido mais geral refere-se simplesmente ao suco de uva.
4)- Normalmente a literatura
judaica indica que o "yayin" é um vinho misturado. Normalmente é referenciado como
um xarope grosso (produzido através do suco de uva fervido) misturado com água
(cf. Sl 75,8; Prov 23,30), de baixo teor alcoólico. Embora em menor freqüência,
pode também corresponder a um licor obtido pela fermentação.A Mishná Judaica que é a antiga coleção escrita de
interpretações orais da lei mosaica e antecederam o Talmud, declara que os
judeus utilizavam com certa regularidade o vinho fervido, ou seja, o suco de
uva reduzido a uma consistência grossa mediante a ação do calor. Esta
descrição corresponde à terceira classe de vinho.A palavra grega
"oinos" portanto pode fazer referência tanto ao suco de uva, quanto
ao vinho de baixo teor alcoólico.
Algumas pessoas afirmam que o vinho
resultado do milagre de Jesus nas bodas de Cana da Galiléia não era alcoólico
("oinos" como suco de uva):
Este tipo de afirmação fundamenta-se na doutrina
humana de que Deus proíbe o consumo de bebidas alcoólicas. De qualquer forma o
milagre da transformação da água em vinho merece uma análise mais profunda. Conforme
vimos, o vinho fermentado era usado no templo para o oferecimento do sacrifício
a Deus (cf. Num 28,7), seu consumo era tido como um prêmio resultado do
trabalho (cf. Deut 14,26). Por esta razão, era tido em alta estima entre o povo
Judeu, onde seu uso foi estendido às celebrações festivas, sejam religiosas ou
não (cf. v. Unger's Bible Dictionary, verbete "Lord's Supper"). Jesus e Sua Santa Mãe estavam em uma festa de
casamento onde tradicionalmente o vinho servido aos convidados era alcoólico.
Isso pode ser atestado pela declaração do mestre de cerimônia quando provou o
vinho que Jesus fez: "É costume servir primeiro o vinho bom
e, depois, quando os convidados já
estão quase embriagados, servir o menos bom" (grifos meus) (cf. Jo
2,10). Ora, ele fala mais que claramente que "é costume servir
primeiro o vinho bom"; vinho este que se não fosse fermentado não deixaria
os convidados "quase embriagados". Se o vinho que foi servido primeiramente aos
convidados não fosse alcoólico, por que o mestre de cerimônia faria tal
declaração? Ele se espanta exatamente porque o vinho melhor (o vinho resultado
do milagre de Cristo), foi servido quando todos já estavam "quase
embriagados", quando o costume era exatamente o contrário. Por isso ele depois de provar o vinho milagroso, se
dirige a Jesus dizendo: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois,
quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu
guardaste o vinho melhor até agora" (Jo 2,10).Isto nos remete a confirmar
que o vinho que Cristo fez também era alcoólico, pois não faria nenhum sentido
Ele utilizar um tipo de vinho diferente do que era comumente usado. Não só
isso, mas com toda certeza, Cristo desejou o melhor para aquele casal, cujas
bodas estavam sendo realizadas. E assim providenciou um vinho excelente, um
vinho conforme àquele que era usado no templo em honra Dele, um vinho com
álcool (cf. Num 28,7).A primeira carta de São Paulo a Timóteo dá
testemunho que o "oinos" usado entre os Judeus era alcoólico. A
expressão "dado ao vinho" em 1 Tm 3,3 é a tradução da palavra grega
"paroinos" cujo significado literal é "colocar-se ao lado do
vinho", aludindo a prática de ficar bebendo o dia inteiro. São Paulo
recomenda que quem for escolhido para tomar lugar no Ministério de Deus, não seja
um beberrão, fazendo assim um uso não permitido do vinho. A passagem só faz
sentido se o vinho for alcoólico. Ver também Tt 1,7.
Não só o presbítero deve consumir o vinho com sabedoria, mas também o leigo!
Por isto o Apóstolo Paulo ensina aos Efésios: "Não
sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus. Não
vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do
Espírito" (Ef 5,17-18). Na Carta aos Efésios, São Paulo pede que as pessoas
não se embriaguem (cf. Ef. 5,18). Provavelmente ele estava ser referindo à
celebração da "Ceia do Senhor", devido às recomendações que são dadas
exatamente no versículo seguinte: "Recitai entre vós salmos, hinos e
cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do
Senhor" (cf. Ef. 5,19). Tal exortação não faria o menor sentido se o vinho
usado nas celebrações cristãs não fosse alcoólico. Os Cristãos até os tempos do Protestantismo
histórico sempre celebraram a "Ceia do Senhor" com vinho alcoólico,
costume herdado da era apostólica. Luteranos, Presbiterianos e Anglicanos até
hoje utilizam vinho fermentado em suas celebrações.
A doutrina da proibição de consumo de bebidas
alcoólicas não é divina, mas humana! São Paulo nos ensinou:
"Estai de
sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados
nas tradições humanas, nos rudimentos do mundo, em vez de se apoiar em
Cristo" (Col 2,8).
Ainda sob a escrita de São Paulo aprendemos
que:
"Para os puros todas as coisas são puras. Para os corruptos e descrentes
nada é puro! até a sua mente e consciência são corrompidas" (Tito 1,15).
O consumo de bebidas alcoólicas
portanto, não é proibido ao Cristão, entretanto, o Cristão deve sempre ter em mente estes preceitos bíblicos:
A Bíblia não proíbe
beber álcool, mas avisa sobre os perigos
de ficar embriagado(a). Bebidas alcoólicas são agradáveis e podem animar uma festa, como nas bodas de Caná, mas é preciso ter moderação. Muito
álcool distorce o raciocínio e pode ser perigoso para a saúde. Na
Bíblia bebidas alcoólicas estão associadas à alegria. O vinho alegra o coração.
Mas a embriaguez está associada à ruína. Beber com moderação não é
pecado, mas se alguém não consegue controlar-se quando bebe, não deve beber
álcool.
Eclo 31,35: "No princípio o vinho foi criado para a alegria não para a
embriaguez" .
Eclo 31,39: "O vinho, bebido em demasia, é a aflição
da alma".
I Cor 8,8-9: “Ora, não
são os alimentos que nos fazem aceitáveis diante de Deus; não nos tornaremos piores se não comermos,
nem melhores se comermos. Contudo,
tendes cuidado para que o exercício da vossa liberdade não se torne um motivo
de tropeço para os fracos”.
1 Coríntios 6,10-12: “Não
vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os
roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido
lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do
Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus. Todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são
lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.
Eclesiastes 10,19: “O banquete é feito para divertir, e o vinho torna a vida alegre, mas isso tudo se paga
com dinheiro”.
Provérbios 23,20-21: “Não ande com os que se
encharcam de vinho, nem com os que se empanturram de carne. Pois os bêbados e os glutões se empobrecerão, e a sonolência
os vestirá de trapos”.
Isaías 28,7-8: “E estes também cambaleiam pelo efeito do vinho, e não
param em pé por causa da bebida fermentada. Os sacerdotes
e os profetas cambaleiam por causa da bebida fermentada e estão desorientados
devido ao vinho;confundem-se quando têm visões, tropeçam quando devem
dar um veredicto. Todas as mesas estão cobertas de vômito e não há um só lugar
limpo”.
Provérbios 31,4-7: "Não convém aos reis, ó Lemuel; não convém aos reis beber vinho, não convém aos governantes desejar
bebida fermentada, para não suceder que bebam e se esqueçam do que a lei
determina e deixem de fazer justiça aos oprimidos. Dê bebida fermentada
aos que estão prestes a morrer, vinho aos que estão angustiados; para que bebam
e se esqueçam da sua pobreza, e não mais se lembrem da sua infelicidade”.
1 Timóteo 3,8: “Os diáconos igualmente devem ser dignos, homens de
palavra, não amigos de muito vinho nem de lucros
desonestos”.
Efésios 5,18: “Não se embriaguem com vinho,
que leva à libertinagem, mas deixem-se embriagar-se pelo Espírito.”
Tito 2,3: “Semelhantemente, ensine as mulheres mais velhas a serem reverentes
na sua maneira de viver, a não serem caluniadoras nem
escravizadas a muito vinho, mas a serem capazes de ensinar o que é bom”.
1 Timóteo 5,23: “Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago
e das suas frequentes enfermidades”.
Isaías 25,6: “Neste monte o Senhor dos Exércitos preparará um farto
banquete para todos os povos, um banquete de vinho
envelhecido, com carnes suculentas e o melhor vinho”.
Jesus condenou com veemência a prática de se anular a doutrina de Deus pela doutrina dos homens (cf. Mc 7,5-8).Esta prática é conhecida como "cerca em torno da lei", isto é, substitui-se um ensinamento divino por um humano mais severo, que tem com objetivo evitar que as pessoas pequem. Um exemplo da instituição do homem em detrimento de uma divina, por parte dos Fariseus, é denunciada por Jesus em Mc 7,9-13.Aqueles que adoram citar Mc 7,5-8 contra a Igreja Católica, além de não discernirem a diferença entre as Tradições que vem de Deus (com "T" maiúsculo, cuja observação é recomendada pelo Apóstolo Paulo em 2 Tes 2,15) e as tradições que vem dos homens (com "t" minúsculo), acabam tornando-se piores que os Fariseus, pelo fato de que estes nem sequer ousaram proibir o consumo de álcool ao povo.
*Francisco José
Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme
diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
-MARTIN, Malachi. Os
Jesuítas. Tradução. Rio de Janeiro: Record, 1987. 464 pgs.
-HATCH, Alden. João XXIII, o
Papa Inesquecível. Trad.: Paulo Nasser. Rio de Janeiro: Casa Editora
Vecchi, 1963. 360 pgs.
-LOWERY, Daniel L. Seguir o
Cristo. Manual de Moral para o povo de Deus. Trad.: Pe. Carlos Sanson,
C.SS.R. São Paulo: Editora Santuário, 1995. 168 pgs.
-GRACIÁN, Baltasar. A Arte da
Prudência. Trad.: Davina M. de Araújo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
97 pgs.
-BUESCHER,
John B. - A Igreja Católica e o Tabagismo.
-http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/573543-tabaco-chegou-a-italia-trazido-pela-igreja-urbano-viii-o-proibiu-joao-xxiii-fumava
-https://www.ivv.gov.pt/np4/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=5189&fileName=O_VINHO___MESA_DO_PAPA___texto_.pdf
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Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.
Mas a fornicação, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos;
Nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças.
Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.
Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
Portanto, não sejais seus companheiros.
Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz
(Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade);
Aprovando o que é agradável ao Senhor.
E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.
Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.
Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.
Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;
Efésios 5:1-18
19 Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6:19
Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;
Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.
1 Pedro 1:15,16O
O Senhor Jesus quando estava aqui na terra ele cumpriu a Lei eos que estava escrito nos profetas. a lei não proibia o homem de beber, porém as recomendava os que viviam embriagados não eram
já na nova aliança, o nível de santificação é maior, pois o ESPÍRITO SANTO habitará em todos aqueles que aceitarem o sacrifício de Jesus no calvário e terem suas vidas em santificação
Prezado Inácio Jorge,
Entendo sua justa preocupação, mas a prudência é dom e graça de Deus.
“Não é que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai de sua boca, isto o torna impuro...”(Mateus 15,11).
“Então chega o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: ‘Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores.Todavia, a sabedoria é comprovada pelas obras que são seus frutos...” (Mateus 11,19).
“Os puritanos tanto Católicos como protestantes piram com isto” !!!
Porém, me desculpem os puritanos, o uso moderado destas substâncias definitivamente não constitui pecado.Foi o próprio Jesus Cristo quem realizou o milagre de transformar a água em vinho em uma festa nas bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-12).O próprio Senhor tratou de oferecer aos convidados da festa uma bebida alcoólica. Convenhamos: “Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém” (Tg 1, 13). Então, como beber vinho ou qualquer outra bebida com álcool, pode ser um ato pecaminoso?
É claro que existe uma óbvia diferença entre o consumo do álcool, ou do tabaco, e o abuso destas substâncias. Por isso, a Igreja se vê obrigada a advertir:
“A virtude da temperança leva a evitar toda a espécie de excessos, o abuso da comida, da bebida, do tabaco e dos medicamentos. Aqueles que, em estado de embriaguez ou por gosto imoderado da velocidade, põem em risco a segurança dos outros e a sua própria, nas estradas, no mar ou no ar, tornam-se gravemente culpados.”(Catecismo da Igreja Católica, § 2290).
Simples assim
Eu gostei muito desse texto, procurei uma foto de Dom Bosco fumando e acabei parando aqui. Parabéns pelo trabalho continuem assim🙌
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