A seguir, a lista de todos os concílios ecumênicos
OFICIAIS, E RECONHECIDOS PELA IGREJA católica, apostólica , romana:
I- CONCÍLIOS DA IGREJA PRIMITIVA (ACEITOS PELA IGREJA ORTODOXA)
1. Nicéia (325)
2. Constantinopla (381)
3. Éfeso (431)
4. Calcedônia (451)
5. II Constantinopla (553)
6. III Constantinopla (681)
7. II Nicéia (787)
8. IV Constantinopla (870)
II - CONCÍLIOS MEDIEVAIS (APÓS A SEPARAÇÃO COM A IGREJA ORTODOXA EM 1054)
9. I Latrão (1123)
10. II Latrão (1139)
11. III Latrão (1179)
12. IV Latrão (1215)
13. I Lião (1245)
14. II Lião (1274)
15. Viena (1311)
III - CONCÍLIOS DA ÉPOCA DA REFORMA
16. Constança (1414)
17. Basiléia (1431)
18. V Latrão (1512)
19. Trento (1545)
IV - CONCÍLIOS DA ERA MODERNA
20. I Vaticano (1870)
21. II Vaticano (1962)
História
dos Concílios Gerais da Igreja
Há
muitas maneiras de estudar a História da Igreja Católica, e uma delas é olhar
as decisões conciliares nestes dois milênios da Igreja. Um Concílio Geral
consiste numa reunião formal de representantes da Igreja, junto com o Papa (mas
nem sempre), para tomar decisões dogmáticas e pastorais, que possam ajudar no
crescimento da Igreja, na eliminação dos erros e na difusão das verdades da fé.
Em dois mil anos de existência, a Igreja reconhece 21 Concílios Gerais e ainda
acrescenta o chamado “Concílio de Jerusalém”, reunião narrada nos Atos dos Apóstolos
(At 15,1-40), como parte da Tradição da Igreja e dos seus ensinamentos. Não há
nenhuma regra para que um Papa convoque um Concílio, ou seja, a constituição de
um Concílio geralmente nasce de uma necessidade eclesial ou do desejo do Papa
em solucionar certas crises na Igreja.
Pedagogicamente podemos dividir os 21 Concílios Gerais da Igreja em "quatro períodos"
Os
Concílios ficaram conhecidos pelos nomes das cidades onde o Papa, bispos e
outros representantes da Igreja se reuniam para discutir os assuntos de fé e
doturina.
1. Concílios do Primeiro Milênio: Niceia I
(325), Constantinopla I (381), Éfeso (431), Calcedônia (451), Constantinopla II
(553), Constantinopla III (680-681), Niceia II (787), Constantinopla IV
(869-870).
2. Concílios Medievais: Latrão I (1123),
Latrão II (1139), Latrão III (1179), Latrão IV (1215), Lyon I (1245), Lyon II
(1274), Vienne (1311-1312).
3. Concílios da Reforma: Constança
(1414-1418), Basileia-Ferrara-Florença-Roma (1431-1445), Latrão V (1512-1517),
Trento (1545-1548/1551-1552/1562-1563).
4. Concílios da Idade Moderna: Vaticano I
(1869-1870), Vaticano II (1962-1965). Vamos falar um pouquinho sobre cada um
deles. Não é nosso objetivo aqui descrever detalhadamente cada um desses
concílios, mas apenas ilustrar alguns fatos ocorridos em cada um deles. Para
maiores informações, no final, oferecemos uma bibliografia sobre o assunto.
1. Concílios do Primeiro Milênio da igreja nascente
A Igreja
Católica e Ortodoxa (separadas apenas em 1054), reconhecem oito Concílios Gerais desse período. Os seis primeiros estão
ligados entre si, uma vez que os assuntos de um se arrastavam para o outro.
Eles trataram de assuntos de ordem doutrinal e teológica, na definição das
grandes verdades da fé, como a divindade e humanidade de Jesus, o mistério da
Trindade, a relação de Maria e Jesus. Os outros dois trataram de assuntos
distintos, como o culto aos santos (Niceia II) e a estrutura da interna da
Igreja (Constantinopla IV).
a) Niceia I: o assunto central desse concílio
foi combater a heresia do Arianismo, que pregava a humanidade de Jesus e quase
desconsiderava sua divindade. Foi convocado pelo Imperador Constantino e o Papa
Silvestre I nem compareceu, mas mandou dois delegados. Havia grande problema
com definições dogmáticas por causa da língua (grega e latim) e a questão do
Arianismo, ainda que considerada herética, não foi resolvida e ainda levantou
outras perguntas referentes a natureza de Jesus e da Santíssima Trindade.
b) Constantinopla I: foi convocado pelo
imperador Teodósio. O texto original desse concílio se perdeu no tempo. Houve
discussão sobre o arianismo e novamente foi escrito um credo cristão
(niceno-constantinopolitano), colocando o Espírito Santo no mesmo patamar do
Pai e do Filho. O papa Dâmaso não compareceu nem mandou delegados do ocidente
cristão, mas ainda assim este concílio é considerado legítimo e parte da
história da Igreja.
c) Éfeso: continuam as discussões
cristológicas, sobre a natureza e vontade de Jesus Cristo. Também surge a
questão relacionada com Maria e o Nestorianismo, que negava a maternidade
divina da mãe de Jesus. O papa Celestino delegou Cirilo para representá-lo e a
tese que venceu foi que Maria era também Mãe de Deus - “Theotokos” - ou seja, a
unidade de Jesus foi garantida. Também foi decidido que nenhuma mudança no
Credo Católico poderia ser feita posteriormente.
d) Calcedônia: este concílio reuniu-se para
tentar ainda dizimar dúvidas que surgiram na doutrina sobre Jesus e a Santíssima
Trindade. Foi um momento conturbado, no qual o papa Leão I apresentou um
documento que resumia as principais doutrinas da Igreja até então. A principal
decisão desse encontro foi a afirmação já feita anteriormente que Jesus é uma
pessoa com duas naturezas distintas, humana e divina. Também reafirmou-se o
Credo Niceno-Constantinopolitano. O papa Gregório I irá dizer mais tarde que
estes primeiros quatro Concílios deveriam ter o mesmo prestígio dos Evangelhos
pois são a coluna da fé católica.
e) Constantinopla II: convocado pelo Imperador
Justiniano, este concílio foi conturbado e politicamente complicado. Havia
ainda ranços heréticos do nestorianismo e do monofisismo para serem
descartados. O papa Vígilio não compareceu, por que ele mesmo, extraoficialmente,
parecia ser adepto da heresia do monofisismo. Acuado pelo imperador, o papa
precisou voltar atrás e ceder em suas posições heréticas.
f) Constantinopla III: pode parecer absurdo,
mas o centro desse concílio foi "a vontade de Jesus: ele tinha vontade humana ou
divina?" A heresia do monotelismo, que afirmava que Jesus fundia em si as duas
vontades foi derrotada. Assinado pelo Papa Agatão, este concílio fortaleceu
ainda mais a tradição doutrinal que vinha sendo construída desde Niceia I.
g) Niceia II: passado o período crítico das
heresias, o concílio de Niceia II abordou uma questão litúrgica prática: "a
veneração dos ícones e imagens dos santos e de Maria, situação conhecida com
Iconoclastia". O papa Adriano I defendeu o uso das imagens como forma
“artística” para ajudar na difusão do evangelho e de seus valores. Também foi
aprovada a veneração de relíquias nas Igrejas.
h) Constantinopla IV (869 - 880): momento conturbado, este
concílio foi mais político que eclesial ao colocar como "questão de fundo o verdadeiro
patriarca de Constantinopla, Fócio ou Inácio"? - As disputas foram acirradas e até
hoje este concílio é considerado o mais irrelevante da história.O Quarto Concílio de Constantinopla foi o oitavo Concílio Ecumênico realizado em Constantinopla entre 5 de outubro de 869 e 28 de fevereiro de 870 - Compareceram 102 bispos, 3 legados papais e 4 patriarcas. O concílio se reuniu em 10 sessões e emitiu 27 cânones. O concílio foi convocado pelo imperador bizantino Basílio I, o Macedônio, e pelo Papa Adriano II. Ele depôs Fócio, um leigo que havia sido consagrado Patriarca de Constantinopla, e restaurou seu antecessor, Inácio. Ele também reafirmou as decisões do Segundo Concílio de Niceia em apoio aos ícones e imagens sagradas, além de exigir que a imagem de Cristo tenha a mesma veneração que o Evangelho. Um concílio posterior, foi realizado após Fócio ter sido reconduzido à função por ordem do imperador. Hoje, a Igreja Católica reconhece apenas o período do concílio de 869 - 870 como "Constantinopla IV", enquanto que a Igreja Ortodoxa reconhece apenas o período final do concílio de 879 - 880 como tal, além de reverenciar Fócio como santo. Na época, esta divisão ainda não era clara. Estes dois períodos conciliares representam o início do cisma entre o oriente e o ocidente, uma vez que os sete concílios anteriores são reconhecidos como "ecumênicos" e com autoridade reconhecida tanto pelo ocidente latino quanto pelo oriente grego, cisma este que culminará no Grande cisma do oriente em 1054 que perdura até os dias atuais, envolvendo questões politicas, nacionalistas, de autoridade na igreja, e questões teológicas.
2. "Concílios Medievais" (daqui
para frente a igreja ortodoxa não acata essas decisões)
O poder do papado
atingiu seu auge na Idade Média e os concílios desse período foram dedicados à
organização da Igreja e ao controle de suas estruturas internas. Os documentos
conciliares são aprovados exclusivamente pelo Papa, que passa a convocar e
coordenar os trabalhos com pulso de ferro. Uma linguagem legalista e menos teológica
invade os documentos conciliares e reafirma uma monarquia papal. O conjunto
desses sete concílios pode ser visto dentro de um único conjunto de
fortalecimento da hierarquia eclesiástica.
a) Latrão I: Latrão era a residência do Papa
em Roma. Nessa residência acontecerão quatro concílios, todos reafirmando o
poder papal na Igreja. O papa Calisto II impôs um ritmo formal ao encontro, que
decidiu sobre as “investiduras”, ou seja, a nomeação de cargos eclesiásticos
por leigos. Outro assunto foram as cruzadas à Terra Santa, que entrariam na
pauta nos próximos concílios.
b) Latrão II: sem muita novidade, este
concílio simplesmente reforçava a autoridade papal sobre a vida da Igreja local
pelo mundo afora. A readmissão e o castigo aos heréticos entraram em pauta e
este concílio começou a descrever com detalhes como deveriam ser tratados os
infiéis. Foi convocado por Inocêncio II.
c) Latrão III: contou com um participação
inédita em termos de concílio, conseguindo reunir participantes de quase todas
as partes da Europa e delegados orientais. A afirmação da unidade papal foi
discutida pois haviam cisma na Igreja e presença de antipapas. Neste concílio
definiu-se as primeiras regras para a eleição papal a partir do colégio dos
cardeais. Este concílio condenou os heréticos Cátaros e reafirmou suspensão de
penitências para que se dispusesse a ajudar nas Cruzadas.
d) Latrão IV: concílios cada vez mais
esplendorosos tomavam conta da Igreja e nesse encontro mais de 400
representantes de igrejas locais compareceram, além de mais de oitocentos
representantes de instituições religiosas diversas. Neste concílio temos um
“instantâneo” da Idade Média, descrito nos seus documentos e decisões. Houve
grande discussão sobre penas aos heréticos e como investigar heresias entre as
pessoas. Este concílio convocou mais uma Cruzada à Terra Santa e definiu
relações entre cristãos, judeus e muçulmanos. Foi usada a palavra
“transubstanciação” para falar do mistério eucarístico e estabelecido o dever
de comungar ao menos na Páscoa de cada ano.
e) Lyon I: o objetivo desse concílio era
político, derrubar o imperador Frederico II, acusado de heresia. Na verdade o
papa Inocêncio IV não admitia o sucesso de negociações que Frederico havia
conseguido com os muçulmanos. Este concílio se preocupou com o financiamento
das Cruzadas e prometeu indulgências aos ricos que doassem dinheiro para as
incursões da igreja no Oriente.
f) Lyon II: conduzido pelo Papa Gregório X,
este concílio trabalhou com material trazido pelos bispos de suas dioceses de
origem. Novas regras da eleição papal foram definidas. A unificação da Igreja
Ocidental e Oriental esteve na pauta, com a retomada da questão do “filioque”
(doutrina que afirma que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho e que é
rejeitada pelo Oriente Cristão). A primazia de Roma sobre os patriarcado
Orientais também foi pauta, mas sem solução clara. Outra conquista de Lyon II
foi a definição do Conclave para a eleição do Papa.
g) Vienne: reunido num período em que o papado
residiu em Avinhão (na França) este concílio teve forte influência secular. O
rei francês Filipe queria que o atual papa, Clemente V, excomungasse seu
antecessor, Bonifácio, por heresia, pois este tinha contrariado o rei francês
com relação ao Ordem dos Templários, ricos cavaleiros medievais. Clemente
aparentemente cede, mas não passa os bens dos Templários para o rei francês e
ainda faz um elogio a Bonifácio no concílio. Também houve a condenação do
movimento das beguinas, uma espécie de vida religiosa paralela na Igreja. Este
concílio também decidiu pelo ensino de idiomas clássicos e quase extintos nas
universidades cristãs, para melhorar o estudo da Bíblia Sagrada.
3. Concílios da Reforma:
A Alta Idade Média
trouxe o maior desafio para a fé católica, o surgimento de conflitos sobre a
autoridade papal e o começo do movimento protestante. Nesse período temos
quatro concílios, entre eles o concílio de Trento, talvez o mais importante
para a Igreja em todos os tempos. Uns dos temas mais discutidos nesse período
foi o próprio poder dos concílios e se estes tinham autoridade maior do que o
Papa. Esta questão foi chamada de Conciliarismo.
a) Constança: tinha como tarefa unir a Igreja
do Ocidente, que se encontrava numa posição tão frágil que havia três papas ao
mesmo tempo, cada um deles afirmando-se o legítimo sucessor de Pedro. Convocado
pelo Papa João XXIII (isso mesmo, mas este será deposto e considerado ilegítimo, e seu nome
será depois assumido no século XX por outro papa, aquele que irá convocar o
Vaticano II), o Concílio tinha que enfrentar o cisma para evitar que a Igreja
se fragmentasse ainda mais. Este concílio trará as teses conciliaristas á tona,
alegando que o próprio Papa é sujeito ao Concílio. Constança ainda declarou
heréticas as ideias de Jan Hus, reformador sueco, e o condenou a morte. Este
conturbado Concílio destituiu ainda os outros dois pretensos papas e elegeu,
com cuidado, Martinho V. A última decisão conciliar foi aprovar a reunião da
igreja em concílios a cada cinco anos.
b) Basileia-Ferrara-Florença-Roma: foi o papa
Eugenio IV que convocou o concílio em Basileia, mas depois de um ano tentou
suprimi-lo. Entretanto, os bispo conciliares pressionaram o papa e ele voltou
atrás, acirrando a questão do poder do Concílio versus o poder papal. A
discussão passou pela relação entre a Igreja do Ocidente e Oriente. Para
resolver esta questão, Papa sugeriu a
mudança do concílio para Ferrara e depois para Florença. Alguns bispos
permaneceram na Basileia, e foram excomungados pelo papa. Em Florença a
discussão com a Igreja Oriental abordou questões litúrgicas e a antiga questão
do “filioque”. Estas questões somente aparentemente foram resolvidas, mas pouco
tempo depois tudo voltou a ser como antes e o cisma permaneceu. O papa ainda
transferiu o concílio para Roma onde o encerrou depois de alguns anos de
turbulência. Se Constança viu a vitória do conciliarismo, em Basileia a força
do papado centralizador voltou a ser hegemônica.
c) Latrão V: Julio II, o papa guerreiro,
reuniu-se em Latrão no começo do século XVI para reafirmar a força do papado.
Seu sucessor, Leão X. continuou o concílio com o ataque direto e duro contra as
teses conciliaristas, afirmando que o concílio só existe com a presença e
confirmação do Papa. Assuntos de disciplina eclesiástica também entraram na pauta,
mas estes seriam mesmo enfrentados no próximo concílio, o de Trento. Latrão V
entra na história como o concílio que levantou sérios problemas mas que não os
enfrentou. Esta lacuna será fatídica, pois dela brota as críticas protestantes,
sobretudo nas teses de Martinho Lutero. Neste Concílio, pela primeira vez, um
bispo do “novo mundo”, da América, participou das discussões.
d) Trento: este é talvez o concílio mais
falado, conhecido e questionado até hoje. Por mais de 300 anos as decisões de
Trento moldaram a fé católica ao redor do mundo. Trento nasce de um momento de
fraqueza da Igreja, pretende responder ao crescimento protestante e acaba por
afirmar uma eclesiologia por força do grave contexto, centralizada e centralizadora. Foram temas de Trento
os grandes alicerces da Igreja: hierarquia, sacramentos, Tradição e Escrituras,
costumes, devoções, formação intelectual do clero, poder papal, etc. Ao mesmo
tempo em que defendia a Igreja naquele momento, Trento lançou as bases do que
seria o catolicismo até o século XX. Suas decisões práticas ajudaram a
reorganizar o modo de ser da Igreja, mas ao mesmo tempo, suas decisões não
acompanharam o movimento da sociedade e a Igreja foi ficando a margem da
História.
4. Concílios da Idade Moderna:
Entre os 306
anos que separam Trento do Vaticano I o mundo mudou muito e a Igreja ficou
isolada em si mesma. Ideias iluministas, Revolução Industrial, mudanças
políticas no mundo, tudo foi acontecendo ligeiramente e a Igreja vendo tudo da
sacristia, alheia a realidade. A Igreja parecia ter medo do mundo e não querer nenhum tipo de envolvimento, preferindo pescar no seu próprio aquário, temendo lançar as redes em água mais profundas.
a) Vaticano I: convocado pelo papa Pio IX teve
como principal objetivo, num mundo marcado pela mudança e democratização das
instituições, definir a infalibilidade papal. A Igreja sentia-se pressionada
por dois grupos, um mais reacionário e outro mais aberto ao novo. Foram mais de
750 delegados neste concílio, reunidos agora dentro da Basilica de São Pedro em
Roma. Os meios de comunicação, sobretudo o telégrafo, possibilitaram um alcance
maior das notícias conciliares pelo mundo afora. O auge desse concílio foram as
discussões para se chegar a definição que o papa tem “infalibilidade na sua
autoridade doutrinária”, ou seja, a pessoa do papa não é infalível, mas somente
as suas declarações feitas da cátedra de Pedro em questões de fé e de moralidade.
b) Vaticano II: o último e mais recente
concílio geral da Igreja nasceu do espanto de todos. O velho papa de transição
João XXIII, já com 77 anos, resolveu “arejar” a Igreja e provocou a maior
revolução que a Igreja já conheceu na sua história. Isolada do mundo, a Igreja,
pelo Vaticano II, se viu obrigada a reorganizar sua vida e recuperar o diálogo
com a sociedade circundante. Uma questão chave esteve presente no concílio:
qual a relação entre o papa e o colégio dos bispos? E qual o papel dos leigos
na Igreja? E qual a relação entre a Igreja e o mundo secular? Nos seus três
anos de trabalho, o Concílio, aberto por João XXIII e concluído por Paulo VI,
revolucionou o modo como a Igreja se via e como ela via o mundo. Passado
cinquenta anos de história, conquistas do concílio já foram alicerçadas, como a
liturgia em língua vernácula, outras parecem retroceder, como a centralização
das decisões em Roma. De qualquer forma, ainda temos muito que aprender com as
decisões conciliares do Vaticano II, um concílio profundamente pastoral e
inovador.
Resumo
do texto: História dos 21 Concílios da Igreja – de Niceia ao Vaticano II
Christopher M. Bellito Edições Loyola, 2010.
A igreja, OS CONFLITOS ENTRE o "MODERNISMO E TRADICIONALISMO", E A CONDENAÇÃO DE AMBOS, ANTERIORES AO VATICANO II
O Concílio Vaticano I (CV I) deu-se de 8 de Dezembro de 1869 a 18 de Dezembro de 1870. E foi convocado por Pio IX (1846 a 1878). As principais decisões do Concílio foram conceber uma Constituição dogmática intitulada "Dei Filius", sobre a Fé católica e a Constituição Dogmática "Pastor Aeternus", sobre o primado e infalibilidade do Papa quando se pronuncia "ex-cathedra", em assuntos de fé e de moral. E tratou-se de questões doutrinárias que eram necessárias para dar novo alento e informar melhor sobre assuntos essenciais de Fé.Para além de proclamar como dogma a Infalibilidade Papal, principalmente para combater o Galicanismo, o Concílio, ao defender os fundamentos da fé católica, condenou os erros do Racionalismo, do Materialismo e do Ateísmo. A condenação do Modernismo por Pio X, foi posterior ao Vaticano I e anterior ao Vaticano II. Apesar dos inevitáveis males que acompanham toda crise, o modernismo foi benéfico ao mostrar-nos um santo e um Papa em ação como nunca se tinha visto na história já maravilhosa da Igreja. São Pio X não só era um santo, mas um Papa santo, algo que o mundo não via há quatro séculos. Embora não ostentasse os títulos nobiliárquicos ou a consumada diplomacia de Leão XIII, São Pio X nada tinha de pequeno cura de aldeia obscurantista, como seus detratores tanto apreciavam descrevê-lo. Em um pontificado de pouco mais de dez anos, em meio às mais perigosas crises que a Igreja atravessava, esse veneziano conduzirá a barca de Pedro com mão de mestre. Será qualificado de retrógrado por ter feito ouvidos moucos às sereias modernistas que preconizavam o «Evangelho puro» e profetizavam que a Igreja deveria mudar ou morrer. E, não obstante, poucos pontífices terão merecido como ele o título de reformador, pelos enormes progressos que fez em campos tão diversos como os estudos eclesiásticos, o direito canônico, a Sagrada Bíblia e a liturgia.Não obstante, antes de ser um reformador sem par, foi, primeiramente, um conservador. Sua mais bela insígnia é a de ter prontamente obedecido às exortações imperativas do Apóstolo dos Gentios de guardar fielmente o depósito da Fé contra todas as dificuldades, contra os governos iníquos e contra os modernistas infiltrados dentro da Igreja. A clarividência do supremo médico das almas rivalizou com a segurança e firmeza de sua mão para aplicar o heróico tratamento que produziu a cura. O cardeal Mercier diz elogiosamente de seu Papa:
«Se,
no surgimento de Lutero e Calvino, a Igreja contasse com pontífices da têmpera
de Pio X, a Reforma teria conseguido afastar de Roma um terço da Europa Cristã?
Pio X salvou a Cristandade do perigo imenso do modernismo, ou seja, não de uma
heresia, mas de todas as heresias ao mesmo tempo» 1.
Essa têmpera, São Pio X a devia à sua fé, tão iluminada quanto a dos melhores teólogos, tão firme quanto a de uma camponesa bretã. Esse santo Papa acreditava que a razão humana é capaz de conhecer a verdade. Cria na historicidade dos Evangelhos. Cria em Jesus Cristo, único Salvador e verdadeiro Deus. Por isso não podia deixar que a lama modernista fizesse tábula rasa da razão e da religião em proveito de uma vaga teoria sem verdade, sem Deus e sem Cristo.Loisy é o mestre dessas teorias. Vimos como as autoridades locais, e depois as de Roma, haviam reagido desde os princípios de 1903. Entretanto, os espíritos estavam longe de se acalmar. Não é de estranhar que as autoridades supremas se vissem obrigadas a desferir um grande golpe e travar um duelo mortal contra a apostasia generalizada. Para vermos em profundidade a oposição romana ao movimento, primeiro devemos tentar medir a amplitude e extensão da crise, para depois estudar, com maior riqueza de detalhes, os três documentos pontifícios que se referem à crise, e ressaltar, por fim, a experiência que a Igreja tirou dela.
1.
Gravidade da crise modernista
Até o momento fixamos nossa atenção nos movimentos modernistas do primeiro escalão, quer dizer, sobretudo os de França, que foi, sem dúvida alguma, o berço e o principal foco da sua irradiação. Agora temos que avaliar a crise no estrangeiro. Tyrrell, da sua parte, transmitia ao seio do mundo britânico as idéias que ele mesmo havia recebido de seus amigos do outro lado do Canal da Mancha. Na Itália, as correntes modernistas que vinham da França e da Inglaterra propagavam-se em ondas impetuosas. Pouco disposta às iniciativas intelectuais por seu temperamento impetuoso e superficial, a Itália católica estava preparada, por outro lado, para uma rápida assimilação das idéias que se produziam em outros países. Os Studi religiosi surgiam pela primeira vez em 1901, em Florença, para apresentar os leitores aos resultados da ciência moderna. Minocchi representava a crítica bíblica nesse periódico; o barnabita Semeria tratava das origens cristãs; e Buonaiuti, já muito influente nos meios romanos, dava seus primeiros passos na filosofia da religião. Este último, com apenas vinte e quatro anos, iria fundar a Rivista storico-critica delle scienze teologiche, onde abordaria, com a mesma eloqüência, a filosofia da religião, a história dos dogmas e a história das religiões. A grande novidade foi o movimento democrático lançado com veemência por Murri, e que não tardaria em ganhar grande amplitude. Desde 1905, Murri traduzia as obras de Tyrrell utilizando um pseudônimo. Toda essa gente popularizava, com paixão e eloqüência tipicamente italianas, as obras eruditas de outros países. Um literato, o senador Antônio Fogazzaro (1842-1911) 2, se fez de intérprete dessas diversas aspirações de tornar aceitável à geração presente o princípio da adaptação em seu romance O Santo (Milão, 1905). Era um resumo (bastante medíocre do ponto de vista literário, diga-se) do que era mais essencial no pensamento de Blondel, Laberthonnière, Loisy e Tyrrell. À expansão do modernismo no mundo católico acrescentava-se a intensidade, a densidade e o grande número de polêmicas que caracterizavam o conjunto do movimento como uma crise dentro da Igreja. Em todos os campos — filosofia e psicologia religiosas, exegese, história dos dogmas — o pensamento católico dava impressão de ter perdido o seu centro. Isso significa que o espírito de modernidade soprava de todos os lados e sob todas as formas possíveis. Desde o surgimento dos calamitosos livrinhos vermelhos de Loisy, a confusão era lamentável em certos ambientes. Publicações mais do que ousadas, onde o anonimato favorecia o surgimento das idéias mais temerárias, alimentavam periodicamente a agitação e a confusão. Poder-se-ia muito bem falar de uma perda do sentido católico em grande número de inteligências. Porém, seria difícil avaliar essa influência. Na França, certo polemista, em 1905, calculava em quinze mil o número de sacerdotes que pertenciam ao movimento progressista. Loisy, em 1909, replicou, com a vantagem que lhe dava o conhecimento daquele ambiente, que ele não contava mais de mil e quinhentos adeptos. Por outro lado, um certo Franon dizia, não sem humor, que seus membros mais influentes caberiam comodamente em dois sofás. Sabatier, um homem da elite, nos dá, sem dúvida, a avaliação mais justa:
«O
modernismo não é nem um partido e nem uma escola: é uma orientação. Seria algo
muito delicado querer indicar os sinais característicos pelos quais são
reconhecidos os seus adeptos. Eles são muito diferentes uns dos outros! Junto
ao exegeta, ao historiador e ao sábio, vê-se o puro e simples democrata. Ao
lado do poeta, está o humilde padre operário. Próximo ao bispo encontra-se o
simples seminarista. E, entretanto, apesar de todas estas diferenças de
situação, de preocupações e de vocação, reconhecem-se entre si. Em nenhum lugar
há listas feitas ou algum sinal de adesão: e, contudo, pressentem-se,
aproximam-se entre si e formam um só coração e uma só alma» 3.
São
Pio X deplorava a extensão desse mal e afirmava a existência de falanges
fechadas, mais precisamente de um grande número de marinheiros, pilotos e
talvez capitães que, "confiando desgraçadamente nas novidades profanas e na
ciência enganosa de seu tempo, haviam naufragado em vez de chegar ao porto
seguro"!
2.
O decreto Lamentabili
Por causa da sua gravidade, os manifestos de Loisy mostraram a importância de se ter um documento pontifício que apontasse nominalmente os erros. Por isso, por analogia com os atos de Pio IX, já era voz corrente a possibilidade de um novo Syllabus. Como o epicentro do cataclismo estava na França, veio de lá a iniciativa. Em outubro de 1903, os teólogos Letourneau e Pouvier apresentaram ao cardeal Richard, de Paris, um relatório que continha trinta e três proposições extraídas dos textos de Loisy, para que fosse submetido ao Santo Oficio. Naquele mesmo ano, Roma poria a maioria das obras dele no Índice. Na nota adjunta à inclusão no Índice, o cardeal Merry del Val seguia exatamente a mesma ordem que o decreto Lamentabili seguiria, quatro anos depois, o que insinua a existência, desde aquela época, de um primeiro esboço no Vaticano, ainda que a fonte principal continuasse sendo o relatório de Paris, pois o decreto reproduziria, palavra por palavra, vinte de suas sessenta e cinco proposições. Cinqüenta delas foram retiradas das obras de Loisy, enquanto as demais são oriundas dos textos de Tyrrell e de Le Roy.A finalidade do decreto é assinalada no preâmbulo: trata-se de proteger os católicos dos graves erros que se espalham entre aqueles que, em nome da História, esforçam-se em preparar o progresso do dogma. Lamentabili aparece, pois, como uma lista de proposições condenadas. A última revela com precisão o espírito do conjunto:
«O
Catolicismo atual não pode conciliar-se com a verdadeira ciência, a não ser que
se transforme num cristianismo sem dogmas, isto é, num protestantismo amplo e
liberal.» 4
O decreto, em boa lógica, condena os erros sobre a doutrina católica e o Magistério da Igreja em geral, antes de tratar de pontos particulares. Na seqüência, fala das Sagradas Escrituras e da pessoa de Jesus Cristo, das origens e da própria natureza de nossos dogmas mais fundamentais. Esses erros têm raízes comuns: a independência da crítica bíblica, a Revelação puramente natural e subjetiva, e o dogma evolutivo e individual. As condenações mais notáveis, por não terem precedente no Magistério romano, são as que se referem à historicidade dos Evangelhos, em particular o de São João. Lamentabili visa a proteger os três pilares em que se fundamenta toda a Sagrada Escritura: sua inspiração divina, junto com sua inerrância universal e sua historicidade. Não foi fácil, nestas matérias tão complexas, encontrar a palavra exata que transmitisse perfeitamente o erro sem tocar nas opiniões permitidas. A dificuldade foi superada com rara felicidade, pois o decreto disse o que deveria ser dito, e nada mais do que se deveria dizer. Por sua clareza e circunspecção, oferece ao exegeta católico uma direção luminosa e, ao mesmo tempo, um estímulo. Roma não condena a exegese histórica em geral. O que reprova é uma exegese independente, que não leve em consideração o sobrenatural, o Magistério eclesiástico ou o dogma. A Igreja não admite que, em nome da ciência, tente-se deixar de lado a Bíblia, esta parte da Revelação da qual Deus a fez guardiã.
3.
A encíclica Pascendi
Uma vez que o decreto Lamentabili do Santo Oficio recebeu o nome de Syllabus, não era de se esperar, por analogia, um equivalente da encíclica Quanta cura? Na época, Roma percebeu que deveria lançar um ataque profundo para neutralizar um movimento de magnitude internacional que aumentava visivelmente. Desde abril de 1907, um projeto estava em preparação, pois o Papa falava daquele ataque que constituía o resumo e o sumo venenoso de todas as heresias, utilizando uma das expressões mais características da futura encíclica, que apareceria em setembro 5. Um dos traços distintivos desta carta pontifícia é já de início expor longamente o erro que pretende proscrever e fazer uma apresentação dele, que é uma verdadeira obra-prima de composição. Ela põe em evidência que o modernismo é um sistema metódico fundado sobre princípios precisos, e não um magma informe de teorias confusas, como insinuavam os heresiarcas.Sob a aparência da crítica, do progresso científico e da civilização, os modernistas tratam de demolir a razão e a religião. Preconizam a total destruição de toda a verdade com o pretexto de que a verdade evolui com o homem, por ele e nele. O homem faz a verdade. É o velho erro dos sofistas, disfarçado de progresso pelas necessidades de uma causa perdida desde o início. Assim, ao negarem como nunca antes a verdade e a realidade das coisas, negam também a Revelação de Jesus Cristo, a realidade de Deus e a autoridade da Igreja, sua porta-voz. É literalmente a apostasia radical ou, como disse o Papa, a síntese de todas as heresias. Contra um tal ataque, e armado com a palavra divina, São Pio X responde que só a verdade liberta, e que é preciso restaurar tudo em Cristo 6. Seu primeiro dever é desmascarar esse inimigo oculto. E como cada modernista une e mistura em si mesmo, por assim dizer, vários personagens, a saber, o filósofo, o crente, o teólogo, o historiador, o crítico, o apologista e o reformador, o santo Papa revela claramente esse monstro apocalíptico de sete cabeças:
— O filósofo modernista é ignorantista (as
coisas são incognoscíveis) e egologista (toda verdade procede do fundo de nós
mesmos). A verdade é revolucionista, porque evolui da mesma maneira que o
sujeito de onde emerge.
— O crente, ao contrário do filósofo, tem a
certeza de que Deus existe em si, independentemente do homem. Esta certeza se
apóia em certa realidade do coração, graças à qual o homem percebe a realidade
mesma de Deus. Trata-se aqui de uma verdadeira experiência, superior a todas as
experiências racionais.
— A teologia modernista é coerente com seus
princípios: a fé e o dogma, o corpo da religião e os sacramentos, são o fruto
de uma percepção de Deus presente no homem, que deve pensar sua fé. As Sagradas
Escrituras são um álbum de experiências vividas pelos primeiros judeus e pelos
primeiros apóstolos do Cristianismo. A Igreja é o fruto da consciência
coletiva.
— O historiador modernista faz puro trabalho
de filósofo — agnóstico, entenda-se — o que o obriga a descartar todo o
sobrenatural para recuperar o «Evangelho puro». O elemento humano original foi
submetido à dupla lei da transfiguração e da deformação pela comunidade
primitiva, que enfeitou a história ao escrever os quatro Evangelhos míticos.
— O crítico amolda a essa concepção mítica os
documentos bíblicos, classificados conforme as necessidades de que derivam e
segundo as leis da imanência e da evolução vital.
— O apologista modernista ressente-se da
doutrina imanentista. Para ele, trata-se de conduzir o não-crente à experiência
da religião católica, experiência que é o único fundamento verdadeiro da fé.
Convida-o a entrar nessa Igreja-reino de Deus, depois de ter assimilado, entre
as formas dogmáticas e de culto, as que mais lhe convêm.
— O reformador pretende tirar o pó de mil e
novecentos anos de conformismo para recuperar o frescor da Igreja apostólica.
Propõe-se a reformar o ensino dos seminários, purificar os catecismos e as
devoções populares, adaptar o governo eclesiástico à democracia moderna,
suprimir o fausto eclesiástico e o celibato dos clérigos.
Incapazes
de negar a precisão do texto ao desmantelar o motor mesmo da infernal máquina
modernista, os modernistas insinuaram que a encíclica não se referia a ninguém,
pois nenhum modernista havia ensinado essas opiniões em seu conjunto. Em
resposta à encíclica, um venenoso panfleto anônimo, O programa dos modernistas,
logo circulou na Itália, mostrando que os hereges haviam sentido o golpe.
Definitivamente, a única crítica que poderiam fazer ao Papa era dizer
simplesmente que ele professara a fé católica. Da sua parte, se na época Loisy
acusava os teólogos do Papa de falsos, não tardaria imediatamente a confessar
que:
«a
encíclica de Pio X foi imposta pelas circunstâncias. O Pontífice disse a
verdade ao declarar que não poderia manter o silêncio sem trair o depósito da
doutrina tradicional. No ponto a que as coisas chegaram, seu silêncio teria
sido uma enorme concessão, o reconhecimento implícito do princípio fundamental
do modernismo: a possibilidade, a necessidade e a legitimidade de uma evolução
na maneira de entender os dogmas eclesiásticos, incluídos aí a infalibilidade e
a autoridade pontifícia, como também, as condições de exercício dessa
autoridade… A encíclica Pascendi não é mais que a expressão total,
inelutavelmente lógica, do ensino recebido na Igreja desde fins do século
XIII.» 7
Maravilhosa
lucidez, embora o essencial do ensino da Igreja remonte, na realidade, às suas
origens, independentemente do que pensa o apóstata. É interessante ver como
Loisy dá uma lição de tradicionalismo aos Papas e aos bispos: «Depositum
custodi» — guardai o depósito! Esta é, com efeito, a função essencial do
Vigário de Cristo e dos bispos. E foi exatamente esta a atitude de São Pio X ao
mostrar os limites que não se devem ultrapassar em matéria de fé e ao
desmascarar a apostasia modernista. A encíclica Pascendi, datada de 8 de
setembro de 1907, era verdadeiramente a reprodução perfeita de um certo 9 de
setembro de 325, dia em que o Concílio de Nicéia deu um golpe mortal no
arianismo.
4.
O juramento antimodernista
Se o modernismo fosse apenas uma heresia, embora tão generalizada quanto o arianismo, as condenações romanas teriam cessado ali. Os hereges obstinados teriam abandonado as fileiras da Igreja para fundar seu próprio movimento, como sempre fizeram. O modernismo, ao contrário, convencido de que sua posição está bem fundamentada, tem a pretensão de reformar a Igreja a partir de dentro. Os lobos, disfarçados com pele de cordeiro, obstinam-se em permanecer no aprisco para transformá-lo furtivamente em alcatéia. O modernismo não é só uma heresia ou uma apostasia, é uma quinta coluna. A encíclica Pascendi fala dos pseudônimos utilizados para enganar o leitor desavisado simulando uma enorme quantidade de autores. O modernista, como nunca se repetirá o suficiente, é um apóstata e, ao mesmo tempo, um traidor de fato e de direito. A traição e a duplicidade são partes integrantes de seu próprio sistema. O modernista de boa cepa é aquele que pode afirmar sua fé pessoal do alto do púlpito e contradizê-la imediatamente depois, como estudioso e historiador, em seus escritos. Os líderes modernistas tinham adotado, desde o início do movimento, uma atitude de dissimulação. Utilizando o velho sofisma de que o fim justifica os meios, Tyrrell pensava que uma mentira pode ser, às vezes, protetora da verdade. Loisy não sentia muito apreço por seu colega do outro lado do canal da Mancha, que falava com um cinismo que indignava inclusive os seus amigos 8. Porém, o próprio Loisy vivera muito tempo em uma situação ambígua com sua própria consciência. Ele falou do enorme erro em que incorreu ao julgar que poderia manter sua condição na Igreja sem admitir suas doutrinas 9. O caso mais marcante nessa matéria foi o de Turmel, modelo desse tipo de gente, que produziu cerca de sessenta e cinco escritos usando quatorze pseudônimos diferentes. Por um momento, ele foi o centro das atenções modernistas. Esse sacerdote erudito, que preparava uma História do dogma do papado, foi desmascarado como o personagem que se ocultava por trás dos pseudônimos de «Dupin» e «Hertzog», que, usando o mesmo material, já haviam minado o dogma da Trindade e a Mariologia. Ali se ocultava o tão conhecido jogo segundo o qual a fé pode dizer sim e a ciência dizer não 10. Tudo isso lança sobre o movimento modernista uma nota de moralidade muito peculiar. Como se surpreender que Deus tenha cegado esses homens que haviam negado deliberadamente evidências meridianas, para passar a vida inteira sob o sinal da impostura e da mentira? Acaso seria por demais temerário aplicar-lhes as palavras do salmista: «A iniqüidade enganou-se a si mesma»? 11 Os italianos não ficaram para trás nessas piruetas do espírito. Minocchi, ao mesmo tempo em que se valia de uma prudência consumada para não ferir as suscetibilidades dos guardiães da ortodoxia, sabia encaixar algumas observações destinadas a fazer refletir sobre a fragilidade da antiga teologia. Semeria também elaborava uma síntese eloqüente de todas as idéias novas. Levava sua voz o mais longe que podia sem ultrapassar o limite além do qual sua congregação poderia sofrer a ira da Santa Sé, ao mesmo tempo em que confessava aos íntimos que dava pouca importância à exterioridade dos dogmas 12. Se eles permaneciam na Igreja era porque não pretendiam escandalizar o povo com apostasias inúteis: ao contrário, tinham a intenção de elevar o povo ao seu ideal religioso.
Isto é o que explica São Pio X, três anos depois da
Pascendi, em seu Motu proprio Sacrorum antistitum, de 1º de setembro de 1910:
«Com
efeito, eles [os modernistas] não cessaram de recrutar novos adeptos, de
agrupá-los em uma liga clandestina e de, junto com eles, injetar nas veias da
sociedade cristã o veneno de suas opiniões, publicando livros e jornais sem o
nome dos autores ou com nomes falsos.»
O
Papa, com o Motu proprio, criou um juramento especial contra o modernismo. A
fórmula foi escrita em termos tão precisos que não dava lugar a nenhuma
escapatória. Cada um dos erros fundamentais do modernismo deveria ser
formalmente reprovado, e o documento deveria ser assinado de próprio punho e
letra por todo clérigo encarregado das almas.
Essa profissão de fé reconhecia, primeiramente, que Deus pode ser conhecido e, por conseqüência, demonstrado pela luz natural da razão, como a causa [pode ser demonstrada] por seus efeitos; que as provas externas da Revelação, sobretudo os milagres e as profecias, são sinais muito certos da origem divina da religião cristã e eminentemente proporcionados à inteligência de todos os tempos e de todos os homens; que a Igreja foi instituída de maneira próxima e direta pelo Cristo histórico durante sua vida entre nós. O juramento reprovava de forma absoluta a suposição herética da evolução dos dogmas no sentido modernista e sua noção da Tradição. Professava que a fé é um verdadeiro assentimento da inteligência à verdade recebida por um ensino exterior ao sujeito, assentimento pelo qual cremos ser verdadeiro, por causa da autoridade de Deus cuja veracidade é absoluta, tudo o que disse, atestou e revelou o Deus pessoal, nosso Criador e Senhor 13.Um tal ato do santo Papa, evidentemente, foi mal recebido pelo campo oposto, que lançou a culpa de tudo às aberrações desse pároco de aldeia dotado de uma mentalidade de gondoleiro veneziano e que, completamente equivocado, guiava a barca de Pedro com uma vara. Porém, essa vara se convertera em um sólido arpão. Os incorrigíveis sofreram a excomunhão ipso facto, o que deveria pôr um fim rapidamente às artimanhas encobertas dos heresiarcas, ao menos até que chegassem tempos mais felizes para eles. Deste modo, os historiadores da época afirmavam com um otimismo que, com o passar do tempo, pode fazer-nos sorrir: "É possível uma nova crise modernista? Graças a Deus, uma crise modernista generalizada, comparável à dos anos 1895-1910, parece-nos muito pouco provável"14.
5. Os resultados positivos: «É preciso que até haja heresias» 15, exclamava São Paulo no primeiro século de nossa era
Em que sentido podem ser necessárias as heresias, esse mal espantoso que mata a fé? Em que sentido o erro e as trevas podem servir à causa da verdade e da luz? No sentido de que sua obscuridade permite dar maior resplendor à luz da verdade. Graças ao choque provocado pelas heresias, o dogma católico e os esforços teológicos fizeram progressos, sempre no mesmo sentido de aperfeiçoar os conceitos e de destacar expressamente o que até então não estava senão implícito. Foi isso o que o modernismo produziu. Ele permitiu o progresso teológico e científico nessas matérias tão conexas que são a filosofia cristã, a crítica bíblica e o desenvolvimento do dogma. O primeiro debate que o modernismo suscitou foi sobre a relação entre a filosofia e a fé da Igreja. A fé católica está sustentada por uma filosofia. Os hereges sabem disso melhor do que nós, pois diziam, pela boca de Bucer: «Tolle Thomam et dissipabo Ecclesia» — Tirai Tomás e destruirei a Igreja! A crise modernista mostrou, e os fatos o provam, como esse monstro de sete cabeças esvazia-se como um balão ao se furar seu envólucro filosófico. Isso significa que a Igreja depende de uma filosofia. A questão é saber em que medida. Seria falso dizer que o dogma e a fé são essencialmente dependentes de uma filosofia no sentido técnico, pois a fé é de ordem mais elevada. Não é pedido a um catecúmeno que obtenha um diploma em filosofia tomista, nem a um kantiano protestante que se converta duas vezes para ter a fé católica e tomista. É verdade que a Igreja utiliza noções propriamente filosóficas em seu dogma, como os conceitos de pessoa, substância, essência, natureza, unidade e trindade, mas não é preciso ser um especialista para entender esses termos. Na verdade, quando a Igreja faz uso de termos filosóficos em seu dogma é porque esses pertencem à própria inteligência humana. A única coisa que a Igreja requer é uma filosofia que não seja contrária ao senso comum, uma filosofia que defenda a razão e a verdade contra a loucura modernista, tão absurda quanto ignorantista. Seria a Igreja demasiado exigente ao pedir aos filósofos que defendam a razão e seu objeto?Já mencionamos o segundo debate que opôs os eruditos da crítica «pura» às decisões pontifícias como Providentissimus de Leão XIII, Lamentabili e Pascendi de São Pio X. No estudo da Revelação é preciso distinguir o enfoque puramente apologético do enfoque posterior e teológico relativo ao dado revelado 16. É certo que, inicialmente, é preciso aplicar a crítica «pura» para estabelecer o fato da Revelação e dos milagres, a propagação e a conservação admiráveis da Igreja, em uma palavra, os preambula fidei — as provas do caráter razoável da fé. Com efeito, somente a História pode proporcionar as razões externas de credibilidade. Mas, para estabelecer o conteúdo e o sentido da Revelação, assim como a história dos dogmas, o método puramente histórico, embora seja um excelente método subsidiário, não poderia prescindir da teologia. Os princípios a que obedecem a crítica «pura» e a crítica católica são completamente diferentes: a morte de Cristo na cruz, por exemplo, é um fato de certeza ordinária para os historiadores. Para os católicos, é de fé definida, é uma verdade sobrenatural, revelada por Deus. A crítica «pura» não é capaz de impor o assentimento de fé divina sob pena de condenação eterna, como o faz o Magistério da Igreja.No entanto, a crítica «pura» não proclama em alto e bom som que somente ela é objetiva e livre dos preconceitos que cegam os pensadores cristãos? A verdade, porém, é outra. De início, o fundamento da crítica «pura» é a filosofia «pura», ou seja, a filosofia moderna, visceralmente cética, ignorantista e egologista, e temos o direito de nos perguntar se a dúvida pode gerar algo mais que dúvida. Quanto à própria crítica, ela é prisioneira de preconceitos. Porque, fingindo ignorar que a Bíblia tem a Deus como autor principal, esta crítica, que se diz imparcial, arrisca-se a não compreender nada ou a falsificar a mensagem. Além do mais, os fatos provam que "a crítica emancipada nunca é neutra!" Como sempre acontece em tais casos, a recusa à submissão provoca uma reação: toda tese tradicional é considerada suspeita; toda hipótese imprudente, provável; e os documentos mais venerados do Cristianismo são tratados com um desprezo e uma desconfiança que não se usa com os textos profanos 17. Isso mostra em que medida a crítica modernista, apesar de toda a pretensão de objetividade científica, adota apenas um viés racionalista e trabalha para produzir uma Revelação vazia, privada de toda intervenção divina histórica.O último debate que provocou a crise atingia o coração da teologia: dizia respeito à evolução ou, melhor dizendo, ao desenvolvimento dogmático. O dogma não se apresenta como uma massa de modelar, variável segundo os costumes e as épocas.
«A
doutrina de fé que Deus revelou não foi proposta como uma descoberta filosófica
que deveria ser aperfeiçoada pelo engenho humano, mas foi confiada à Esposa de
Cristo como um depósito divino, para ser fielmente guardada e infalivelmente
proclamada.» 18
Embora
seja inadmissível o conceito modernista de um dogma indefinidamente plástico, é
preciso assinalar que o dogma admite, entretanto, modos de expressão muito
diversos, calcados na linguagem humana. Em primeiro lugar, os fatos dogmáticos
exprimem as coisas vistas pelos Apóstolos, como a morte e a ressurreição de
Cristo, a maternidade divina de Maria. Em seguida, as afirmações mais gerais
utilizam imagens humanas sob as quais se oculta a mensagem dogmática,
facilmente compreendida por todos; é o caso, por exemplo, do versículo do
credo, «Está sentado à direita do Pai», que evoca, naturalmente, o poder
judicial de Cristo. Por fim, certos dogmas empregam noções filosóficas
universais, como as de pessoa, substância, natureza, transubstanciação,
consubstancialidade, as duas vontades de Cristo, a unidade da inteligência
divina e das operações de Deus ad extra, etc. Quando as definições, sob o selo
infalível do Espírito Santo, utilizam essas categorias universais do ser,
chegou-se então ao limite das expressões possíveis do mistério divino em função
do ser e dos recursos da inteligência humana. A formulação dogmática é perfeita
e já não admite nenhum aperfeiçoamento ulterior; estas definições são imutáveis
tanto na essência quanto na forma.
Resta
uma questão a ser elucidada. Como conciliar o fato de o dogma ser
essencialmente um depósito imutável revelado, e, ao mesmo tempo, ter sofrido
acréscimos com o passar dos séculos?
Haveria contradição entre esses dois
atributos, a imutabilidade e o desenvolvimento do dogma? Obviamente, não há e,
nesse ponto, não cedemos em nada à heresia modernista do dogma simbólico e
variável até o infinito. Por se tratar de um depósito revelado, imutável porque
Deus é imutável, só é possível um desenvolvimento homogêneo, de maneira que a Igreja
jamais promulgou uma definição de dogma que tivesse depois de corrigir. É
precisamente porque o dogma é um depósito revelado aos homens, seres limitados
e imperfeitos, é que eles podem, com o passar do tempo, descobrir e explicitar
as riquezas deste tesouro (sempre do decreto para a frente). Diz São Vicente de Lérins em sua célebre obra
Commonitorium:
«É
preciso que ela [a verdade dogmática] cresça e se estenda muito e vigorosamente
(…) mas no mesmo gênero, ou seja, no mesmo dogma, no mesmo sentido e na mesma
fórmula — "eodem sensu eademque sententia"(…).» 19
Esta
homogeneidade e imutabilidade essencial do dogma é uma das características da
veracidade do Magistério eclesiástico, como notavelmente afirma Bossuet:
«Deus
quis que a verdade chegasse a nós de transmissor em transmissor e de mão em
mão, sem nunca se perceber inovação alguma. É por isso que é reconhecível
aquilo em que sempre se acreditou, e, por conseqüência, aquilo em que sempre se
tem de acreditar. É neste sempre que, por assim dizer, aparece a força da
verdade e da promessa, que se perde totalmente quando interrompida em algum
lugar.» 20
Que
verdades, no depósito da Revelação, são suscetíveis de desenvolvimento?
Distingamos as verdades que estão mais próximas ao edifício da fé das que estão mais distantes. As primeiras, por serem imediatamente necessárias para a salvação, foram propostas explicitamente pelo Magistério desde o princípio. São, por exemplo, os mistérios da Trindade, da Encarnação e da Redenção, a vida futura e as sanções divinas. O único desenvolvimento que lhes é possível ao longo dos séculos é quanto à precisão da formulação. Por outro lado, as verdades implícitas, relacionadas de forma menos direta aos mistérios da salvação, podem ser cridas simplesmente na sua generalidade, e em seguida explicitadas. Assim, a crença no poder do ensino da Igreja inclui a fé na infalibilidade do Papa, e a crença na santidade de Maria engloba a fé na Imaculada Conceição 21. Em resumo, essas diferentes precisões teológicas lançam toda a luz necessária sobre o progresso do dogma, fundado no conhecimento progressivo do homem, e, ao mesmo tempo, sobre sua estabilidade, fundada na estabilidade do próprio Deus. Devemos agradecer à Providência por ter permitido a crise modernista, pois foi a ocasião de esclarecer o pensamento da Igreja sobre esses temas fundamentais.A crise modernista foi benéfica em muitos aspectos! Talvez o fruto mais esplêndido da crise tenha sido ver um grande Papa em ação. Fiel a sua divisa de restaurar tudo em Cristo 22, São Pio X soube, com mãos de ferro sob luvas de pelica, arrancar e plantar, separar o grão bom da cizânia, no campo da Igreja e da ciência sagrada. O Papa apontou com precisão o remédio que deveria ser aplicado contra o monstro de sete chifres que lançava seu grito de Non Serviam contra a razão e a religião. O Papa, para salvar uma e outra, ordenou o estudo da filosofia de Santo Tomás nos seminários e universidades que tinham servido de incubadora para as infiltrações modernistas. Também dispôs os limites que as ciências cristãs históricas não poderiam ultrapassar e, para consegui-lo, restabeleceu os estudos bíblicos com um centro em Roma. São Pio X mostrou, no começo do século XX, como a Igreja deveria reagir contra o modernismo de então e de todos os tempos. «Ainda fala, depois de morto» 23. Seu corpo, achado incorrupto em 1944, quando do seu processo de beatificação, segue como testemunha silenciosa da incorruptibilidade da doutrina que ele soube opor ao deletério veneno do modernismo. Na crise romana que suportamos hoje, é mais urgente que nunca conhecer a fundo o modernismo e a ação de São Pio X contra ele. Nada poderemos saber sobre a crise neomodernista se não compreendermos bem a crise modernista. Não se saberá aplicar o verdadeiro remédio para a crise neomodernista se não se compreenderem bem os remédios que inibiram eficazmente o modernismo.
1. 1.Pie X et Benoît XV, carta pastoral de 2
de fevereiro de 1915 sobre o papado, p. 5.
2. 2.«Espírito delicado, astuto, poético, sem
grande vigor de pensamento, romântico, conservador», que pessoalmente havia
sido grande admirador de Giuseppe Sarto, então patriarca de Veneza (cf.
Fioretti de saint Pie X, ed. Téqui). Esse íntimo amigo de Tyrrell não
acreditava provavelmente na instituição divina da Igreja (cf. Rivière, p. 284).
3. 3.P. Sabatier, Les modernistes, p. 33, em
Rivière, pp. 327-328.
4. 4.DzB 2065.
5. 5.Sua preparação foi confiada a um teólogo
romano. Depois de uma infrutífera primeira intenção dos professores de Friburgo
para condensar o sistema modernista, o Vaticano colocou o projeto nas mãos do
padre Joseph Lemius, OMI. Depois de quatro dias, o padre enviou seu estudo ao
cardeal Merry del Val. Este estudo serviu de base para a encíclica Pascendi
(cf. Chiron, Saint Pie X, réformateur de l’Église, p. 236).
6. 6.Ef 1, 10.
7. 7.Loisy, Simples réflexions, p. 23 y p.
276, em Rivière, pp. 371-372.
8. 8.Tyrrell’s letters, p. 60; Loisy,
Quelques lettres, em Rivière, p. 221.
9. 9.Choses passées, p. 90, Ibid.
10. 10.Doutor Schrörs, professor em Bonn, em
Rivière, p. 499.
11. 11.Sl 26, 12.
12. 12.Houtin, p. 111, em Rivière, p. 275.
13. 13.DzB 2145-2147.
14. 14.L. de Grandmaison, Études, 1923, em
Rivière, p. 548.
15. 15.1Cor 11, 19.
16. 16.Billot, em De immutabilitate traditionis;
o padre Gardeil, em Le donné théologique et la théologie, pp. 150-165; Bainvel
em Poulat, Histoire, dogme et critique, pp. 219-220; DTC, «Tradition», col.
1341-1349.
17. 17.Lebreton, DAFC, «Modernisme», col. 672.
Ver, em particular, Céruti-Cendrier, Les Évangiles sont des reportages, que
fornece numerosos exemplos da lei da artimanha empregada pelos exegetas
modernos.
18. 18.DzB 1800.
19. 19.São Vicente de Lérins, Commonitorium,
capítulo 23, nº 55, repetido pelo Concílio Vaticano I na constituição Dei
Filius, DzB 1800.
20. 20.Em Ploncard d’Assac, La Iglesia ocupada,
p. 21.
21. 21.Em Bainvel, «Historia de un dogma»,
Études, 5 de dic. de 1904, p. 612 e ss. Assim pois, estas verdades admitem um
progresso não só da formulação, mas também do conteúdo. Trata-se de um
desenvolvimento teológico por via de conclusão teológica no qual se passa do
implícito ao explícito (por exemplo, Cristo morreu por todos, logo também pelos
não predestinados), ou do virtual ao atual (por exemplo, Cristo é inteligente,
logo tem a capacidade de sorrir). Cf. Gardeil, Le donné révélé et la théologie,
pp. 161 e 185-186.
22. 22.Ef 1, 10.
23. 23.Heb 11, 4.
BIBLIOGRAFIA:
-CAPÍTULO XIII do livro Cem Anos de Modernismo)
-https://estudostomistas.org/notre-charge-apostolique-sao-pio-x/
-http://www.domhenrique.com.br/index.php/doutrina-catolica/941-o-modernismo-e-os-tradicionalistas-paranoicos
Papa
emérito Bento XVI fala dos 60 anos do Concílio Vaticano II
Por Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"O
Concílio Vaticano II no início ameaçava perturbar e abalar a Igreja mais do que
dar-lhe uma nova clareza para sua missão. Ao mesmo tempo tornou-se gradualmente
evidente a necessidade de reformular a questão da natureza e da missão da
Igreja. Desta forma, o poder positivo do Concílio também está lentamente
emergindo”., escreveu Bento XVI aos participantes de Simpósio realizado em
outubro passado na Franciscan University of Steubenville, em Ohio, EUA.
O 11 de outubro de 2022 marcou os 60 anos da abertura do Concílio Vaticano II por São João XXIII. Caminho entre o passado e o presente, entre a memória e a profecia, o Concílio produziu um corpus doutrinal, um salto em frente, que não foi caracterizado por novas verdades ou pela condenação de erros, mas por um necessário “aggiornamento” da Igreja, para torná-la capaz de saber transmitir o Evangelho e buscar caminhos de unidade com as outras confissões, o bem comum e estabelecendo um diálogo com o mundo moderno, centrando-se "no que nos une e não no que nos separa", iluminados e guiados pela ação do Espírito Santo. Iniciativas têm sido realizadas em diversas partes do mundo para recordar este importante evento concluído por São Paulo VI em 8 dezembro de 1965. Na Universidade Franciscana de Steubenville, nos Estados Unidos, por exemplo, foi realizado em outubro o Simpósio Internacional de Eclesiologia de Ratzinger. Para a ocasião, o Papa emérito, que foi perito oficial no Concílio, escreveu uma mensagem, tema da reflexão do padre Gerson Schmidt*:
"Em
uma de suas já raras intervenções públicas, o Papa emérito Bento XVI volta 60
anos no tempo, ao anúncio de João XXIII que deixou atordoados os cardeais
reunidos na Basílica de São Paulo fora-dos-muros. BENTO XVI escreveu, em
outubro passado, uma carta em inglês endereçada ao padre Dave Pivonka,
presidente da Franciscan University of Steubenville, em Ohio (EUA), onde foi
realizado o X Simpósio Internacional sobre a Eclesiologia de Joseph Ratzinger.
Uma ocasião de "grande honra e alegria" para o Pontífice emérito que,
do Mosteiro Mater Ecclesiae, onde reside desde a sua renúncia há cerca de dez
anos, pega caneta e papel para agradecer por este evento que insere "meus
pensamentos e meus esforços na grande corrente em que se moveu” por ocasiao do
tempo do Concílio.
Na Carta do Papa emérito ao presidente da Universidade Franciscana de Steubenville, nos EUA, por ocasião do Simpósio Internacional de Eclesiologia de Ratzinger, escreve assim: "No início, o Vaticano II parecia perturbar e abalar a Igreja mais do que dar-lhe uma nova clareza para sua missão. Seu poder positivo está surgindo lentamente". O Vaticano II, por outro lado, revelou-se não apenas "significativo", mas também "necessário", afirmou Bento XVI. “Quando comecei a estudar teologia, em janeiro de 1946, - escreve o Papa emérito - ninguém pensava em um Concílio Ecumênico”. "Quando o Papa João XXIII o anunciou, para grande surpresa de todos, havia muitas dúvidas sobre o fato se seria significativo, antes ainda, se seria possível, organizar as instituições e perguntas no conjunto de uma declaração conciliar e de uma declaração de outra pessoa e, portanto, de dar à Igreja uma direção para o seu ulterior caminho. Na realidade, um novo Concílio se revelou não apenas significativo, mas necessário”. O Concílio Vaticano II buscou ser um concílio ecumênico e por isso quis dialogar com as igrejas cristãs e com as outras confissões e religiões. Quis também que a Igreja dialogasse com o mundo, tanto que dedica uma contituição especial a esse respeito que ressultou na Gaudium et Spes – A Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. “Pela primeira vez - escreve o Papa emérito -, a questão de uma teologia das religiões se mostrou em sua radicalidade. O mesmo vale para a relação entre a fé e o mundo da simples razão”. Ambos os temas que “nunca haviam sido previstos dessa maneira”. Isto, explica Ratzinger, “porque o Concílio Vaticano II no início ameaçava perturbar e abalar a Igreja mais do que dar-lhe uma nova clareza para sua missão. Ao mesmo tempo - acrescenta na carta - tornou-se gradualmente evidente a necessidade de reformular a questão da natureza e da missão da Igreja. Desta forma, o poder positivo do Concílio também está lentamente emergindo”. Na carta, o Papa emérito recorda também como seu trabalho eclesiológico tenha sido marcado pela "nova situação" criada na Igreja na Alemanha após o fim da Primeira Guerra Mundial. "Se até aquele momento a eclesiologia havia sido tratada essencialmente em termos institucionais, agora se percebia com alegria a mais ampla dimensão espiritual do conceito de Igreja". Voltam as palavras de Romano Guardini, autor de referência para o Pontífice alemão: “Iniciou-se um processo de imensa importância. A Igreja está despertando nas almas”. Houve na ocasião uma melhor e mais correta compreensão da Igreja e do mundo. “No Vaticano II, a questão da Igreja no mundo tornou-se finalmente o verdadeiro problema central”, afirma nas últimas linhas o Papa emérito. Daí os votos de que o Simpósio da Universidade de Steubenville pudesse ser “útil na luta por uma justa compreensão da Igreja e do mundo em nosso tempo”."
Doutrina
agostiniana
Bento recorda a evolução do conceito de "Corpo de Cristo", cristalizado na Encíclica Mystici Corporis de Pio XII. Ele também cita sua dissertação sobre o Povo e Casa de Deus na doutrina agostiniana da Igreja, aprofundada no âmbito no Congresso Agostiniano em Paris em 1954. Ele recorda então a disputa sobre o significado de Civitas Dei que "parecia definitivamente resolvida" e a dissertação de Heinrich Scholz, que recebeu a aprovação da opinião pública "que atribuía à Igreja e à sua fé um belo lugar, mas também inócuo. "Qualquer um que ousasse destruir esse belo consenso só poderia ser considerado cego teimoso", escreve ele. E sublinha no texto que "o augustianismo medieval foi realmente um erro fatal, que hoje, felizmente, foi definitivamente superado".
A
correta compreensão da Igreja e do mundo
“No
Vaticano II, a questão da Igreja no mundo tornou-se finalmente o verdadeiro
problema central”, afirma nas últimas linhas o Papa emérito. Daí os votos de
que o Simpósio da Universidade de Steubenville possa ser “útil na luta por uma
justa compreensão da Igreja e do mundo em nosso tempo”.
*Padre
Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da
Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação
pela FAMECOS/PUCRS.
Fonte:
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2022-12/bento-xvi-60-anos-concilio-vaticano-ii.html
CONCLUSÃO:
Com verdade e firmeza implacável aos modernistas – fossem eles verdadeiros ou supostos -, São Pio X realmente conseguiu livrar a Igreja do tsunami que a cercava: aquela mentalidade nova e, muitas vezes, incompatível com o cristianismo. Como já foi dito, as duras condenações de modo amplo e sem matizes esterilizaram por um bom tempo a pesquisa dos exegetas católicos. Num clima assim, muitos, por prudência, se fecharam na erudição e na arqueologia, perdendo a visão universal da revelação. Somente a partir de Pio XII, com a Encíclica Divino afflante Spiritu, começou-se, pouco a pouco, um pequeno ensaio de afrouxar mais as rédeas da exegese e de incentivar os exegetas no seu trabalho. O mesmo valeu para os teólogos e a teologia de modo geral, até então sob estrita e fossilizante vigilância integrista dentro da Igreja. Agora, já não mais se obrigava os teólogos a afirmarem que o dogma não tinham história. Alguns teólogos, como Chenu, Congar e De Lubac proppuseram uma rica e fecunda teologia fortemente enraizada nos Padres e na história da Igreja. Apesar de serem plenamente ortodoxos, ainda tiveram que enfrentar um clima de suspeitas em certos ambientes adeptos de um tomismo dogmático e fossilizado que, além de errar por pensar que o tomismo é a única escola de teologia realmente católica, defendiam uma interpretação de São Tomás que não era realmente fiel ao pensamento e às intuições do Doutor Angélico. Esses teólogos brilhantes foram colocados injustamente em linha de fogo, sua teologia foi denominada de modo pejorativo de Nouvelle Théologie, “Nova Teologia”, no sentido de ser infiel à Tradição eclesial. Graças a Deus esse importante grupo de teólogos, mesmo sofrendo incompreensões, manteve-se fiel à Igreja e levaram adiante seus estudos, que foram de inestimável valor para a renovação da e colocaram as bases para o Concílio Vaticano II. O próprio Papa Pio XII sofreu influência desses ambientes reacionários, chegando a desconfiar de alguns aspectos da teologia do Pe. De Lubac e condenando-os indiretamente na Encíclica Humani Generis. Em todo caso, uma certa abertura estava realmente em curso: tanto a eclesiologia como as relações entre a Igreja e a modernidade iam, aos poucos, sendo abordadas não mais simplesmente em termos jurídicos, mas iam sendo enfocadas de modo mais positivo, vital e dinâmico. O próprio Papa Pio XII começou a interagir com mais abertura em relação ao mundo circunstante. Começou-se a defender pacificamente – como o filósofo cristão Jacques Maritain – que a Igreja não deveria exercer uma tutela sobre o âmbito temporal. Isto ficara na Idade Média, por motivos históricos bem precisos e justificáveis; agora tal pretensão seria inconcebível! Contudo, foi somente com o Vaticano II que a Igreja deu o passo decisivo na tentativa de dialogar com o mundo moderno. Antes mesmo dos documentos do Concílio, é importante salientar a própria mentalidade que dirigiu a Assembléia conciliar: o desejo de apresentar o Evangelho e a fé católica na plena fidelidade à Tradição mas, por outro lado, deixando de lado aqueles elementos não essenciais que eram expressões próprias de uma situação histórica ultrapassada. Distinguia-se a fé das expressões nas quais ela pode ser expressa; distinguia-se o que é doutrina normativa e definitiva, pertencente ao Depósito da Fé, daquilo que é contingente e pode ser mudado e melhorado – distinções que não puderam ser feitas por Pio IX e Pio X pelo clima envenenado da época da crise modernista. Assim, problemas como o ecumenismo, a questão exegética, a questão social, a liberdade religiosa, a avaliação das várias religiões não-cristãs, particularmente do judaísmo e do islamismo, tudo isto foi revisto à luz da nova situação histórica e de uma mentalidade não mais reacionária, mas, ao invés, positiva e propositiva. É importantíssimo notar que não se tratou de renegar o passado, de adulterar a fé ou de desdizer a doutrina no que tem de imutável, mas sim de ser fiel ao patrimônio perene da Mãe católica, apresentando-o, no entanto, de modo dialógico em relação ao homem atual. Isto a Igreja fizera já quando saíra do ambiente judaico para o mundo grego, quando deixara o mundo greco-romano para penetrar no mundo celta, depois, fê-lo novamente quando teve que interagir com o mundo germânico. Novamente iria fazê-lo agora, dialogando de modo crítico e construtivo com a mentalidade saída do iluminismo, do racionalismo e do cientificismo da modernidade. Neste novo horizonte, o Magistério eclesial pôde reavaliar com mais serenidade e profundidade várias das teses que no tempo da polêmica modernista foram condenadas como heréticas ou perigosas para a fé. Separando o joio do trigo, evitando os pressupostos filosóficos incompatíveis com a fé, os Papas e o Episcopado do pós-concílio, de modo sereno e decidido vêm fazendo este trabalho de discernimento. Muitas vezes o Magistério tem aprovado as novas impostações da teologia e da exegese e, outras tantas vezes tem repreendido, corrigido e até punido os desvios e erros. É isto que os tradicionalistas empedernidos (herdeiros da mentalidade integrista, mesquinha e tacanha do Sodalitium Pianum) e muitos teólogos excessivamente progressistas (herdeiros do modernismo, que falam num tal de “espírito do Concílio” para defenderem tudo quanto é teologia extravagante e contrária à fé) não conseguem entender. Quem tem seguido com seriedade e empenho os passos do Magistério da Igreja nas últimas décadas percebe claramente o cuidado de fazer constantemente este discernimento, bem como o belíssimo equilíbrio do Magistério dos papas recentes. É todo este processo, certamente tão guiado pelo Espírito Santo como ocorrera nas demais épocas da história da Igreja, que os tradicionalistas não conseguem compreender. Agarram-se aos antigos documentos sem nenhuma perspectiva histórica, lendo-os como se a Igreja estivesse no final do século XIX e inícios do século XX. Vivem em guerra contra moinhos de vento. O perigo é que citam os antigos documentos sem conhecerem ou sem levaram em conta todo este contexto e, assim, de modo obtusamente fundamentalístico, impressionam os desavisados. Quantos jovens católicos bem intencionados, no desejo de serem fiéis à Tradição da Igreja, caem na armadilha desses diretores de museu eclesiástico! Aí, de modo tolo e com uma ignorância de dar pena, saem acusando todo mundo de modernista, impugnando teólogos sérios e importantes, como o Pe. De Lubac, que foi convocado para perito do Concílio pelo Bem-aventurado João XXIII, foi elogiado por Paulo VI, feito cardeal por João Paulo II e foi um dos principais mestres de Bento XVI. Analisando com calma, pode-se afirmar – e eu afirmo sem medo – que a “igreja” (com “i” minúsculo) propugnada por esses tradicionalistas pouco tem da Igreja de Cristo, sustentada pelo Espírito: a visão deles é de uma igreja fossilizada, parada numa determinada época (e que não é a época apostólica), que não compreende as necessidades do mundo e nada tem a dizer a ele; é uma igreja medrosa, infiel ao seu mandato de ser sal e luz; uma igreja aleijada, que olha para trás e não para frente, ao encontro com o Senhor que vem; uma igreja que concebe o riquíssimo tesouro da Tradição como um baú velho, com respostas amareladas como as anotações de um professor repetitivo e preguiçoso, que morreu intelectualmente; é uma igreja que confunde o essencial com o acessório, a verdade com as maneiras com as quais esta pode ser apresentada; é uma igreja que coloca São Tomás acima da Escritura e dos Santos Padres, que coloca a Idade Média acima da época apostólica, que de modo desonesto desqualifica os papas do presente em nome dos papas do passado numa herética contraposição… É interessante que até mesmo a linguagem desses tradicionalistas, pouco amigos da Tradição, é empolada e afetada… Um sinal claro de que vão cada vez mais perdendo contato com a Igreja real é que se isolam do Episcopado e dos demais irmãos na fé. Interessante que, cheios de presunção, se arvoram em defensores e intérpretes da Tradição, função que Cristo confiou aos Bispos e, para tanto, os assiste com o Espírito Santo! Para concluir. Elaborei este texto para esclarecer àqueles que, bem intencionados, ficam confusos ao lerem em sites tradicionalistas e reacionários – descendentes diretos dos integristas do Sodalitium Pianum – citações de antigos documentos do Magistério que parecem contradizer as afirmações do Magistério atual. Também quis explicar o que foi o modernismo e quais os seus perigos. Quis ainda mostrar como algumas coisas que foram condenadas em bloco pelo Magistério da época devido a precisas condições históricas, atualmente, purificadas, foram acolhidas e ensinadas pelo Magistério eclesiástico sem nenhuma contradição com a fé católica e a perene Tradição da Igreja. Não tenho neste texto objetivo polêmico. Não perco tempo polemizando com reacionários, porque o reacionarismo é uma doença da inteligência. Pode-se ser tranquilamente conservador, pode-se ter esta ou aquela sensibilidade litúrgica, teológica, espiritual, mas ser reacionário impede o diálogo, mata a caridade e turba a compreensão. Meu escrito não é para os reacionários, mas para os leitores sinceramente católicos, fiéis à Igreja de hoje e de sempre que, freqüentando meu blog (Apostolado Berakash), procuram orientação de alguém que deseja sinceramente estar em comunhão com o atual Sucessor de Pedro. Para estes dei-me a esta pequena fadiga deste texto. Se ajudar sentir-me-ei recompensado.
Francisco José
Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme
diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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