Para um sociólogo, os valores, ou seja, os
arquétipos são fundamentais para se poder “regular” uma sociedade e, a partir
daí, construir toda uma estrutura social “controlada” e “regulada”
normativamente através daquilo a que se chama direito e que é consubstanciado
nas leis.Quer então dizer que é o direito que regula as relações entre os
cidadãos (justiça comutativa) e as relações entre o Estado e os cidadãos
(justiça distributiva).
Mas para o politólogo é a política que deve
orientar o Estado, ou seja, a nação organizada, embora respeitando o direito
com as suas normas sociais, e a divisão, ou separação de poderes, ou seja: o
político, o judicial e o religioso. Quer isto dizer que não deve haver
interferência de um dos poderes nos outros – isto, evidentemente, em democracia
ocidental.
Para um Estado laico, em democracia, todas as religiões podem exercer livremente o seu “múnus” e o Estado deve garantir isso mesmo, de forma imparcial e sem expressar qualquer preferência.Ora daqui decorre que não é lícito politizar qualquer religião, ou usar de humor, ou ridicularização, de uma religião qualquer, porque isso é um acto contrário à liberdade de culto dessa religião, para já não falar em ofensas à dignidade e honra que qualquer religião deve merecer num Estado democrático.
A
tragédia é que há Estados, não democráticos, que diabolizam, por exemplo, a
religião católica e os seus valores, exortando até à destruição dos “infiéis”,
que são, para eles, todos os católicos. Ora aqui temos um problema de
“regulação” religiosa, a nível global, que só pode ser “regularizado” se houver
protocolo de não agressão, de qualquer tipo, entre todas as nações do
mundo. Só que não se pode tratar por igual aquilo que é
diferente, e acontece que existem Estados com “regimes” totalitários que
desprezam os direitos humanos, que não subscrevem acordos internacionais, e
pior, que violam convenções internacionais até na forma como fazem a guerra,
com desprezo total pela vida humana. Assim, torna-se difícil encontrar um consenso
entre países, com respeito mútuo por valores como, por exemplo, a
religião.
É que para nós OCIDENTAIS e em uma democracia, o
maior valor é a igualdade (e a reciprocidade), e é pois difícil, para não dizer
quase impossível, respeitar quem não nos respeita.
Para além disso, as “Nações Unidas” é que devem
exigir uma regulação para ser respeitada (observada) por todos os países do
planeta e impor sanções em nome da paz e da segurança do mundo.Não perceber
isto e insistir num erro, em nome da “liberdade de expressão” e de pensamento,
pretendendo com isso demonstrar superioridade civilizacional, além de uma enorme
ignorância é também um ato de profunda estupidez. Mais uma vez citamos ou
chamamos aqui à colação o desporto com os seus conceitos e o respeito por todos
os seus intervenientes, que ali são tratados por iguais, e como iguais,
independentemente dos resultados obtidos.
Essa escola de igualdade que só tem paralelo num
cemitério, já que ali todos são iguais e têm os mesmos direitos perante Deus e
os homens, podendo até dizer-se que há pessoas que são mais celebradas depois
da morte do que durante a vida.
A verdadeira religião, qualquer que ela seja,
só pode ter como objetivo e finalidade o bem temporal e eterno (da humanidade),
não podendo estar associada ao mal, à vingança e ao ódio.
Quando se fala de religião tem-se que forçosamente
de falar-se em amor ao próximo, ou seja: amar o nosso semelhante é que faz de
nós seres superiores com o único objetivo de atingir a realização pessoal
suprema, que consiste em espalhar à nossa volta a verdadeira felicidade. É
com a realização e felicidade dos outros que nos podemos realizar e cumprir o
nosso destino na terra, caminhando então para a humanização do homem, dando-lhe
a dignidade que um ser humano deve ter… Mas tudo isto se pode encontrar no
desporto quando ele é praticado como ato cultural e social, e não como ato “mercenário”.
Então sejamos corajosos e respeitemos todas as
religiões, por igual, e respondamos ao terrorismo desenvolvendo a educação e o
desporto, com o objetivo de opor ao radicalismo a democracia e a igualdade
entre todos.
Por Mário Bacelar Begonha – Sociólogo - Escreve quinzenalmente à quarta-feira para o Jornal i
Fonte: http://ionline.pt/404568?source=social
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Bom dia seria possível facultarem o contacto do Dr. Bacelar Begonha. Obrigado
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