HEBREUS 2,14-18: “Porque, na verdade, Ele (Jesus) não veio
lidar com os anjos, mas com a descendência de Abraão.Por isso convinha que em
tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote
naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.Porque naquilo que ele
mesmo,foi tentado, se compadeceu, e pode assim socorrer aos que são tentados.”
Escuto e leio, milhares de pessoas se cobrando e
cobrando dos outros um comportamento “angelical”, claro dos anjos fieis a Deus,
pois existem também os anjos caídos. O anjo,é ser superior ao ser humano em
conhecimento, e não sofre das intempéries humanas: Não se cansa e não
envelhece.Eu acredito em anjo, acho que, sempre, tem um comigo ao qual peço
ajuda, proteção,orientação, força, coragem, paciência e tudo mais. Eu que sou um ser humano, com todos defeitos da
natureza humana recaída fruto do pecado original, igual a todos os seres humanos.Se você não se
considera assim: Um ser humano pecador, e se é um recente neo convertido, é natural
querermos mudar até a nossa própria natureza humana,uma ilusão que cedo ou
tarde, pela graça e misericórdia de Deus será posta por terra. Muitos até
desistem da caminhada ao se decepcionarem consigo e com os outros simplesmente
por descobrir uma coisa básica e elementar: Somos humanos e não anjos!
Acredita
que tem gente assim ?
“Como não consigo ser Santo e não aceito que você peque, seja
santo por mim! Seja radical e verdadeiro Cristão por mim! ”
A maior prisão que podemos ter na vida é aquela
quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o
outro gostaria que fôssemos!
Geralmente quando a gente começa a viver muito
em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais
preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos
sobre nós mesmos.O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que
n’Ele havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele
que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade,
devolver-lhe a sua identidade, ser ele mesmo. Durante muito tempo eu fiquei
preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os
outros acham de mim muito pouco me importa,porque a minha salvação não depende
do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito. E quando não conseguimos ser
aquilo que pensaram e projetaram de nós, estes que pedem que sejamos santos por
eles, são os piores algozes.Querem que Deus seja misericordioso com eles, mas
não admitem a misericórdia de Deus para os outros, e pasmem, não se escandalizam
com seus próprios pecados, mas ficam escandalizados com os dos outros.
“Eu sou aquilo que
Deus Pensa de mim” (Santa Teresinha)
Não se choque e nem decepcione-se com o que vou lhe
dizer agora:
"Eu não sou anjo, não consigo ser e não quero ser, pois fui pensado e
criado por Deus não como um anjo,mas como uma pessoa com a natureza humana, e minha perfeição tende em assumir minha natureza
humana, e não angelical, a qual apesar de admirar, não pertenço a esta natureza também criada por Deus.Tenho
necessidades, e limitações humanas que um anjo não tem.Faço coisas que um anjo
não faz: tento ser solidário com o próximo, porém não é sempre que estou
disponível , tem horas que quero “jogar a toalha”, fugir.Nem sempre, sei
lidar com a minhas limitações , e minhas dúvidas,me canso, me irrito facilmente, me falta
sabedoria no dia a dia, porém,eu me dou ao direito de sentir tudo isso, pois
sou, exclusivamente e simplesmente um ser humano."
Muitos
que não conhecem a Palavra de Deus não sabem que anjo não é sinônimo de
“espírito bom”!
A palavra anjo designa uma classe de seres espirituais criados
por Deus. Todavia, parte desse grupo foi banida do céu e passou a seguir a
Satanás (Ap 12.7), logo, trata-se de anjos malignos que, embora possam passar
por anjos de luz (2Co 11.14), só têm por objetivo prejudicar os homens (2Co
12.7). A Igreja e por conguinte os Cristãos não deve se deixar envolver pelos modismos
dos que estão de fora, mas deve instruí-los sobre o verdadeiro ensino seguro e tradicional
da Santa mãe igreja a respeito dos anjos. Os
anjos aparecem e reaparecem como figuras de um discurso que reflete a
diversidade das heranças, influências e controvérsias na construção da
narrativa cristã. Ajudam a perceber a sua função programática (Deus precede a
história); performativa (Deus muda o rumo da história); e interpretativa (Deus
revela o sentido da história).
Mas do Novo Testamento destaca-se
sobretudo um duplo esforço:
1)-
Situar exatamente a figura do anjo face ao significado central de Jesus Cristo,
2)-Integrar
de uma forma expurgada e num quadro teológico novos elementos da herança da
angeolologia hebraica.
Diz-se, por exemplo, que a Lei de Moisés foi ditada
pelos anjos, e não por Yahveh diretamente (At 7,53; He 2,2). Disso deriva a
superioridade da Nova Aliança sobre a antiga, a proeminência do Filho sobre os
anjos, a primazia da profecia sobre a Lei.
O
mistério da encarnação do Verbo foi escondido aos anjos, e, por isso, Cristo
convida a reinterpretar as Escrituras, que os judeus não podem compreender
corretamente. Paulo recusa a mediação angélica (Gal 1,8; 3,19; 1Tim 2,5) que é
suplantada definitivamente pela efusão do Espírito Santo. Como mediador
supremo, Jesus abarca integralmente a função soteriológica [salvadora], e por
isso «os céus abertos» e o movimento dos anjos de Deus, de que São João fala,
na cena da vocação de Natanael, «um verdadeiro israelita», fazendo alusão à
escada de Jacob («Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os
anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem» - Jo 1,51), foram
interpretados como a manifestação de uma nova hierarquia dos céus, que passa a
ter em Cristo o referencial.
Quanto à natureza dos anjos
e ao seu enquadramento na cosmologia, o assunto não deixa de produzir espanto,
acolhendo-se naquele claro-escuro de uma linguagem que diz não dizendo, própria
da Fé e das suas representações. Um exemplo paradigmático é o de Paulo. No seu
epistolário, o Apóstolo parece ligar-se ainda, e quase desconcertantemente, a
velhas representações dos espíritos aéreos e astrais, que arriscam mediar a
relação entre o homem e Deus. Porém, revisitando esse estaleiro iconográfico, a
teologia paulina não pode ser mais veementemente clara: estas potências existem
sob o poder de Cristo glorioso, que tem submetido todo o universo (1 Cor
4,9): «para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que
estão no céu, na terra e debaixo da terra» (Fl 2,10). Podemos, por isso, concluir
que, mais importante que o esclarecimento ontológico dos personagens ou, como
no Antigo Testamento, a determinação do seu âmbito de funções, o essencial é
verificar que a angelologia é agora inseparável da cristologia. Com o seu poder
vocativo que não se dissolve, a angelologia cristã sublinha o que, de forma
lapidar, se escreve na Carta aos Colossenses: «A realidade está em Cristo» (Col
2,17).
E depois, no corpo do
Evangelho, praticamente os anjos desaparecem. Sobre as parábolas de Jesus, Paul
Ricoeur escreve um parágrafo que pode bem iluminar esta verdadeira viragem que
Jesus protagoniza:
«A
primeira coisa que pode interpelar-nos é que as parábolas são relatos
radicalmente profanos. Não há nem deuses, nem demónios, nem anjos, nem
milagres, nem tempo anterior ao tempo, como nos relatos fundadores, nem mesmo
acontecimentos fundadores como o relato do Êxodo. Nada disto, mas precisamente
gente como nós: proprietários palestinenses partindo em viagem e alugando os
seus campos, gerentes e trabalhadores, semeadores e pescadores, pais e filhos;
numa palavra: gente comum fazendo coisas comuns. Vendendo e comprando, lançando
uma rede ao mar e por aí fora. Aqui se encontra o paradoxo inicial: por um lado
estas histórias são - como disse um crítico - relatos da normalidade, mas por
outro lado, é o Reino de Deus que é dito ser como isso. O extraordinário é como
o ordinário.»
Por fim, encerro esta reflexão com uma constatação de um
filósofo antigo que percebeu logo muito cedo, ou talvez tardiamente esta
realidade dura, porém, libertadora:
Humanun sum humanun alienun a me puto: "Sou
humano e nada de humano me é estranho..." (Terêncio).
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