Nossa fé não é puro
sentimento ou apenas a invenção de um grupo de homens mal intencionados e
manipuladores. Existe a racionalidade da fé. E no Catolicismo esta inteligência
da fé possui uma densidade tal, que seria um pecado de omissão não conhecer e
estudar.
A Fé é um ato da
inteligência; portanto não é um sentimento vago, mas é expressão da mais nobre
faculdade que o homem tem: o intelecto,que tenta aplicar-se ao objeto mais
nobre que possa ser concebido, ou seja, a Deus.Esse ato do intelecto é movido
pela vontade, pois o objeto da fé transcende os limites do intelecto humano (a
verdade é mais ampla do que o alcance do nosso intelecto). Sendo assim, o
objeto da fé não obriga a um assentimento, não é tão evidente que force a
adesão de quem o contempla.
A vontade, portanto,
deve mover o intelecto para que diga Sim ou Não.A vontade, porém, só move o
intelecto depois do exame das credenciais sobre as quais se apoia cada
proposição de fé. Cabe então ao intelecto humano averiguar as razões em virtude
das quais o indivíduo pode e deve crer: estude o Evangelho, a história, a
paleografia… e chegue eventualmente à conclusão: “Não é absurdo crer; não é
infantilismo ter fé”. Há razões suficientemente fortes para que o homem diga
Sim ao objeto de fé, sem trair sua dignidade de homem adulto. Portanto o homem
crê inteligentemente. E a própria razão sadiamente crítica que aponta o caminho
da fé.
Assim evitam-se as superstições e crendices que não
resistem ao crivo da razão, a qual o próprio Cristo aconselhou usa-la nestas
duas passagem:
“Porquanto, qual de vós, desejando construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo do empreendimento, e avalia se tem os recursos necessários para edificá-la?Para não acontecer que, havendo providenciado os alicerces, mas não podendo concluir a obra, todas as pessoas que a contemplarem inacabada zombem dele, proclamando: ‘Este homem começou grande construção, mas não foi capaz de terminá-la!’ Ou ainda, qual é o rei que, pretendendo partir para guerrear contra outro rei, não se assenta primeiro para analisar se com dez mil soldados poderá vencer aquele que vem enfrentá-lo com vinte mil? Se chegar à conclusão de que não poderá vencer, enviará uma delegação, estando o inimigo ainda longe, e solicitará suas condições de paz.”(Lucas 14,28-32).
“Aquele,
pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um
homem sensato (racional), que
edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os
ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava
edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em
prática é semelhante a um homem insensato(irracional),
que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes,
sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua
ruína.”(Mateus 7,24-27)
É Pedro que reforça aos Cristão o uso de uma fé RACIONAL:
“Ora, quem vos fará mal se sois zelosos
do bem? Todavia, ainda que venhais a sofrer porque viveis em justiça, sereis
felizes. “Não vos atemorizeis, portanto, por causa de ameaças, nem mesmo vos
alarmeis.” Antes, reverenciai a Cristo como Senhor em vosso coração, estando
sempre preparados para responder a qualquer pessoa que vos questionar quanto à RAZÃO
da esperança que há em vós. Contudo, fazei isso com humildade e respeito,
conservando boa consciência, de tal maneira que os que falam com malignidade
contra o vosso bom comportamento, pelo fato de viverdes em Cristo, fiquem
envergonhados de suas próprias calúnias. Porque é melhor sofrer por praticar o
bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal.”(I Pedro 3,13-17).
LUTERO
É QUE DIZIA : “ A RAZÃO É A PROSTITUTA DO DIABO”
Quem ensinou a doutrina contra a ciência, a filosofia e a razão foi o
pai dos evangélicos: Lutero, que é contra a razão, a filosofia e a
ciência, pois assim ele dizia:
“A razão é a
prostituta, sustentáculo do diabo, uma prostituta perversa, má, roída de sarna
e de lepra, feia de rosto (sic), joguemos-lhe imundícies na face para torná-la
mais feia ainda.” (Brentano: 17).
“Eu devo cortar
a cabeça da filosofia, e que Deus me ajude a fazê-lo; pois assim deve ser.”
(Grisar: 462) .
A terra é seu
centro (...) Acima da Terra, uma abóboda imensa (...) a abóboda azul (...) é
firme, sólida; e por cima, se estende o céu. O inferno fica no centro da terra,
sob nossos pés (sic.). ...Lê-se na Bíblia que Josué deteve o Sol; não foi a
Terra que ele deteve. Copérnico é um tolo.” (Brentano: 145).
Para Lutero, a vontade humana é do demônio:
“O arbítrio humano, (...) se assemelha a uma sela
de cavalo entre os dois [Deus e o diabo]. Se Deus monta na sela, a vontade do
homem quer e age de acordo com a vontade de Deus... Mas se o demônio é o
cavaleiro, o homem deseja e age conforme a vontade do demônio. Ele não tem
forças para correr para um ou outro dos cavaleiros, e oferecer a si mesmo, mas
os cavaleiros lutam para obter a posse do animal. (sic)” (Grisar: 300).
QUAL O CONCEITO CORRETO
SOBRE A RAZÃO ?
Verdade seja
dita : “O Iluminismo em nome da DEUSA RAZÃO, cometeu as maiores
IRRACIONALIDADES da História” - Comprovando que podemos sim, usar a Razão tanto para o
bem como para o mal, para justificar ações boas, ou más, neste caso fazemos
dela verdadeiramente uma prostituta, usando-a de forma utilitarista, agindo em
causa própria.Em nome da razão se fazem as guerras,se justificam atitudes
imorais, pela razão tranqüilizamos nossas consciências diante dos erros e das
injustiças: “Sou fraco, não tenho nada haver
com isto, não é problema meu, a culpa não é minha...etc.”
De acordo com Santo Tomás de
Aquino, "a filosofia é a ciência do ser, em si mesmo e das primeiras causas,
à luz da razão natural". É uma verdadeira ciência universal, pois, em
seus princípios, se fundam todas as outras ciências, ditas particulares: a física, a biologia, a química, etc. Esses
princípios são o da causalidade, o da não-contradição, o da inteligibilidade,
etc.
Como ciência de base mais larga e
mais sólida, pode apontar às outras ciências, como errado, o que nelas
contradiga as suas próprias conclusões.
A maioria dos
protestantes rejeita a teologia natural ou teodicéia. Na verdade, mesmo os
católicos de hoje ignoram que existem verdades de fé que são também acessíveis
à razão, como a existência de Deus e sua imutabilidade, e também a imortalidade
da alma.
Infelizmente, Lutero defendeu o absurdo de que a razão não pode fazer contribuições à teologia, visto o homem todo ter sido arruinado pelo pecado original. Por isso, o tomismo é tão mal-visto pelos protestantes. Estes últimos, todavia, ignoram que a sua teologia, quando deixa de lado a distinção que existe entre o natural e o sobrenatural, não pode passar de um puro "fideísmo", o qual só pode servir de chacota para os ateus.
Muitos
calvinistas rejeitam a filosofia do Aquinate e, ao mesmo tempo, recorrem à sua
metafísica para defender a predestinação. Isso é uma grave incoerência.
A filosofia tomista é
"philosophia perenis" (filosofia perene), o que significa que ela não
se confunde com os arremedos dessa preciosa ciência que surgiram na era moderna
a partir de Descartes. Ela é a única
que merece verdadeiramente o nome de "filosofia". E, no lugar que
ocupa, de "ciência das ciências", é também um grande instrumento para
a compreensão da realidade e serve grandemente à defesa da fé cristã.
Lutero ao dizer que a razão era
"a prostituta do diabo". Ele não aceitava a interferência da razão na
teologia. Para Lutero, a teologia deveria ser "theologia crucis",
devendo se ater à pura exegese bíblica, restringindo, assim, os efeitos da
razão, que não poderia chegar ao conhecimento de Deus ou de seus atributos. A
"theologia crucis" (“teologia da cruz”), baseada no caminho concreto
fixado por Deus em Cristo crucificado: criação, queda e redenção, estava em
oposição ao que Lutero denominou "theologia gloriae" (“teologia da
glória”), que propugnava o conhecimento de Deus por sua obra no cosmo, e que
seria a base de sustentação da teologia
escolástica.
Na verdade,
Lutero foi poderosamente influenciado pelo voluntarismo de Guilherme de Ockham,
de forma a conceber que o bem e o mal são tais unicamente porque Deus o quer e determina;
o pecado poderia ser uma virtude se Deus o quisesse. Daí a oposição entre a
vontade secreta e a vontade revelada, a do "Deus absconditus" que se
opõe à do "Deus revelatus".
Desenvolveu-se, por essa razão, um pensamento genuinamente calvinista, que, a despeito de ter algumas raízes em Santo Agostinho, Platão e Santo Anselmo, na questão do "Credo ut intelligam", todavia, admitindo que a razão humana não pode manter-se neutra, conclui que ela, de maneira nenhuma, pode afirmar qualquer coisa sobre Deus ou adentrar naquele conteúdo que seria reservado à fé.No que o pensamento calvinista difere da Escolástica, isso se deve justamente pelo fato do pensamento calvinista limitar-se radicalmente a esse esquema proposto de criação, queda e redenção, com total ou parcial exclusão da metafísica. Desta forma, pode-se entender como a expiação ocupa lugar tão proeminente na lógica reformada, lugar que ficou vago pela exclusão da metafísica.
O pensamento calvinista, é, no entanto, a despeito de suas raízes agostinianas, assim incoerente, quando recorre à lógica, por dar lugar a paradoxos inevitáveis. É paradoxal, como Gordon Clark, que, neste texto, rejeita a razão, mas não assume o irracionalismo de Kierkegaard:
“Ora, a razão continua a ser empregada na teologia, do contrário, ela não poderia manter o mínimo de coerência. A questão é mais uma vez a distinção entre a ordem natural e a ordem sobrenatural, a da ordem da graça e da natureza. “
De acordo com o tomismo, a graça é um dom que se alia e aperfeiçoa a natureza:
Lutero recusou-se a aceitar a
concepção católica da graça e ensinou que os poderes naturais do homem eram
totalmente incapazes frente ao pecado. Para Lutero, a queda não representou a
perda de um dom sobrenatural (acima da natureza), mas a destruição de um
elemento essencial da natureza humana. A solução de Lutero é radical, não lógica. No campo da teologia, não há motivo
para se absolutizar o pecado dessa forma, o que, de outra forma, tornaria
impossível distinguir entre o pecado original e os pecados atuais.
A "apologética
pressuposicional" dos calvinistas respalda-se, ainda, no ontologismo, isto
é, na crença de que a existência de Deus é evidente e de que não existem
verdadeiros ateus, pois todos têm o "sensus divinitatis" (cf.
CALVINO, Institutas, I, 3, 3). Tal postura, no entanto, não pode ser válida sem
instaurar um certo conflito entre fé e razão e, através de negação da teologia
natural, fazendo a teologia redundar num puro e verdadeiro fideísmo.
A Escritura não ensina em parte alguma que temos um
conhecimento inato de Deus:
Ela diz que o
que de Deus se pode conhecer se conhece através das coisas visíveis (=
corpóreas): "sendo percebidos mediante as coisas criadas" (Rm
1,20).Ou seja, com o uso da razão.
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