Política é um tema
evitado por muitos brasileiros, que se sentem desmotivados a votar devido a uma
série de questões:
“Os tantos casos de corrupção,
a distância entre políticos e seus eleitores, a imensa quantidade de candidatos
a serem avaliados numa eleição.”
Este ano, tanto os
políticos quanto alguns setores da sociedade começaram a se mobilizar numa
discussão sobre o modelo eleitoral adotado no Brasil.
As
principais propostas dessa reforma política são o voto distrital e o voto
proporcional misto.
Os dois modelos
possuem defensores e opositores, com justificativas diversas.
Leia algumas delas
nos textos de apoio e depois elabore uma dissertação argumentativa avaliando o
que deveria ser modificado em nosso sistema de votação e a viabilidade da
adoção, no Brasil, de um desses modelos.
Diga qual dos dois
modelos lhe parece melhor e justifique seu ponto de vista.
Tendo como base as
ideias apresentadas nos textos abaixo, os inscritos fizeram uma dissertação
sobre o tema Reforma política no Brasil: qual o melhor modelo de votação?
1)- Voto proporcional misto:
A reforma política,
hoje em discussão no Congresso Nacional, tem um objetivo básico: “alterar
a lógica perversa do funcionamento do sistema eleitoral atual.”
Quatro
temas são de grande importância para a verdadeira democratização da política
brasileira:
1)- O combate à
influência do poder econômico, por intermédio do financiamento público
exclusivo, com forte redução dos custos de campanha;
2)- O fortalecimento
dos partidos;
3)- A manutenção do
sistema proporcional;
4)- A ampliação da
participação da sociedade na política.
Para alcançar essas
metas, nossa proposta é que cada eleitor passe a ter direito a dois votos:
1)-No primeiro, ele
vota numa lista de candidatos do partido de sua escolha;
2)-No segundo, ele
vota no candidato da sua preferência.
No caso da lista, defendemos
que os candidatos sejam definidos em votação secreta pelos filiados ou
convencionais dos partidos.
Assim, em cada
Estado, metade das vagas conquistadas pelos partidos será destinada aos
candidatos ordenados na lista, e a outra metade será destinada aos candidatos
nominalmente mais votados, mantendo o sistema proporcional.
Essa proposta
valoriza a representação proporcional e estimula o fortalecimento da vida partidária,
ao instituir as votações das listas preordenadas.
[Deputado
Henrique Fontana (PT-RS), Folha de S. Paulo, Tendências/Debates, 27/08/2011]
2)- Voto distrital:
Somos contrários à
proposta de reforma do sistema eleitoral do deputado Henrique Fontana (PT-RS),
pois, se aprovada, pioraria os já conhecidos problemas de nosso sistema
eleitoral.
Segundo
a proposta, o eleitor votaria duas vezes.
O primeiro voto seria
computado como hoje; no segundo voto, em lista, o eleitor perderia o direito de
eleger diretamente seus candidatos.
“Mas quem escolheria essa lista?
Os caciques dos partidos!!!”
(...) Com o voto
distrital, seria fácil entender os caminhos do voto, e o custo de acompanhar o
processo eleitoral, pela facilidade do sistema (o mais votado em dois turnos ganha
no distrito), seria bem menor.
Na prática, o eleitor
precisaria acompanhar apenas um representante. Também o eleito teria incentivos
para lutar pelas demandas do distrito, aproximando representante e
representado.
“Pelo lado dos custos
das campanhas, os candidatos não teriam que percorrer todo o Estado, mas apenas
uma região muito menor (o distrito), de modo que a demanda por financiamento
cairia, segundo alguns estudos, de 50% a 70%.”
Como
funcionaria o sistema distrital (ou majoritário)?
O país todo seria
dividido em distritos -áreas com limitações geográficas parecidas e número
similar de eleitores - de acordo com o número atual de deputados a que cada
Estado tem direito. São Paulo, por exemplo, continuaria a
eleger 70 representantes para a Câmara (70 distritos, sendo um por distrito).
[Felipe Salto, economista, e José Emygdio de Carvalho
Neto, administrador público, Folha de S. Paulo, Tendências/Debates, 27/08/2011]
Como
aumentar o peso do seu voto:
O modelo atual brasileiro
de votação para a Câmara dos Deputados faz duas vítimas a cada pleito: a lógica
e o eleitor.
A lógica, porque
regras obtusas permitem, por exemplo, que votos dados a um candidato sejam
usados para eleger outro???...
O eleitor, porque a
ineficiência do processo faz com que, semanas depois de ir às urnas, ele mal
lembre em quem votou (o que joga por terra o propósito essencial da eleição:
selecionar representantes dos cidadãos no Congresso).
A fim de corrigir essas
distorções, um grupo de empresários e estudantes de São Paulo está propondo a adoção
do voto distrital no Brasil.
O modelo parte da
divisão do país em distritos (no caso do Brasil, 513 — o mesmo número de
cadeiras na Câmara), que elegeriam, cada um, o seu representante.
“Na eleição para
deputado federal, analisar o perfil de cada um dos candidatos que se apresentam
é uma missão quase impossível.”
Em São Paulo, na
última eleição, havia 1.131
nomes concorrendo a uma vaga na Câmara. Se um eleitor dedicasse uma
hora para estudar o currículo de cada candidato, precisaria de 47 dias
ininterruptos para concluir a análise.
A miríade de
políticos que surge na TV pedindo votos com a velocidade de disparos de
metralhadora mais confunde do que esclarece.
No
sistema de voto distrital, esse problema desaparece, já que cada partido pode
apresentar apenas um candidato por distrito.
Ou seja: na pior das
hipóteses, o eleitor terá de comparar as propostas de 27 concorrentes,o número
de legendas registradas hoje no Brasil.
A tendência, no entanto,
é que o número de candidatos competitivos seja ainda menor, equivalente ao de
candidatos a prefeito.
Com um horizonte de escolhas
mais restrito, fica mais fácil para o eleitor tomar uma decisão bem pensada.
[Fabio
Portela, jornalista, Veja, 03/09/2011]
O
voto distrital é excludente
Quem defende o voto
distrital no Brasil defende a exclusão da representação de grande parcela de
nosso eleitorado. O voto distrital é clamorosamente excludente.
Essa exclusão é a
mesma coisa que bipartidarismo. Todos os países que adotam o sistema eleitoral
distrital tornam-se países governados por apenas dois partidos que se revezam
no poder por meio de maiorias esmagadoras.
Ninguém em sã
consciência admitirá que a Grã-Bretanha, em toda sua complexidade social e
demográfica, seja representada apenas por dois partidos. O mesmo vale para os
Estados Unidos.
Se esses dois países
mudassem seu sistema eleitoral, trocando o voto distrital pelo voto
proporcional, eles se tornariam, já nas primeiras eleições legislativas com o
novo sistema, países multipartidários.
O voto distrital é idêntico a
uma camisa de força que limita os movimentos da representação.
Para se obter a
maioria dos deputados em uma Câmara eleita por meio do voto distrital, basta
que um partido obtenha somente 25% dos votos nacionais. Isso porque é preciso
ter 50% de votos em 50% dos distritos, o que resulta nos 25% dos votos
nacionais mencionados.
Resultado: a maioria governa
graças a uma minoria de votos, e a maioria dos votos - 75% - fica de fora do
governo. É impossível ser mais excludente.
No sistema
proporcional, um partido só poderá ter a maioria da Câmara dos Deputados se
obtiver 50% dos votos nacionais.
É evidente, portanto, que o
sistema eleitoral proporcional é infinitamente mais justo do que o distrital.
Se o Brasil adotar o
voto distrital, sobreviverão apenas três partidos, que provavelmente serão o
PT, o PMDB e o PSDB.
Os demais serão
liquidados, extintos, aniquilados. Se alguém tiver dúvidas quanto a essa
afirmação, dê-se ao trabalho de ver a composição da Câmara dos Deputados dos
países que adotam o voto distrital.
[Alberto
Carlos de Almeida, sociólogo, Alerta Total]
FONTE:http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/reforma-politica-no-brasil-qual-o-melhor-modelo-de-votacao.jhtm
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