Introdução — A ação do Espírito Santo e a fidelidade dos santos na Igreja pós conciliar
A história da Igreja é marcada por uma constante renovação conduzida pelo Espírito Santo, que age ao longo dos séculos purificando, iluminando e santificando o Povo de Deus. Durante o Concílio Vaticano II (1962–1965), essa ação divina se manifestou de modo especial, quando a Igreja, movida pelo Espírito de Verdade, procurou dialogar com o mundo contemporâneo sem renunciar à sua essência divina. Entre as muitas reformas promovidas, a litúrgica se destacou por seu alcance espiritual e pastoral, permitindo que o Povo de Deus pudesse participar mais plenamente do mistério eucarístico através da celebração da Missa em língua vernácula.Entretanto, essa mudança — da Missa em latim para o vernáculo — foi, para muitos, motivo de perplexidade e até resistência. Muitos fiéis, formados na antiga liturgia, sentiram-se inseguros diante das transformações. Mas, como em todas as épocas de transição, o Espírito Santo suscitou almas fiéis e obedientes, que compreenderam que a verdadeira fidelidade a Deus passa pela obediência amorosa à Sua Igreja e ao Papa, sucessor de Pedro. Os santos e beatos que viveram essa transição não apenas aceitaram a reforma litúrgica com fé, mas a viveram como ocasião de purificação e crescimento espiritual. Eles compreenderam que a santidade não está na forma externa do rito, mas na disposição interior de unir-se ao sacrifício de Cristo. Sua vida é testemunho de que a obediência é o caminho mais seguro e belo para permanecer na vontade divina. Através de suas histórias — de São Josemaría Escrivá a Santa Teresa de Calcutá, de São João Paulo II à Beata Chiara Lubich — vemos o reflexo da ação harmoniosa do Espírito Santo, que nunca abandona a Igreja, mesmo quando ela caminha por sendas desconhecidas. Esses santos são sinais luminosos de esperança, mostrando que a verdadeira Tradição não é resistência ao novo, mas continuidade viva do mesmo amor a Deus que se renova em cada geração.
1º)-São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902–1975)
São Josemaría, fundador do Opus Dei, era profundamente ligado à beleza e à solenidade da Missa em latim. Lembrava com carinho das melodias gregorianas e das palavras antigas que preenchiam o silêncio da capela. Quando o Concílio Vaticano II anunciou a reforma litúrgica, muitos ficaram inseguros, mas ele, com serenidade, aceitou o novo rito.Conta-se que, nos primeiros meses após a mudança, ele dizia a seus filhos espirituais:
“Mesmo em vernáculo, o coração da Missa não muda; é sempre o mesmo Cristo que se nos oferece.”
Ele celebrava com reverência, explicando a todos que a obediência à Igreja é a verdadeira estrada para a santidade: “Obedecer é amar.” Josemaría mostrava que o espírito da Missa transcende a língua, e que a fé e a devoção transformam cada celebração em encontro vivo com Cristo.
2º)- São Óscar Romero (1917–1980)
Em San Salvador, os ecos das reformas conciliares chegaram em meio a tempos de tensão e violência. Dom Óscar Romero, então arcebispo, não se deixou intimidar pelas mudanças nem pelos críticos. Celebrava a Missa em vernáculo com simplicidade, olhando nos olhos dos pobres e orando com eles em sua própria língua.Dizia aos sacerdotes:
“A Missa deve ser viva, como Cristo está vivo entre nós!”
Em 1980, sua fidelidade foi levada ao extremo: foi assassinado enquanto celebrava a Eucaristia, diante do altar. Para Romero, a liturgia não era apenas ritual, mas missão e testemunho. Sua vida mostrou que a obediência à Igreja é também coragem, e que a santidade se revela quando se coloca o amor de Deus acima de tudo, até da própria vida.Dom Romero também se mostrava crítico ao comunismo, especialmente àqueles movimentos que recorriam à violência para impor suas ideias. Ele não apoiava a luta armada nem a ideologia marxista que negava a liberdade religiosa e a dignidade da pessoa humana. Ao mesmo tempo, ele defendia a justiça social e a melhoria das condições de vida dos pobres, que eram frequentemente explorados por elites e ignorados pelo Estado. Por isso, ele se opunha tanto à ditadura militar quanto a qualquer ideologia que justificasse violência ou supressão da fé:
“Como o materialismo marxista destrói o sentido transcendente da Igreja, uma igreja marxista seria não apenas autodestrutiva, mas sem sentido.” (homilia de 1978 - fonte: Opus Dei)
3º)- Santa Madre Teresa de Calcutá (1910–1997)
Quando a Missa em vernáculo chegou a Calcutá, Teresa reunia suas irmãs para explicar que a essência da Eucaristia permanecia intacta. Ela mesma participava das celebrações com devoção intensa, incentivando todas a olhar além das palavras:
“O amor a Jesus não depende do idioma, mas do coração que se entrega.”
Conta-se que, ao ouvir uma irmã perguntar se sentiria falta do latim, Teresa respondeu com um sorriso:
“O latim ou o vernáculo, tudo é Missa, tudo é Cristo! O que importa é que Ele nos transforme!”
Ela ensinou que a docilidade ao Espírito Santo é o que faz a liturgia florescer na vida cotidiana, especialmente no serviço aos mais pobres.
4º)-Beato Álvaro del Portillo (1914–1994)
Beato Álvaro, sucessor de São Josemaría, viveu os primeiros anos da reforma com atenção serena. Alguns membros do Opus Dei sentiam-se confusos; ele, sempre paciente, lembrava que o Espírito Santo conduz a Igreja com sabedoria. Dizia aos jovens:
“Não é a mudança externa que nos santifica, mas a entrega interior.”
Esse lema simples refletia seu coração obediente. Álvaro mostrou que aceitar a liturgia reformada com fé e tranquilidade é um gesto de amor profundo à Igreja.
5º)-Beato Giacomo Alberione (1884–1971)
Mesmo avançado em idade, Alberione via no Concílio uma oportunidade de renovação para toda a Família Paulina. Incentivava seus religiosos a celebrar a Missa em vernáculo e a utilizar os meios modernos de comunicação para evangelizar, vendo cada gesto como parte de uma missão maior: levar Cristo a todos. Conta-se que, quando um jovem perguntou se deveria continuar com a música tradicional ou usar cânticos modernos, Alberione respondeu:
“O importante é que cada gesto da liturgia nos ajude a sentir o amor de Deus e a comunicá-lo ao mundo.”
Ele demonstrou que a obediência à Igreja pode caminhar lado a lado com a criatividade, sempre guiada pelo Espírito Santo.
6º)-Beata Chiara Lubich (1920–2008)
Chiara viu no Concílio um sopro de esperança para a humanidade. Fundadora dos Focolares, ela percebeu que a liturgia renovada era uma oportunidade de promover a unidade entre as pessoas, e não uma ruptura com o passado. Dizia:
“Onde há unidade, aí está o Espírito Santo!”
Durante a implementação do novo rito, Chiara incentivava grupos de jovens a celebrar juntos, explicando que a beleza da Missa está na comunhão dos corações. Ela demonstrou que a verdadeira reforma começa no interior de cada cristão e que a obediência à Igreja é um ato de amor que transforma a vida e a sociedade.
7º)-Beata Maria Bolognesi (1924–1980)
Maria Bolognesi, leiga e mística italiana, era profundamente apegada à tradição litúrgica, mas recebeu as mudanças do Concílio com fé silenciosa. Participava da Missa em italiano com devoção total, oferecendo seus sofrimentos e pequenas renúncias pela santidade dos sacerdotes e pelo bem da Igreja.Seu exemplo discreto ensina que a obediência não é algo grandioso, mas cotidiano, humilde, silencioso. Ela dizia em seu coração:
“Mesmo que a Missa mude de idioma, meu amor por Cristo permanece o mesmo.”
8º)- São João Paulo II (1920–2005)
Antes de ser Papa, João Paulo II foi bispo conciliar e testemunha da reforma litúrgica. Ele participava ativamente das sessões do Vaticano II, e ao celebrar o novo rito, mantinha sempre a profundidade da tradição. Ele dizia aos fiéis:
“A Eucaristia é o coração do mundo. Cada Missa — antiga ou nova — deve refletir a beleza do mistério de Deus.”
Como Papa, ele reforçou que a liturgia é a ponte que une o céu e a terra, lembrando que a obediência à Igreja é, na prática, fidelidade à presença de Cristo no mundo.
9º) Venerável Fulton J. Sheen (1895–1979)
Fulton J. Sheen, bispo e grande comunicador da fé, viu nas reformas litúrgicas uma oportunidade de aproximar os fiéis do mistério da Eucaristia. Ele dizia:
"A Missa não é sobre palavras antigas, mas sobre o sacrifício eterno de Cristo que permanece entre nós."
Com entusiasmo, ensinava que compreender a liturgia em vernáculo podia fortalecer a fé, mantendo a devida reverência e o espírito da Santa Missa.
11º) Serva de Deus Irmã Lúcia de Fátima (1907–2005)
Mesmo vivendo os anos do Concílio Vaticano II, Irmã Lúcia aceitou a reforma litúrgica com fé profunda. Participava das Missas em vernáculo e explicava às pessoas:
"O que importa é o coração que reza; a linguagem da Missa não muda o Sacrificio Memorial nem o encontro com Cristo."
Ela mostrou que a verdadeira devoção não depende das palavras, mas do coração que se entrega. A obediência à Igreja era para ela um ato de amor silencioso e constante.
Aparições Marianas Reconhecidas Após o Concílio Vaticano II: Fé, Oração e Fidelidade à Igreja
Após o Concílio Vaticano II (1962–1965), diversas aparições marianas foram reconhecidas oficialmente pela Igreja Católica em diferentes partes do mundo. Estas manifestações de Nossa Senhora trazem mensagens de oração, conversão, paz e fidelidade à Igreja. É importante destacar que nenhuma destas aparições condenou o Concílio ou a introdução da Missa em língua vernácula, confirmando que a Igreja, mesmo diante de mudanças litúrgicas, permanece guiada pelo Espírito Santo e pela obediência ao seu Magistério. Abaixo vemos uma lista das aparições marianas oficialmente reconhecidas pela Igreja Católica que ocorreram após o Concílio Vaticano II (1962–1965), destacando que nenhuma delas condenou o Concílio ou a Missa em vernáculo:
1ª)- Nossa Senhora de Akita (Japão, 1973)
-Reconhecida pelo bispo local em 1984.
Mensagem central: oração, penitência, fidelidade à Igreja.
Observação: algumas mensagens alertam sobre crises na Igreja, mas não há condenação direta ao Concílio ou da Missa em vernáculo, ou culpando a esses a crise na igreja.
2ª)-Nossa Senhora Rainha da Paz em Medjugorje (Bósnia-Herzegovina, 1981–presente)
-Ainda não há reconhecimento definitivo do Vaticano; algumas dioceses locais permitem devoção privada. São João Paulo II esteve na Bósnia‑Herzegovina em 12–13 de abril de 1997, e segundo relato perguntou “Medjugorje?” ao ver um frade da região ao chegar em Sarajevo. Papa Francisco autorizou peregrinações oficiais a Medjugorje em 2019, mas não fez visita pessoalmente.
Mensagem central: paz, oração, conversão, e valor da eucaristia.
Observação: não condena o Concílio Vaticano II ou a reforma litúrgica. O Vaticano mantém cautela sobre a autenticidade de todas suas mensagens.
3ª)- Nossa Senhora de Kibeho (Ruanda, 1981–1989)
-Reconhecida pela Conferência Episcopal de Ruanda em 2001.
Mensagem central: arrependimento, oração, alerta sobre o pecado e reconciliação.
Observação: nenhuma menção ou crítica ao Concílio Vaticano II ou da Missa celebrada em língua vernácula, ou culpado a esses pela crise na igreja.
Em síntese, não existe nenhuma aparição mariana ou revelação privada oficialmente reconhecida pela Igreja Católica após o Concílio Vaticano II que tenha condenado explicitamente, o Concílio ou a introdução da Missa em língua vernácula. Nenhuma mensagem aprovada pela Igreja atribui a essas reformas litúrgicas qualquer responsabilidade pela crise ou dificuldades enfrentadas pela Igreja ao longo das décadas seguintes. É importante compreender que as aparições reconhecidas têm sempre como foco a conversão, a oração, a penitência, a fidelidade à Igreja e a promoção da paz, nunca a crítica a decisões do Magistério ou a desobediência às autoridades eclesiásticas. Alegações contrárias, muitas vezes circuladas fora do contexto oficial, não possuem aprovação da Santa Sé, não têm valor magisterial e não fazem parte da fé católica, devendo ser tratadas com muita prudência, suspeita e cautela. Portanto, toda interpretação que busque associar uma aparição mariana pós‑Concílio à condenação do Vaticano II ou à rejeição da Missa em vernáculo não encontra respaldo na tradição nem na autoridade da Igreja. A fidelidade à Igreja, mesmo diante de mudanças litúrgicas e pastorais, permanece o critério central da vida cristã, e as aparições reconhecidas reforçam sempre este princípio de obediência e confiança no Espírito Santo guiando o Sagrado Magistério.
Conclusão: a verdadeira Santidade e Fidelidade é sempre obediente!
Os santos e beatos que atravessaram a transição da Missa em latim para o vernáculo nos mostram, com clareza luminosa, que a fidelidade à Igreja não depende de rituais ou idiomas, mas da disposição do coração em se entregar à vontade de Deus. Eles nos lembram que o Espírito Santo nunca abandona a Igreja, mesmo em tempos de mudanças profundas e desafios pastorais.
Celebrar a Missa em latim ou em língua vernácula não altera a essência do Sacrifício redentor de Cristo; o que realmente importa é a atitude de fé, reverência e amor com que nos aproximamos do altar. Esses exemplos inspiradores nos ensinam que a obediência à Igreja é, na prática, a forma mais pura de amor a Jesus. Não é uma renúncia ao juízo, à tradição ou à sensibilidade espiritual; pelo contrário, é um caminho de entrega, confiança e abertura ao sopro do Espírito Santo que conduz a Igreja e cada cristão à santidade.
São Josemaría Escrivá sintetizou esse ensinamento com sua clareza característica:
“A obediência é o caminho mais curto para a santidade!”
Seguindo seus passos e os dos outros santos e beatos, aprendemos que a fidelidade verdadeira não é passiva nem superficial, mas viva, ativa e transformadora. É a obediência que nos torna docéis ao Espírito, que nos permite crescer na fé e no amor, e que nos une à Igreja em sua missão de levar Cristo a todos os corações. Em tempos de mudança, em meio a dúvidas ou resistências, a lembrança desses santos nos fortalece: a santidade floresce naqueles que aceitam a vontade de Deus com confiança, amor e reverência, tornando a obediência não um fardo, mas a expressão mais autêntica de amor ao Senhor e à sua Igreja.
E vale lembrar, historicamente, que não se conhece na história da Igreja algum santo(a) que tenha chegado às horas dos altares como exemplo para a Igreja, em desobediência ao Papa ou a algum Concílio depois de promulgado. A fidelidade dos santos sempre se manifestou em docilidade à autoridade e ao Espírito que guia a Igreja, confirmando que a verdadeira santidade e grandeza caminham lado a lado com a obediência.
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