Por *Francisco José Barros Araújo
Sem misericórdia não existe conversão, sem conversão não existe justiça, e sem justiça não haverá paz! O
homem contemporâneo busca a paz, fecha-se em altos muros para não a perder, faz
caminhadas pela paz, movimentos em vista dela. A palavra PAZ talvez seja hoje
uma das mais faladas. Com certeza, ela expressa a realidade mais buscada pelo
homem do nosso tempo. No entanto, ele nunca esteve tão em guerra como agora: o
ódio se alastra, a violência se multiplica, o homem morre, vítima de si mesmo e
do seu pecado.
“Paz para nós é sinônimo de
conversão, de vida nova em Cristo. Não é, portanto, somente uma conquista do
homem, uma ausência de guerra ou a implantação de uma “justiça humana” sobre a
terra. A paz é fruto da presença do Cristo Ressuscitado em nosso meio. Como aos
apóstolos (cf. João 20,19-21), Ele nos comunica a salvação e nos ensina a
anunciá-la e ministrá-la aos homens do nosso tempo. Enquanto os homens
procurarem a sua paz e a sua salvação em si próprios; enquanto acharem que
podem resolver os problemas do mundo por si mesmos; enquanto pensarem que podem
instalar uma paz social e política e assim trazer a felicidade geral ao mundo,
sem a conversão dos corações a Jesus; sem conhecê-lo como a solução, a salvação
para todo o homem e para a humanidade, longe eles estarão da paz, do Shalom que
Deus quer instaurar na face da terra...” (ESCRITOS SHALOM Nº 357).
Não tem jeito! "Existe impreterivelmente" um antecedente hierárquico de valores para se chegar a verdadeira paz!
Assim como para se chegar eficazmente ao tratamento adequado de uma enfermidade, precisa-se de etapas anteriores (anamnese, diagnostico e tratamento). Uma anamnese mal feita resulta em um diagnóstico mal feito, e por conseguinte, um tratamento errado, e consequentemente, prejudicial ao paciente. Assim também, na vida comum toda e qualquer tentativa de se implantar a
Justiça sem conversão, sem antes experimentar a misericórdia de Deus, não
poderá haver justiça, e sem justiça,
jamais poderemos viver a verdadeira paz, pois toda e qualquer tentativa de
implantar a justiça desligada de seus antecedentes redundará em TOTALITARISMOS.
Diante destas evidências, urge perguntar: O que é prioritário neste processo ?
A conversão tanto é
uma mudança de rumo, quanto também mudança de natureza. Arrependimento e fé
constituem as primeiras orientações ou doutrinas que confirma o chamamento
divina para a conversão. Muitas são as perguntas que nos podem sobrevir, ao
pensar em conversão. Uma delas é que ninguém pode crer sem um prévio
conhecimento do que se deve crer. Como me converter a alguma coisa, se nem
mesmo sei a que devo me converter? Faz-se necessário então haver alguma espécie
de contato com o evangelho, para que eu possa me converter a Deus. Esses meios
são capacitações de Deus, para que possamos nos converter. A fonte de nossa
conversão é Deus; é Deus quem me faz o chamado a conversão.
O QUE NOS DIZ O MAGISTÉRIO DA IGREJA SOBRE A CONVERSÃO:
Antiga Lei e conversão
§1963 Segundo
tradição cristã, a lei santa, espiritual e boa ainda é imperfeita. Como um
pedagogo, ela mostra o que se deve fazer, mas não dá por si mesma a força, a
graça do Espírito para cumpri-la. Por causa do pecado que não pode tirar, é
ainda uma lei de servidão. Conforme S. Paulo, ela tem principalmente como
função denunciar e manifestar o pecado que forma uma "lei de
concupiscência" no coração do homem. No entanto, a lei permanece como a
primeira etapa no caminho do Reino. Prepara e dispõe o povo eleito e cada
cristão à conversão e à fé no Deus salvador. Oferece um ensinamento que
subsiste para todo o sempre, como a Palavra de Deus.
Catecumenato leva à conversão e à maturidade
§1248 O catecumenato,
ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir a estes últimos, em
resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial, que levem
a conversão e a fé à maturidade. Trata-se de uma "formação à vida crista
integral, pela qual os discípulos são unidos a Cristo, seu mestre. Por
isso, os catecúmenos devem ser iniciados nos mistérios da salvação e na
prática de uma vida evangélica, e introduzidos, mediante ritos sagrados
celebrados em épocas sucessivas, na vida da fé, da liturgia e da caridade do
povo de Deus".
Consciência e conversão
§1797 Para o homem
que cometeu o mal, o veredicto de sua consciência permanece um penhor de
conversão e de esperança.
Conversão de João no Batismo
§535 A vida pública
de Jesus tem início com seu Batismo por João no rio Jordão. João Batista
proclamava "um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados"
(Lucas 3,3). Uma multidão de pecadores, de publicanos e soldados, fariseus e
saduceus e prostitutas vem fazer-se batizar por ele. Jesus aparece, o Batista
hesita, mas Jesus insiste. E Ele recebe o Batismo. Então o Espírito Santo, sob
forma de pomba, vem sobre Jesus, e a voz do céu proclama: "Este é o meu
Filho bem-amado" (Mt 3,13-17). É a manifestação ("Epifania") de
Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.
§720 Finalmente, com
João Batista o Espírito Santo inaugura, prefigurando-o, o que realizará com e
em Cristo: restituirá ao homem "a semelhança" divina. O Batismo de
João era para o arrependimento (não regeneração/eleição); o Batismo da água e no Espírito será um novo
nascimento.
Conversão de São Paulo
§442 Não acontece o
mesmo com Pedro, quando confessa Jesus como "o Cristo, o Filho do Deus
vivo", pois este lhe responde com solenidade: "Não foi a carne e o
sangue que te revelaram isso, e sim meu Pai que está nos Céus" (Mateus 16,17).
Paralelamente,
Paulo dirá a propósito de sua conversão no caminho para Damasco: Quando, porém,
aquele que me separou desde o seio materno e me chamou, por sua graça houve por
bem revelar em mim o seu Filho, para que eu o evangelizasse entre os
gentios." (Gal 1,15-16). "Imediatamente, nas sinagogas,
começou a proclamar Jesus, afirmando que ele é o Filho de Deus" (At 9,20).
Este será desde o início o centro da fé apostólica professada primeiro por
Pedro como fundamento da Igreja.
Conversão de São Pedro
§1429 Comprova-o a
conversão de Pedro após a tríplice negação de seu mestre. O olhar de
infinita misericórdia de Jesus provoca lágrimas de arrependimento e, depois da
ressurreição do Senhor, a afirmação, três vezes reiterada, de seu amor por ele.
A segunda conversão também possui uma dimensão comunitária. Isto aparece no
apelo do Senhor a toda uma Igreja: "Converte-te!" (Ap 2,5.16).Santo
Ambrósio, referindo-se às duas conversões, diz que na Igreja "existem a
água e as lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da penitência".
Conversão do coração e Profetas
§2581 O Templo devia
ser para o povo de Deus o lugar de sua educação à oração: as peregrinações, as
festas, os sacrifícios, a oferenda da tarde, o incenso, os pães da
"proposição", todos esses sinais da Santidade e da Glória de Deus,
Altíssimo e tão próximo, eram apelos e caminhos da oração. Mas o ritualismo arrastava muitas
vezes o povo para um culto por demais exterior. Faltava a educação da fé, a
conversão do coração. Foi a missão dos profetas, antes e depois do Exílio.
§2582 Elias é o pai
dos profetas, "da geração dos que procuram Deus, dos que buscam sua
face". Seu nome, "O Senhor é me Deus", anuncia o clamor do povo
em resposta à sua oração no monte Carmelo. - S. Tiago nos remete a Elias para nos
incitar à oração: "A oração fervorosa do justo tem grande poder".
§2583 Depois de ter
aprendido a misericórdia em seu retiro á margem da torrente do Carit, ensina à
viúva de Sarepta a fé na palavra de Deus, fé que ele confirma por sua oração
insistente: Deus devolve à vida o filho da viúva.Por ocasião do sacrifício no
monte Carmelo, prova decisiva para a fé do povo de Deus, foi por sua súplica
que o fogo do Senhor consumiu o holocausto, "na hora em que se apresenta a
oferenda da tarde": "Responde-me, Senhor, responde-me!", são as
mesmas palavras de Elias que as Liturgias orientais repetem na Epiclese
eucarística. Por fim, retomando o caminho do deserto para o lugar em que o Deus
vivo e verdadeiro se revelou a seu povo, Elias se escondeu, como Moisés,
"na fenda do rochedo", até que "passasse" a Presença
misteriosa de Deus. Mas somente na montanha da Transfiguração se revelará
Aquele cuja Face buscam; o conhecimento da Glória de Deus está na face Cristo
crucificado e ressuscitado.
§2584 No "face a
face" com Deus, os profetas haurem luz e força para sua missão. Sua oração
não é uma fuga do mundo infiel, mas uma escuta da Palavra de Deus, às vezes um
debate ou uma queixa, sempre uma intercessão que aguarda e prepara a
intervenção do Deus salvador, Senhor da história.
§2595 Os profetas
chamam à conversão do coração e, buscando ardentemente a face de Deus, como
Elias, intercedem pelo povo.
Conversão do coração e Sermão da Montanha
§2608 No Sermão da
Montanha, Jesus insiste na conversão do coração: a reconciliação com o irmão
antes de apresentar uma oferenda no altar, o amor aos inimigos e a oração pelos
perseguidores, a oração ao Pai "em segredo" (Mt 6,6), a não-multiplicação
das palavras, o perdão do fundo do coração na oração, a pureza do coração e a
busca do Reino. Essa conversão é inteiramente orientada para o Pai; é filial.
A Conversão interior necessária para as mudanças sociais
§1886 A sociedade é
indispensável à realização da vocação humana. Para alcançar este objetivo, é
necessário que seja respeitada a justa hierarquia dos valores que
"subordina as necessidades materiais e instintivas às interiores e
espirituais.” A convivência humana deve ser considerada como realidade
eminentemente espiritual, intercomunicação de conhecimentos à luz da verdade,
exercício de direitos e cumprimentos de deveres, incentivo e apelo aos bens
morais, gozo comum do belo em todas as suas legítimas expressões,
disponibilidade permanente para comunicar a outrem o melhor de si mesmo e
aspiração comum a um constante enriquecimento espiritual. Tais são os valores
que devem animar e orientar a atividade cultural, a vida econômica, a
organização social, os movimentos e os regimes políticos, a legislação e todas
as outras expressões da vida social em contínua evolução.
§1887 A inversão dos
meios e dos fins, que acaba por conferir valor de fim último àquilo que não
passa de meio para segui-lo, ou por considerar as pessoas como meros meios em
vista de um fim, produz estruturas injustas, que "tornam árdua e
praticamente impossível uma conduta cristã conforme mandamentos do Divino
Legislador"
§1888 E preciso,
então, apelar às capacidades espirituais e morais da pessoa e à exigência
permanente de sua conversão interior, a fim de obter mudanças sociais que
estejam realmente a seu serviço. A prioridade reconhecida à conversão do
coração não elimina absolutamente, antes impõe, a obrigação de trazer
instituições e às condições de vida, quando estas provocam o pecado, o
saneamento conveniente, para que sejam conformes às normas da justiça e
favoreçam o bem, em vez de pôr-lhe obstáculos.
§1889 Sem o auxílio
da graça, os homens seriam incapazes de "discernir a senda freqüentemente
estreita entre a covardia que cede ao mal e a violência que, na ilusão de o
estar combatendo, ainda o agrava mais". É o caminho da caridade, quer
dizer, do amor a Deus e ao próximo. A caridade representa o maior mandamento
social. Respeita o outro e seus direitos. Exige a prática da justiça, e só ela
nos torna capazes de praticá-la. Inspira uma vida de autodoação: "Quem
procurar ganhar sua vida vai perdê-la, e quem a perder vai conservá-la"
(Lc 17,33).
Conversão dom do Espírito Santo (os sinais e manifestação da Conversão)
§1098 A assembléia
deve se preparar para se encontrar com seu Senhor, deve ser "um povo
bem-disposto". Essa preparação dos corações é obra comum do Espírito Santo
e da assembléia, em particular de seus ministros. A graça do Espírito Santo
procura despertar a fé, a conversão do coração e a adesão à vontade do Pai.
Essas disposições constituem pressupostos para receber as outras graças
oferecidas na própria celebração e para os frutos de vida nova que ela está
destinada a produzir posteriormente.
§1433 Depois da
Páscoa, o Espírito Santo "estabelecer a culpabilidade do mundo a respeito
do pecado", a saber, que o mundo não acreditou naquele que o Pai enviou.
Mas esse mesmo Espírito, que revela o pecado, é o Consolador que dá ao coração
do homem a graça do arrependimento e da conversão.
Convite para a conversão
§160 Para que o ato
de fé seja humano, "o homem deve responder a Deus, crendo por livre
vontade. Por conseguinte, ninguém deve ser forçado contra sua vontade a abraçar
a fé. Pois o ato de fé é por sua natureza voluntário". "Deus de fato
chama os homens para servi-lo em espírito e verdade. Com isso os homens são
obrigados em consciência, mas não são forçados... Foi o que se patenteou em
grau máximo em Jesus Cristo." Com efeito, Cristo convidou à fé e à
conversão, mas de modo algum coagiu. "Deu testemunho da verdade, mas não
quis impô-la pela força aos que a ela resistiam. Seu reino... se estende graças
ao amor com que Cristo, exaltado na cruz, atrai a si os homens."
§545 Jesus convida os
pecadores à mesa do Reino: "Não vim chamar justos, mas pecadores" (Mc
2,17). Convida-os à conversão, sem a qual não se pode entrar no Reino, mas
mostrando-lhes, com palavras e atos, a misericórdia sem limites do Pai por eles
e a imensa "alegria no céu por um único pecador que se arrepende" (Lc
15,7). A prova suprema deste amor ser o sacrifício de sua própria vida "em
remissão dos pecados" (Mt 26.28).
§981 Depois de sua
Ressurreição, Cristo enviou seus Apóstolos para "anunciar a todas as
nações o arrependimento em seu Nome, em vista da remissão dos pecados" (Lc
24,47). Este "ministério da reconciliação" (2Cor 5,18) os Apóstolos e
seus sucessores não o exercem somente anunciando aos homens o perdão de Deus
merecido para nós por Cristo e chamando-os à conversão e à fé, mas também
comunicando-lhes a remissão dos pecados pelo Batismo e reconciliando-os com
Deus e com a Igreja graças ao poder das chaves recebido de Cristo:A Igreja
recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos
pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo. É nesta Igreja que
a alma revive, ela que estava morta pelos pecados, a fim de viver com Cristo,
cuja graça nos salvou.
§1036 As afirmações
da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um
chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em
vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão:
"Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que
conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta
e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram"
(Mt 7,13-14):Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do
Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida
terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e mereçamos ser contados entre
os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para
o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.
§1428 Ora, o apelo de
Cristo à conversão continua a soar na vida dos cristãos. Esta segunda conversão
é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que "reúne em seu próprio
seio os pecadores" e que "e ao mesmo tempo santa e sempre, na
necessidade de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação".
Este esforço de conversão não é apenas uma obra humana. E o movimento do
"coração contrito" atraído e movido pela graça a responder ao amor
misericordioso de Deus que nos amou primeiro.
Dinamismo da conversão e da Penitência
§1439 O dinamismo da
conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por Jesus na parábola
do "filho pródigo", cujo centro é "O pai misericordioso": o
fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema
miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna; a profunda
humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer
matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o
arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai; o caminho de
volta; o generoso acolhimento da parte do pai; a alegria do pai: tudo isso são
traços específicos do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o banquete
da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria, que é a
vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família, que é a Igreja. Só o
coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde revelar-nos o
abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.
Diversas formas de penitência e conversão
§1430 Como já nos
profetas, o apelo de Jesus à conversão e penitência não visa em primeiro lugar
às obras exteriores, saco e a cinza", os jejuns e as mortificações, mas à
conversão do coração, à penitência interior. Sem ela, as obras de penitência continuam
estéreis e enganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a expressar
essa atitude por sinais visíveis, gestos e obras de penitência.
§1431 A penitência
interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão
para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e
repugnância às m s obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a
resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança
na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e
uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de "animi cruciatus (aflição
do espírito)", "compunctio cordis (arrependimento do coração)".
§1432 O coração do
homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê ao homem um
coração novo. A conversão é antes de tudo uma obra da graça de Deus que
reconduz nossos corações a ele: "Converte-nos a ti, Senhor, e nos
converteremos" (Lm 5,21). Deus nos dá a força de começar de novo. É
descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e
o peso do pecado e começa a ter medo de ofender a Deus pelo mesmo pecado e de
ser separado dele. O coração humano converte-se olhando para aquele que foi
traspassado por nossos pecados.Fixemos nossos olhos no sangue de Cristo para
compreender como é precioso a seu Pai porque, derramado para a nossa salvação,
dispensou ao mundo inteiro a graça do arrependimento.
§1433 Depois da
Páscoa, o Espírito Santo "estabelecer a culpabilidade do mundo a respeito
do pecado", a saber, que o mundo não acreditou naquele que o Pai enviou.
Mas esse mesmo Espírito, que revela o pecado, é o Consolador que dá ao coração
do homem a graça do arrependimento e da conversão.
As múltiplas "formas da penitência" na vida cristã (voluntárias e involuntárias):
§1434 A penitência
interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres
insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que
exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da
purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de
obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o
próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a
intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de
pecados" (1Pd 4,8).
Efeitos visíveis da conversão
§1430 Como já nos
profetas, o apelo de Jesus à conversão e penitência não visa em primeiro lugar
às obras exteriores, saco e a cinza", os jejuns e as mortificações, mas à
conversão do coração, à penitência interior. Sem ela, as obras de penitência
continuam estéreis e enganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a
expressar essa atitude por sinais visíveis, gestos e obras de penitência.
§1440 O pecado é
antes de tudo uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com ele. Ao mesmo
tempo é um atentado à comunhão com a Igreja. Por isso, a conversão traz
simultaneamente o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, que é
expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência ou Reconciliação.
Fontes da conversão
§1437 A leitura da
Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato
sincero de culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e de
penitência e contribui para o perdão dos pecados.
Fragilidade humana e conversão
§1426 A conversão a
Cristo, o novo nascimento pelo Batismo, o dom do Espírito Santo, o Corpo e o
Sangue de Cristo recebidos como alimento nos tornaram "santos e
irrepreensíveis diante dele" (Ef 1,4), como a própria Igreja, esposa de
Cristo, é "santa e irrepreensível" (Ef 5,27). Entretanto, a nova vida
recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da
natureza humana, nem a inclinação ao pecado, que a tradição chama de
concupiscência, que continua nos batizados para prová-los no combate da vida
cristã, auxiliados pela graça de Cristo. É o combate da conversão para chegar à
santidade e à vida eterna, para a qual somos incessantemente chamados pelo
Senhor.
Graça e conversão
§1991 A justificação
é, ao mesmo tempo, o acolhimento da justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo. A
justiça designa aqui a retidão do amor divino. Com a justificação, a fé, a
esperança e a caridade se derramam em nossos corações e é-nos concedida a
obediência à vontade divina.
§2000 A graça
santificante é um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural para
aperfeiçoar a própria alma e torná-la capaz de viver com Deus, agir por seu
amor. Deve-se distinguir a graça habitual, disposição permanente para viver e
agir conforme o chamado divino, e as graças atuais, que designam as
intervenções divinas, quer na origem da conversão, quer no decorrer da obra da
santificação.
§2010 Como a
iniciativa pertence a Deus na ordem da graça, ninguém pode merecer a graça
primeira, na origem da versão, do perdão e da justificação. Sob a moção do
Espírito Santo e da caridade, podemos em seguida merecer para nós mesmos e para
os outros as graças úteis à nossa santificação crescimento da graça e da
caridade, e também para ganhar a vida eterna. Os próprios bens temporais, como
a saúde, a amizade, podem ser merecidos segundo a sabedoria divina. Essas
graças e esses bens são o objeto da oração cristã. Esta atende à nossa
necessidade da graça para as ações meritórias.
§2027 Ninguém pode
merecer a graça primeira que se acha na origem da conversão. Sob a moção do
Espírito Santo, podemos merecer, para nós mesmos e para os outros, todas as
graças Úteis para chegar à vida eterna, como também os bens temporais
necessários.
Iniciação cristã e conversão
§1229 Tornar-se
cristão, eis algo que se realiza desde os tempos dos apóstolos por um
itinerário e uma iniciação que passa por várias etapas. Este itinerário pode
ser percorrido com rapidez ou lentamente. Dever sempre comportar alguns
elementos essenciais: o anúncio da Palavra, o acolhimento do Evangelho
acarretando uma conversão, a profissão de fé, o Batismo, a efusão do Espírito
Santo, o acesso à Comunhão Eucarística.
Juízo errôneo e desvio da conversão
§1792 A ignorância de
Cristo e de seu Evangelho, os maus exemplos de outros, o servilismo às paixões,
a pretensão de uma mal-entendida autonomia da consciência, a recusa da
autoridade da Igreja e de seus ensinamentos, a falta de conversão ou de
caridade podem estar na origem dos desvios do julgamento na conduta moral.
Justificação e conversão
§1989 A primeira obra
da graça do Espírito Santo é a conversão que opera a justificação segundo o
anúncio de Jesus no princípio do Evangelho: "Arrependei-vos
(convertei-vos), porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4,17). Sob a
moção da graça, o homem se volta para Deus e se aparta do pecado, acolhendo,
assim, o perdão e a justiça do alto. "A justificação comporta a remissão
dos pecados, a santificação e a renovação do homem interior."
§1993 A justificação
estabelece a colaboração entre a graça de Deus e a liberdade do homem. Do lado
humano, ela se exprime no assentimento da fé à palavra de Deus, que convida o
homem à conversão, e na cooperação da caridade, no impulso do Espírito Santo,
que o previne e guarda.Quando Deus toca o coração do homem pela iluminação do
Espírito Santo, o homem não é insensível a tal inspiração, que pode, aliás,
rejeitar; e, no entanto, ele não pode tampouco, sem a graça divina, chegar pela
vontade livre à justiça diante dele.
Mal como despertar para conversão
§385 Deus é
infinitamente bom e todas as suas obras são boas. Todavia, ninguém escapa à
experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza que aparecem
ligados às limitações próprias das criaturas e, sobretudo, à questão do mal
moral. De onde vem o mal? "Eu perguntava de onde vem o mal e não
encontrava saída", diz Santo Agostinho, e sua própria busca sofrida não
encontrará saída, a não ser em sua conversão ao Deus vivo. Pois "o
mistério da iniquidade" (2 Ts 2,7) só se explica à luz do "Mistério
da piedade". A revelação do amor divino em Cristo manifestou ao mesmo
tempo a extensão do mal e a superabundância da graça. Precisamos, pois, abordar
a questão da origem do mal fixando o olhar de nossa fé naquele que, e só Ele, é
o Vencedor do mal.
§1502 O homem do
Antigo Testamento vive a doença diante Deus. E diante de Deus que ele faz sua
queixa sobre a enfermidade, e é dele, o Senhor da vida e da morte, que implora
a cura . A enfermidade se toma caminho de conversão e o perdão de Deus de
início à cura. Israel chega à conclusão de que a doença, de uma forma
misteriosa, está ligada ao pecado e ao mal e que a fidelidade a Deus, segundo
sua Lei, dá a vida: "Porque eu sou Iahweh, aquele que te restaura"
(Ex 15,26). O profeta entrevê que o sofrimento também pode ter um sentido
redentor para os pecados dos outros (Cf Is 53,11). Finalmente, Isaias anuncia
que Deus fará chegar um tempo para Si o em que toda falta será perdoada e toda
doença ser curada (Cf Is 33,24).
Necessidade da conversão do coração
§821 Para responder
adequadamente a este apelo, exigem-se:
-uma renovação
permanente da Igreja em uma fidelidade maior à sua vocação. Esta renovação é a
mola do movimento rumo à unidade.
-a conversão do
coração, "com vistas a viver mais puramente segundo o Evangelho",
pois e a infidelidade dos membros ao dom de Cristo que causa as divisões;
-a oração em comum,
pois "a conversão do coração e a santidade de vida, juntamente com as
preces particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem ser
consideradas a alma de todo o movimento ecumênico e, com razão, podem ser
chamadas de ecumenismo espiritual";
-conhecimento
fraterno recíproco,
-a formação ecumênica
dos fiéis e especialmente dos presbíteros;
-diálogo entre os
teólogos e os encontros entre os cristãos diferentes Igrejas e comunidades;
-a colaboração entre
cristãos nos diversos campos do serviço aos homens.
§1856 O pecado
mortal, atacando em nós o princípio vital, que é a caridade, exige uma nova
iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza
normalmente no sacramento da Reconciliação: Quando a vontade se volta para uma
coisa contrária â caridade pela qual estamos ordenados ao fim último, há no
pecado, por seu próprio objeto, matéria para ser mortal... quer seja contra o
amor a Deus, como a blasfêmia, o perjúrio etc., quer seja contra o amor ao
próximo, como o homicídio, o adultério etc. Por outro lado, quando a vontade do
pecador se dirige às vezes a um objeto que contém em si uma desordem, mas não é
contrário ao amor a Deus e ao próximo, como por exemplo palavra ociosa, riso supérfluo
etc., tais pecados são veniais'.
§1888 E preciso,
então, apelar às capacidades espirituais e morais da pessoa e à exigência
permanente de sua conversão interior, a fim de obter mudanças sociais que
estejam realmente a seu serviço. A prioridade reconhecida à conversão do
coração não elimina absolutamente, antes impõe, a obrigação de trazer
instituições e às condições de vida, quando estas provocam o pecado, o
saneamento conveniente, para que sejam conformes às normas da justiça e
favoreçam o bem, em vez de pôr-lhe obstáculos.
§2708 A meditação
mobiliza o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Essa mobilização é
necessária para aprofundar as convicções de fé, suscitar a conversão do coração
e fortificar a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã procura meditar de
preferência "os mistérios de Cristo", como na "lectio (leitura)
divina" ou no Rosário. Esta forma de reflexão orante é de grande valor,
mas a oração cristã deve procurar ir mais longe: ao conhecimento de amor do
Senhor Jesus, à união com Ele.
§2709 O que é a
oração mental? Sta. Teresa responde: "A oração mental, a meu ver, é
apenas um relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a
sós com esse Deus por quem nos sabemos amados".A oração mental busca
"aquele que meu coração ama". É Jesus e, nele, o Pai. Ele é procurado
porque desejá-lo é sempre o começo do amor, e é procurado na fé pura, esta fé
que nos faz nascer dele e viver nele. Na oração, podemos ainda meditar;
contudo, o olhar se fixa no Senhor.
O que é necessário para a conversão?
§1490 O movimento de
volta a Deus, chamado conversão e arrependimento, implica uma dor e uma aversão
aos pecados cometidos e o firme propósito de não mais pecar no futuro. A
conversão atinge, portanto, o passado e o futuro; nutre-se da esperança na
misericórdia divina.
§1848 Como afirma S.
Paulo: "Onde avultou o pecado, a graça superabundou" (Rm 5,20). Mas,
para realizar seu trabalho, deve a graça descobrir o pecado, a fim de converter
nosso coração e nos conferir "a justiça para a vida eterna, por meio de
Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 5,21). Como o médico que examina a ferida
antes de curá-la, assim Deus, por sua palavra e por seu Espírito, projeta uma
luz viva sobre o pecado.A conversão requer que se lance luz sobre o pecado; ela
contém em si mesma o julgamento interior da consciência. Pode-se ver nisso a
prova da ação do Espírito de verdade no mais íntimo do homem, e isso se torna
ao mesmo tempo o início de um novo dom da graça e do amor: "Recebei o
Espírito Santo". Assim, nesta ação de "lançar luz sobre o
pecado" descobrimos um duplo dom: o dom da verdade da consciência e o dom
da certeza da redenção. O Espírito de verdade é o Consolador.
Oração e conversão ("quem não reza nem meia hora, não melhora, mas piora..." - O antídoto)
§2708 A meditação
mobiliza o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Essa mobilização é
necessária para aprofundar as convicções de fé, suscitar a conversão do coração
e fortificar a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã procura meditar de
preferência "os mistérios de Cristo", como na "lectio (leitura)
divina" ou no Rosário. Esta forma de reflexão orante é de grande valor,
mas a oração cristã deve procurar ir mais longe: ao conhecimento de amor do
Senhor Jesus, à união com Ele.
§2731 Outra
dificuldade, especialmente para aqueles que querem sinceramente orar, é a
aridez. Esta acontece na oração, quando o coração está desanimado, sem gosto
com relação aos pensamentos, às lembranças e aos sentimentos, mesmo
espirituais. E o momento da fé pura que se mantém fielmente com Jesus na agonia
e no túmulo. "Se o grão de trigo que cai na terra morrer, produzirá muito
fruto" (Jo 12,24). Se a aridez é causada pela falta de raiz, porque a
Palavra caiu sobre as pedras, o combate deve ir na linha da conversão.
§2754 As dificuldades
principais no exercício da oração são a distração e a aridez. O remédio está na
fé, na conversão e na vigilância do coração.
§2784 Este dom
gratuito da adoção exige de nossa parte uma conversão contínua e uma vida nova.
Rezar a nosso Pai deve desenvolver em nós, duas disposições fundamentais: O
desejo e a vontade de assemelhar-se a Ele. Criados à sua imagem, é por graça
que a semelhança nos é dada e a ela devemos responder. Quando chamamos a Deus
de "nosso Pai", precisamos lembrar-nos de que devemos comportar-nos
como filhos de Deus. Não podeis chamar de vosso Pai ao Deus de toda bondade, se
conservais um coração cruel e desumano; pois nesse caso já não tendes mais em
vós a marca da bondade do Pai celeste.É preciso contemplar sem cessar a beleza
do Pai e com ela impregnar nossa alma.
Pecado - conversão - purificação e Santificação
§1472 Para
compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o
pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com
Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se
chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo
venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer
aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório".
Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas
duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por
Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do
pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total
purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.
§1486 O perdão dos
pecados cometidos após o Batismo é concedido por um sacramento próprio chamado
sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
§1856 O pecado
mortal, atacando em nós o princípio vital, que é a caridade, exige uma nova
iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza
normalmente no sacramento da Reconciliação:Quando a vontade se volta para uma
coisa contrária â caridade pela qual estamos ordenados ao fim último, há no
pecado, por seu próprio objeto, matéria para ser mortal... quer seja contra o
amor a Deus, como a blasfêmia, o perjúrio etc., quer seja contra o amor ao
próximo, como o homicídio, o adultério etc. Por outro lado, quando a vontade do
pecador se dirige às vezes a um objeto que contém em si uma desordem, mas não é
contrário ao amor a Deus e ao próximo, como por exemplo palavra ociosa, riso
supérfluo etc., tais pecados são veniais'.
Penitência e conversão
§1422 "Aqueles
que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o
perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja
que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade exemplo
e orações."
§1423 Chama-se
sacramento da Conversão, pois realiza sacramentalmente o convite de Jesus à
conversão, o caminho de volta ao Pai, do qual a pessoa se afastou pelo pecado.Chama-se
sacramento da Penitência porque consagra um esforço pessoal e eclesial de
conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador.
§2042 O primeiro
mandamento da Igreja ("Participar da missa inteira nos domingos e outras
festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho") ordena aos fiéis
que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor e as festas
litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos
santos, em primeiro lugar participando da celebração eucarística, em que se
reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam
impedir tal santificação desses dias.O segundo mandamento ("Confessar-se
ao menos uma vez por ano") assegura a preparação para a Eucaristia pela
recepção do sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e
perdão do Batismo.O terceiro mandamento ("Receber o sacramento da
Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição") garante um mínimo na
recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em ligação com as festas pascais,
origem e centro da Liturgia Cristã.
"Presunção humana" e conversão
Romanos 9. 13-16: "Como está escrito: Amei a Jacó, e rejeitei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma! Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende de quem quer, nem de quem corre, mas de Deus, que se compadece"
§2092 Há duas
espécies de presunção. Ou o homem presume de suas capacidades (esperando poder
salvar-se sem a ajuda do alto), ou então presume da onipotência ou da
misericórdia de Deus (esperando obter seu perdão sem conversão e a glória sem
mérito ou esforço algum).
Filipenses 2,12-13: "De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor, Porque Deus é o quem opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade".
Realização da conversão
§1435 A conversão se
realiza na vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos
pobres, do exercício e da defesa da Justiça e do direito, pela confissão das
faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de
consciência pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela
firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, seguir a
Jesus é o caminho mais seguro da penitencia.
Recusa da conversão
§591 Jesus pediu às
autoridades religiosas de Jerusalém que cressem nele por causa das obras de seu
Pai que ele realiza. Tal ato de fé tinha de passar, no entanto, por uma
misteriosa morte de si mesmo em vista de um novo "nascimento do
alto", sob o impulso da graça divina. Essa exigência de conversão ante um
cumprimento tão surpreendente das promessas permite compreender o trágico
desprezo do sinédrio ao estimar que Jesus merecia a morte como blasfemo. Seus
membros agiam assim por "ignorância" e ao mesmo tempo pelo
"endurecimento" da "incredulidade".
Reino e conversão
§1470 Neste
sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso de Deus,
antecipa de certa maneira o julgamento a que ser sujeito no fim desta vida
terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida
e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual
somos excluídos pelo pecado grave. Convertendo-se a Cristo pela penitência e
pela fé, o pecador passa da morte para a vida "sem ser julgado" (Jo
5,24).
Mateus 25,13: "Portanto, vigiai e orai, pois não sabeis o dia, tampouco a hora em que o Filho do homem chegará"
§2612 Em Jesus,
"o Reino de Deus está próximo" (Mc 1,15) e convoca à conversão e à
fé, como também, à vigilância. Na oração, o discípulo vigia atento Aquele que É
e que Vem na memória de sua primeira Vinda na humildade da carne e na esperança
de sua segunda Vinda na Glória. Em comunhão com o Mestre a oração dos
discípulos é um combate, e é vigiando na prece que não se cai em tentação.
TIPOS DE CONVERSÃO? E QUAL O OBTETIVO PRINCIPAL DA CONVERSÃO?
Existem três tipos de Conversão:
1)-Por medo do inferno e da condenação eterna (conversão imperfeita conforme I João 4,18)
2)-Conversão por interesses (mercenária, em troca de vantagens e benefícios - é imperfeita, mas Deus se utiliza dela, conforme Filip.1,15-18)
3)-Por amor e gratidão (o escravo comprado por um preço impagável, agora o segue por amor e gratidão). Essa é a verdadeira conversão!
“A conversão é fruto da misericórdia de Deus” (João 8, 1-11)
O objetivo da Conversão é nos religar (religare), nos unir novamente a Deus e a nossa Santificação! Jesus não precisou
argumentar muito nem debater com os acusadores daquela mulher surpreendida em
adultério. Somente com o gesto de escrever na areia e de falar aos
circunstantes, “quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe
uma pedra”, Ele desfez os planos dos apedrejadores conseguindo com que o povo se afastasse a
começar pelos mais vividos e experientes. Esta é a prova de que só o Senhor
conhece o nosso coração, os nossos motivos, as nossas razões. “Eu também não te
condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais!” Nunca poderemos condenar alguém,
porque pecou nem tampouco atirar pedra em alguém quando ele erra! Precisamos seguir o exemplo do Mestre que
mesmo diante do povo que a condenava a ser apedrejada, para que se cumprisse a
Lei, Jesus, o único Santo, O Justo, a perdoava para que se cumprisse a Lei da
Misericórdia de Deus. No
entanto, Jesus não eximiu aquela mulher do pecado, mas não a condenou, usou de
compaixão e a levantou daquela situação. Nós que queremos seguir a Jesus
precisamos aprender a compreender as fraquezas do nosso próximo e, ao mesmo
tempo, ajudá-lo a reencontrar o caminho novo que o Senhor abre para ele. A
conversão daquela mulher partiu da misericórdia que Jesus usou para com ela.
Talvez se ela tivesse sido apedrejada, não tivesse se convertido, mas apenas se
emendado por algum tempo com medo de infringir a lei. Entretanto a revolta e a dor permaneceriam
dentro do seu coração. Pelo contrário, nós sabemos que aquela mulher teve a sua
vida completamente transformada por causa do amor com que ela foi acolhida por
Jesus. Pensamos que só adultera o homem ou a mulher que traem um ao outro,
porém existe o adultério espiritual, quando negamos a Jesus, Seu Senhorio e
prevaricamos em busca de outros deuses que tentam preencher o nosso vazio
espiritual. Hoje também Jesus fala para
todos nós de uma maneira bem clara: “quem não tiver pecado”, isto é, quem não
for pecador atire a primeira pedra. O pecado é uma traição a Deus, seja ele qual
for. Somos sim homens e mulheres adúlteros e necessitados de
misericórdia. Precisamos ter consciência disso.
“juízes injustos” ( Daniel 13, 1-9.15-17.19-30.33-62 ou, 41-62)
Diante do quadro
exposto os dois juízes, pessoas conceituadas, maduras, respeitadas no meio do
povo, que tinham o poder nas mãos, levados pela “paixão” da carne, “ficaram
desnorteados desviando os olhos para não olharem para o céu, e se esqueceram
dos seus justos julgamentos.” Teceram toda a trama e envolveram Suzana e,
partindo do pensamento, chegaram à ação, sendo punidos pelo próprio julgamento,
pois as suas próprias palavras desvendaram toda a verdade libertando a vida de
uma filha de Deus. Suzana, pelo contrário, mulher frágil, por isso mesmo,
indigna de ser respeitada e acreditada, olhou para o céu e confiou na
intervenção de Deus que conhece as coisas escondidas e sabe tudo de antemão!
Suzana era inocente e assim, Deus, veio em seu auxílio enviando Daniel, um
jovem que tinha a “honra da velhice”, por isso, fez um julgamento fiel ao que
Deus lhe inspirava. A história de Suzana nos motiva a
fazer uma reflexão profunda sobre os nossos pensamentos, julgamentos e ações no
mundo em que vivemos. Qualquer um de nós ao desviarmos os nossos olhos do céu,
somos capazes de também tramar contra a vida das pessoas quando
queremos ver atendidos os nossos interesses. Temos em nós a tendência
de satisfazer o nosso ego nos esquecendo de que Deus conhece o nosso interior e
a qualquer momento pode nos desmascarar. Por outro lado, a mulher de Judá nos
dá um exemplo de confiança na providência de Deus não se entregando nem
tampouco se deixando corromper pelo temor de ser execrada publicamente. Assim também nós, não precisamos cair nas
armadilhas do mundo que muitas vezes vem nos aliciar, nos perverter. Deus é
maior que tudo e espera que nós também lhe peçamos o auxilio necessário para
não cairmos na tentação. – O que você teria feito no lugar de Suzana? – Você
alguma vez na vida deixou-se subornar com medo da execração pública?. O que
aprendemos com a história de Suzana e os dois juízes? Deus ama e aprova a
verdadeira conversão, que sempre é pela fé, e segundo o arrependimento, e
seguida pela santificação da vida, pela Sua Palavra, no poder do Espírito. Deste
modo, correm grande perigo tanto os que ofertam quanto os que procuram consolos
baratos de paz e alívio, como se depreende destas palavras de repreensão do
Senhor, dadas através do profeta Jeremias:
“Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e
tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade. Curam superficialmente a
ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Serão envergonhados,
porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa
é envergonhar-se. Portanto, cairão com
os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR. Assim diz o
SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas,
qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas
eles dizem: Não andaremos...” Jeremias 6,13-16
Cada Campanha da
Fraternidade gira em torno de um tema e de um lema que, desenvolvidos em
diversos tipos de subsídios (círculos bíblicos, celebrações penitenciais,
encontros para famílias, encontros para jovens, encontros nas escolas, roteiros
para homilias, dentre outros), tornam-se referência para a análise da realidade
concreta em que se vive, julgada à luz da palavra de Deus, além de apresentar
pistas concretas para a ação. De fato, diariamente, chegam de todos os cantos
do país notícias de injustiças e violências as mais diversas.Nossa sociedade se
torna cada vez mais insegura, e a convivência entre as pessoas é cada vez mais
difícil e delicada. A CNBB quer contribuir para que esse processo seja
revertido por meio da força transformadora do Evangelho. A paz buscada, portanto,
é a paz positiva, orientada por valores humanos, como a solidariedade, a
fraternidade, o respeito ao "outro" e a mediação pacífica dos
conflitos, e não a paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, totalitarismos
seja de direita, ou esquerda, a intolerância com os "diferentes" e
tendo como foco os bens materiais. Para que isso seja
possível, alguns passos são necessários. O primeiro deles é desenvolver nas
pessoas a capacidade de reconhecer a violência em sua realidade pessoal e
social para que assumam a própria responsabilidade diante dela. O exercício da
cidadania também é importante. Daí a necessidade de favorecer a criação e a
articulação de ações que visem à superação das causas e dos fatores da
insegurança, despertar o agir solidário para com as vítimas da violência e
apoiar as políticas governamentais valorizadoras dos direitos humanos. O
caminho para a superação da insegurança passa, assim, pelo cultivo da cultura
da paz, que supera a visão de guerra, segundo a qual violência se vence com
violência. A cultura da paz exige novos critérios para o relacionamento humano,
tais como a vivência da não-violência ativa, a superação da vingança, a
gratuidade, o perdão e a misericórdia. A prioridade tem que ser o valor da
pessoa humana e sua dignidade. O Catecismo trás o
conceito da objeção de consciência, isso significa que um trabalhador pode
desobedecer se o que lhe é mandado vai contra sua moral, por exemplo:
“uma enfermeira, médico, ou agente de saúde, não é obrigada(o) a aplicar
uma injeção, da qual ela tem consciência que tem função abortiva.”
Todos conhecem a
história de João Batista, que morreu por causa de Salomé. Mas, embora Herodes
houvesse prometido a Salomé qualquer coisa, ele podia negar, porque era um
pedido que ia contra sua conduta. Como católicos precisamos ser profissionais
competentes, mas precisamos denunciar aquilo que vai contra a nossa fé. Conhecemos
hoje bispos e Cristãos mundo afora que são ameaçados porque defendem a verdade
de Cristo e seu evangelho, chegando até ao martírio de sangue. Há uma dimensão muito
séria: o medo. Estamos vivendo em uma sociedade do medo, onde se desenvolve a
indústria do medo. As pessoas buscam segurança, colocam nas suas casas cerca
elétrica, alarme, câmera, vigia. Não que esteja errado, estão certas em protegê-las,
mas precisamos combater esta violência. Há também violência no trânsito, será
que é preciso ter uma lei, para convencer que não pode dirigir com
"cerveja na cabeça", isso é vergonhoso. E aí existe também a
violência contra o policial. No Rio de Janeiro o policial precisa esconder que
é policial com medo de morrer. Tudo na Igreja
precisa do Espírito Santo, porque se não entra o espírito do porco. Tem gente
que gosta de corrigir e chamar a atenção dos outros mas não sabe receber
correção. O pecado original está em querer se igualar a Deus, a salvação vai na
direção contrária, olhemos para Jesus que foi sempre obediente até a morte de
cruz. Isso é andar na contra mão. Somos convocados a ser construtores da paz.
Somos chamados a viver e sentir como Jesus, é preciso está disposto sempre a
dialogar. Precisamos ter coragem de ser criativos para denunciar as violências.O fruto de uma verdadeira conversão é a mudança, mudança
de paradigmas, de pensamentos, de atitudes.
Já diz o ditado popular: “Converter-se e aceitar Jesus não é mudar de
Igreja, mas de vida.”
Efésios 4,17-24: “Isto, portanto, digo e no Senhor
testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus
próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por
causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais,
tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez,
cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,
se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a
verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do
velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos
renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem,
criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade...”
Conversão é transformação, é deixar o velho e abrir
espaço para o novo!
“E, assim, se alguém está verdadeiramente em Cristo, é nova criatura; as
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas...” (2 Coríntios 5,17).
A verdadeira
conversão é de dentro para fora !
“Pelos seus frutos os
conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos
maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir
frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que
está nos céus...” (Mateus 7,16-21).
Conversão é crucificar a si próprio ! mas nós só nos sacrificamos por
aquilo que é importante para nós!
“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim...” (Gálatas 2,19b-20).
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua
vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á...” (Mateus 16,24-25).
CONCLUSÃO
Que possamos ter em
nossas vidas os frutos da verdadeira conversão! Sem uma conversão genuína não temos
como nos configurar a Cristo, e não temos como herdar o Céu que é a nossa meta
aqui na terra. Encoraje e exercite a mudança! Entenda que o diagnóstico não é ainda a solução, mas apenas parte da
solução, é preciso querer iniciar o processo, aceitando as etapas necessárias a
se submeter no processo de mudança, que não se acontece de forma instantanea! É necessário paciência
consigo mesmo(a) para uma reestruturação do estilo de vida e comportamentos.
Novos hábitos de vida devem ser instalados em lugar dos velhos. Esse é o
irrenunciável preço a ser pago pela conversão e santificação!
“Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”
GOSTOU Do APOSTOLADO berakash? QUER SER UM (A) SEGUIDOR (a) E RECEBER AS
ATUALIZÇÕES EM SEU CELULAR, OU, E-MAIL?
Segue no link abaixo o
“PASSO-A-PASSO” para se tornar um(a) seguidor(a) - (basta clicar):
https://berakash.blogspot.com/2023/10/como-ser-um-ser-um-seguidor-e-ou.html
Shalom!
Por *Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
-----------------------------------------------------
Apostolado Berakash – Trazendo
a Verdade: Se você gosta de nossas publicações e caso queira
saber mais sobre determinado tema, tirar dúvidas, ou até mesmo agendar
palestras e cursos em sua paróquia, cidade, pastoral, e ou, movimento da
Igreja, entre em contato conosco pelo e-mail:
filhodedeusshalom@gmail.com
+ Comentário. Deixe o seu! + 1 Comentário. Deixe o seu!
Amei! - "diagnóstico não é ainda a solução, mas apenas parte da solução, é preciso querer iniciar o processo, aceitando as etapas necessárias a se submeter no processo de mudança, que não se acontece de forma instantânea! É necessário paciência consigo mesmo(a) para uma reestruturação do estilo de vida e comportamentos. Novos hábitos de vida devem ser instalados em lugar dos velhos. Esse é o irrenunciável preço a ser pago pela conversão e santificação!"
Maria Isabel - Fortaleza - CE
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.