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Que tipo de Católico é você? Conservador, Tradicionalista, Progressista, ou Carismático?

Written By Beraká - o blog da família on sábado, 15 de outubro de 2016 | 18:58







Tradicionalistas, conservadores, carismáticos, progressistas – quem são?




De maneira periódica somos interpelados, seja na internet, seja na vida real, sobre as divisões internas da Igreja. Algumas pessoas querem saber como se portar diante delas, outras pretendem simplesmente negar que pertencem a uma (pois aderem à idéia de que “um católico é apenas um católico”), e, de modo mais constante, me perguntam sobre como conceituar os diferentes grupos e como enquadrar as pessoas neles.Há uma explicação famosa do conhecido Pe. Paulo Ricardo sobre o tema, mas para mim ela está enviesada, isto é, pende para o lado que mais o agrada. Nela o Pe. Paulo, que é um neoconservador (calma, já já explico o que isso quer dizer), considera como “conservador” aquilo que historicamente os tradicionalistas defendem, e como “tradicionalista” apenas os integrantes caricatos desse último grupo. Não aceito isso e vou explicar o motivo, de modo que futuros leitores deste texto não venham tentar contrapor a ele o pensamento do Pe. Paulo como que usando um argumento falacioso da autoridade fosse suficiente para convencer em tudo.




Em primeiro lugar, cabe um vôo panorâmico sobre o que ocorreu nas últimas décadas.
No Vaticano II tínhamos três tendências disputando a influência na formulação dos textos:

1)- Os tomistas, que aderiam à teologia tradicional da Igreja e ao ethos construído em torno disso ao longo dos séculos.


2)-  Os da patrologia, que defendiam o que consideravam ser uma volta às fontes da Fé.


3)- E finalmente, os que se ligavam à teologia moderna, uma espécie de neomodernistas.



Durante o Concílio, os adeptos da patrologia se juntaram aos neomodernistas, numa estratégia política para fazer valer suas opiniões, e isso pode ser percebido nos textos conciliares, onde parágrafos se contradizem, remetendo à necessidade de uma exegese sistemática, holística. Ou seja, é como se o centro tivesse se juntado com a esquerda.



Mas, para a surpresa do segundo grupo, logo na segunda metade dos anos 60 passamos a ver, devido ao poder monetário e midiático, além do “agrado” que certas propostas davam ao homem contemporâneo, uma divulgação crescente de uma interpretação neomodernista do Vaticano II; e as coisas foram ficando tão radicais que o grupo tomista passou a ser visto como uma categoria inexistente de tão non sense, e o grupo da patrologia foi alçado para a direita.



Portanto, os conservadores no sentido dado a essa expressão por Burke ou Russel Kirk (conservador é aquele que adere às lições e formas do passado para um desenvolvimento orgânico da vida social), são os herdeiros do grupo tomista, os atuais tradicionalistas,e os ligados à patrologia só podem ser chamados de neoconservadores, já que representam historicamente uma quebra com a tradição e só foram alçados à condição de direita pelo fato da Igreja ter caminhado excessivamente para a esquerda.



No meio disso tudo, apareceu um quarto grupo, o dos carismáticos, que tem, ao mesmo tempo, alguns aspectos híbridos dos outros grupos e alguns que são inéditos. Certas parcelas do carismatismo estão muito próximas do neconservadorismo, em especial no que se refere à obediência à autoridade; outras dos tradicionalistas, como no que se refere à disciplina eclesiástica (uso de roupas clericais); e, em vários aspectos, eles inovaram, como na maneira de se organizarem em comunidades de vida e aliança.



Chegando neste ponto, alguém pode perguntar: mas isso tudo não seriam apenas categorias políticas? Não é um reducionismo com a Igreja? Eu não me enquadro em nenhuma delas e algumas pessoas parecem se enquadrar em mais de uma, como você explica tal fato? Todo progressista é um neomodernista?


Respostas: De fato, isso são categorias políticas, ou melhor, sociológicas, mas que se refletem na política eclesial (e ninguém venha me dizer bovinamente que não há política na Igreja, pois há, é natural que exista, já que Cristo fundou uma sociedade de fiéis e em toda sociedade a política é necessária); não estou tratando de categorias teológicas, pois a suposição aqui é que todas elas sejam católicas (se alguém defende que alguma não é, então que leve às últimas conseqüências sua conclusão).



Isso é assumidamente reducionismo, pois tudo não passa de um instrumental didático para se tentar organizar um pouco a complexidade do real. Algumas pessoas, de fato, podem estar fora de todas elas (embora eu particularmente não conheça ninguém), mas a maioria vai se inserir preponderantemente, mas não exclusivamente, num dos grupos citados. Nem todo progressista é um neomodernista, mas o progressismo atual tem seus antecedentes no trabalho de pessoas que ignoravam os conselhos e mandamentos de São Pio X (assim como nem todo tradicionalista é lefebvrista, mas todos tem seus antecedentes na luta desse santo bispo).


Agora, feita toda essa introdução, posso esquematizar minhas respostas a certas colocações/perguntas que já li:


1) O que cada grupo (tradicionalistas, neoconservadores, carismáticos e progressistas) defende?



a)- Tradicionalistas: as formas litúrgicas e disciplinares anteriores ao Vaticano II, a teologia neotomista.



b)- Neoconservadores: a posição oficial de Roma em relação a tudo, os resultados da terceira fase do movimento litúrgico, a “teologia das fontes”.


c)-Carismáticos: a valorização da experiência com o sagrado(ou seja,com a misericórdia de Deus), envolvendo a emoção (Amarás o Sr Deus com todo teu coração),na vida eclesial, em paralelo a “teologia das fontes” com uma moral racional neotomista (com todo teu entendimento), e no uso dos carismas (e com todas as tuas forças).



c)- Progressistas: a busca da harmonização entre a doutrina católica e a filosofia moderna, a “teologia das fontes” com uma leitura toda particular e com reflexos na liturgia e nas regras disciplinares.



2) Qual o posicionamento de cada um em relação ao Vaticano II?



a)- Tradicionalistas: variado, da simples negação (que tende ao cisma) à leitura escolhida por eles mesmos de partes do Depósito da Fé mais compatíveis às suas próprias exigências (nesse caso, com resultados que variam segundo o valor que se dá ao concílio: dogmático ou pastoral).



b)- Neoconservadores: aceitam a exegese oficial e suas justificativas.



c)- Carismáticos: em geral, aceitam a exegese oficial e suas justificativas, mas em alguns pontos aderem ao chamado “espírito do Vaticano II” e em outros possuem uma visão próxima a dos tradicionalistas moderados.



d)- Progressistas: o Vaticano II deve ser aproveitado segundo seu “espírito”, isto é, segundo o desejo de mudança e harmonização com a realidade atual que se depreende mais da vontade dos padres conciliares que da letra dos textos.



3) Acredito que a questão política é semelhante à questão eclesial, modificando apenas alguns termos específicos no que tange o funcionamento do Estado em relação ao que ocorre na Igreja.



Não, a questão política não tem nada haver com a eclesial.Todos os tradicionalistas, se forem tradicionalistas de verdade, são conservadores no campo político. Já os neoconservadores eclesiológicos podem ser conservadores ou social democratas no campo político.


Eclesiologicamente:


a) Os conservadores, que querem conservar as formas que passaram no teste do tempo e, ao mesmo tempo, aceitam as mudanças orgânicas, são aqueles que fizeram resistência ao caos pós-conciliar. São os tradicionalistas.


b) Já os neoconservadores são os que não aceitam essa resistência, mas que também não levam até o fim os princípios nos quais as diretrizes do pós-concílio se apoiam, são os oficialistas acima de tudo.


4) Esquematize as posições das várias “tribos católicas” sobre os assuntos que você acha mais importantes.



Tradicionalistas:


1) Ênfase histórica na reforma tridentina e Concílio Vaticano I.
2) Afinidades: Com os ortodoxos bizantinos;
3) Fontes de reflexão pastoral: Magistério anterior ao Vaticano II + vida dos santos;
4) Ênfase catequética: Magistério, Tradição(seletiva) e Escritura;
5) Revelação (foco): Tradição com elementos escolhidos a dedo, e não toda a tradição da Igreja.
6) Uso de ferramentas científicas: não;
7) Ética: moralista;
8) Inserção sócio política: direita;
9) Liturgia: ritualista;
10) Questões divisivas (valor do Vaticano II, maneira de obedecer ao Magistério contemporâneo, rubricas usadas no rito gregoriano, aparicionismo): tendência à separação.

Neoconservadores:



1) Ênfase histórica: Padres;
2) Afinidades: ortodoxos bizantinos;
3) Fontes de reflexão pastoral: Magistério posterior ao Vaticano II + vida dos santos;
4) Ênfase catequética: Magistério, Escritura, Tradição;
5) Revelação (foco): Escritura;
6) Uso de ferramentas científicas: sim, com reservas;
7) Ética: moralista moderada/social;
8) Inserção sócio política: direita
9) Liturgia: ritualista;
10) Questões divisivas (relação com outros grupos eclesiais, ecumenismo, interpretação do Vaticano II): obedecem à última palavra do superior.

Carismáticos:

1) Ênfase histórica: Igreja primitiva;
2) Afinidades: Pentecostal + ortodoxos bizantinos;
3) Fontes de reflexão pastoral: vida dos santos + Escritura;
4) Ênfase catequética: Escritura, Magistério, Tradição;
5) Revelação (foco): Escritura;
6) Uso de ferramentas científicas: não;
7) Ética: moralista;
8) Inserção sócio política: alienação/direita;
9) Liturgia: ritualista/emoções;
10) Questões divisivas (oração X ação social, uso de elementos da cultura contemporânea na evangelização, obediência ao Magistério da Igreja com ênfase no Vaticano II.


Progressistas:



1) Ênfase histórica: igreja pré-constantina e tempos modernos;
2) Afinidades fora do catolicismo: protestantes liberais;
3) Fontes de reflexão pastoral: Bíblia + ciências modernas (experiência);
4) Ênfase catequética: Escritura, Magistério, Tradição;
5) Revelação (foco): Escrituras/razão;
6) Uso de ferramentas científicas: sim, abundantemente;
7) Ética: situacional/social;
8) Inserção sócio-política: esquerda;
9) Liturgia: despojada/moderada;
10) Questões divisivas (divórcio, ordenação feminina, uniões homossexuais, aborto e métodos anticoncepcionais): tendência a uma prática pastoral complacente.
Bem, é isso, acho que com este texto os confrades e demais leitores terão um ponto inicial mais sólido para refletirem sobre as divisões internas da Igreja nos dias atuais, pois cada época tem as suas, pois a Igreja está inserida e é filha de cada tempo.


Fonte: Apologética Católica



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