O Espírito e as ”sementes de verdade” do
pensamento humano
L’osservatore Romano nº 38 (508)- 19/09/1998
1. Retomando uma afirmação do Livro da Sabedoria (cf. 1, 7), o Concílio Ecumênico Vaticano II ensina-os que “o Espírito do senhor”, o qual cumula dos Seus dons o povo de Deus peregrino na história, “replet orbem terrarum”, enche todo o universo (cf. Gaudium et spes, 11). Ele guia incessantemente os homens rumo à plenitude de verdade e de amor, que Deus Pai comunicou com Cristo Jesus.Esta profunda consciência da presença da ação do Espírito Santo ilumina desde sempre a consciência da Igreja, fazendo com que tudo aquilo que é genuinamente humano encontre eco no coração dos discípulos de Cristo (cf. ibid., n. 1). Já na primeira metade do século II, o filósofo São Justino podia escrever: “Tudo o que foi afirmado de modo excelente e tudo o que descobriram aqueles que fazem filosofia ou instituem leis, foi realizado por eles através da pesquisa ou da contemplação de uma parte do Verbo” (II Apol., 10, 1-3).
2. A abertura do espírito humano à verdade e ao bem realiza-se sempre no horizonte da “Luz verdadeira que a todo o homem ilumina” (Jo 1, 9). Esta luz é o próprio Cristo Senhor, que iluminou desde as origens os passos do homem e entrou no seu “coração”. Com a Encarnação, na plenitude dos tempos, a Luz apareceu no mundo com todo o seu fulgor, brilhando aos olhos do homem como esplendor da verdade (cf.. Jo 14, 6).Prenunciada já no Antigo Testamento a manifestação progressiva da plenitude da verdade, que é Cristo Jesus, realiza-se ao longo do curso dos séculos, por obra do Espírito Santo. Essa específica ação do “Espírito da verdade” (cf. Jo 14, 17; 15, 26; 16, 13) refere-se não só aos crentes mas, de modo misterioso, a todos os homens que, embora ignorem sem culpa o Evangelho, sinceramente buscam a verdade e se esforçam por viver retamente (cf. Lumen gentium, 16). Na esteira dos Padres da Igreja, S. Tomás de Aquino pode afirmar que nenhum espírito é “tão tenebroso a ponto de não participar em nada na Luz divina. Com efeito, toda a verdade conhecida por quem quer que seja é devida totalmente a esta “luz que brilha nas trevas”; visto que toda a verdade, seja quem for aquele que a disser, vem do Espírito Santo” (Super Ioannem, 1, 5 lect. 3, n. 103).
3. Por este motivo, a Igreja é amiga de toda a autêntica pesquisa do pensamento humano e estima sinceramente o patrimônio de sabedoria, elaborado e transmitido pelas diversas culturas. Nele encontrou expressão a inexaurível criatividade do espírito humano, orientado pelo Espírito de Deus para a plenitude da verdade.O encontro entre a palavra da verdade anunciada pela Igreja e a sabedoria expressa pelas culturas, e elaborada pelas filosofias, solicita estas últimas a abrirem-se e a encontrarem o próprio cumprimento na revelação que vem de Deus. Como sublinha o Concílio Vaticano II, esse encontro enriquece a Igreja, tornando-a capaz de penetrar sempre mais profundamente na verdade, de a exprimir através das linguagens das diversas tradições culturais e de a apresentar – imutável na substância – na forma mais adaptada ao mudar dos tempos (cf. Gaudium et spes, 44). A confiança na presença e na ação do Espírito Santo, também na agitação da cultura do nosso tempo, pode constituir, no alvorecer do terceiro Milênio, a premissa para um novo encontro entre a verdade de Cristo e o pensamento humano.
4. Na perspectiva do Grande Jubileu do Ano 2000, é preciso aprofundar o ensinamento do Concílio a respeito deste encontro, sempre renovado e fecundo, entre a verdade revelada, conservada e transmitida pela Igreja, e as múltiplas formas do pensamento e da cultura humana. Infelizmente, ainda hoje é válida a constatação de Paulo VI na Carta Encíclica Evangelii nuntiandi, segundo a qual “a ruptura entre Evangelho e cultura é, sem dúvida, o drama da nossa época” (n. 20).Para remediar esta ruptura, que incide com graves conseqüências sobre as consciências e os comportamentos, é necessário despertar nos discípulos de Jesus Cristo aquele olhar de fé, capaz de descobrir as “sementes de verdade” difundidas pelo Espírito Santo nos nossos contemporâneos. Poder-se-á contribuir também para a sua purificação e maturação através da paciente arte do diálogo, que tem particularmente em vista a apresentação do rosto de Cristo com todo o seu esplendor.Em particular, é necessário ter bem presente o grande princípio formulado pelo último Concílio, que eu quis recordar na Encíclica Dives in misericordia: “Enquanto as várias correntes do pensamento humano, do passado e do presente, têm sido e continuam a ser marcadas pela tendência para separar e até mesmo para contrapor o teocentrismo e o antropocentrismo, a Igreja, seguindo a Cristo, procura ao contrário uni-los conjuntamente na história do homem, de maneira orgânica e profunda” (n. 1).
5. Esse princípio mostra-se fecundo não só para a filosofia e a cultura humanista, mas também para os setores da investigação científica e da arte. Com efeito, o homem de ciência que “se esforça com humildade e constância por perscrutar os segredos da natureza é, mesmo quando disso não tem consciência, como que conduzido pela mão de Deus, o qual sustenta as coisas e as faz ser o que são” (GS, 36).Por outro lado, o verdadeiro artista tem o dom de intuir e exprimir o horizonte luminoso e infinito em que está imersa a existência do homem e do mundo. Se for fiel à inspiração que o habita e o transcende, ele adquire uma secreta conaturalidade com a beleza de que o Espírito Santo reveste a criação. O Espírito Santo Luz que ilumina as mentes e divino “artista do mundo” (S. Bulgakov, Il Paraclito, Bolonha 1971, pág. 311), guie a Igreja e a humanidade do nosso tempo ao longo das sendas de um novo e surpreendente encontro com o esplendor da Verdade!
O ”selo do Espírito” e o Testamento até o
martírio
L’osservatore Romano – nº 42 (579) – 17/10/1998
1. Na catequese anterior detivemo-nos sobre o sacramento da Confirmação como cumprimento da graça batismal. Agora aprofundamos o seu valor salvífico e o efeito espiritual expressos pelo sinal da unção, que indica o “selo do Dom do Espírito Santo” (cf. Paulo VI, Const. Apost. Divinae consortium naturae [15.8.1971]: AAS 63, 663).Por meio da unção o crismado recebe plenamente aquele dom do Espírito Santo que, de forma inicial e fundamental, já recebeu no Batismo. Como explica o Catecismo da Igreja Católica, “o selo é o símbolo da pessoa (cf. Gn 38, 18; Ct 8, 6), sinal da sua autoridade (cf. Gn 41, 42), da sua propriedade sobre o objeto (cf. Dt 32, 34)…” (n. 1295). Jesus mesmo declara que sobre Ele “o Pai, o próprio Deus, marcou com o Seu selo” (Jo 6, 27). E assim nós cristãos, enxertados em virtude da fé e do Batismo no Corpo de Cristo Senhor, ao recebermos a unção somos marcados pelo selo do Espírito. Isto é ensinado explicitamente pelo apóstolo Paulo ao dirigir-se aos cristãos de Corinto: “Quem nos confirma convosco em Cristo e nos consagrou, é Deus. Ele é que nos marcou com o Seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito” (2 Cor 1, 21-22; cf. Ef 1, 13-14; 4, 30).
2. O selo do Espírito Santo, portanto, significa e atua a pertença total do discípulo a Jesus Cristo, o estar ao Seu serviço para sempre na Igreja, e ao mesmo tempo implica a promessa da proteção divina nas provas que deverá enfrentar para testemunhar no mundo a sua fé.O próprio Jesus o predisse, na iminência da Sua paixão: “Entregar-vos-ão aos tribunais, sereis açoitados nas sinagogas e compareceis diante dos governadores e dos reis por Minha causa, para dardes testemunho diante deles… Quando vos levarem para serdes entregues, não vos inquieteis com o que haveis de dizer, mas dizei o que vos for dado nessa hora, pois não sereis vós a falar, mas sim o Espírito Santo” (Mc 13, 9.11 e par.). Promessa análoga retorna no Apocalipse, numa visão que abrange a inteira história da Igreja e ilumina a vicissitude dramática que os discípulos de Cristo são chamados a enfrentar, unidos ao seu Senhor Crucificado e Ressuscitado. Eles são apresentados com a imagem sugestiva daqueles sobre cuja fronte foi impresso o selo de Deus (cf. Ap 7, 2-4).
3. A Confirmação, vindo trazer crescimento e aprofundamento da graça batismal, une-nos de modo mais firme a Jesus Cristo e ao seu Corpo que é a Igreja. Esse sacramento aumenta em nós também os dons do Espírito Santo, a fim de “nos dar uma força especial do Espírito Santo para propagar e defender a fé, pela palavra e pela ação, como verdadeiras testemunhas de Cristo, e para nunca nos envergonharmos da Cruz” (CIC, n. 1303; cf. Concílio de Florença, DS 1319; Conc. Ecum. Vat. II, Lumen gentium, 11; 12).Santo Ambrósio exorta o crismado com estas vibrantes palavras: “Recorda que recebeste o selo espiritual, “o espírito da sabedoria e do intelecto, o Espírito do conselho e da fortaleza, o Espírito do conhecimento e da piedade, o Espírito do temor de Deus” e conserva aquilo que recebeste. Deus Pai marcou-te, Cristo Senhor confirmou-te e pôs no teu coração o Espírito como penhor” (De mysteriis, 7, 42; PL 16, 402-403).O dom do Espírito empenha no testemunho de Jesus Cristo e de Deus Pai, e assegura a capacidade e a coragem de o fazer. Os Atos dos Apóstolos dizem-nos claramente que o Espírito foi difundido sobre os apóstolos, para que se tornassem “testemunhas” (1, 8; cf. Jo 15, 26-27).S. Tomás de Aquino, por sua parte, ao sintetizar de maneira admirável a tradição da Igreja, afirma que mediante a Confirmação são comunicados ao batizado a ajuda necessária para professar publicamente e em todas as circunstâncias a fé recebida no batismo. “É-lhe dada a plenitude do Espírito Santo – ele explica – ad robur spitituale (para a fortaleza espiritual), que convém à idade madura” (S. Th., III, 72, 2). Essa maturidade obviamente não deve ser medida com critérios humanos, mas no interior da misteriosa relação de cada um com Cristo.Este ensinamento, enraizado na Sagrada Escritura e desenvolvido pela sagrada Tradição, encontra expressão na doutrina do Concílio de Trento, segundo o qual o sacramento da Confirmação imprime na alma como que uma “marca espiritual indelével”: o “caráter” (cf. DS 1609), que é precisamente o sinal impresso por Jesus Cristo no cristão com o selo do seu Espírito.
4. Este dom específico conferido pelo sacramento da Confirmação habilita os fiéis para exercerem a sua “função profética” – recebe o poder de professar publicamente a fé cristã, como que por um encargo oficial (quasi ex officio)” (S. Th., III, 72, 5, ad. 2; cf. CIC, n. 1305). É o Vaticano II, ilustrando na Lumen gentium a índole sagrada e orgânica da comunidade sacerdotal, sublinha que “com o sacramento da Confirmação (os fiéis) são mais perfeitamente vinculados à Igreja, enriquecidos com uma força especial do Espírito Santo e deste modo ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo” (n. 11). O batizado que recebe com plena e amadurecida consciência o sacramento da Confirmação declara solenemente perante a Igreja, sustentado pela graça de Deus, a sua disponibilidade a deixar-se atrair, de modo sempre novo e mais profundo, pelo Espírito de Deus, para se tornar testemunha de Cristo Senhor.
5. Graças ao Espírito que penetra e colma o coração, esta disponibilidade leva até ao martírio, como nos mostra a ininterrupta plêiade de testemunhas cristãs que, desde o alvorecer do cristianismo até ao nosso século, não temeram sacrificar a própria vida terrena por amor de Jesus Cristo. “O Martírio – escreve o Catecismo da Igreja Católica – é o testemunho supremo prestado à verdade da fé; um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade” (n. 2473).No limiar do Terceiro Milênio, invoquemos o dom do Paráclito para reavivar a eficácia da graça do selo espiritual impresso em nós no sacramento da Confirmação. Animada pelo Espírito, a nossa vida efundirá o “bom odor de Cristo” (2 Cor 2, 15) até aos últimos confins da terra.
"Todos os que vivem uma vida apartada de Deus, obstinados no pecado, não tenham dúvidas: possuem a marca do demônio em sua alma" - estão caindo em predestinação ao praticarem as obras (não pessoas) predestinadas ao inferno (Gal. 5,20-21)
Por Paulo Roberto Oliveira dos Santos –
Espelho de Justiça blogspot
Para você que estava esperando a introdução de um chip dentro de seu corpo para finalmente decidir lutar com toda sua força e fé contra a marca da besta, lamento dizer, mas você já perdeu a guerra! Desde o advento da internet, e com o avanço das tecnologias de comunicação e informação, o controle sobre a vida dos indivíduos se torna cada vez mais sofisticado, e se dá, entre outras coisas, através da leitura do padrão de consumo, que envolve comprar e vender.Antes de prosseguir, é necessário dizer que a principal marca, isto é, o que distingue aquele que serve ao demônio, é o pecado. Como ensina São Luís Maria Grignion de Montfort, há duas gerações de pessoas na face da Terra: os que servem ao demônio através do pecado e os que servem a Deus através de Nossa Senhora. Todos os que vivem uma vida apartada de Deus, obstinados no pecado, não tenham dúvidas: possuem a marca do demônio em sua alma.Dito isto, vamos à fonte: São João Evangelista fala, no livro do Apocalipse que “[...] todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem um sinal na mão direita e na fronte, e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da Fera, ou o número de seu nome” (Apocalipse 13: 16-17). Ou seja, há algo que marca o domínio da fera, da besta, do demônio sobre a vida das pessoas e que está relacionado com o que se compra e o que se vende. Pois não basta a disseminação do pecado: é necessário a criação de caminhos para a perdição das almas e o controle profundo das vidas das pessoas para que trilhem este caminho de perdição.De fato, a sobrevivência das pessoas se dá através do que se compra e vende, através das trocas, das interações que são feitas com o fim de garantir aquilo que é básico para o ser humano, do ponto de vista material: comida, roupas, habitação. Nessa linha, se há uma forma relativamente fácil de exercer um controle cada vez mais profundo na vida de uma pessoa, isso se dá especialmente com o controle das formas e possibilidades de comprar e vender. Ora, com os cartões magnéticos, as transferências eletrônicas, as compras e vendas pela internet, os mega e meta capitalistas, donos das grandes corporações, tem a possibilidade de conhecer você melhor do que você gostaria, talvez em nível de intimidade mais profundo do que você permitiria.Some-se a isso as informações que você fornece nas redes sociais, o que você curte, o que você comenta, o que você escreve, quem você segue, o que você posta; todos estes dados permitem que os algoritmos tracem um perfil que torna possível identificar se você é desejável ou não para esse novo mundo que tentam construir desde o fim da Cristandade. E aqueles que não são desejáveis ou desejados, tem sido cancelados, perseguidos, bloqueados, expulsos. O drama é que algumas pessoas tem exclusivamente nos meios digitais sua forma de sobrevivência, isto é, seu meio de trabalho para comprar e vender aquilo de que necessitam para viver. Aliás, na atualidade, quem não se utiliza dos meios eletrônicos e digitais para fazer a imensa maioria de suas atividades diárias, sejam pessoais ou profissionais? Desta forma, as tecnologias de informação e comunicação tem cumprido uma função de controle intenso das vidas das pessoas, de forma que, assim como atualmente algumas redes sociais te sugerem novos amigos ou seguidores a adicionar, em breve aplicativos poderão sugerir o tipo de comida, o tipo de roupa, o tipo de transporte, o tipo de leitura, o tipo de curso; em seguida, poderão exigir que você adquira aquilo que está sendo recomendado - momento em que não será mais sugestão e sim imposição -, e caso você não aceite, será banido das redes. Assim, suas possibilidades de compra e venda e, consequentemente, de sobrevivência, serão bastante limitadas. Será exagero? Será teoria da conspiração? Então observe a imposição de compartilhamento de dados que está sendo exigida para que você continue a utilizar certo serviço; observe o cerceamento da liberdade de expressão que diversas pessoas estão sofrendo nas redes, chegando inclusive ao banimento, sofrido principalmente por pessoas contrárias ao globalismo, ao progressismo.Talvez você pense que algumas destas pessoas até mereceram, porque extrapolaram os limites do bom senso e desrespeitaram as regras de uso das redes das quais foram expulsos ou pelas quais foram censurados. Se você pensa assim, admite, ainda que implicitamente, que nem tudo é permitido, que a liberdade pressupõe responsabilidade e o convívio humano exige um nível adequado de limites. Ora, o dirigismo de pensamento, de padrão de conduta e de expressão não deveria também ter um justo limite? E por mais que o dirigismo seja dramático, não é o seu excesso o principal problema, mas o caminho para o qual boa parte das pessoas está sendo dirigida.Enfim, para aqueles que servem ao demônio, não bastava a disseminação do pecado pelo mundo: era necessário recriar uma sociedade pagã, que cultua o pecado, e um sistema de controle social que impõe o pecado como única possibilidade de realização pessoal. Ao nos marcar com nossos logins de acesso a quase tudo que fazemos na atualidade, estes que hoje nos dirigem, em breve nos controlarão, sejamos pequenos ou grandes, ricos ou pobres; mas quando conseguirem isso, já não haverá mais livres: até mesmo aqueles que pensam ser livres, serão escravos.
E não nos enganemos: o objetivo disso tudo não é te impedir de comprar e vender, não é cercear sua liberdade de ir e vir, de se expressar, de escolher como deseja viver!
Estes são meios de chegar ao objetivo maior, que é tomar o lugar de Deus, de sua Santa Igreja, ou seja, assumir a posição de diretor de sua vida, de orientador de suas atividades, de legislador de sua conduta. Se não puderem se utilizar destes meios para fazer você entregar sua alma a este neopaganismo reinante na atualidade, então farão você morrer à míngua, na expectativa de que você blasfeme contra Deus e perca sua alma. Aliás, é isso que move a ação demoníaca: a perdição das almas. Por esta razão, é necessário que o ser humano sirva a Deus e a seu filho N. Sr Jesus Cristo, através de Nossa Senhora, confiando-se a ela como o discípulo amado João, o fez na Cruz. Fazer-se servo de Deus, pelas mãos de Nossa Senhora, é o meio mais perfeito para alcançar a santidade e a salvação das almas, foi assim que fizeram os santos do passado e do presente.
Quando se fala em 666 do Apocalipse de São
João surgem muitas dúvidas
O que significa o 666? Para não ser
enganado, é preciso saber o que os números representavam para os antigos
judeus. Por exemplo: os 144 mil eleitos (Apocalipse, cap. 14) é o povo cristão,
que não aderiu ao culto imperial, permanecendo fiel a Cristo. 144.000 = 12 x 12
x 1000. O número 12 era símbolo da perfeição e é citado 187 vezes na Bíblia. O
número 1000 representava a glória de Deus.
O simbolismo do 666 é claramente
interpretado pela Igreja
A mentalidade judia afirmava que o número 7
significava a perfeição e o contato com Deus, e o que estava abaixo era
imperfeito, de modo que, o número 6 era sinal de imperfeição, de erro. Temos,
por exemplo, os 7 Sacramentos, os 7 dons do Espírito Santo, as 7 dores de
Virgem Maria e de São José, etc.; o 7 é um número símbolo de perfeição. O
número 6 repetido quer dizer “perfeição da maldade”, e o autor do Apocalipse
identifica a besta com o 666, fala dessa como de vários personagens, ou de
alguém que perseguia os cristãos dessa época.
Perseguição ao Cristianismo
É bom lembrar que, o Apocalipse foi escrito em grego no fim do séc. I (95 d.C), e tinha como destinatário as comunidades cristãs da Ásia Menor (Ap 1,4; 2,1-3,22), que falavam o grego. Nessa época, essa região estava sob o domínio do Império Romano, e o Cristianismo era duramente perseguido pelo terrível imperador Domiciano (81-96 d.C). Esse imperador considerava-se um deus e exigia que todos os seus súditos o adorassem, o que os cristãos, jamais aceitaram.São João, assim escreve o Apocalipse, divinamente inspirado proclama que, no final, o Cristianismo sairá vencedor. Querendo dizer quem era a besta, sem poder falar claramente para não ser acusado de crime de “lesa majestade” (estava desterrado na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus – cf. Ap. 1,9). De maneira que, o apóstolo fez uso da gematria, que consistia em atribuir um número formado pela soma das letras de certo alfabeto para expressar uma verdade conhecida pelos leitores.
Os números e os povos antigos
Os povos antigos não usavam o sistema
arábico (o nosso) para expressar os números, mas sim, as próprias letras do
alfabeto. Os romanos usavam apenas 7 letras. Também os judeus e os gregos
atribuíam números às letras de seus respectivos alfabetos, mas de forma muito
mais ampla do que os romanos, já que toda letra (grega ou hebraica) possuía um
certo valor.
Alfabeto Grego: Alfa = 1; Beta = 2; Gama =
3; Delta = 4; Epsilon = 5; Stigma = 6 (antiga letra grega que depois de certo
tempo deixou de ser usada); Zeta = 7; Eta = 8; Teta = 9; Iota = 10; Kapa = 20;
Lamba = 30; Mu = 40; Nu = 50; Xi = 60; Omicron = 70; Pi = 80; Ro = 100; Sigma =
200; Tau = 300; Upsilon = 400; Phi = 500; Chi = 600; Psi = 700 e Omega = 800.
Alfabeto Hebraico: Alef = 1; Bet = 2;
Guimel = 3; Dalet = 4; He = 5; Vau = 6; Zayin = 7; Chet = 8; Tet = 9; Yod = 10;
Kaf = 20; Lamed = 30; Mem = 40; Num = 50; Sameq = 60; Ayin = 70; Pe = 80; Tsadi
= 90; Kof = 100; Resh = 200; Shin = 300; Tau = 400.
Origem do 666
São João era de origem hebraica e escreveu
o Apocalipse em grego. Se fizermos a gematria da expressão grega “NVRN RSQ”
(César Nero), usando o alfabeto hebraico, totalizaremos 666, pois:
N(50)V(6)R(200)N(50) R(200)S(60)Q(100)=666.
As comunidades da Ásia Menor falavam o grego, mas conheciam os caracteres hebraicos. São João misturou aí dois idiomas, ou seja, o grego e hebraico por esse fato!
Se, acaso, o livro caísse
nas mãos das autoridades romanas, que não conheciam o hebraico, não colocaria
em risco seus leitores. Nero (67dC) foi o primeiro grande perseguidor dos
cristãos e, na época em que foi escrito o Apocalipse (anos 90), Domiciano
voltava a perseguir os cristãos com mais força e crueldade. Era “um novo Nero”.
Essa e outras evidências levaram os estudiosos a interpretar que, a “Besta do
Apocalipse”, era o próprio Imperador Romano, perseguidor dos cristãos.
Em Ap 17,10-11 reafirma-se essa interpretação!
Esse versículo diz: “São também sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe
e o outro ainda não veio, mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. A
Besta, que existia e não existe mais, é ela própria o oitavo e também um dos
sete, mas caminha para a perdição”. Os reis de que trata a citação são os
imperadores romanos. Considerando, cronologicamente, os imperadores a partir da
vinda de Cristo, até a época da redação do livro do Apocalipse: cinco já caíram
– Augusto (31aC-14dC), Tibério (14-37dC), Calígula (37-41dC), Cláudio (41-54dC)
e Nero (54-68dC); 1 existe: – Vespasiano (69-79 dC); e 1 durará pouco: – Tito
(79-81dC: só 2 anos!); a besta é o oitavo Domiciano (81-96dC).
As duas bestas do Apocalipse, quem são?
-A primeira besta, que sobe do mar (v. 1), é o próprio imperador de Roma, Domiciano (como foi explicado); o mar é o Mediterrâneo, onde se localizava Roma, a capital do Império. Sua autoridade vem de satanás (v. 2) e as palavras blasfêmicas que profere (v. 5) se referem ao culto de adoração ao imperador imposto por Domiciano a todos os povos do Império.
-A segunda besta, que sai da terra (v.11), classificada como “falso profeta” (Ap 16, 13; 19,20; 20,10), é a ideologia do culto imperial favorecido pelas religiões pagãs.
-A prostituta (caps. 16-17) significa a Roma pagã e
idólatra (v. 9). Os reis das terras que se prostituíram com ela (v. 2) são os
povos que adotaram o culto de adoração ao imperador.
De maneira figurada, o 666 pode ser símbolo
também de toda força, cultura, pessoa, que combata contra Deus e a sua santa
Igreja. São João dizia, no séc. I, que o anticristo já estava no mundo.
Prof. Felipe Aquino - Clofas
Só vai para o Céu quem é batizado?
Não! O ladrão arrependido na cruz não era
batizado e foi salvo, muitos também, antes de Jesus, como os patriarcas e
profetas, não eram batizados e foram salvos. A Bíblia
não diz que só quem é batizado vai para o Céu. A bíblia apenas afirma: “Quem
crer e se deixar ser batizado será salvo” (Marcos 16,16). O batismo é uma
ordenança importante feita por Jesus, pois é um sinal de pertença e de que a
pessoa é um(a) eleito(a), conforme João 15,16. Mas, tem a liberdade para operar
sua salvação conforme Filipenses 2,12-13.
O batismo é "garantia automática" de salvação?
Não! O batismo por si só não salva! O que
salva é a graça de Deus e nossa cooperação com ela, que é concedida quando uma
pessoa crê em Jesus, se arrepende de seus pecados, confessa-os, e procura levar
uma vida conforme o evangelho na prática das boas obras (Efésios 2,8-10).
Então, Quem não é cristão e não é batizado, pode obter a salvação e ir para o Céu?
Sim, quem não é batizado pode ir para o
Céu, pois Deus quer que todos se salvem! (1 Tim 2,4), e “Ele não faz acepção de
pessoas. Mas que lhe é aceitável todo aquele que, em qualquer nação, o teme e
faz o que é justo” (Atos 10,34-35). Muitas pessoas sem culpa, não receberam o
anúncio do evangelho e não foram batizadas, essas serão julgadas, e salvas ou
condenadas, conforme a prática e ditames de sua consciência, conforme está
escrito em Romanos 2, 12-16: “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei
também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque
os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão
de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não
têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para
si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração,
testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os, 16 no dia em que Deus há de julgar os segredos
dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”.
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