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Qual a relação entre Tomás de Aquino, Averróis e o racionalismo Aristotélico ?

Written By Beraká - o blog da família on sábado, 15 de março de 2014 | 21:47








COMENTÁRIOS DO BLOG BERAKASH: São Tomas de Aquino utilizando-se dos pensamentos de Aristóteles na idade média, faz uma adaptação ou releitura dos textos adaptando-os ao cristianismo. A partir desse ponto surge a chamada filosofia Aristotélica-Tomista. São Tomás é famoso por ter cristianizado a filosofia de Aristóteles, à semelhança do que fez anteriormente Agostinho de Hipona com a filosofia de Platão. Tomas transformou o pensamento desse sábio filósofo grego num padrão aceitável pela igreja católica. Apesar de Aristóteles não ter conhecido a revelação cristã, como diz Tomás, a obra de Aristóteles, é original, autêntica na busca da verdade, e paralela aos dogmas, ela está em harmonia com o saber contido na Bíblia. Tomás aplica o melhor do pensamento de Aristóteles na teologia. Portanto, o grande mérito deste santo doutor da Igreja foi a síntese do cristianismo numa visão aristotélica do mundo introduzindo o aristotelismo, que redescoberto na Idade Média através da  escolástica, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base racional-filosófica para a teologia e retificando o materialismo exacerbado de Aristóteles. Em suas duas "Summae", sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época : são elas a "Summa Theologiae", a "Summa Contra Gentiles". A partir de Tomás de Aquino, a Igreja tem uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus.Tomás sempre sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida. E a essência do mal é a privação ou ausência do bem.Além da sua Teologia e Filosofia, Tomás desenvolveu também uma Teoria do Conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao "Príncipe" de Maquiavel.Santo Tomás de Aquino é a figura mais destacada do pensamento cristão medieval. Elaborou os princípios da doutrina cristã numa síntese filosófica que teve como base o pensamento de Aristóteles, através das traduções de Averróis, um filósofo árabe.







I - Aristóteles: Talvez o maior filósofo grego (384-322 a.C.):


Foi discípulo de Platão. Aos dezessete anos de idade mudou-se de Estagira, sua cidade natal na Macedônia, para Atenas, ingressando na academia do seu mestre, com quem esteve durante vinte anos. Foi ele um dos precursores da teoria da evolução e um dos considerados grandes homens que mais ênfase deu à doutrina da imortalidade da alma. Segundo a sua teologia Deus não é criador, pois a matéria criada é indigna da perfeição divina (Enciclopédia Universo, Editora Delta, p. 366). Para ele, segundo a mesma referência, o homem se caracteriza pela razão.A filosofia de Aristóteles esteve durante muitos séculos esquecida. Note-se o testemunho histórico: Durante os períodos helenístico e grego-romano, a influência da filosofia aristotélica foi limitada.




Foram os árabes, com Averrois, e os europeus ocidentais do século XII que redescobriram Aristóteles.




A princípio, a propagação das idéias aristotélicas inquietou a igreja; mas no século XIII São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, fez uma síntese da filosofia aristotélica com os dogmas cristãos, da qual se originou a Escolástica.As pesquisas científicas, já nos séculos XVI e XVII, condenaram a física aristotélica através de Galileu e Descartes. A lógica de Aristóteles, porém, permaneceu inabalável.










II - QUEM FOI O FILÓSOFO ARISTOTELISTA MUÇULMANO AVERROIS ?




(Averróis: Córdoba, 1126 + Marraquexe, 1198)



Foi um filósofo,médico e polímata muçulmano andaluz conhecido pelo nome de Averróis, distorção latina do antropônimo árabe.



Membro de uma família de juristas, estudou Medicina e Filosofia. É um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles. Aliás, o próprio Aristóteles foi redescoberto na Europa graças aos árabes, e os comentários de Averróis que muito contribuíram para a recepção do pensamento aristotélico. Averróis também se ocupou com astronomia e direito canônico muçulmano. Sua filosofia é um misto de aristotelismo com algumas nuanças platônicas. A influência aristotélica se revela em sua ideia da existência do mundo de modo independente de Deus (ambos sendo co-eternos) e de que também não existe providência divina. Já seu platonismo aparece em sua concepção de que a inteligência, fora dos seres, existe como unidade impessoal.




No âmbito religioso, sua interpretação do corão propõe que: 



1)- Há verdades óbvias para o povo.

2)- Místicas para o teólogo.

3)- E científicas para o filósofo-estudioso.



E para Averróis estas podem estar em desacordo umas com as outras. Havendo o conflito, os textos devem ser interpretados alegoricamente. É daí que decorre a ideia que lhe é atribuída de que existem duas verdades, onde uma proposição pode ser teologicamente falsa e filosoficamente verdadeira e vice-versa.







Dentre suas várias obras, uma das mais célebres é a intitulada Destruição da destruição (em árabe Tahafut al-tahafut), também conhecida como Incoerência da incoerência, onde defende o neoplatonismo e o aristotelismo dos ataques de outro filósofo árabe: al-Ghazali, também conhecido como Algazali. Seu pensamento provocou sérias discussões entre os cristãos latinos da Universidade de Paris. Como resultado, muitos aderiram à concepção de uma filosofia pura e independente da teologia cristã, e formaram um grupo chamado de averroístas latinos.




Os averroístas aceitam, com Aristóteles, a concepção de Deus como motor imóvel que move eternamente um mundo eternamente existente não feito nem conhecido por ele.




Esta tese da eternidade do mundo se choca com as concepções cristãs. Os averroistas postulam que a alma individual do homem é perecedora e corruptível; isto é, não é imortal.



Finalmente, os averroístas defendem a teoria da dupla verdade:



1)- A verdade teológica da fé.


2)- A verdade filosófica da razão. 


Portanto,segundo os averroistas, é verdade, de acordo com a fé, que a alma é imortal e o mundo é criado; mas também é verdade, de acordo com a razão, que a alma é corruptível e o mundo é eterno.




Daqui se retirou, nos séculos XVIII e XIX, a defesa de uma total autonomia da razão perante a fé, que se opõe à tese agostiniana de que a verdade é única.




As teses averroístas mais radicais foram condenadas pela Igreja Católica.Tomás de Aquino, tendo sido um seguidor de Averróis, opôs-se no entanto ao seu naturalismo exclusivamente racional. 



Ernest Renan, o célebre autor francês da Vida de Jesus, onde se nega toda e qualquer intervenção do sobrenatural, iniciou a sua carreira acadêmica escrevendo sobre Averróis e o Averroísmo.Pela qualidade e pela amplitude da sua atividade como comentarista de Aristóteles é conhecido como «o Comentador». Escreveu diversas obras polêmicas e médicas, mas são os seus comentários os que exercem uma influência decisiva no Ocidente para a adoção do aristotelismo. Escreveu também um importante tratado médico (Generalidades).



Averróis teve o favor e a proteção dos califas da Espanha até que foi desterrado por al-Mansur, que considerou as opiniões do filósofo desrespeitosas e em desacordo com o Corão.




Para Averróis, na filosofia de Aristóteles se encontra a mais alta verdade, considerando este filósofo grego um presente de Deus para auxiliar as pessoas a conhecer tudo que possa ser conhecido, em especial o conhecimento da verdade.




A filosofia busca esta verdade através da razão, mas a razão filosófica para Averróis deve ser protegida e amparada pela religião, pois se tanto a filosofia como a religião buscam a verdade, não pode haver discordância entre as duas.Quando houver diferença entre as duas, o texto religioso deve ser interpretado utilizando-se dos instrumentos racionais da filosofia, porque na razão é encontrada a única verdade. As diferenças entre filosofia e teologia são somente diferenças de interpretação.




A religião dos filósofos é buscar conhecer tudo profundamente e esse é o melhor culto que eles podem manifestar a Deus: conhecer intimamente a sua obra. A filosofia deve se preocupar com investigações teóricas do fundamento das coisas e a religião deve se preocupar com a moralidade das ações humanas.





Averróis divide a inteligência, ou seja, o entendimento humano em duas partes, o intelecto potencial e o intelecto possível ou ativo:




1)- O intelecto potencial é a inteligência de cada ser humano, de cada indivíduo, e ele é potencial porque pode ou não se desenvolver, da mesma forma que podemos ou não ver as cores dos objetos dependendo se temos ou não luz. A luz que vai possibilitar o intelecto potencial desenvolver suas capacidades é o intelecto possível, que é uma emanação divina e nele se ligam todos ou outros intelectos.Os conhecimentos produzidos por todas as inteligências humanas, por todos os intelectos potenciais, ficam acumulados no intelecto possível. A inteligência humana individual é uma fantasia, uma imaginação que é retirada do intelecto possível. A alma reflete em partes e de forma deturpada a inteligência suprema do intelecto possível. 



2)-O intelecto ativo ou possível é como o sol que através dos seus raios ilumina o intelecto humano potencial e o possibilita ver todas as coisas em suas exuberantes cores.Dessa forma, o conhecimento e a ciência são eternos e não podem perder os seus componentes essenciais. A ciência é como o sol que ilumina todos os outros conhecimentos humanos. Os indivíduos com suas criações, conhecimentos e filosofias podem morrer, mas a ciência em si não morre, porque é universal e está conectada com todos os humanos.




Averróis nega a imortalidade da alma. Acredita ainda que o conhecimento da ciência é o único caminho para atingirmos a felicidade, o êxtase espiritual e religioso. A vida de todos os homens tem fim com a morte. E a alma humana nasce e morre com o corpo.



 

Jacob Anatoli traduziu suas obras do árabe para o hebraico nos ano de 1200. Seus escritos influenciaram o pensamento cristão da Idade Média e do Renascimento. No final do século XII, uma onda de fanatismo invade Al-Ándalus depois da conquista dos Almóadas, e, Averróis é desterrado e isolado na cidade de Lucena, perto de Córdova, proibindo-se as suas obras. Meses antes de sua morte, no entanto, foi reivindicado e chamado à corte em Marrocos. Muitas de suas obras de lógica e metafísica foram perdidas definitivamente como consequência da censura. Grande parte de sua obra tem sobrevivido somente através de traduções em hebraico e latim, e não em seu original em árabe. Seu principal discípulo foi Ibn Tumlus (Alcira, provincia de Valencia, 1164-1223), que o sucedeu como médico de câmara do quinto califa almóada Al-Nasir.

 

 

 

A filosofia do conhecimento de Averróis

 

 

A noética de Averróis, formulada em sua obra conhecida como “Grande Comentário”, parte da distinção aristotélica entre dois intelectos:

 

1º)-O nous pathetikós (intelecto receptivo).

 

2º)-E o nous poietikós (intelecto agente)

 

 

Esta noética de Averrois permitiu desligar a reflexão filosófica das especulações míticas e políticas. Averróis se esforçou para esclarecer como pensa o ser humano e como é possível a formulação de verdades universais e eternas por parte de seres perecíveis.

 

 

O filósofo Averróis se distancia de Aristóteles ao salientar a função sensorial dos nervos e ao reconhecer no cérebro a localização de algumas faculdades intelectuais (imaginação, memória, etc).

 

 

Averróis situa a origem da intelecção na percepção sensível dos objetos individuais, e, especifica o seu fim na universalização, que não existe fora da alma (o princípio dos animais):

 

 

O processo consiste em sentir, imaginar e, finalmente, captar o universal. Este universal tem, além disso, a existência como ela é para o que é particular. Em todo caso, é o intelecto ou entendimento o que proporciona a universalidade ao que parte das coisas sensíveis. Assim, em sua obra Tahâfut, expõe a necessidade de que a ciência se adapte à realidade concreta e particular, pois não pode haver conhecimento direto dos universais.

 

 

A concepção do intelecto em Averróis é cambiante, mas em sua formulação mais ampla distingue quatro tipos de intelecto, ou seja, as quatro fases que atravessa o entendimento na gênese do conhecimento:

 

1)-O material(receptivo).

 

2)-O habitual(que permite conceber tudo).

 

3)-O agente(causa eficiente e formal de nosso conhecimento, intrínseco ao homem e que existe na alma).

 

4)-O adquirido(união do homem com o intelecto).

 

 

Averróis distingue, ainda, entre dois sujeitos do conhecimento (mais propriamente:

 

1º)-Os sujeitos dos inteligíveis em ato: o sujeito mediante o qual esses inteligíveis são verdadeiros (as formas que são imagens verdadeiras)

 

2º)-E o sujeito pelo qual os inteligíveis são um ente no mundo (intelecto material).

 

 

Conseqüentemente, o sujeito da sensação (pela qual é verdadeira) existe fora da alma e o sujeito do intelecto (pelo qual este é verdadeiro), dentro.

 

 

Transcendência

 

 

Apesar da condenação das 219 teses averroístas por parte do bispo parisiense Étienne Tempier em 1277, por causa de sua incompatibilidade com a doutrina católica, muitas destas sobreviveram mais tarde na literatura das mãos de autores como Giordano Bruno ou Pico della Mirandola. Assim, encontramos nestes autores uma defesa da superioridade da vida contemplativa-teórica frente à vida prática (de acordo com a tese defendida por Aristóteles em sua Ética Nicomáquea, ou em uma reivindicação do carácter instrumental-política da religião como uma doutrina destinada ao governo das massas incapazes de se dar uma lei a si mesmas por meio da razão. A lei religiosa, havia dito Averróis em sua Tahafut al-tahafut, proporciona a mesma verdade que o filósofo alcança indagando na causa e natureza das coisas; no entanto, isto não significa que a filosofia atue de modo algum nos homens cultos como substituto da religião: “os filósofos crêem que as religiões são construções necessárias para a civilização...” A existência da religião também é necessária para a integração do filósofo na sociedade civil.

 

Outras teses que encontramos em Averróis são:

 

1)-Que o mundo é eterno.

 

2)-Que a alma está dividida em duas partes, uma individual perecível (intelecto passivo) e outra divina e eterna (intelecto ativo).

 

3)-O intelecto ativo é comum a todos os homens.

 

4)-O intelecto ativo se converte em intelecto passivo quando se está unido à alma humana. Quando a faculdade imaginativa do homem recebe as imagens que lhe proporciona a atividade dos sentidos, transmite-as ao intelecto passivo. As formas, que existem em potencial em tais imagens, são atualizadas pelo intelecto ativo, convertendo-se em conceitos e julgamentos. (A fim de salvar a incompatibilidade das teses averroístas com a doutrina cristã, Siger de Brabant propôs a doutrina da dupla verdade, segundo a qual há uma verdade religiosa e uma verdade filosófica e científica. Esta doutrina seria adotada pela maioria dos defensores europeus do averroísmo).

 

 

Resumo do Kitab fasl al-maqal - Tratado decisivo que determina a natureza da relação entre Religião e Filosofia

 

 

-A Lei obriga a fazer estudos de Filosofia.

 

-Se os estudos teológicos do mundo são filosóficos, e a Lei obriga a realizar tais estudos, então, a Lei obriga a fazer filosofia. A Lei obriga a realizar estes estudos.

 

-Estes estudos devem ser realizados da melhor maneira, através do raciocínio demonstrativo.

 

-Para dominar este instrumento, o pensador religioso deve levar a cabo um estudo preliminar de lógica, da mesma maneira que um advogado tem que estudar o raciocínio jurídico. Isto não é mais herético em um caso que no outro. E a lógica tem que ser aprendida dos mestres da Antigüidade, independentemente do fato de que não sejam muçulmanos.

 

-Depois da lógica devemos proceder a filosofar corretamente. Também aqui devemos aprender de nossos predecessores, como nas matemáticas e nas leis. Portanto, é errado proibir o estudo da filosofia antiga. O perigo que pode apresentar é acidental, tal como o perigo de tomar remédio, tomar água ou estudar leis.

 

-Para cada homem a Lei tem previsto um caminho para a verdade de acordo à sua natureza, através de métodos demonstrativos, dialéticos ou retóricos.

 

-A Filosofia não contém nada que se opõe ao Islã.

 

-A verdade demonstrativa e a verdade das escrituras não podem estar em conflito.

 

-Se o significado aparente das Escrituras está em conflito com as conclusões da demonstração, então devem ser interpretadas alegoricamente, isto é, metaforicamente.

 

-Com relação à estas questões tão difíceis, o erro cometido por um juiz qualificado na matéria é perdoado por Deus, enquanto que o erro por parte de uma pessoa não entendida na matéria não é perdoado.

 

-As interpretações filosóficas das Escrituras não deveriam ser ensinadas à maioria. A Lei fornece outros métodos para ensinar.

 

-O propósito das Escrituras é ensinar as ciências teóricas e práticas e a prática e as atitudes corretas.

 

-Quando se usam símbolos, cada tipo de pessoas, demonstrativas, dialéticas ou retóricas devem tratar de entender o sentido interior simbolizado ou subtrair o conteúdo com o sentido aparente, de acordo com as suas capacidades.

 

-Explicar o sentido interno para pessoas que não estão capacitadas para entender, é destruir a sua fé no sentido aparente sem substituí-lo por outra coisa. O resultado é a descrença em alunos e professores. É melhor para o estudioso professar a ignorância, citando o Corão sobre os limites da compreensão humana.

 

-Os métodos apropriados para ensinar as pessoas estão indicados no Corão, como fizeram os primeiros muçulmanos. As partes populares do Livro são maravilhosas em responder às necessidades de todo tipo de mentes.

 

 

 

Averróis na literatura

 

 

-Averróis é o protagonista da história “La busca de Averroes” em El Aleph, de Jorge Luis Borges.

 








III - Tomás de Aquino (1226-1274) 




Nasceu em Nápoles, sul da Itália, e faleceu no convento Fossanuova, próximo de sua cidade natal, aos 49 anos de idade. É considerado o maior filósofo da escolástica medieval.



A filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo), nasceu com objetivos claros:



Não contrariar a fé. A finalidade de sua filosofia era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo.Reviveu em grande parte o pensamento aristotélico com a finalidade de nele buscar os elementos racionais que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da religião católica.



Tomás de Aquino enfatizou a importância da realidade sensorial, e para isto ressaltou uma série de princípios considerados básicos:



1)- Principio da não contradição: O ser é ou não é. Não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo sob o mesmo ponto de vista.


2)- Principio da substância: Na existência dos seres podemos distinguir a substancia (a essência, propriamente dita, de uma coisa, sem a qual ela não seria aquilo que é), do acidente (a qualidade não essencial, acessória do ser).


3)- Principio da causa eficiente: Todos os seres que captamos pelos sentidos são seres contingentes, isto é. Não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas existências. Para existir, o ser contingente depende de outro ser, chamado de ser necessário.


4)- Principio da finalidade: Todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de um objetivo, de uma razão de ser.


5)- Principio do ato e da potência: Todo ser contingente (casual) possui duas dimensões: o ato e a potência. O ato representa a existência atual do ser, aquilo que está realizado e determinado. A potência representa a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência para o ato que explica toda e qualquer mudança.



O filósofo escolástico empreendeu uma sistematização da doutrina cristã que se apóia em parte na filosofia aristotélica, mas que contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo tais como:



a)- O conceito de criação de um deus único.


b)- A ideia de que o vir-a-ser , não é autodeterminado,mas precede de Deus.


c)- Santo Tomás introduziu uma distinção entre o ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno que é Deus: Deus é ato puro, não há o que se realizar ou se atualizar em Deus, pois ele é completo. Ele dirá que Deus é ser, ou seja, Deus é o Ser que existe como fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes participam de seu Ser.O Ser é diferente da essência, pois as criaturas são seres não necessários. É Deus que permite ás essências realizarem-se em entes, em seres existentes.


d)- As 5 provas da existência de Deus: Outro aspecto fundamental da filosofia tomista é a prova da existência de Deus. Em um de seus mais famosos livros, a Suma teológica, Santo Tomás propõe cinco provas da existência de Deus:



1)- O primeiro motor – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar a um primeiro ser movente, que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus.


2)- A causa eficiente – todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente de suas existências. Devem ser considerados efeitos de alguma causa. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa primeira é Deus.


3)- Ser necessário e ser contingente – este argumento é uma variante do segundo. Afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.



4)- Os graus de perfeição – em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se firmar a existência de graus diversos de perfeição. Assim afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira. Se uma coisa possui “mais ou menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que deve existir um ser com o máximo dessa qualidade, no nível da perfeição. Um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus.



5)- A finalidade do ser – todas as coisas brutas que não possuem inteligência própria. Existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro. Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.



Esse mérito de Tomaz de Aquino, o proclamou, pela Igreja católica, como o "Doutor Angélico" e "Doutor por Excelência". Tomás de Aquino é permanentemente reverenciado nos meios católicos pelos filósofos e professores de filosofia.Entre os santos é considerado o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios.




No entanto, filósofos não cristãos, como Bertrand Russell questionam os méritos filosóficos de Tomás de Aquino, considerando-os insuficientes para justificar sua imensa reputação. Em que pese essa discordância de opiniões sobre os méritos de Tomás de Aquino, é praticamente unânime o reconhecimento de que sua obra filosófica representou o apogeu do pensamento medieval católico. O tomismo, entretanto, foi sendo progressivamente questionado pelos movimentos filosóficos que se desenvolveram na Renascença e na Idade Moderna.Tomás de Aquino, santo por decreto papal, é considerado o maior teólogo da igreja católica.Seus conceitos ainda hoje permanecem como alicerce e coluna dos cânones da igreja de Roma.




Desta constatação dois interessantes pensamentos surgem para reflexão:




1)- O primeiro: toda a teologia de São Tomás de Aquino é basicamente inspirada na filosofia de Aristóteles (o próprio papa São João Paulo II considerava-se um papa aristotélico, segundo suas próprias afirmações).


2)- O segundo: quase todas as igrejas que se dizem evangélicas ou protestantes também seguem o pensamento tomístico ou de São Tomás de Aquino e, por extensão, o pensamento aristotélico, seja de forma consciente ou não.




Tomás de Aquino teve a mais absoluta liberdade para cogitar sobre os mais variados assuntos teológicos. Eis o que sobre isso diz a História:





"Dentro dos limites da fé, as inteligências mais brilhantes da Igreja gozaram, freqüentemente, da mais alta liberdade para especular sobre assuntos fundamentais, como a natureza de Deus e a imortalidade da alma. Na Idade Média, período de maior poderio e solidez da Igreja do Ocidente, assistiu-se a um extraordinário desabrochar da filosofia religiosa. O pensamento medieval atinge o seu apogeu com as obras monumentais de São Tomás de Aquino, um italiano profundamente influenciado pelas idéias do antigo filósofo grego Aristóteles.Com o tempo, porém, o seu pensamento acabou por ser aceito como a filosofia oficial da Igreja Católica" (A História do Homem nos Últimos Dois Milhões de Anos, p. 291).











São inúmeros os testemunhos históricos que comprovam a influência de Aristóteles no catolicismo e cristianismo denominacional mesmo nos dias atuais. Merece destacar aqui o seguintes:




São Tomás de Aquino foi o teólogo e filósofo cristão mais respeitado na Idade Média, autor de novo conceito filosófico e teológico (segundo o qual a razão não se opõe à fé), baseado nos princípios filosóficos de Aristóteles e na revelação divina. Sete anos passou frei Tomás lecionando e meditando em Paris. E começou a elaborar sua doutrina que, mais tarde, seria aceita pela Igreja e conhecida como Tomismo. Tomás de Aquino contribuiu decisivamente para mudar a atitude da Igreja ante a filosofia de Aristóteles, que era rejeitada, bem como a dos demais pensadores gregos antes de Cristo, como pensamentos meramente pagãos e indignos de atenção.



As conclusões de Tomás de Aquino foram outras:




Primeira: a filosofia de Aristóteles não era necessariamente pagã pelo mero fato de ter o filósofo nascido antes de Cristo, afinal os gregos e principalmente Aristóteles, tinham também uma concepção de Deus.


Segunda: a razão, dada ao homem por Deus, não se choca necessariamente com a fé.


Terceira: a revelação divina orienta a razão e a complementa (venha a fé, por suplemento, se os sentidos nos faltar). Essas conclusões resumidas na principal obra de Aquino, a Suma Teológica , foram aceitas pela Igreja e ainda são consideradas válidas (Tomás de Aquino O Santo Que Teve Fé na Razão, p. 64).





Eis a resenha de alguns pontos a respeito do tema enfocado:



Sócrates (470-395 a.C.) e Platão (427-347 a.C.), os dois grandes filósofos gregos, com seus ensinamentos, fizeram com que despertasse o interesse pela natureza do homem.A primeira doutrina sistemática dos fenômenos da vida psíquica foi formulada, na antiga Grécia, por Aristóteles. Nos três livros De Anima, ele se pronuncia, como introdução, sobre a tarefa da psicologia. Aristóteles acredita que as idéias e, conseqüentemente, a alma, seriam independentes do tempo, do espaço e da matéria e, portanto, imortais. Em 1250 com Tomás de Aquino as obras de Aristóteles alcançaram um notável estado de perfeição. A determinação aristotélica das relações corpo-alma e as questões ligadas a elas sobre as diferentes funções psíquicas tornaram possível a este santo da Igreja medieval uma união quase total da psicologia aristotélica com as doutrinas da Igreja (BRAGHIROLLI, Elaine Maria, Psicologia Geral, p. 13).






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16 de maio de 2016 às 17:15

Muito bom, tudo oq já estudei sobre o Tomás bate igualmente com o conteúdo, e não encontrei tantas informações sobre o Averrois
Parabéns, continue na verdade, e peça ao Espirito Santo que te mostre mais sobre ela
vlws

18 de janeiro de 2019 às 07:43

Excelente base de conhecimento pra o ser humano animal racional.

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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