Por *Francisco José Barros
Araújo
Santo Irineu que viveu antes da reforma protestante escreve como se
antecipasse os primeiros Protestantes: “Quando, contudo, eles foram
refutados pelas Escrituras, voltaram atrás e acusaram essas mesmas Escrituras,
como se elas não fossem corretas, nem tivessem autoridade, e afirmaram que elas
são ambíguas, e que a verdade não pode ser retirada delas por aqueles que não
conhecem a tradição. Aconteceu, portanto, que aqueles homens agora nem concordam
com as Escrituras nem com a tradição.” (Contra as Heresias III,2,1). Sendo a Sola
Scriptura uma doutrina que já se torna auto-refutável por não haver na Bíblia
nenhum versículo que a prove, então seus adeptos hoje tentam usar-se de
malabarismos exegéticos para poder explicá-la. Negando assim a tradição oral,
que é ensinada pela própria bíblia, colocando o valor desta como inútil para o
Cristão. Também tentam fazer
uma exegese barata das palavras de Paulo, (II Tes. 2,14; II Tes 3,6) Dizendo
que tal Tradição Oral que Paulo fala, nada mais é que o próprio conteúdo da
bíblia, ora Paulo fala claramente “tradições que aprendestes, ou por nossas
palavras, ou por nossa carta”, será que é difícil entender? Paulo iria
colocar o que falou e o que escreveu em pé de Igualdade? Não poderia ele
simplesmente falar de um só já que são os mesmos, ele precisaria especificar
diferenças?Esquecem que os
próprios apóstolos disseram que nem tudo foi escrito ( João 21,25 ) e que houve
outras doutrinas que não foram passadas por escrito e simplesmente por viva voz
( 2 João 1,12; 3 João 1,13-14 ), bem, feito essas considerações vamos nos ater
agora ao título da matéria: Eles (os adeptos da Sola Scriptura) comumente citam versículos tais
como 2 Tm 3,16-17 ou 1 Cor 4, 6 ( como mais fortes ) em sua defesa , mas um
exame minucioso destas duas passagens facilmente irá demonstrar que na verdade
estes não suportam tal doutrina. Em 2 Tm 3,16-17
lemos:Toda Escritura é inspirada por
Deus e útil para ensinar, refutar,
corrigir, educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito,
qualificado para qualquer boa obra.
Existem "cinco considerações" que negam categoricamente a interpretação
protestante desta passagem!
(foto reprodução meramente ilustrativa)
1.A palavra
grega ophelimus utilizado no v.16 significa útil e não suficiente. Um exemplo desta
diferença seria dizer que a água é útil para nossa existência – mesmo
necessária – mas não é suficiente; isto é, ela não é o único componente que nos
manteria vivos. Também precisamos de alimentos, medicamentos, etc. Da
mesma forma, a Escritura é útil na vida do cristão, mas isto nunca quis dizer
que ela é a única fonte de ensino cristão e a única coisa que cada o necessita.
2.A palavra grega "pasa", que geralmente é
traduzida como "toda", na realidade significa qualquer, e seu sentido se refere a
cada uma ou qualquer uma das classes denotadas pelo substantivo a que está
conectado.
Em outras palavras, a forma grega indica que toda e qualquer Escritura é útil.
Se a doutrina da Sola Scriptura fosse verdadeira, baseada no verso grego 16,
todo e qualquer livro da Bíblia poderia, isoladamente, ser considerado a única
regra de fé, uma posição que é obviamente absurda.
3.A Escritura a que Paulo se refere é o
Antigo Testamento, um fato que é claramente referido pelo fato de as Escrituras
serem conhecidas desde a tenra infância (v.15) por Timóteo. O Novo Testamento
como conhecemos ainda nem mesmo existia, ou na melhor das hipóteses estava
incompleto, então não poderia estar incluído no que Paulo quis dizer com o
termo Escritura. Se aceitarmos as palavras de Paulo sem analisarmos o que realmente
significam, a Sola Scriptura, então, significaria que a única regra de fé do
cristão é o Antigo Testamento. Esta é uma conclusão que todos os cristãos
rejeitariam. Os protestantes responderiam a este argumento dizendo que
Paulo não está tratando do cânon da Bíblia (os livros inspirados que constituem
a Bíblia), mas sim da natureza da Escritura. Ainda que haja alguma validade
nesta afirmação, a questão do cânon também é relevante aqui, pelas seguintes
razões: antes que falemos da natureza das Escrituras como sendo theopneustos,
ou seja, inspirados (literalmente “soprados por Deus”), é imperativo que
identifiquemos com segurança os livros que queremos listar como Escritura; de
outra forma, livros errados poderia ser chamados de inspirados. Obviamente, as
palavras de São Paulo aqui tomaram uma nova dimensão quando o Novo Testamento
foi completado, e os cristãos eventualmente as consideravam, também, como sendo
Escritura. Deve ser dito, então, que o cânon bíblico também entra na questão,
pois Paulo – escrevendo sob a inspiração do Espírito Santo – enfatiza o fato de
que toda (e não somente alguma) Escritura é inspirada. A questão que deve ser discutida,
entretanto, é esta: como podemos ter a certeza de que temos todos os livros
corretos? Obviamente, somente poderemos conhecer a resposta se soubermos qual é
o cânon da Bíblia. Tal questão guarda um problema para os protestantes,
mas não para os católicos, pois estes possuem uma autoridade infalível que pode
responder.
4.A palavra grega "artios", aqui traduzida
como "perfeito", à primeira vista pode fazer crer que a Escritura é de fato tudo
o que é necessário. “Logo”, alguém poderia perguntar:“se as Escrituras tornam o homem de Deus perfeito, que mais seria
preciso? Por acaso a palavra ‘perfeito’ não significa que nada mais é
necessário?” Bem, a dificuldade
com esta interpretação é que o texto não diz que somente pelos meios da
Escritura o homem de Deus é tornado perfeito. O texto indica precisamente o
oposto, pois é verdadeiro que a Escritura opera em conjunção com outras coisas.
Note que não é qualquer um que se torna perfeito, mas o homem de Deus – que
significa um ministro de Deus (cf. 1 Tm 6,11), um sacerdote. O fato deste
indivíduo ser um ministro de Cristo pressupõe que ele já estava acompanhando um
estudo que o prepararia para exercer tal ofício. Sendo assim, a Escritura poderia
ser mais um instrumento dentro de uma série de outros que tornam o homem de
Deus perfeito. As Escrituras poderiam complementar sua lista de itens
necessários ou poderiam ser o item mais proeminente da lista, mas seguramente
não eram a única ferramenta de sua lista nem pretendia ser tudo o que
necessitaria. Por analogia, considere um médico. Neste contexto,
poderíamos dizer algo como “O Tratado de Medicina Interna do Harrison (livro
texto de referência na prática médica mundial) torna nossa prática médica
perfeita, logo estamos aptos a qualquer procedimento médico”. Obviamente tal
afirmativa não pode significar que tudo o que o médico precisa seja o TMIH.
Este é um item entre vários outros, ou o mais proeminente. O médico também
necessita de um estetoscópio, um tensiômetro, um otoscópio, um oftalmoscópio,
técnicas cirúrgicas, etc. Estes outros itens são pressupostos pelo fato de
estarmos falando de um médico, e não de um leigo. Logo, seria incorreto
presumir que somente o TMIH torna o médico perfeito, a única ferramenta
necessária.
Além disso,
considerar que a palavra perfeito significa o único item necessário resulta em
contradição bíblica, pois em Tg 1,4 lemos que a paciência – sem citar as
Escrituras – torna os homens perfeitos e íntegros, livres de todo defeito. É
verdade que aqui uma palavra grega diferente – teleios – é usada para
perfeitos, mas permanece o fato de que o entendimento básico é o mesmo. Então,
se alguém certamente entende que a paciência não é a única ferramenta que o
cristão precisa para ser perfeito, um método interpretativo consistente
levaria-nos a reconhecer da mesma forma que as Escrituras não são a única coisa
que o homem de Deus necessita para ser perfeito. A palavra grega exartio no v.17, traduzida
por qualificado (outras Bíblias trazem algo como equipado ou plenamente
qualificado) é tida como uma prova pelos protestantes da Sola Scriptura pois
esta palavra – novamente – implica em dizer que nada mais é necessário ao homem
de Deus. Contudo, ainda que o homem de Deus seja qualificado ou plenamente
equipado, este fato por si mesmo não garante que este homem saiba interpretar e
aplicar corretamente uma passagem bíblica. O sacerdote deve também aprender
como usar corretamente as Escrituras, mesmo que ele já esteja equipado com
elas. Considere de novo a analogia do médico. Pense num estudante de medicina no
início de seu internato. Ele deve dispor de todo seu arsenal necessário para os
procedimentos cirúrgicos, ou seja, ele deve estar qualificado, plenamente
equipado para qualquer procedimento de emergência, mas a menos que ele passe
boa parte do tempo junto a médicos mais experientes, observe suas técnicas,
aprenda suas habilidades, e pratique algum procedimento ele próprio, os
instrumentos cirúrgicos que possui são completamente inúteis. Sem dúvida, se
não aprender a usar tais instrumentos apropriadamente, estes mesmos podem se
tornar armas perigosas em suas mãos. Quem se habilitaria a submeter-se a um
cirurgião que aprendeu cirurgias por cursos de correspondência? Da mesma forma ocorre
entre o homem de Deus e a Escritura. Estas, como os instrumentos cirúrgicos,
são preciosos apenas quando bem manipulados. Do contrário, os resultados são o
oposto do esperado. Mal usados, um pode trazer a dor e a morte física, a outra,
a dor e a morte espiritual. Devido a Escritura nos advertir a mantermos a
retidão da palavra da verdade ( cf. 2 Tm 2,15), é óbvio, portanto, que a
palavra da verdade pode ser desviada de seu correto caminho – da mesma forma
que um estudante de medicina destreinado que usa incorretamente seu
instrumental. Em 1 Coríntios 4, 6
lemos: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo,
por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito,
não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro.” (Tradução João Ferreira de Almeida)Partindo do
pressuposto do versículo Isolado do contexto este seria um prato cheio para os
seguidores da Sola Scriptura, assim como para um ateu que poderia usar Salmo 9,
24 pra provar na bíblia que “Deus não Existe”. Está passagem é uma
passagem de tradução muito difícil, que não se consegui achar palavra por
palavra indo direto ao original, sendo assim só por isso já não poderíamos
extrair definitivamente uma doutrina desta passagem.Na bíblia Jerusalém a
melhor tradução das Sagradas escrituras que temos em português está escrito: “Nisto Tudo Irmãos,
eu me tornei como exemplo juntamente com Apolo por causa de vós, a fim de que
aprendais a nosso respeito a Máxima, (‘não ir além do que está escrito’)”.Nas notas de Rodapé
vem explicando que:“Texto difícil. A
frase entre parêntese foi acrescentada por copista escrupuloso que indica a
negação foi acrescentada a seu texto." - Ou seja pode se
extrair uma doutrina de um texto que há variações nos manuscritos antigos sem
uma devida autoridade para confirmá-los? Quem já leu e sabe a
problemática que levou Paulo a escrever tal carta, sabe que os coríntios
estavam em contenta, disputas para ver qual era o melhor apostolo que havia
evangelizados eles, os julgamentos indevidos, a comunhão com os pagãos e etc. Em 1 Coríntios 4 diz: "1. Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e
administradores dos mistérios de Deus.2. Ora, o que se exige dos
administradores é que sejam fiéis.3. A mim pouco se me dá ser julgado por vós
ou por tribunal humano, pois nem eu me julgo a mim mesmo. 4. De nada me acusa a
consciência; contudo, nem por isso sou justificado. Meu juiz é o Senhor. 5. Por
isso, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às
claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos
corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece. 6. Se apliquei
tudo isso a mim e a Apolo foi por vossa causa, para que, em nós, aprendais a não ultrapassar o que está escrito e para
que vos não ensoberbeçais tomando partido a favor de um e com prejuízo de outrem." Veja que Paulo não
diz nada a respeito de que os coríntios estavam seguindo algo além das
escrituras e conseqüentemente repreende-los por isso. Apenas repreende-os sobre
a má conduta deles e sobre os boatos que estavam surgindo e os exorta nesse caso
a seguirem o que está escrito sobre eles Paulo e Apolo. Além do mais se Paulo
estivesse se referindo a seguir somente as escrituras cairia novamente no mesmo
sentido da primeira passagem analisada, estaria se referindo ao antigo
testamento e não ao novo testamento visto que o NT ainda não estava escrito.
Algumas ponderações:
1º Neste Versículo
nada se menciona a respeito das Escrituras
2º Paulo não está
exortando ninguém a ler a Bíblia
3º Paulo está falando
para eles não crêem em nada que não estivesse escrito sobre ele, Apolo e Pedro
na carta que ele já tinha previamente Escrito.
Vejamos:I Corintos 4, 6. Se
apliquei tudo isso a mim e a Apolo foi por vossa causa, para que, por meio de
nós, aprendais a não ultrapassar o que está escrito, para que vos não
ensoberbeçais tomando partido a favor de um e com prejuízo de outrem.E o que é que estava
escrito a respeito de Paulo e de Apolo?Justamente o conteúdo
de uma carta que ele tinha mandados aos Coríntios previamente!
Onde
está esta carta? E o conteúdo dela? Por que ela não foi considerada
um livro inspirado pela Igreja primitiva?
É uma carta chamada
de “pré canônica” que não foi conservada e logo após depois de Paulo ter
recebido a noticia na casa de Cloé (1 Cor 1, 11) resolveu escrever esta outra
carta que para nós é 1ª Coríntios. - São João Crisostomo:
“Mas qual é o significado de “não ser sábio acima do que está escrito?”Veja que há uma
variação nas palavras de São João Crisostomo em relação a está passagem que
também é uma tradução válida “não ser sábio além do que está escrito” por causa
de variações nos manuscritos (Koiné e Bizantino) que contém uma palavra φρονεῖν
(phronein ) que ao pé da letra é traduzida como “saber",
"pensar", "ter uma opinião” e está no particípio passado. Se formos traduzir ao
pé da letra seria "não ter uma opnião além do que está escrito". Além do que, está
palavra IR OU ULTRAPASSAR não está presente no Grego! Vejamos a tradução
correta se assim formos levar em conta tudo o que vimos aqui:1 Corintios 4, 6 Ταῦτα
δέ, ἀδελφοί, μετεσχημάτισα εἰς ἐμαυτὸν καὶ Ἀπολλὼ δι᾽ ὑμᾶς, ἵνα ἐν ἡμῖν μάθητε
τὸ μὴ ὑπὲρ ὃ γέγραπται φρονεῖν, ἵνα μὴ εἷς ὑπὲρ τοῦ ἑνὸς φυσιοῦσθε κατὰ τοῦ ἑτέρου. - "para que, sobre
nós (ou em nós), não tenham uma opnião além do que está escrito, para que vos
não ensoberbeçais tomando partido a favor de um e com prejuízo de outrem.
" (1 Cor 4, 6).Não falar nada de
Paulo e de Apolo além do que eles mesmos souberam por uma carta previamente
escrita (por Paulo) é uma coisa, e incentivar a Sola Scriptura é outra
totalmente diferente.Esta interpretação
protestante está a léguas de distancia da exegese correta da passagem.Agora vamos deixar
São João Crisostomo (+ 407 d.C) explicar melhor o que Paulo quer dizer com “Não
ir além do que está escrito”: “Mas qual é o
significado de “não ser sábio acima do que está escrito?” Está escrito (St.
Matt. Vii. 3.) “Por que vês tu o argueiro que está no olho do teu irmão, porém
não o feixe que está no teu olho?” e “Não julgueis, para que não sejais
julgados”. Porque, se nós somos um e são mutuamente unidos, não nos convém
levantar-se um contra o outro. Para “aquele que se humilha será exaltado”, diz
ele. E (. St. Matt xx 26, 27;. São Marcos x 43;. Não literalmente) “Aquele que
será o primeiro de todos, que ele seja o servo de todos”. Estas são as coisas
que “são escritas.”” (Crisostomo, XII Homilia
sobre 1 Coríntios).
A
grande e dolorosa verdade para os protestantes, é que a heresia da Sola
Escriptura (Somente as Escrituras) - Negam a Tradição e o Magistério
Conciliares da Igreja primitiva até o presente!
-Jesus fala ou revela verdades que não se
encontram na Escritura: Mt 2,23; At 20,35; Tg 4,5.
- Atenção! Nem tudo está na Bíblia: Jo 21,25.
-O grande mandamento de Cristo é pregar e não
escrever! Mt 28,19-20.
-Os cristãos primitivos seguiam a tradição
apostólica: At 2,42 (pois os evangelhos e cartas que vemos hoje ainda não estavam escritos e definidos como canônicos pela Igreja nascente!
-São Paulo reconhece autoridade à tradição
oral: 1Ts 2,13; 2Ts 2,15; 2Tm 2,2; 1Cor 11,2.Assim, é justamente
aqui, em 2Tm 3,14-17, onde temos um duplo recurso: a Tradição Apostólica e a
Escritura Apostólica. Portanto, quando os protestentes citam os versículos 16 e
17, estão citando somente a última parte de uma dupla apelação que faz
referência à Tradição e à Escritura, coisa que evidentemente não prova a
"Sola Scriptura".
(eis o risco da interpretação particular: heresias)
AFIRMAM
OS PROTESTANTES: Em Jo 5,39, Cristo diz: “Examinais as Escrituras” - Isso é Sola
Scriptura!
Resposta: Vendo, porém, o contexto, rapidamente notamos a
falha nessa afirmação. A simples observação do versículo seguinte, pois o
versículo foi citado fora do contexto, já esclarece tudo. Vejamos o versículo
completo, mais o versículo 40: “Examinais as Escrituras, julgando encontrar
nelas a vida eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de mim.
E vós não quereis vir a mim para que tenhais a vida.” Pelas
palavras em negrito, percebemos que Cristo está falando com descrentes, não com
todos os cristãos. Conforme o contexto, Cristo está pretendendo demonstrar a
sua divindade aos judeus, com quem Ele está conversando. Para isso, recorre a
três testemunhos: o de João Batista (versículos 32 a 35); depois afirma que tem
um testemunho maior que o de João: suas próprias obras (versículos 37 e 38).
Finalmente, recorre ao testemunho das Escrituras (versículos 39 e 40), já que
os judeus nelas eram entendidos. Veja logo que Cristo citou duas autoridades
alheias às Escrituras então existentes: o testemunho de João e o de suas obras,
para depois citar o das Escrituras. Donde fica excluída a Sola Scriptura. Além
disso, a expressão inicial não consiste numa ordem para examinarmos as
Escrituras, pois o texto quer apenas dizer que os judeus, que criam nas
Escrituras, deveriam lê-las melhor para constatar que a divindade de Cristo era
aí demonstrada. Obviamente Cristo está reconhecendo aí a autoridade das
Escrituras, mas a sua exclusividade é coisa impossível de aí ser comprovada.
Logo o texto não favorece a Sola Scriptura. Outro detalhe: O texto demonstra explicitamente que
a leitura particular das Escrituras não foi suficiente para fazer os judeus
entenderem a divindade de Cristo. O que depõe contra o livre exame. Além disso,
se esse texto provasse a Sola Scriptura, provaria realmente que a "Sola" seria só para o Antigo
Testamento, pois o Novo Testamento ainda não estava escrito!
Em Jo 20,30, o Evangelista diz: “Fez Jesus, na presença de
seus discípulos, ainda muitos outros milagres, que não estão escritos neste
livro. Mas, estes foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o filho
de Deus e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome!”
Os "solascripturistas" entendem que, ainda que Jesus tenha feito muitas [outras] coisas, somente as
que se encontram na Bíblia são necessárias! Tudo isso é
totalmente falso! Inicialmente, estaríamos nos referindo apenas ao evangelho de
S. João. Então ficaria de fora coisas importantes como o Pai Nosso (Mateus e
Lucas), a história da infância de Jesus (Mateus e Lucas), a última ceia com pão
e vinho (os sinóticos), o sermão da montanha (Mateus) e outros pontos mais.
Este versículo não está dizendo que o que está ali basta para fazermos tratados
doutrinários, mas tão somente tentando mostrar para os judeus que Jesus é o Messias! Só que saber somente isso não nos dará a salvação, pois até os demônios sabem
que Jesus é o Messias (Mc 5, 7), nem por isso se salvarão! Para provar que
Cristo é o Messias, o Evangelho de S. João pode até ser suficiente, mas para
demonstrar outras verdades necessárias, ele precisa de outros textos.
Afirmam
os protestantes "solascripturistas"
Inúmeras vezes Deus nos advertiu a não
acrescentar, nem diminuir e seguir fielmente sua Palavra (Dt 4,2; 12,32; Js
1,7-8; 2 Ts 3,14; Ap 22,18-19). Qualquer que contrarie esta solene orientação
divina peca contra o Senhor e denigre a Autoridade das Escrituras. Toda palavra
de Deus é pura e não está aberta a acréscimos (Sl 12,6; 119,140; Pv 30,5-6).
Quem rejeita tal princípio denigre a Suficiência da Palavra de Deus Escrita,
fazendo de Deus mentiroso e maculando a revelação divina. Na medida em que o
homem imperfeito acrescenta seus "entendimentos não-inspirados"(?) naquilo que Deus perfeitamente
inspirou, toda a pureza do ensino bíblico é corrompida.
Resposta: Citar tais textos para apoiar a Sola Scriptura é
pura ingenuidade! É evidente que em nenhum desses textos Deus disse que apenas
se revelaria através da escrita! Se lermos Dt 4, por exemplo, sobre não
acrescentar ou retirar as palavras ordenadas, vemos que é Moisés quem está ordenando.
Claro que ele está passando o que Deus disse a ele, mas o contexto mostra que
estas palavras foram ditas oralmente por Moisés. Moisés tinha, portanto, a
autoridade do Magistério (o que está muito distante da Sola Scriptura). Não há
dúvida de que é palavra de Deus infalível, mas vinda por meio de Moisés e
oralmente. Moisés estava dizendo que nada deve ser acrescentado ou retirado de
suas palavras orais. Se essa ordem for entendida como Sola Scriptura, antes ela
devia ser entendida como Sola traditione. Além disso, se entendermos que o
escritor sacro está isolando a Escritura como regra de fé, entenderíamos,
então, que somente o Deuteronômio é autoridade de fé e que deveríamos excluir
todos os livros escritos posteriores. Assim, teríamos que excluir 61 livros da
Bíblia ou 68, se incluirmos os 7 livros que os solascripturistas retiraram.
Vale ressaltar, ainda, que a Igreja Católica nunca acrescentou nada à palavra
de Deus e nem jamais retirou. Logo, esse texto em nada se refere a nós. Pelo
contrário, se acreditarmos na exclusividade da Bíblia como regra de fé,
estaremos retirando algo à palavra de Deus, a Tradição e a autoridade da
Igreja, ambas confirmadas pela mesma Bíblia. Os solascripturistas imaginam que Moisés disse a
todos para ler suas leis, estudá-las pessoalmente e pedir ao Espírito Santo
para guiá-los. Mas será que foi assim? Isso não se encontra em nenhum dos
versículos citados. O Livro da Lei foi colocado junto da Arca da Aliança (Dt
31,26), no Santo dos Santos. O povo não podia apreciar nada no Santo dos
Santos, nem interpretar particularmente o Livro da Lei. Apenas o sumo sacerdote
poderia entrar no Santo dos Santos, que continha a Lei, e apenas uma vez ao ano
(Hb 9,6-8). Isto não tem nada a ver, pois, com Sola Scriptura. Quanto ao texto de 2 Ts 3,14, se ele provasse a
suficiência formal das Escrituras, então, 2 Ts 3, 6 (apenas 8 versículos antes)
provaria a suficiência formal da Tradição. Como se vê, é mais lógico admitirmos
que os versículos em pauta complementam-se e juntos demonstram as duas regras
de fé cristã: a oral e a escrita. Logo, adeus Sola Scriptura. Quanto a Ap 21, 18.19 também nada depõe contra a
Tradição e a favor da Sola Scriptura, pois a Tradição nada acrescenta à
escrita, apenas a explica melhor. Se nós acrescentamos algo à escrita, o que
dizer de muitas doutrinas protestantes, as quais estão alheias às Escrituras? O
que dizer da própria Sola Scriptura? Não é ela um acréscimo à escrita, já que
ela não consta na Bíblia sagrada? Além disso, não esqueçamos que o texto também
diz que nada devemos tirar; no entanto, os solascripturistas retiraram inúmeras
doutrinas bíblicas bem como reduziram o próprio cânon bíblico. Não é isso
entrar em choque com o próprio texto citado?Quando essa passagem afirma que nada deve ser
acrescentado ou retirado das palavras deste livro, não estão se referindo à
Sagrada Tradição sendo acrescentada à Sagrada Escritura. Na verdade, a Tradição
nem acrescenta nem tira nada da Escritura, apenas a explica com mais clareza. É
claro pelo contexto que o livro aqui citado é o do Apocalipse, e não a Bíblia
inteira. Sabemos disso porque S. João diz que o que for culpado por acrescentar
a este livro será penalizado com as pragas escritas neste livro, evidentemente
que as pragas descritas no livro do Apocalipse. Negar isso é atentar
contra o texto e distorcer seu claro significado, especialmente pelo fato de
sabermos que a Bíblia que temos hoje não existia quando essa passagem foi
escrita. Sendo assim não poderia significar a Escritura inteira. E sendo assim,
é lógico que o autor do Apocalipse não afirmaria a exclusividade desse livro, o
que negaria a autenticidade dos outros 26 livros do NT. E mesmo se estendermos
essa afirmação à Escritura inteira, continuará sem negar a autenticidade da
Santa Tradição, pois o texto quer dizer que nada entre em choque com a
Escritura. E a Tradição, como já demonstramos, em nada se choca com a
Escritura.A mesma advertência de não acrescentar ou subtrair palavras é vista em Dt 4,2,
inclusive já analisado, que diz: “Nada acrescentareis às palavras dos
mandamentos que vos dou, e nada tirareis; assim guardareis os mandamentos do
Senhor, vosso Deus, que eu vos dou.” Se aplicarmos uma interpretação paralela
com este verso, logo tudo o que está na Bíblia além dos decretos das leis do AT
deveria ser considerado apócrifo, incluindo-se o NT! Todos os cristãos
rejeitam, evidentemente, essa conclusão. A proibição de Ap 22,18-19 contra a
adição, portanto, não pode significar que os cristãos estão proibidos de buscar
algum guia fora da Bíblia. Quanto aos textos dos Salmos e dos provérbios, eles
apenas exaltam a palavra de Deus (e essa palavra de Deus chega até nós escrita
e oralmente). Os textos não dizem que se referem apenas aos escritos. Então, em
momento algum eles favorecem a Sola Scriptura. Além disso, mesmo que esses textos se referissem à
Escritura, não poderíamos concluir a exclusividade da Escritura, porque não
podemos deduzir essa exclusividade a partir de textos que apenas louvam essas
Escrituras. Isso se chocaria com o texto de Apc 21, 18, objetado atrás.
Enquanto há textos que louvam as Escrituras, e isso é verdade, há inúmeros
outros que também louvam a Tradição. Veja, por exemplo: Sl 44,1; 78,5.10-11;
105,5; 143,5; Pr 2,18; Is 40,8; 59,21; Jr 6,16-17; 31,36; Dn 7,28 e Zc 1,6.
AFIRMAM OS PROTESTANTES: “E
eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de
vós, para que, em nós, aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo
a favor de um contra outro.” (1 Cor 4,6)
Resposta: Esse conselho Paulino também não favorece a Sola
Scriptura, pois o mesmo S. Paulo que disse isso também disse: "Quisera agora
estar presente entre vós e variar [os tons da] minha voz, pois não sei o que
fazer com vós” (Gál 4,20). Se o fato de o apóstolo dizer que os
coríntios não deviam ir além do que está escrito provasse a Sola Scriptura,
então, ao dizer que sua presença é mais eficaz do que o escrito o apóstolo
estaria afirmando a Sola Traditione. Além disso, se com tais palavras o
apóstolo pretendesse provar a exclusividade de algo, provaria apenas a exclusividade
do Antigo Testamento e de alguns pouquíssimos escritos do NT (uns 3), que eram os únicos
escritos dos anos 55 d.c, provável data da redação dessa carta. Estaria, então
o apóstolo excluindo todo o resto de seus escritos? E o pior, estaria ele
excluindo os outros livros do NT? - (Evangelhos e demais cartas apostólicas?),que
ainda não haviam ainda nem sido escritos? Além disso, não esqueçamos a expressão: “para que,
em nós, aprendais”, presente no versículo citado, a qual prova que a autoridade
do apóstolo também é regra de fé! Está explícito aí que aquilo que dizem ou que fazem os apóstolos deve ser seguido. Logo, o texto não favorece a Sola Scriptura! Raciocinemos ainda: será que os coríntios entenderam essas palavras de Paulo como a enunciação da exclusividade da Escritura de que dispunham na época? Paulo escreveu 1 Coríntios em meados de 55 d.c. Muito antes do cânon do NT ser escrito e fixado. Como, então defendeu aqui o apóstolo essa tal de Sola Scriptura? Mais grave: você acha que o apóstolo pretendeu convencer os coríntios de que os escritos da época deles era a verdade exclusiva de Deus? Se for assim, como Paulo conseguiu convencer depois esses mesmos coríntios que os escritos que vieram depois também eram palavras de Deus? Não dissera ele antes que apenas aquilo que tinha surgido até 55 d.c é que era Palavra divina? Como é que agora vem convencê-los de que surgira mais palavras inspiradas? Mais ainda: como é que depois de 55 d.c tem esse apóstolo a coragem de exortar os fiéis a seguirem suas pregações orais (1,13-14; 2,2 e 3,14) se só foi aceitável os escritos, e ainda pior, anteriores a essa data?Logo, esse texto também não favorece a pretensão solascripturista. Mas alguém poderia ESPECULAR, ou achar (Achologia) aqui, que em todos esses textos citados, o Espírito Santo já está prevendo o futuro fechamento do cânon bíblico. Logo, eles não podem se referir apenas aos livros nos quais estão redigidos, mas à Escritura inteira. Entretanto, convém observarmos que mesmo referindo-se ao futuro, o que não descartamos, todos eles têm aplicação direta no período em que foram escritos. Assim, por exemplo, nesse texto citado de 1 Cor 4,6, não podemos entendê-lo corretamente, se dispensarmos o contexto no qual essa carta foi escrita. Paulo jamais poderia estar se referindo diretamente à Escritura inteira, se claramente ele está escrevendo para a comunidade de Corinto e estava doutrinando essa comunidade. É óbvio, pois, que o texto aplica-se diretamente à essa comunidade. Não há, então, como entender o texto desconsiderando esse detalhe. Sendo, assim, é necessário indagarmos o que pretendia Paulo ensinar com aquelas palavras bem como nos questionar como a comunidade acolheu e entendeu aquele ensino.
As nefastas e "diabólicas consequências" da Sola
Scriptura?
Lamentavelmente a Sola Scriptura é a grande
responsável por toda essa confusão no seio protestante! É a responsável por
essa imensa pluralidade de igrejas! Em vez de ter trazido a paz e a concórdia
entre os irmãos, trouxe foi a divisão. E a divisão e o denominacionalismo, como
todos sabemos, são vigorosamente condenados na própria Escritura. Leia, por
exemplo, Rm 16, 17; Gl 5, 20; Ef 4, 2-5. Desde o advento da Sola Scriptura e da
sua consequente interpretação particular da Escritura, o Cristianismo só fez se
fragmentar. E isso é um tremendo mal. Certa vez, num desabafo, um pastor
protestante chegou a dizer que "fizeram da Palavra de Deus a mãe das heresias". É
triste dizer isso, mas é a pura realidade! No entanto, fazemos questão de
enfatizar aqui que a Bíblia não pode ser a mãe das heresias. Ela deve ser lida
com amor, em espírito de oração e não para gerar intrigas. Essa divisão é tão
chocante que muitos dos próprios evangélicos não se conformam e, não raro,
desabafam o seu desagravo.
Veja o
que reconhecem alguns Evangélicos sobre a divisão no seio cristão:
(eis a marca histórica principal do protestantismo)
-O Protestante Calvino escrevia
numa carta a Melanchton:“É de grande importância que não passe aos
séculos vindouros nenhuma suspeita sobre as divisões que existem entre nós,
porque é ridículo, acima de quanto se possa imaginar, que depois de ter rompido
com todo o mundo, nós estejamos também em tão pouco de acordo desde o início da
Reforma.”
-O mesmo Melanchton dizia: “O rio Elba com
todas as suas águas não nos forneceria lágrimas suficientes para chorar as
desgraças da Reforma dividida.”
-Em 1925, na Review of the
churches, o protestante R. Roberts já lamentava:“Pela
sua acentuada tendência individualista, o movimento protestante teve uma
tendência cissípara; a sua história é uma história de contínuas divisões e
subdivisões, a ponto de o número de seitas se ter tornado e ser ainda escândalo
e objeto de mofa para todos.” (cissípara= reprodução mediante cisão do próprio
organismo).
-Na International Review of missions, de janeiro de
1928, o Bispo anglicano de Bombaim, dizia:“Nós
poderíamos poder dizer aos pagãos: Aqui está a Igreja de Cristo; porém, nossas
divisões dão um desmentido. O Protestantismo professa opiniões contraditórias e
as que são falsas deveriam ser rechaçadas, não só por amor à união, como por
respeito à verdade. Em Lausanne os delegados não ousaram tomar sobre si a
responsabilidade de dizer em nome de suas seitas: Estávamos no erro. De uma
conferência deste gênero não poderá nunca surgir a união das igrejas.”
-Em 1930, era a vez da revista
protestante Student Volunter Bulletin fazer o seguinte lamento:“A
situação fragmentária de nossas igrejas é para muitos o argumento final de que
o Protestantismo não pode dar-lhes a paz e unidade que eles buscam para as suas
almas. Não é exagerado afirmar que para o latino acostumado à unidade de
Religião e de governo o escândalo da multidão de seitas é fatal.” (Março de
1930).
-O pastor protestante Mr. Browning também disse no
livro New Days in latin America, p. 176:“Quando
os católicos nos apontam as 50 e mais seitas divididas e contraditórias que se
esforçam em introduzir o Evangelho na América Latina, o protestante não pode
fazer outra coisa senão calar e admitir a força do argumento.”
-Também dizia o Arcebispo protestante
anglicano de Cantuária na revista The Month de julho de 1932:“Todos
deviam reconhecer sua culpabilidade na divisão do Corpo de Cristo, divisão esta
que é contrária à vontade de Deus.”
-Van Baalen, escritor da igreja
Batista, no livro O caos das Seitas reconheceu:“Na
verdade, os inimigos da fé evangélica não se têm cansado de lembrar-nos que o
Protestantismo jaz prostrado e sem poder, em razão de suas muitas divisões e
subdivisões. Sem dúvida existem partidos e divisões em demasia ─ grupos e
denominações inumeráveis. Tudo isso é a
grande vergonha do mundo cristão.” (Imprensa publicadora Batista regular,
S. Paulo.3ª edição brasileira, 1977, p. 277).
-Pastor Venâncio R. Santos, da
Assembléia de Deus, no jornal Mensageiro da paz, nº 1208/1212, de dezembro de
1987, na p. 13, quando tratou do “ministério da reconciliação” nas igrejas
protestantes disse:“Fiquei
realmente apreensivo, levando em consideração o fato de que muitos ministros do Evangelho pouco ou nada
estão fazendo em prol das reconciliações ao longo da seara do Mestre. Ao
contrário, muitos têm promovido desintegrações fraternas, semeando a discórdia
e patrocinando a maledicência, dividindo os filhos de Deus.” Mais adiante,
ele conclui assim o seu artigo: “Lamentavelmente, é o que mais se vê hoje, nas
ações evangelísticas: a fundação de igrejas, ultrajando o corpo de Cristo,
profanando o seu precioso sangue e sacrificando o amor e a paz sobre o
insensato altar do egoísmo, em estúpido atentado contra a fraternidade cristã.” - O pior é que nem Venâncio, nem nenhum outro
protestante, pode criticar uma nova denominação que surge porque a dele também
é fruto dessa divisão, e também, porque ninguém pode garantir no Protestantismo
quem está certo ou errado.
-O pastor pentecostal Juan Carlos
Ortiz, no livro O Discípulo, dizia:“Outra
evidência desta infância são as divisões que há na Igreja. Paulo disse aos crentes de Corinto que o fato de uns se apegarem a
Pedro, a Apolo e a ele próprio era sinal de imaturidade espiritual. Os
coríntios estavam brigando entre si. Eram partidários cada um de um pregador.
Mas pelo menos estavam na mesma Igreja.Em nossa época, nós não conseguimos nem
divergir bem. Pertencemos aos mais
diversos grupos e nos reunimos em templos separados, e falamos mal um dos
outros. Se os coríntios eram bebês em Cristo, nós nem nascemos ainda.Em vez
de melhorarmos estamos piorando. A cada ano que passa, existem mais
denominações. O corpo de Cristo nunca
esteve tão repartido.”Na p. 115 pergunta: “Qual é o nosso motivo para crucificar,
ferir e dividir o corpo (a Igreja)? Não o temos, e nosso castigo por fazermos
tal coisa será mais severo que o de Pilatos e Judas.”Na p. 132 afirma ainda: “Não obstante o que a Bíblia ensina, também nós os protestantes temos as nossas
tradições: as denominações. Jesus tem somente uma esposa, a Igreja. Ele não
é polígamo! No entanto, chegamos até a dizer que as denominações fazem parte da
vontade de Deus! Assim nós culpamos a Deus pelas nossas divisões e falta de
amor. E depois criticamos os Católicos
pelas suas tradições. Pelo menos suas tradições são mais antigas que as
nossas.” (O discípulo, p.132, Editora Betânia)
A
verdade é que ao abandonar tanto a Tradição quanto o Magistério, o
Protestantismo provocou sua própria fragmentação!
E hoje, infelizmente, o “Protestantismo” abarca
mais de 30.000 mil denominações doutrinária e disciplinadamente discordes entre
si, causando um flagrante escândalo ao claro desejo de Jesus Cristo: a unidade
de todos os cristãos (Jo 17, 20-21).Os evangélicos afirmam que a Bíblia é sua única
fonte de fé. Na verdade, porém, a sua única fonte de fé é a sua própria cabeça.
Usam a Bíblia apenas para justificarem suas crenças, e, nisso, não se dão conta
das infinitas incoerências e contradições a que se submetem.O Protestantismo combate o poder infalível da
Igreja, e proclama a infalibilidade individual de cada “crente”, gerando aí o
“jesus” da minha imagem e semelhança. O orgulho humano preferiu criar um
“jesus” à sua imagem e semelhança a aceitar Nosso Senhor Jesus Cristo, cujas
palavras são às vezes duras de ouvir (Jo 6, 61). Essa idolatria (não há
realmente outro nome para a adoração de uma criação humana) é infelizmente a
marca do livre-exame.Em nome dessa libertinagem relacionada às Sagradas
Escrituras surgem, no Protestantismo, defensores das mais variadas doutrinas.
Já surgiram denominações até para homossexuais! A igreja evangélica Sino de
Belém e a Acalanto são defensoras dessa prática. Assim, tal libertinagem,
infelizmente, cria espaço para as doutrinas mais absurdas possíveis.No começo do século XX, o
Reverendíssimo Leonel Franca já chamava a atenção para esta triste divisão
protestante, baseada no método da Sola Scriptura e do livre exame:“Na nova seita (protestantismo) não há
autoridade, não há unidade, não há magistério de fé. Cada sectário recebe um
livro qualquer além da bíblia de um pastor, e que o pastor lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê
sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode, enuncia um símbolo, formula
uma moral e a toda esta mais ou menos indigesta elaboração individual chama
cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem as mesmas operações e
chega a conclusões dogmáticas e morais diametralmente opostas. Não importa; são
irmãos, são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram ambos da Bíblia,
ambos forjaram com o mesmo esforço o seu cristianismo” ( In I.R.C. Pg. 212 , 7ª
ed.).Obviamente por causa dessa enorme
divisão protestante, o método do apenas “lê a Bíblia” tem surtido efeito
contrário:O indivíduo fica incapaz, de fato, de chegar
à verdade no sistema protestante. Ele lê a Bíblia individualmente e apenas
surgirá com outra doutrina inovadora, a qual entrará na coleção de tantas doutrinas
do Protestantismo. Se fosse verdade a clareza e SUFICIÊNCIA DO SOMENTE as Escrituras, então haveria apenas
uma igreja protestante; no entanto, a divisão é infindável, e comprova este
erro propagado.
SE NÃO, VEJAMOS COMO SE ENCONTRA O
PROTESTANTISMO ATUALMENTE:
Hoje, por exemplo, umas igrejas exigem o rebatismo,
outras não o exigem. Umas admitem o batismo de crianças, outras recusam-no;
umas admitem o batismo por aspersão, infusão e imersão; outras admitem só por
imersão. Há denominações que negam a presença eucarística; outras acreditam que
o pão é realmente o corpo de Cristo. Umas creem na Trindade, outras dizem que
essa doutrina é pagã. Umas guardam o sábado; outras o domingo. Umas creem na
imortalidade da alma; outras não creem. Umas negam o inferno; outras
afirmam-no. Quanto aos ministérios ordenados, uma denominação constitui Bispos,
presbíteros e diáconos; outras só presbíteros e pastores, ou pastores e
anciãos, ou também Bispos e anciãos; outras presbíteros e diáconos; outras até
inventaram Apóstolos e Bispa (embora como todos sabemos, essa última palavra
nem existe. O feminino de bispo é episcopesa); outras não admitem ministro
nenhum.. Umas igrejas ordenam mulheres, outras não. Outros pregam o “arrebatamento”
sem julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo na terra;
uns doutrinam que após a morte já vem o céu e o inferno; outros ensinam que o
inferno é temporário. Há igrejas que até admitem a poligamia. Lutero mesmo
admitiu tal possibilidade: “Confesso, que não posso proibir tenha alguém muitas
esposas; não repugna às Escrituras; não quisera, porém ser o primeiro a introduzir
este exemplo entre cristãos” (Luthers M.., Briefe, Sendschreiben (…) De Wette,
Berlin, 1825-1828, II. 259 ).Essa problemática divisão no
Protestantismo é a maior demonstração de que ele não pode estar com a verdade.
Sobre isso, tratou Lúcio Navarro (autor recifense) no seu livro já citado
“Legítima interpretação da Bíblia”:“Era
muito conceituado, em certa cidade, um professor que ensinava, havia 50 anos.
As noções que ele ministrava sobre a matemática, a história, a geografia, a
língua vernácula etc., as tinha recebido de outros mestres, ainda mais antigos
e tão conceituados como ele, os quais por sua vez também já haviam aprendido de
outros preceptores. Mas um dia apareceu um jovem aluno que se rebelou contra o
ensino de seu mestre. Não lhe agradava o método usado naquelas aulas, nem
concordava com o que nelas se aprendia. A seu ver, estava tudo errado. E
resolveu abrir uma nova escola, em oposição à do velho e ministrando uma
instrução completamente diversa. Mas todo o mundo notou logo que o ensino do
jovem revolucionário era completamente desordenado: o moço titubeava,
confundia-se, caía em evidentes contradições. Isto serviu para aumentar o
prestígio do velho professor, que podia agora dizer com desdém de seu
antagonista: vá estudar, menino, porque você ainda não está em condições para
abrir uma escola!. O grande navio,
pertencente a uma antiga empresa de navegação, singrava os mares em demanda do
seu destino, quando o velho comandante foi surpreendido pela revolta de muitos
passageiros, que o procuravam para protestar. O navio, segundo eles diziam,
estava seguindo uma direção completamente errada. Pois eles entendiam também de
navegação… Embora lhes faltasse a longa experiência, tinham, no entanto em mãos
o mesmo livro, os mesmos mapas que serviam de guia ao comandante e a seus
auxiliares e tinham chegado à mesma conclusão de que estes estavam redondamente
enganados. E diante da recusa do comandante a modificar sua rota, resolveram em
nome da liberdade, abandonar o navio, construir, eles próprios, suas
embarcações e seguir e seguir o caminho que lhes parecia mais acertado. Boa
sorte! – respondeu-lhes o comandante. Mas os passageiros que ficaram a bordo,
que tinham confiança na velha empresa, no navio, naqueles que o dirigiam, nem
tiveram tempo para ver surgir no seu espírito qualquer sombra de dúvida, porque
logo observaram que aqueles que protestaram coalhavam o mar de barcos e
barquinhos e barcaças de toda qualidade, mas cada um seguia um rumo
diferente…Esta é precisamente a história do choque entre o Protestantismo e a
Igreja Católica. Alguém que esteja de parte observando a luta doutrinária, sem
ser nem de um lado nem de outro, ao ver a grita dos protestantes e o entusiasmo
com que vivem a citar a Bíblia, pode ainda ficar com uma certa nuvem de dúvida
no seu espírito sobre se a Igreja está mesmo em perfeito acordo com as
Escrituras. Mas, se tiver o cuidado de ver os protestantes, como são, como
divergem, como discutem, como titubeiam e se contradizem, verá aumentar aos
seus olhos o prestígio da Igreja. Ela é o antigo mestre a rir-se dos ardores do
jovem revolucionário ou como o velho comandante a achar graça na cegueira dos
barqueiros improvisados. Sim, porque uma coisa está clara à vista de todos:
dizer que alguém está errado é muito fácil, porque falar é fôlego e cada um tem
o seu modo de pensar. Mas há também o
reverso da medalha: quem acusa a outro de estar em erro, tem a obrigação de
mostrar como é o certo. E é aí que se mostra com evidência todo o fracasso do
Protestantismo.”A seguir ele acrescenta:“Há no protestantismo doutrinas inteiramente
contrárias umas às outras e onde há contradição há erro, todos sabem disso,
porque o mais universal de todos os princípios é de que uma MESMA coisa não
pode ser e deixar de ser ao mesmo tempo.”Foi feita uma pesquisa nos
Estados Unidos demonstrando que entre os critérios para um evangélico escolher
sua nova igreja é o tamanho do estacionamento:É isso o que é hoje o Protestantismo. E a grande
responsável por toda essa balbúrdia é justamente a Sola Scriptura.Se
procurarmos a vantagem dessa doutrina inventada há apenas quinhentos anos,
veremos que o que ela causou foi essa enorme divisão no Protestantismo: uma
clara demonstração de que se trata de doutrina meramente humana!Krogh Tonning, famoso teólogo
protestante norueguês, convertido ao Catolicismo já afirmava:“Quem trará à nossa presença uma comunidade
protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado? Portanto uma confusão (é a regra) mesmo
dentre as matérias mais essenciais” (Le protest. Contemp.,
Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953).O próprio Lutero que apoiou-se
nessa equivocada doutrina reconheceu os malefícios que ela iria causar pelos
séculos afora:“Este
não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo
entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto,
outros aquilo, em breve serão tantas as
seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças” (Luthers M. In.
Weimar, XVIII, 547; De Wett III, 6l ).E mais sério ainda:“Se o
mundo durar mais tempo, será necessário
receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a
unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm”
(Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents,
tomo IV (7), p. 289).O protestante Samuel Weren Fels
disse que:“Na
Bíblia cada pastor procura seus dogmas e nela os encontra”.
Existem, no mundo de hoje,
aproximadamente 30.000 denominações protestantes! Como poderemos explicar tais
divisões?
Cada uma afirma ensinar a verdade!? São 30.000
espíritos santos revelando cada verdade? Ou existe apenas um Espírito Santo
revelando uma verdade diferente para cada uma delas? Como explicar a razão de
existir 30.000 divisões no Protestantismo e todas usando a mesma Bíblia? E o
interessante é que todas garantem que estão sendo verdadeiras intérpretes da
Escritura. É incrível isso. Difícil é saber realmente quem está certo diante de
tão enorme divisão.Os protestantes geralmente
afirmam que todos concordam “nas coisas importantes” - Mas,
onde é que ocorre isso? Além do mais, quais são essas coisas importantes?
Ainda, quem é capaz, afinal, de decidir com autoridade dentro do Protestantismo
o que é importante na fé cristã e o que não é, se o livre exame nega a
existência de uma autoridade? Diante de tudo isso, os
solascripturistas alegam que a Tradição também não impediu a divisão
doutrinária entre nós católicos e ortodoxos e nem mesmo entre nós católicos:No entanto, embora a Sagrada Tradição não tenha
impedido a divisão doutrinária entre Católicos e Ortodoxos, pela própria
natureza desta divisão, ela não corrobora com isto, ao contrário da Sola
Scriptura (já que embute em si própria a doutrina do Livre Exame, que torna
cada leitor o seu próprio mestre.). Contrariamente à Sola Scriptura, é
exatamente a Sagrada Tradição que possibilita o encontro de cristãos católicos
e ortodoxos.Quanto à divisão no seio do
próprio Catolicismo notemos também que ele é facilmente solucionável:Quando um católico se vê diante de ideias
conflitantes, ele consulta a posição oficial da Igreja e relaxa tranquilo, pois
ele tem certeza que a interpretação eclesiástica lhe responde séria e verdadeiramente.
Como
dizia Sto. Agostinho: “Roma locuta, causa finita est.” (Roma falou, acabou-se a
questão). No Protestantismo, porém, é totalmente o inverso, porque
quando um fiel é acometido de uma dúvida doutrinária e ele vai a um pastor para
tirar-lhe a dúvida, irá deparar-se com uma opinião particular, pessoal,
consequentemente ele não relaxará tranquilo.De fato, no sistema protestante é
impossível alguém ter a certeza plena daquilo que diz crer, pois eles confessam
abertamente que não há autoridade infalível para nos explicar a Bíblia:E como dizem isso e confessam não serem infalíveis
(e se dissessem seriam usurpadores), como, então, poderá um evangélico relaxar
tranquilo crente de que crer na verdade?E aqui ocorre o que eu acho interessante: é que
apesar de confessarem a sua falibilidade, os solascripturistas ainda querem nos
convencer de que nós católicos interpretamos erradamente as Sagradas Escrituras
e que eles é que são os legítimos intérpretes.Como, eu não sei, pois diante da Babel de interpretações
não sei no que afinal querem que nós católicos creiamos. Além disso, com que
pretensão fazem isso, pois se eles não são autoridades definitivas na
interpretação bíblica, como querem nos coagir na nossa interpretação?Afinal, todos têm direito à livre-interpretação, menos nós católicos? Há
algum versículo bíblico que proíbam os católicos de livremente interpretarem
sua Bíblia? Onde?Na realidade, no sistema
protestante ninguém pode garantir quem interpreta certo ou errado a Bíblia:Primeiro porque não acreditam em uma autoridade
final para nos garantir essa única interpretação e segundo, porque qualquer
denominação pode reivindicar o seu direito do livre-exame. Que autoridade tem
qualquer denominação para garantir que a interpretação da outra é errada e que
só a dela é a certa?Certa vez disse Nosso Senhor Jesus
Cristo:“Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore
má dá maus frutos” (Mateus 7,17). Se
julgarmos a Sola Scriptura pelos seus frutos, chegaremos a conclusão de que
essa árvore deve ser cortada, e lançada ao fogo (Mt 7,19).
Sola
Scriptura segundo pastores da seita Protestante Cacp:
I – O que Paulo ensinou sobre
Sola Scriptura aos Coríntios?
O contexto maior de I Cor 4:6 vai do capítulo 1 ao
4. O contexto é claro em mostrar que naquela época a comunidade de Corinto
estava começando a seguir os homens em vez de seguir a Palavra de Deus. Por
isso houve até divisões dentro da igreja por essa causa, pois um grupo dizia
“…Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo.”
[1.12] Não é isso o que acontece hoje com os católicos romanos quando se ufanam
em dizer que pertencem à cátedra de Pedro? Com isso eles estão violando o que
Paulo disse aqui.Gostaríamos de alistar aqui quatro textos que
formam uma unidade contextual e prova que Paulo ensinava a necessidade das
Escrituras ao invés de seguir as tradições humanas, são eles Mt 16:18 + I Cor
1:10-13 + I Cor 3:5-17 + I Cor 4:6.
1. “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela;” [Mt 16:18]
2. “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei
eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja
cada um como edifica sobre ele.” [I Co. 3.10]
3. “11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento,
além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” [I Co. 3.11]
4. “Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a
Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está
escrito…” [I Co. 4.6]
Observe que Paulo não disse, ” para que em nós aprendais a não ir além das
tradições orais que vos temos dado”. Ao invés disso Paulo coloca toda ênfase
nas Escrituras.Junta-se a isto o fato de que nesta época (c. 54
d.C) apenas uma porcentagem do NT estava escrita. Somente por volta de 90-100 é
que completou o cânon do NT. Mesmo assim Paulo não incentivou a igreja a
confiar na tradição oral, mas nas Sagradas Escrituras. Mas voltando ao assunto,
veja que Paulo aplicou metaforicamente a ele, Apolo e outros líderes como
Pedro, as figuras de “lavrador” e “construtor”.Agora vamos fazer a conexão: Jesus disse que era a
rocha (fundamento) e que sobre Ele mesmo iria edificar ou construir sua igreja.
Paulo diz que este trabalho [de edificar sobre o fundamento] caberia aos
líderes das igrejas como ele mesmo, Apolo, Pedro e outros. Mas não era para os
cristãos depositarem sua fé nas figuras [os apóstolos] mas na Palavra escrita.
Não era Pedro ou Paulo, não era uma suposta tradição oral, mas era a Palavra
escrita que não era para ser ultrapassada. Jesus pretendia construir ou
edificar sua igreja através do ensino da sua Palavra e não através de Pedro ou
Paulo.Jesus
disse, “sobre esta pedra edificarei a Minha igreja” e Paulo recomendou ao
edifício que é a igreja a não exceder as Escrituras.
II – O que Lucas ensinou sobre
Sola Scriptura?
“Visto que muitos têm empreendido fazer uma
narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los
transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da
palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o
começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em
ordem. Para que tenhas plena certeza das coisas em que foste ensinado.” [Lucas
1.1-4] O prefácio do evangelho de Lucas subentende que na
época já havia histórias da vida de Jesus sendo transmitidas oralmente. Mas
note que Lucas não diz a Teófilo para se apoiar nestas tradições, nem tampouco
confiar nelas. O que tudo indica que naquela época as informações sobre a vida
de Jesus e seus ensinamentos não eram totalmente seguras. Então ele diz a
Teófilo que após investigar cuidadosamente os fatos resolveu escrever uma
narração em ordem sobre a vida do mestre para que seu amigo pudesse ter “a
plena certeza” das coisas em que foi ensinado. Lucas 1:1-4 mostra claramente a
superioridade da Palavra escrita sobre a tradição oral que os católicos tanto
defendem. Pense bem, se a tradição oral pudesse por si mesma
transmitir a certeza das coisas, não haveria necessidade de Lucas colocar em
forma escrita o evangelho! Obviamente havia muitas tradições orais diferentes
além das palavras dos apóstolos. Teófilo não era capaz de discernir por si
mesmo quais destas tradições orais eram verdadeiras ou não. Unicamente através
da Palavra escrita, Teófilo pode saber a verdade acerca de Cristo.
RESPONDENDO A SEITA PROTESTANTE Cacp
Não sei como é que diante de tantas passagens
paulinas e lucanas que claramente enunciam a autoridade da Tradição e da Igreja
pode alguém ainda ter a ousadia de afirmar que esse apóstolo e esse evangelista
eram solascripturistas.Para cometerem esse grande absurdo, claro, terão
que desvirtuar o verdadeiro sentido dos textos bem como isolar outros. Não há
outra saída para os solascripturistas! É o que acontece com os artigos do Sr. Paulo Cristiano, presidente
do Cacp. Mas analisemos as objeções desse pastor:
I – O que Paulo ensinou sobre
Sola Scriptura aos Coríntios?
A resposta é curta: nada. Nada esse apóstolo
ensinou sobre essa heresia. Ao contrário, inúmeras vezes ele testemunhou a
autoridade da Tradição e da Igreja.Vejamos o que diz Paulo sobre a Igreja, ( e não
as escrituras) em I Tim 3,15: “A Igreja é a coluna e sustentáculo da
verdade...”Os 4 textos citados (Mt 16,18 + 1 Cor 1,10-13 + 1 Cor 3,5-17 + 1 Cor 4,6), que
juntos, conforme a pretensão do pastor, provariam a falsa doutrina da Sola
Scriptura, realmente nada provam em favor dela. De fato, o primeiro texto, como
todos já sabemos, demonstra, contrariamente aos anseios de Cristiano, a
primazia de S. Pedro.A pedra ali só pode ser Pedro, pois todo o contexto gira
em torno dele.E é regra de hermenêutica não isolar o texto do
contexto. É claro que o fundamento primário é o próprio Cristo. É dele que
emana a função petrina do apóstolo Pedro. Por isso, os dois outros textos
enfatizam Cristo como o fundamento da nossa fé. O que não contradiz a primazia
do filho de Jonas. Em outro lugar da Escritura se diz que Cristo é luz e depois
a mesma Escritura diz que os cristãos também são luzes, sem haver contradição
nisso (Jo 8,12; Mt 5,14). Os discípulos são a luz do mundo quando iluminados
pela luz do Cristo. Assim também, Pedro é pedra, o fundamento da Igreja por ser
ele dirigido e sustentado pela firmeza, pelo fundamento maior, Jesus Cristo.
Não há, portanto, nenhuma contradição nisso.Quanto ao último texto, é evidente que o
apóstolo Paulo não pretende aí contradizer aquilo que ele dizia em inúmeros
outros textos a favor da Tradição (1 Cor 11,3; 2 Ts 2,15 e 2 Tm 2,2, p. ex.).
Além disso, não estava o apóstolo orientando os coríntios a rejeitarem a
Tradição quando naquela época ainda não se tinha o NT como o temos hoje. Nem
sequer todos os escritos do NT estavam redigidos.(Será que os protestantes
acham que a bíblia caiu do céu prontinha com zíper e tudo?...).Juntando-se esses 4 textos, eles provam apenas que
devemos ter o Senhor Jesus como o centro de nossa fé e que devemos, pois, crer
em tudo o que ele diz, inclusive no primado do apóstolo Pedro.Afirma o pastor
que esses 4 textos provam que “que Paulo ensinava a necessidade das Escrituras
ao invés de seguir as tradições humanas,” Não negamos que Paulo ensinava a
necessidade das Escrituras, e isso a Igreja sempre o fez também. Mas o
Cristiano terá que convir que nesses textos não se fala da necessidade de
SOMENTE as Escrituras.Principalmente no sentido que pretende o pastor cacpista. Diz o pastor adiante
que Paulo rejeitava “tradições humanas”. Mas isso, pastor, a Igreja Católica
também o faz.É claro que tradições humanas devem ser
rejeitadas. Justamente por isso é que a Igreja rejeita a Sola Scriptura porque
ela é uma tradição humana. Ela é uma inovação doutrinária surgida apenas no
século XVI.Agora, se Vossa Senhoria pretende dizer que a
Tradição da Igreja de Cristo é tradição humana, então, aí é que está o seu
grande equívoco, pois até agora nunca, nunquinha, vi um defensor da Sola
Scriptura provar convincentemente o que vocês contraditoriamente afirmam um que
só dogma da Igreja(Se é que conhecem alguns dos 44 solenemente proclamados)
seja tradição humana.Como
Paulo estaria orientando os coríntios a se apegarem apenas ao que estava nas
Escritura e rejeitando qualquer Tradição, se ele considerava suas pregações
orais infalíveis (Gl 1,11; 1Tes 2, 3.4.13) e se ele em outro momento recomenda
a guarda das tradições escritas ou orais (2Ts 2,14.15)? Você está querendo
dizer que o apóstolo Paulo se contradiz? Ou pior: está dizendo que o Espírito
Santo, verdadeiro autor das Escrituras, se contradiz?Quanto ao argumento tirado de 1Cor
1, 12 nada depõe contra nós católicos:Ao contrário, depõe contra os solascripturistas os
quais estão divididos em diversas igrejas, e justamente por causa da Sola
Scriptura. Repetimos a pergunta do apóstolo: “está Cristo divido?”, pergunta
presente logo no versículo seguinte: o 13. Nós católicos reconhecemos que somos
de Cristo, e tão somente dele. Só que aceitamos de Cristo o primado de Pedro,
instituído por ele mesmo, conforme se lê no próprio texto de Mt 16,18, citado
no texto de Cristiano. Paulo aqui não nega a primazia petrina, como pretende o
presidente do Cacp. O que o apóstolo está questionando é nos dividirmos por
causa de preferência por certos apóstolos, quando o importante é Cristo. Além
disso, não fomos nós católicos que nos dividimos, mas os protestantes que se
dividiram de nós. Logo, o texto mais uma vez critica os solascripturistas.Se eu fosse o pastor Paulo Cristiano, jamais lembraria que 1 Coríntios fora
escrito em meados de 54 d.c, portanto, antes de diversos escritos do NT, pois
isso é um fortíssimo argumento contra a doutrina que ele pretende defender. De
fato, perguntamos ao pastor: você acha que os coríntios entenderam essas
palavras de Paulo como a enunciação da exclusividade da Escritura de que
dispunham na época?Mais grave: você acha que o apóstolo pretendeu
convencer os coríntios de que os escritos da época deles era a verdade
exclusiva de Deus?Se for assim, como Paulo conseguiu convencer
depois esses mesmos coríntios que os escritos que vieram depois dele e de
outros apóstolos, também eram palavras de Deus? Não dissera ele antes que
apenas aquilo que tinha surgido até 54 d.c é que era Palavra de Deus? Como é
que agora vem convencê-los de que surgira mais palavras inspiradas?Mais ainda: como é que depois de 54 d.c tem esse
apóstolo a coragem de dizer que suas pregações orais são infalíveis (Gl 1,11;
1Tes 2, 3.4.13)?Logo, São Paulo não ensinou Sola Scriptura.
II – O que Lucas ensinou sobre Sola Scriptura?
A resposta é a mesma que demos quanto ao apóstolo
Paulo: nada! Como Paulo, Lucas, realmente, nada ensinou sobre Sola Scriptura.
Ao contrário, ensinou totalmente o contrario. Vejamos o texto inicial desse
evangelista comentado pelo articulista protestante:Ainda antes de escrever os quatro evangelhos,
conforme afirma Lucas no introito do seu evangelho, muitos tentaram escrever
sobre Jesus: “Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se
realizaram entre nós” (Lc 1,1). O próprio Lucas reconhece que antes de
escrever o seu evangelho endereçado a Teófilo, ele consultou pessoas que foram
testemunhas oculares da pregação de Cristo (Lc 1,3).Sendo assim, Lucas demonstra explicitamente que seus escritos basearam-se na
Tradição oral dos apóstolos. Na tentativa de escapar da força da afirmação
de Lucas, Paulo Cristiano alega que embora o prefácio desse evangelho
subentenda “que na época já havia histórias da vida de Jesus sendo transmitidas
oralmente, Lucas não diz a Teófilo para se apoiar nelas, muito menos confiar
nelas.” E depois acrescenta os argumentos, que como se vê atrás, não respondem
satisfatoriamente a nossa afirmação acima.Toda a objeção de Paulo Cristiano não explica, como
vimos, por que Lucas baseou-se na Tradição oral, conforme ele mesmo confirma ao dizer
“como no-lo transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas
oculares” (v. 2) e ainda “também a mim me pareceu bem, depois de haver
diligentemente investigado tudo desde o princípio…”. O testemunho oral dos
apóstolos foi, realmente, o guia mestre do relato de S. Lucas. Mais: o
evangelista aqui está dizendo que muitos tentaram escrever acerca de Jesus, mas
que tais escritos não são totalmente fidedignos porque não se basearam na
Tradição recebida dos apóstolos, testemunhas oculares da vida do Senhor. Ele,
ao contrário, pesquisou diligentemente, ou seja, conseguiu das testemunhas
oculares a verdade sobre Cristo e essa verdade ele passou a Teófilo.Sendo assim, Lucas admitiu, realmente, que
havia inúmeras tradições sobre Cristo, inclusive escritas, mas acrescenta que
as verdadeiras são apenas aquelas colhidas diretamente das testemunhas
oculares, no caso os apóstolos. Como se vê, o evangelista não nega a
autenticidade da Tradição, mas apenas distingue a verdadeira Tradição recebida
dos apóstolos daquelas meras especulações.Assim, Lucas está duvidando da autenticidade dessas
especulações, não da Tradição oral, na qual ele afirma categoricamente ter se
baseado para fazer seu relato. Lucas, então, não diz a Teófilo para se apoiar
nestas tradições falsas, muito menos confiar nelas, mas não nega a
autenticidade da verdadeira Tradição.Observemos que Lucas questiona a veracidade
não só de algumas tradições orais como também de algumas escritas, o que
demonstra que para Lucas o problema não é a Tradição, mas a procedência dessa
Tradição.Oral ou escrita, só conserva a autenticidade se
provier dos apóstolos: “que vos aparteis de todos os que andam em desordens e
não segundo a tradição que receberam de nós” (2 Tes 3,6). E isso é exatamente a fé da
Igreja Católica.Outro detalhe: Em nenhum momento
Lucas está desvalorizando o oral, senão seria contradição. Ele mesmo baseou-se
no oral para escrever.O que ele diz no versículo 4 é que escreveu,
confirmando para Teófilo a autenticidade do que este recebeu oralmente. Após
colher essas informações dos apóstolos e antes mesmo de escrever elas eram
fidedignas.O evangelista Lucas está, pois
querendo dizer:Teófilo, das muitas coisas que você ouve ou lê
sobre Nosso Senhor, verdadeiras são apenas estas que vou te passar agora,
porque as colhi dos próprios discípulos diretos de Cristo, ou seja, porque
colhi da autêntica tradição. (Não porque foi ele que as escreveu, obviamente). Notemos
que, segundo Lucas, o que autentica o escrito é a procedência da Tradição da
qual se colheu o que foi escrito. Assim, o Evangelho lucano é veraz porque está
embasado na verdadeira Tradição, a Tradição dos apóstolos, os ouvintes diretos
do Senhor. Não é o escrito que dá validade ao oral, mas o contrário: é o oral
que autentica o escrito, simples assim.Note-se que Lucas não escreveu seu evangelho para
invalidar a Tradição que recebera, mas apenas para confirmar, como vimos, a
veracidade desta mesma Tradição. Isso é apenas a confirmação das palavras de
Paulo em 2 Ts 2, 14.15 que diz que o oral e o escrito devem ser
conservados.Além disso: Lucas não está dizendo que o oral só é reconhecido como
autêntico quando vem escrito, pois com certeza os ensinos citados eram
autênticos, mesmo antes de serem relatados ou mesmo que não o fossem. Ou será
que Lucas colheu erros dos apóstolos e os transformou miraculosamente em
verdades? Ou será que os apóstolos só falaram a verdade
ao escreverem? E suas pregações? Eram falsas? E o que dizer de 1Ts 2, 3.4, no
qual S. Paulo claramente afirma a infalibilidade de suas pregações orais?Ainda: a afirmação de que Teófilo
não conseguiria sozinho distinguir a verdadeira da falsa tradição, não é um
tremendo golpe no livre-exame? E por consequência na Sola Scriptura, já que
aquela está embutida nesta? Por que Lucas teve que investigar essas verdades
dos apóstolos? Não prova isso uma submissão à autoridade apostólica?Afirmar que somente pelo escrito é que Teófilo
conheceria a verdade, complica a situação do pastor, pois leva-nos a perguntar:
e a situação do próprio Lucas? Se o oral não é fidedigno, por que Lucas
baseou-se nele? Além disso, se Teófilo só conheceria a verdade sobre Cristo
pelo escrito, e Lucas, por que esse evangelista descobriu essa verdade, passada
a Teófilo, pela via oral, quando ainda não havia escrito o seu Evangelho? Tá
vendo a enrascada que é defender esta tradição humana de Somente as
escrituras?.Se Lucas está desconfiando de algo, e de fato
está, esse algo não é a Tradição, mas as tradições orais e escritas daqueles
que não levaram em consideração a Tradição dos apóstolos.Logo, Lucas não desmerece a importância da Tradição
apostólica para aquilo que ele compôs. A preocupação de Lucas é exatamente a
mesma de Papias, escritor do 2º século:“Não
andei procurando inovadores de ideias peregrinas, mas o código divino da fé,
promulgado pela mesma verdade. Se eu me encontrava com quem tinha convivido com
presbíteros, procurava conhecer-lhes as sentenças, o que tinham dito André ou
Pedro, Filipe ou Tiago, João ou Mateus, ou algum outro dos discípulos do
Senhor. Estava persuadido de que o
proveito tirado das leituras não poderia estar em confronto com o que eu
conseguia da palavra viva e sonora” (Euseb., Hist. Eccl. 3, 39, Migne, 20,
297).Esse testemunho de Papias bem como o de Lucas contradizem
totalmente a Sola Scriptura, pois esta nega a Tradição como suporte para a
escrita. Em outras palavras, eles estão dizendo que o escrito e o oral são
dignos de credibilidade.Um outro detalhe importante nesse contexto de Lucas
é o que ele afirma no 3º versículo “também a mim, me pareceu bem…escrevê-los
para ti…”. Ora, se Lucas pretendeu escrever um livro que segundo os
solascripturistas seria a única regra de fé, por que, porém, o evangelista diz
que escreveu tão somente porque lhe pareceu bem? E mais: e por que ele escreveu
para uma pessoa particular, no caso, Teófilo, e não para a Igreja inteira? Não
se vê o caráter circunstancial do escrito lucano? Não se vê por aí que
o evangelista não escreveu para fazer um livro que se tornaria a única regra de
fé?Quando o Evangelista diz no versículo 4 que
escreveu para que Teófilo “tenha solidez dos ensinos que ele recebera”, não
está dizendo que somente o escrito daria solidez à fé de Teófilo. Lógico que
não. Qualquer leitor vê que isso não pode ser concluído do texto.Primeiro, notemos que Lucas fala em ensino que
Teófilo já havia “recebido”, o que prova o caráter oral e autoritativo da
mensagem cristã.Segundo, observe-se que o Evangelista está apenas
dizendo que escreveu, baseado no testemunho dos apóstolos, testemunhas
oculares, para confirmar a veracidade daquilo que Teófilo já recebera via oral.
E o que garante a veracidade do que Lucas escreveu? O escrito por si só? Não! O
que garante a veracidade de seus escritos é a fonte na qual ele se fundamentou:
o testemunho oral das testemunhas oculares, a saber, os apóstolos.Logo, Lucas também não ensinou Sola Scriptura. E se nem Lucas nem Paulo
ensinaram Sola Scriptura, então, essa doutrina não é bíblica, é mera tradição
humana e protestante. E se não é bíblica deve ser rejeitada, pois como enuncia
o próprio conceito solascripturista: só é aceitável aquilo que consta na
Bíblia.Portanto, adeus Sola Scriptura!.O testemunho da Igreja primitiva depõe contra a
Sola Scriptura:Uma outra prova incontestável de que a Sola
Scriptura jamais foi usada pelos primeiros cristãos é a sua total ausência nos
escritos dos Pais da Igreja. E o pior: a Sola Scriptura não só está ausente dos
antigos escritores como também esses Pais contradizem totalmente essa doutrina.Se a Sola Scriptura fosse verdadeira, ao
verificarmos os escritos dos Pais da Igreja ali a acharíamos. No entanto, não
achamos lá nada que insinue a doutrina. O que acharemos é eles defendendo a Fé
baseando-se nas Escrituras e no ensino oral dos apóstolos, como também
reconhecendo a autoridade interpretativa da Igreja, e isso logicamente depõe
contra a Sola Scriptura. A Sola Scriptura exige SOMENTE a Escritura e nega a
autoridade da Igreja e da Tradição. Percorramos, porém, os escritos dos antigos
Pais e vejamos que testemunho quanto a isso eles nos deixam:Recomendamos ao leitor que a cada testemunho patrístico lido se pergunte: diria
isso tal pai da Igreja, se ele cresse que a Escritura é mesmo a única regra de
fé?
São Clemente de Roma (+100) nas barbas
do Cristianismo, e que conheceu pessoalmente os apóstolos disse-nos:
“Devido
às repentinas e repetidas calamidades e desventuras que se têm abatido sobre
nós, precisamos reconhecer que tardamos um pouco em voltar nossa atenção para
os assuntos de disputas entre vocês, amados; e especialmente a abominável e
ímpia rebelião, alienígena e estrangeira aos eleitos de Deus, que umas pessoas
temerárias e rebeldes inflamaram a tal loucura que o seu nome venerável e
ilustre, digno de ser amado por todos os homens, têm sido difamado. ” (Carta
aos Coríntios, Palestra, 80 D.C).Ainda na mesma carta, diz ele: “Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi
dito por nós, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno” (Carta
aos Coríntios 59,1).Diz ainda o santo: “Aceitem o nosso conselho e não terão
nada a lamentar.” (Carta aos Coríntios 58,2).Escreve ainda ele: “Sigamos a
gloriosa e veneranda norma da nossa tradição.”S. Clemente aqui explicitamente
reconhece a Tradição e o Magistério da Igreja.
S. Inácio de Antioquia,
martirizado no ano 107, conforme o historiador Eusébio de Cesaréia, Advertia:
“Antes
de tudo, as igrejas das diversas cidades, que evitassem, sobre todas as coisas,
as heresias que começavam então a se alastrar e exortava-as a se aterem tenazmente
à Tradição dos Apóstolos” (Euséb., Hist. Eccles., 3, 36 / MG, 20, 287); “Antes
exortei-vos a vos conservardes unânimes na doutrina de Deus, pois Jesus Cristo
nossa vida insepar-vel, é a doutrina do Pai, como a doutrina de Jesus Cristo
são os bispos constituídos nas diversas regiões da terra” (S. Inácio, in Ad
Ephesios, 3-4).“Onde quer que o Bispo
apareça, deixe o povo estar; assim como onde quer que Jesus Cristo esteja, lá
está a Igreja Católica.” (Sto Inácio. Carta aos Cristãos de Esmirna 8,1).“De
maneira semelhante, que todos respeitem
os diáconos como eles respeitariam Jesus Cristo, e assim como eles
respeitam o Bispo como uma tipologia do Pai, e os presbíteros como o Concílio
de Deus e o colégio dos apóstolos. Sem
estes, não se pode chamar de uma Igreja.” (Sto. Inácio. Carta aos Trallians
3,1).Não há dúvida, nesses comentários Sto. Inácio aponta para a autoridade
do Magistério eclesiástico e para a Tradição.
S. Policarpo de Esmirna,
discípulo de S. João Evangelista (+156):
“Chama
a Tradição de “a palavra que nos foi transmitida desde o princípio.” (Filip.
7,2; cfr. 3,2; 4,2). No capítulo XI, na carta a Diogneto tem-se: ”Desde que me
tornei discípulo dos apóstolos, sou doutor do povo. O que me foi transmitido,
ofereço-o aos discípulos, que são dignos da verdade.”
Veja também o testemunho de Sto. Irineu de Lião (+202):
“Quando
são [os gnósticos] vencidos pelos argumentos tirados das Escrituras retorcem a
acusação contra as próprias Escrituras, (…) E quando, por nossa vez, os levamos
à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela
sucessão dos presbíteros, então se opõem à tradição.” (Contra as Heresias 2,1-2
Livro III).Sto. Irineu também
disse: “(…) Mas, quando os hereges acusam as Escrituras, como se as mesmas estivessem
erradas, fossem desautorizadas, mutantes e como se nelas não pudessem encontrar
qualquer verdade por aqueles que são ignorantes na Tradição… E, quando em
desafio, nós lhes apontamos a mesma Tradição, que nos veio dos apóstolos, que é
resguardada pela sucessão dos antigos nas igrejas, eles se opõem a esta
Tradição, julgando-se mais sábios, não somente do que os antigos, mas,
igualmente, do que os apóstolos.” (Contra as Heresias).“Sob Clemente,
havendo nascido forte discórdia entre os irmãos de Corinto, a Igreja de Roma
escreveu-lhes uma carta enérgica, exortando-os à paz, reparando-lhes a fé, e
anunciando-lhes a Tradição que havia pouco tinham recebido dos apóstolos”
(Contra as Heresias 3, c.3,n.3) ; “Aí está claro, a quantos querem ver a verdade,
a tradição dos apóstolos, manifesta em toda a Igreja disseminada pelo mundo
inteiro…”(Contra as heresias 3, 3, 1); “Não devemos buscar nos outros a verdade
que é fácil receber da Igreja, pois os apóstolos a mãos cheias, versaram nela,
como em riquíssimo depósito, toda a verdade… Este é o caminho da vida” (Idem,
In Contra as heresias 3, 4, 1); “E se os
apóstolos não nos houvessem deixado as Escrituras, não cumpria seguir a ordem
da Tradição por eles ensinada a quem confiavam à sua Igreja? Esta norma é seguida
por muitos povos bárbaros que creem em Cristo sem papel e sem tinta, enquanto
possuem a mensagem da salvação, escrita em seu coração pelo Espírito Santo e
ciosamente conservam a antiga Tradição.” ( Idem, In contra as heresias 3, 4,1).Santo Irineu na mesma obra
escreveu: “Desde então, a mesma Tradição dos apóstolos existe na Igreja, e
permanece conosco (…). “ (Contra as Heresias 3,5,1).O mesmo Sto. Irineu ainda disse: “Portanto, a
Tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta
e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui
os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores
até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que
essa gente [os hereges] vai delirando. [...] Mas visto que seria coisa bastante
longa elencar numa obra como esta, as sucessões de todas as igrejas,
limitar-nos-emos à Tradição da maior e mais antiga e conhecida por todos, à
igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos,
Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé
anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos,
refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que
por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer
legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por
causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os
lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que
deriva dos apóstolos.” (Contra as Heresias, III,3,1-2). Grifos nossos.Disse
ainda o santo:”A mensagem da Igreja é, portanto, verídica e sólida, pois é nela
que um único caminho de salvação aparece no mundo inteiro” (Contra as Heresias
5,20,1).Aqui, Sto. Irineu não só reconhece a autoridade da Tradição dos
apóstolos como testemunha a favor do Primado da Igreja de Roma.
Tertuliano de Cartago (+220) também afirmou:
“A crença uniformemente professada por diversas
comunidades não deriva do erro, mas da legítima Tradição”. É dele ainda as
palavras: “De nada vale as discussões das Escrituras. A heresia não aceita
alguns de seus livros, e se os aceita, corrompe-lhes a integridade,
adulterando-os com interpolações e mutilações ao sabor de suas ideias, e se,
algumas vezes admitem a Escritura inteira, pervertem-lhe o sentido com
interpretações fantásticas…”
(Tertuliano séc 3 In De Praescriptionibus., c. 19 / ML, II,31). Na mesma obra,
Tertuliano assevera que onde estiver a verdadeira Igreja, “aí se achará a
verdade das Escrituras, da sua interpretação e de todas as tradições cristãs”
(Idem, De Praescript., c. 19 ML, 2, 31).“… Resta,
pois, demonstrar que nossa doutrina, cuja regra formulamos acima, procede da
tradição dos apóstolos e, por isso mesmo, as demais procedem da mentira. Nós
estamos em comunhão com as igrejas apostólicas, se nossa doutrina não difere da
sua: eis o sinal da verdade” (Tertuliano, Da Prescrição dos Hereges,
XIII-XX).
S. Clemente de Alexandria (+215), dizia:
“Mas
ele, salvaguardando a verdadeira Tradição dos ensinamentos abençoados, que nos
vêm direto dos apóstolos Pedro, Tiago, João e Paulo e foram transmitidos de pai
para filho, chegara até nós, com a ajuda de Deus para que em nós fossem
depositadas as sementes destes apóstolos.” (Stromata 1, 11). Grifos nossos.“Para nós,… que crescemos com as
Escrituras, que preservamos a correta doutrina dos apóstolos e da Igreja, que
vivemos de acordo com o Evangelho, é nos permitido descobrir as provas da Lei e
dos Profetas que eles tanto buscam.” (Stromata, 7, 104). Grifos nossos.
Hipólito de Roma (+235)
dizia:
“Justamente
por não observarem as Sagradas Escrituras e não guardarem a Tradição de algumas
santas pessoas é que os hereges criaram essas [ímpias] doutrinas” (Refutação de
Todas as Heresias 1, Prefácio).
Orígenes de Alexandria (+253):
“Firma
como princípio “que só se deve crer nas verdades ligadas às tradições
eclesiástica e apostólica” (De princ. Prae., 2).“Esta pedra é inacessível às
serpentes, é ela é mais forte que os portões do inferno em oposição, é por
causa disso que as forças dos portões do Hades não prevalecerão contra ela; mas
a Igreja, como uma construção feita pelo próprio Cristo construindo sua morada,
é incapaz de admitir que os portões do Hades prevaleçam sobre qualquer um que
esteja fora desta pedra, mas não possui forças para tal” (Orígenes, Sobre
Mateus,12,11).Orígenes disse
também:“Quando
hereges nos mostram as Escrituras canônicas – nas quais o cristão crê e confia
– parecem dizer: ‘Oh, ele está restrito’. Contudo, não cremos neles, nem
abandonamos a Tradição original da Igreja, nem acreditamos em outras coisas que
não nos foram trazidas pela sucessão existente na Igreja de Deus” (Homilia
sobre Mateus 4,6).
S. Cipriano de Cartago (+258) também dizia:
“Depois
de tudo isto, eles ainda, tendo um falso bispo que hereges lhes ordenaram,
atreveram-se a selar e carregar cartas de pessoas cismáticas e profanas para a
Cátedra de Pedro (que é) a Igreja principal, de onde surge a unidade do pastoreio.
Eles não refletiram que os romanos são
os mesmos cuja fé foi louvada publicamente pelos apóstolos, e aos quais a
descrença jamais terá acesso.” (Epist. 59,14). Grifos nossos.“Julga
conservar a fé quem não conserva esta unidade recomendada por Paulo? (Ef
4,4-6). Confia estar na Igreja quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual
está fundada a Igreja?” (S. Cipriano).É de S. Cipriano ainda o seguinte: “A
Esposa de Cristo não pode tornar-se adúltera, ela é incorruptível e casta [Cf
Ef 5,24-31]. Conhece só uma casa, observa, com delicado pudor, a
inviolabilidade de um só tálamo. É ela que nos guarda para Deus e torna
partícipes do Reino os filhos que gerou. Aquele
que, afastando-se da Igreja, vai juntar-se a uma adúltera, fica privado dos
bens prometidos à Igreja. Quem abandona a Igreja de Cristo não chegará aos
prêmios de Cristo. Torna-se estranho, torna-se profano, torna-se inimigo. Não
pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Como ninguém se pôde
salvar fora da arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja.” (Sobre a
unidade da Igreja, cap. 4). Diria isso S. Cipriano se ele fosse
solascripturista?
Lactâncio,
convertido no ano 300, disse:
“Só a
Igreja Católica é que conserva o verdadeiro culto. Esta é a fonte da verdade;
este o domicílio da fé, o templo de Deus, no qual se alguém não entrar, do qual
se alguém sair, está privado da esperança de vida e salvação eterna” (livro 4º
cap. 3º).
Veja o testemunho de Eusébio (+ ou – 317), Bispo de
Cesareia e historiador da Igreja nos tempos primitivos:
“[Os
apóstolos] Anunciaram o reino dos céus a todo orbe habitado, sem a menor
preocupação de escrever livros. Assim procediam porque lhes cabia prestar um
serviço maior e sobre-humano. Até Paulo, o mais potente de todos na preparação
dos discursos, o mais dotado relativamente aos conceitos, só transmitiu por
escrito breves cartas, apesar de ter realidades inúmeras e inefáveis a contar
[...] Outros seguidores de nosso Salvador, os primeiros apóstolos, os setenta
discípulos e mil outros mais não eram inexperientes das mesmas realidades.
Entretanto, dentre eles todos, somente Mateus e João deixaram memória dos
entretenimentos do Salvador. E a Tradição refere que estes escreveram forçados
pela necessidade. [...] Quanto a João [o apóstolo], diz-se que sempre utilizava
o anúncio oral. Por fim, também ele pôs-se a escrever pelo seguinte motivo.
Quando os três evangelhos precedentes já se haviam propagado entre todos os
fiéis e chegaram até ele, recebeu-os, atestando sua veracidade. Somente
careciam da história das primeiras ações de Cristo e do anúncio primordial da
palavra. E trata-se de verdadeiro motivo.” (História Eclesiástica Livro III,
24,3-7. Eusébio de Cesareia) Depois, Eusébio nos remete a uma imensa lista de
autores e seus respectivos livros, pelos quais deixaram para a memória cristã a
autêntica pregação apostólica.“A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra
de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde
os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso
testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido
Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus episcopal Eleutério, que
ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico
ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da
verdade chegaram até nós.” (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de
Cesareia).Veja a observação de Eusébio
quanto à degeneração doutrinária das seitas: “Extinguiram-se, pois rapidamente
as maquinações dos inimigos, confundidas pela atuação da Verdade. As heresias,
uma após outras, apresentavam inovações; as mais antigas continuamente
desvaneciam e desvirtuavam-se, de diferentes modos, para dar lugar a idéias
diversas e variadas. Ao invés, ia aumentando e crescendo o brilho da única
verdadeira Igreja católica, sempre com a mesma identidade, e irradiando sobre
gregos e bárbaros o que há de respeitável, puro, livre, sábio, casto em sua
divina conduta e filosofia. [...] Além do mais, na época de que tratamos, a
verdade podia apresentar numerosos defensores, em luta contra as heresias
ateias, não somente através de refutações orais, mas também por meio de
demonstrações escritas.” (História Eclesiástica Livro IV, 7,13.15. Eusébio de
Cesareia, + ou – 317 d.C).
S. Gregório de Nissa (+340)
testemunhava:
“Se um
problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem
firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos dos Padres” (- Quod non sint
tres dii, MG 45,117).
Veja o que Santo Atanásio de Alexandria (+373)
ensinava:
“Mas
nossa fé é correta, começando com o ensinamento do apóstolos e Tradição dos
padres, sendo confirmada por ambos os Testamentos.” (Epis 60). Esse
grande Padre da Igreja ainda dizia: “Mas
depois do demônio, e com ele, vêm todos os que inventam heresias ilegais, que
muito embora se refiram à Escritura, não mantém as mesmas opiniões que os
Santos transmitiram, e, não as conhecendo nem ao seu poder, recebem tradições
de homens caindo em erro.” (Festal Letter 2).“Estamos de acordo com o fato de
que este não é o ensinamento da Igreja Católica, nem os pais o sustentam”. (S.
Atanásio, A Epicleto, Epístola 59,3).Como se vê Santo Atanásio não
só conservava a Tradição como também cria no Magistério da Igreja. Dizia ele
ainda: “A confissão chegada a Nicéia era, afirmamos, mais suficiente e bastante
a si mesma para a subversão de toda heresia contrária à religião, e para a
segurança e desenvolvimento da doutrina de Cristo.” (Ad Afros 1) “Mas a Palavra de Deus que veio através do
Sínodo Ecumênico de Nicéia, permanece para sempre”. (Ad Afros 2) “Eles não
cometem um crime ao pensar que podem contradizer Concílio tão grande e
universal?” (De decretis 4) E como sabemos, o referido Concílio professava:
“Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica”.Veja isto ainda: “Mas o que
também é importante, deixe-nos notar que a própria Tradição, ensinamento e fé
da Igreja Católica desde o começo, que foi dada pelo Senhor, foi pregada pelos
apóstolos e preservada pelos Pais. Nisso foi fundada a Igreja; se alguém se
afasta disso, ele não é e nem deveria mais ser chamado Cristão.” (Santo
Atanásio, Cartas a Serapião de Thmuis, 1,28-).
Veja agora S. Basílio de Cesareia (+380):
“Meta
comum de todos os adversários, inimigos da sã doutrina, é abalar o fundamento
da fé em Cristo, arrasando, fazendo desaparecer a Tradição apostólica. Por
isso, eles, aparentando ser detentores de bons sentimentos, recorrem a provas
extraídas das Escrituras, e lançam para bem longe, como se fossem objetos vis,
os testemunhos orais dos Padres.” (Tratado sobre o Espírito Santo, Cap 25).Disse
ainda o santo: “Um dia inteiro não nos bastaria se quiséssemos expor os
mistérios da Igreja que não constam das Escrituras. Deixando de lado tudo mais,
pergunto de quais passagens retiramos a profissão de fé no Pai e no Filho e no
Espírito Santo. Se a extraímos da tradição batismal, de acordo com a piedade
(pois devemos crer segundo a maneira como fomos batizados), para entregarmos
uma profissão batismal, essencial ao batismo, consequentemente nos seja
permitido também glorificar conforme nossa fé. Mas, se esta forma de dar glória
nos é recusada, por não constar das Escrituras, sejam-nos mostradas provas
escritas da profissão de fé e de todo o restante, que enumeramos. Desde que há
tantas coisas que não foram escritas, e coisas tão importantes para o mistério
da piedade, ser-nos-á recusada uma só palavra, proveniente dos Pais, que nós
vemos persistir por um uso espontâneo nas Igrejas isentas de desvios, uma
palavra muito razoável, e que muito contribui para a força do mistério?”
(Tratado sobre o Espírito Santo. Cap 67.).Diz ele ainda: “Entre as verdades
conservadas e anunciadas na Igreja, umas nós as recebemos por escrito e outras
nos foram transmitidas nos mistérios, pela Tradição apostólica. Ambas as formas
são igualmente válidas relativamente à piedade. Ninguém que tiver, por pouco
que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De
fato, se tentássemos rejeitar os costumes não escritos, como desprovidos de
maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões
essenciais. Antes, transformaríamos o anúncio em palavras ocas.” (Tratado sobre
o Espírito Santo. Cap 66.).Nos dois escritos Contra Eunômio (1,1-3)
e Sobre o Espírito Santo (29, 71), diz outra vez o santo: “Considero apostólica
a firme adesão às tradições que não estão contidas na Escritura” (Cfr. 27,66;
Migne, 32,188).
Sto
Ambrósio de Milão (+397) afirmava:
“Mas,
se eles não acreditam na Doutrina dos Padres, que acreditem nos oráculos de
Cristo, nas admoestações dos anjos que dizem ‘para Deus nada é impossível’. Que
acreditem no Credo apostólico que a Igreja de Roma sempre manteve intacto.Ao despontar do dia que fora escolhido para a disputa com Simão [Mago], Pedro
[Apóstolo], levantando-se aos primeiros cantos do galo, despertou também a nós;
todos juntos, éramos treze a dormir no mesmo aposento. [...] À luz da candeia
[...] sentamo-nos todos. Pedro, vendo-nos alertas e bem atentos, saudou-nos e
começou seu discurso: ‘É surpreendente, irmãos, a elasticidade de nossa
natureza, a qual me parece ser adaptável e maleável a tudo. Digo-o apelando
para o eu mesmo tenho experimentado. Logo depois da meia-noite, costumo acordar
espontaneamente e não consigo voltar a dormir. Isto me acontece porque me
habituei a evocar em minha memória as palavras que ouvi de meu Senhor Jesus
Cristo. Desejo de as revolver no espírito, incito o meu ânimo e a minha mente a
se despertarem, a fim de que, em estado de vigília, recorde cada palavra de
Jesus em particular e as guarde todas ordenadamente na memória. Já que desejo
com profundo deleite meditar no meu coração as palavras do Senhor, adquiri o
hábito de ficar em vigília, mesmo que nada, fora deste intento, me preocupe o
espírito” (Pseudo-Clemente, século III, Recognitiones II,1).
São João Crisóstomo (354-407):
também expressava:
“Dessa
forma, irmãos, fiquem firmes e guardem as tradições que lhes foram ensinadas,
seja por palavra ou por carta. Isso deixa claro que eles não transmitiram tudo
por carta, mas que havia muita coisa também que não foi escrita. Como a que foi escrita, a não escrita
também é digna de crédito. Então vamos considerar a tradição da Igreja como
sendo digna de crédito. Isto é uma tradição? Não procure outra coisa.” (Homilias
sobre a 2ª Epístola aos Tessalonicenses 4,2).Dizia ainda o santo: “Não te
afaste da Igreja: nada é mais forte que ela. Ela é a tua esperança, o teu
refúgio. Ela é mais alta que o céu e mais vasta que a terra. Ela nunca
envelhece”.
S. Epifânio de Salamina (+403) apresenta a Tradição como um complemento da Bíblia:
“Também
a Tradição é necessária, pois que nem tudo se pode tirar da Escritura; os
apóstolos deixaram-nos uma parte de seu ensinamento nas Escrituras, os demais
acha-se nas tradições” (Haer. 41,6; Migne, 41, 1047).S. Epifânio falou também:
“A Igreja deve guardar este costume, recebido como tradição dos Pais. E quem
haverá de suprimir o mandato da mãe ou a lei do pai? Conforme o que diz Salomão, ‘tu, filho meu, escuta as correções de teu
pai e não rejeites as advertências da tua mãe’. Com isto, se ensina que o Pai,
o Deus unigênito e o Espírito Santo, tanto por escrito como sem escritura, nos
deram doutrinas, e que nossa Mãe, a Igreja, nos legou preceitos, os quais sãos
indissolúveis e definitivos” (Haer. 75,8).
O grande S. Jerônimo (+420)
também dissera:
“Você
quer uma prova da Escritura? Poderá encontrar nos Atos dos Apóstolos. E se não
restar provado com a autoridade da Escritura, o consenso de todo o mundo (=isto é, da Igreja Católica) sobre esse
assunto serve como força de comando” (Diálogo com os Luciferanos 8).
Veja o que dizia Sto. Agostinho de Hipona (+433) de quem Lutero foi admirador:
“Eu não creria no Evangelho, se a isso não me
levasse a autoridade da Igreja católica.” (Contra a Carta de Mani 5,6)
Obviamente isso é o mesmo que dizer: “Creio na Bíblia porque a Igreja me manda
crer”.“Mas
com relação àquelas observâncias que seguimos cuidadosamente e que o mundo todo
mantém, e que não vêm da Escritura, mas da Tradição, é-nos concedido
compreender que foi ordenado e recomendado que a guardássemos seja pelos
próprios apóstolos, seja pelos Concílios plenários, a autoridade que é tão
vital para a Igreja.” (Carta de Agostinho para Januário 54,1,1, 400 D.C).“Acredito
que esta prática venha da tradição apostólica, assim como tantas outras
práticas não encontradas nos escritos deles nem nos concílios de seus
sucessores, mas que, porque são observadas por toda a Igreja em todos os
lugares, acredita-se que tenham sido confiadas e concedidas pelos próprios
apóstolos.” (Sto. Agostinho, Batismo 1,12,20, 400 D.C.)“Eles guardaram o que
encontraram na Igreja; o que lhes foi ensinado, ensinaram; o que receberam dos
pais, transmitiram aos filhos.” (Santo Agostinho, Contra Juliano, 2,10,33, 421
D.C).“Assim pelo favor de Cristo somos
Cristãos católicos:” (Santo Agostinho, Carta a Vitalis, 217,5,16, 427 D.C.).“Vocês
nasceram pela mesma palavra, pelo mesmo Sacramento, mas não obterão a mesma
herança de vida eterna, a menos que retornem para a Igreja Católica.” (S. Agostinho,
Sermões, 3, 391 D.C).“Esta Igreja é santa, a única Igreja, a verdadeira
Igreja, a Igreja Católica, lutando como o faz contra todas as heresias. Ela
pode lutar, mas não pode ser vencida. Todas as heresias são expelidas dela,
como galhos inúteis são podados de uma vinha. Ela permanece fixa à sua raiz, em
sua vinha, em seu amor. As portas do inferno não a conquistarão.” (S.
Agostinho, Sermão aos Catecúmenos sobre o Credo, 6,14, 395 D.C).“Um homem
Cristão, é Católico enquanto vive no Corpo, separado é um herético, o Espírito
não segue a um membro amputado.” (Santo Agostinho).Dizia ainda o santo: “Deve
ser seguida por nós aquela religião cristã, a comunhão daquela Igreja que é
CATÓLICA, e Católica é chamada não só pelos seus, mas também por todos os
inimigos.” (Verdadeira Religião c. 7; n 12).“É óbvio que se a fé permite e a
Igreja Católica aprova, então deve ser crido como verdade” (Santo Agostinho,
Sermão 117,6).“Roma locuta, causa finita est”, ou seja, “Roma falou, acabou-se
a questão”. (S. Agostinho, Sermão 131,10).
S. Vicente de Lerins, (+450):
“Perguntando
eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e
doutrina, que norma poderia achar segura, enquanto possível genérica e regular,
para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a
resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges
nascentes, evitar seus laços e permanecer sadio e íntegro na sadia fé, há de
resguardá-la, sob o auxílio divino, duplamente: com a autoridade da Lei Divina
e com a Tradição da Igreja Católica. Sem embargo, alguém poderia objetar: Posto
que o Cânon das Escrituras é em si mais que suficientemente perfeito para tudo,
que necessidade há de se acrescentar a autoridade da interpretação da Igreja?
Precisamente porque a Escritura, por causa de sua mesma sublimidade, não é
entendida por todos de modo idêntico e universal. De fato, as mesmas palavras
são interpretadas de maneira diferente por uns e por outros. Se pode dizer que
tantas são as interpretações quantos são os leitores. Vemos, por exemplo, que
Novaciano explica a Escritura de um modo , Sabélio de outro, Donato, Eunomio,
Macedônio, de outro; e de maneira diversa a interpretam Fotino, Apolinar,
Prisciliano, Joviano, Pelágio, Celestino, e em nossos dias, Nestório. É pois,
sumamente necessário, ante as múltiplas e arrevesadas tortuosidades do erro,
que a interpretação dos Profetas e dos Apóstolos se faça seguindo a pauta do
sentir católico. Na Igreja Católica deve-se ter maior cuidado para manter
aquilo em que se crê em todas as partes, sempre e por todos. Isto é verdadeira
e propriamente católico, segundo a ideia de universalidade que se encerra na
mesma etimologia da palavra. Mas isto se conseguirá se nós seguimos a
universalidade, a antiguidade e o consenso geral. Seguiremos a universalidade
se confessamos como verdadeira e única fé a que a Igreja inteira professa em
todo o mundo; a antiguidade, se não nos separamos de nenhuma forma dos
sentimentos que notoriamente proclamaram nossos santos predecessores e pais; o
consenso geral, por último, se, nesta mesma antiguidade, abraçamos as
definições e as doutrinas de todos, ou de quase todos, os Bispos e Mestres.”
(Commonitorium).
S. João Damasceno (+749)
assim se expressou:
“Se
alguém se apresentar com um Evangelho diferente daquele que a Igreja Católica
recebeu dos Santos Apóstolos, dos Padres e dos Concílios, e que ela conservou
até aos nossos dias, não o escuteis” (Discurso sobre as Imagens 3,3).
Além
dos escritos patrísticos a respeito veja também testemunhos de alguns dos próprios
evangélicos sobre o assunto:
Heiko Oberman, historiador
protestante, afirma:
“Em
relação à Igreja pré-augustiniana, há recentemente uma tendência convergente
entre os estudiosos da Bíblia de que a Escritura e a Tradição na Igreja
Primitiva não eram excludentes: kerygma, Escritura e Tradição coincidiam
perfeitamente.A Tradição não deve ser
entendida como uma adição ao kerygma, mas como a sua pregação de forma viva: em
outras palavras, tudo que é encontrado na Sagrada Escritura está presente na
Tradição.Ela está presente no corpo visível de Cristo, inspirado e vivificado
pela obra do Espírito Santo… A Escritura e a Tradição derivam de uma única
fonte: a Palavra de Deus. Somente na Igreja este kerygma pode ser
transmitido sem falhas…” (The Harvest of Medieval Theology, Grand Rapi-ds,
MI: Eerdmans, rev. ed., 1967, 366-367)
Jaroslav Pelikan, historiador
luterano, afirma:
“Claramente
há um anacronismo em supor que as discussões dos séculos 2 e 3 derivam das
controvérsias do século 16 em relação à Escritura e Tradição, pois ‘na Igreja
ante-nicena não havia a noção de Sola Scriptura, como também não havia a Sola
Traditio.’A Tradição apostólica era pública… tão palpável que mesmo se os
apóstolos não estivessem com a Escritura em mãos para demonstrar uma norma de
suas doutrinas, a igreja ainda assim seguiria ‘a estrutura da tradição que eles
traziam a quem confiaram às igrejas’[2]. Isto foi, de fato, o que a igreja fez
nos territórios bárbaros onde o material escrito não era disponível aos
ouvintes, conservando o conteúdo da fé transmitida pelos apóstolos e sumarizada
no credo…O termo “regra de fé” ou “regra de verdade”… parece algumas vezes ter
pertencido à Tradição, outras à Escritura, outras à mensagem do Evangelho…Na
Reforma… os advogados da autoridade final das Escrituras ignoraram a função da
Tradição em conservar o que se conhecia como correta exegese das Escrituras
contras as alternativas heréticas.” (The Christian Tradition: A
History of the Development of Doctrine: Vol. 1 of 5: The Emergence of the
Catholic Tradition (100-600), Chicago: Univ. of Chicago Press, 1971, 115-117,
119).
Citações:
[1]. In Cushman, Robert E. & Egil Grislis, eds., The Heritage
of Christian Thought: Essays in Honor of Robert Lowry Calhoun, New York: 1965,
citado em Albert Outler, “The Sense of Tradition in the Ante-Nicene Church,”
29.
[2].
St. Irineu, Contra as Heresias, 3:4:1).
Edwin Tait, protestante anglicano,
escreveu:
“Com
certeza os Padres ensinaram que podiam provar suas conclusões a partir da
Bíblia. Também ensinaram que a comunhão dos bispos sucessores dos apóstolos,
reunidos em Concílio (com Roma tendo algum papel, o qual não pretendo abordar
aqui), seriam os responsáveis pela correta interpretação da Bíblia. Todo este
debate sobre a Sola Scriptura somente se tornou realidade quando um número
considerável de cristãos começaram a afirmar que os bispos reunidos em Concílio
haviam errado na interpretação bíblica durante vários séculos. Ambos os lados podem recorrer aos Pais,
porque os Pais nunca ensinaram sobre a suficiência bíblica e a autoridade da Igreja/Tradição
em discordância.” É lógico que algumas expressões dos Pais da Igreja que parecem
favorecer a Sola Scriptura precisam ser lidos à luz de tudo o que até agora foi
exposto sobre os dizeres deles. Não é por falarem da Escritura como autoridade
de fé que vamos concluir que eles defendiam a exclusividade dessa mesma
Escritura. Uma coisa não implica
outra. É impossível alguém ser solascripturista, se reconhece a autoridade
da Tradição e do Magistério da Igreja. E isso ficou claríssimo nas próprias
afirmações deles. Os Pais da Igreja acatavam apenas a suficiência material das
Escrituras, não a formal, que como vimos, exclui a Tradição e a Igreja. Logo,
fica evidente que o entendimento dos Santos padres difere totalmente do
conceito reformista sobre essa suficiência das Escrituras. Sola Scriptura
implica em negar a autoridade da Igreja e da Tradição e não foi isso, como
vimos, que os padres ensinaram.
Tudo isso já basta para demonstrarmos que os
primeiros cristãos sempre acataram realmente a autoridade da Igreja e da
Tradição. Do contrário, as afirmações atrás citadas não seriam feitas.Outra
prova incontestável de que a Igreja primitiva não acreditava na Sola Scriptura
é que os credos primitivos sempre dizem: “Creio na Santa Igreja Católica” e não
simplesmente “Creio na Santa Escritura”. Além disso, o fato de os primeiros
bispos da Igreja redigirem Cartas Apostólicas constitui outra incontestável
prova de que eles não acreditavam na Sola Scriptura, pois senão ficariam
apegados tão somente à Escritura. Além disso, se a Sola Scritptura é
verdadeiramente uma doutrina apostólica, porque não é aceita pelos Cristãos
Coptas do Egito (que se separaram da Igreja Católica há quase 1500 anos) e
pelos cristãos Ortodoxos (que se separaram da Igreja Católica há quase 1000
anos)? Se, conforme os solascripturistas, a Tradição só foi validada pela
Igreja no século XVI, por que, então, essas Igrejas que se separaram da Igreja
Católica muito antes desse século, também a conservam como regra de fé? É
impossível que eles tenham se dobrado a uma decisão da Igreja Romana. Não acha?Como se vê, a Sola Scriptura está longe de ter sido
uma doutrina de fé dos apóstolos. Ela estava totalmente ausente nos primórdios
do Cristianismo. É uma criação recente e, portanto, alheia a fé dos pimeiros
cristãos.Finalmente, temos que
concluir que todos os argumentos que apresentamos constituem uma ajuda contra
aqueles que, baseados em 2Tim 3,16-17, defendem a "Sola Scriptura". A
razão pela qual se distingue a "Sola Scriptura" da opinião católica
de suficiência material é a seguinte: a "Sola Scriptura" reclama que
não apenas a Escritura tem toda a base de dados necessária para se fazer
teologia, como também é suficientemente perspicaz (ou seja, bem clara), de
maneira que não se necessita de outras informações externas (como as que provêm
da Tradição Apostólica ou do Magistério) para se interpretar corretamente a
Bíblia. O fato de mencionar muitos fatores que minam o uso de 2Tim 3,16-17 -
cada um dos quais é fatal para se tentar usar a passagem - nos mostra que esta
não é suficientemente clara para provar a doutrina da "Sola
Scriptura". Se alguém não estiver convencido do que dissemos, mas
considerar como opinião válida qualquer um dos pontos que apresentamos, então
restará provado que 2Tim 3,16-17 não é suficientemente clara para se provar a
doutrina da "Sola Scriptura" de forma que tal citação não poderá ser
usada para essa finalidade.E assim, tendo demonstrado desde o princípio que a
passagem de 2Tim 3,16-17 (que parecia ser a mais oportuna e favorável) não é
suficientemente clara para provar a doutrina da "Sola Scriptura",
podemos afirmar, sem medo de errar, que nenhuma outra passagem estará apta para
provar essa doutrina. Isto, então, nos mostra que a Bíblia não é
suficientemente clara quanto a "Sola Scriptura", nem que possa ser
tida como verdadeira.Portanto mais uma vez
provado que a Sola Scriptura não tem base sólida em si mesma, parte de uma
autoridade Extra-bíblica, tornando-a auto refutável.
Fonte: Charles the Hammer - Traditional Catholic Apologetics
Por *Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
------------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente, e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
+ Comentário. Deixe o seu! + 2 Comentário. Deixe o seu!
Conforme consta no texto: salmo 9, 24.
Nas minhas bíblias o salmo 9 teem 20 versículos, não existe o versículo 24.
copia fiel da parte que consta sobre salmo 9, 24:
"Partindo do pressuposto do versículo Isolado do contexto este seria um prato cheio para os seguidores da Sola Scriptura, assim como para um ateu que poderia usar Salmo 9, 24 pra provar na bíblia que “Deus não Existe”.
--> Após me esclarecerem sobre salmo 9, 24 continuarei a leitura. :-)
Prezado protestante Jorge Luiz,
Este é o problema do protestantismo, não permaneceram na verdade. Até a bíblia que vocês usam foi modificada por Lutero. Se você usar a Tradução do 70 (Septuaginta pesquise sobre esta tradução), que era a bíblia usada por Cristo e os apóstolos, e que nós Católicos usamos, você verá claramente o texto em referência:
Salmo 9,24-25: “O pecador se gloria até de sua cupidez, o cobiçoso blasfema e despreza a Deus. Em sua arrogância, o ímpio diz: Não há castigo, Deus não existe. É tudo e só o que ele pensa."
Gratos pela visita,
Shalom!!!
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.