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O verdadeiro espírito do Capitalismo na visão de Max Ewber, Yuval Noah Harari, entre outros

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 5 de março de 2021 | 21:38

 

 


 

 

 

Para muitos o capitalismo sempre foi um sistema atrelado à contemporaneidade - uma consequência da vigente forma de se viver - o que a maior parte das pessoas entendem por capitalismo, para ser cortês, resume-se nesta equação: capitalismo=consumismo impulsivo+geração de lucros+exploração. Por ora, os elementos da equação acima, fazem sentido, contudo, como diz Weber (p. 5) "não se identifica, nem de longe, com o capitalismo". Weber foi um intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da Sociologia, e apresenta-nos o capitalismo sobre um ângulo diferente, capaz de responder a uma série de indagações. De uma forma simples, todo seu estudo sobre o capitalismo pode ser simplificado pelo título de seu livro: "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo".O que é de fato o capitalismo, uma ética ou um sistema? Quem originou quem? Em que momento da história? Estas são algumas das perguntas que Max Weber tentou responder, e de fato, encontrou hipóteses compatíveis. A verdade, é que Weber, a primeiro instante, notou uma diferença significativa entre a cultura ocidental e a cultura oriental, que mais tarde, traria as respostas para seus estudos. Figurativamente, teríamos o ocidente com sua busca pela racionalização universal da verdade, caminhando para o lado esquerdo do plano; em contraparida, o oriente estaria caminhando para o lado direito do plano, com sua busca contempladora. O ponto chave, é que Weber também evidenciou, que o capitalismo ocidental mostrara distinções em relação ao ocidental.Ao estudarmos qualquer problema da história universal, o produto da moderna civilização européia estará sujeito à indagação de quais combinações de circunstâncias se pode atribuir o fato de na civilização ocidental, e só nela, terem aparecido fenômenos culturais que, como queremos crer, apresentam uma linha de desenvolvimento de significado e valor universais. (WEBER, p. 3).A primeira rotina que Max Weber afasta, é aquela que dita que o capitalismo é o desespero pela busca de lucro, próximo da ambição e da ganância. Como resultado, você não é capitalista apenas por consumir imoderadamente determinados produtos, o fato de você querer rotular-se com roupas de grife e carros de luxo, não te faz um capitalista de verdade. Conforme Weber (p. 5) diz: "a ganância ilimitada de ganho não se identifica, nem de longe, com o capitalismo, e menos ainda com seu 'espírito'”. Mas então, o que é o capitalismo? O primeiro vestígio que Weber deixa sobre a definição de capitalismo, está codificado na seguinte afirmação: "o capitalismo, pode eventualmente se identificar com a restrição, ou pelo menos com uma moderação racional desse impulso irracional."

 

 

Logo, a fim de não produzir suspense, o capitalismo weberiano pode ser entendido como toda ação orientada por uma dose racional apurada, calculada. Ora, a título de exemplo, tem-se como capitalista aquele que pratica um esporte, não por prazer ou contemplação, e sim por tentativa de melhorar sua eficiência física. Há de se pensar também, que no âmbito empresarial, uma parcela supostamente não age com plena racionalização, no entanto, "quando a transação é racional, o cálculo é a base de toda ação individual dos parceiros. O fato de poder não existir um cálculo realmente preciso de o procedimento ser mera adivinhação ou simplesmente tradicional e convencional ocorre ainda hoje em todas as formas de empreendimento capitalista nas quais as circunstâncias não exijam grande precisão. Contudo, esses pontos afetam apenas o grau da racionalidade da aquisição capitalista." (WEBER, p. 6).Para explicar com mais clareza o que é este capitalismo baseado na racionalização, Weber faz uso do famoso texto de Benjamin Franklin, "Time is money", "Lembre-se que o tempo é dinheiro. Lembre-se que o crédito é dinheiro. Lembre-se do ditado: O bom pagador é dono da bolsa alheia. As menores ações que possam afetar o crédito de um homem devem ser levadas em conta. Isto mostra, entre outras coisas, que estás consciente daquilo que tens; fará com que pareças um homem tão honesto como cuidadoso, e isso aumentará teu crédito. Não te permitas pensar que tens de fato tudo o que possuis, e viver de acordo." (WEBER, p. 19).

 

 

Logo, de fato, o que nos é aqui pregado não é apenas um meio de fazer a própria vida, mas uma ética peculiar. Todavia, em que momento surgiu esta ética? É a partir deste ponto, que Max Weber começa a estabelecer a relação indêntica entre a ética capitalista, e a ética protestante, com ênfase no Calvinismo. De outra forma a influência de certas idéias religiosas no desenvolvimento de um espírito econômico, ou o ethos de um sistema econômico. Nesse caso estamos lidando com a conexão do espírito da moderna vida econômica com a ética racional da ascese protestante. Diante disso, para entender como surgiu este espírito do capitalismo, torna-se necessário compreender alguns fundamentos da ética religiosa protestante.

 

O primeiro deles é que o anuncia que "o único modo de vida aceitável por Deus não era o superar a moralidade mundana pelo ascetismo monástico, mas unicamente o cumprimento das obrigações impostas ao indivíduo pela sua posição no mundo. Esta era sua vocação." (WEBER, p. 34). Weber também acrescenta, que a Reforma Protestante teve como efeito a transfiguração do trabalho que deveria ser realizado como vocação. Mas qual era a vocação do calvinista? Dentro do Calvinismo "a busca do indivíduo no âmbito da profissão concreta, foi por ele entendida cada vez mais como um mandamento divino especial, para o cumprimento dos deveres que lhe foram impostos pela vontade divina." (WEBER, p. 37), além disso, o calvinista olhava todos os sentimentos e emoções puros com desconfiança, fortalecendo cada vez mais seu espírito racional.Em conformidade com Weber (p. 74), eis o ideal calvinista: "o homem sobre a terra deve, para ter certeza deste estado de graça, trabalhar naquilo que lhe foi destinado, ao longo de toda sua jornada. Não são o ócio e o prazer, mas só a atividade que serve para, aumentar a glória de Deus, conforme a clara manifestação de Sua vontade. A perda de tempo é pois, em princípio, o mais funesto dos pecados. A perda de tempo na vida social, em conversas ociosas, em luxos e mesmo em dormir mais que o necessário para a saúde, de seis até o máximo de oito oras, é merecedora de absoluta condenação moral.” Weber também observa, que o trabalho, para o calvista, viria a ser a própria finalidade da vida, assim, “'quem não trabalha não deve comer'" valem incondicionalmente para todos. A falta de vontade de trabalhar é sintoma da falta de graça.” (WEBER, p. 75).

 

Ora, há de ser argumentar, mas a riqueza não seria um pecado? Conforme Weber (p. 77), "a riqueza seria eticamente má apenas na medida em que venha a ser uma tentação para um gozo da vida no ócio e no pecado, e sua aquisição seria ruim só quando obtida como propósito posterior de uma vida folgada e despreocupada." Logo, toda riqueza gerada não poderia ser gasta com bens luxuosos, o que fez os calvinistas reinvistirem no trabalho, gerando mais e mais riquezas. Outro ponto relevante, é o de que "querer ser pobre era, como foi mencionado várias vezes, o mesmo que querer ser doente; era reprovável em relação à glorificação do trabalho e derrogatório quanto à glória de Deus." (WEBER, p. 77).

 

 

Quando a limitação do consumo é combinada com a liberação das atividades de busca da riqueza, o resultado prático inevitável é óbvio: o acúmulo de capital mediante á impulsão ascética para a poupança. As restrições impostas ao gasto de dinheiro, serviram naturalmente para aumentá-lo, possibilitando o investimento produtivo do capital. Infelizmente, o quanto esta influência foi poderosa, não é passível de demonstração estatística exata. (WEBER, p. 81).Diante disso, pode-se aferir que segundo Weber, o capitalismo não é e não surgiu de um sistema, ao contrário, ele ergueu-se de uma ideia, de uma ética protestante, de uma forma de pensar, o lhe garante a existência de um espírito, de uma ética capitalista. Por fim, "surgiu uma ética econômica especificamente burguesa. Com a consciência de estar na plenitude da graça de Deus e visivelmente por Ele abençoado, o empreendedor burguês, desde que permanecesse dentro dos limites da correção formal, que sua conduta moral estivesse intacta e que não fosse questionável o uso que fazia da riqueza, poderia perseguir seus interesses pecuniários o quanto quisesse, e sentir que estava cumprindo um dever com isso. Além disso, o poder do ascetismo religioso punha lhe à disposição trabalhadores sóbrios, conscienciosos e extraordinariamente ativos, que se agarravam ao seu trabalho como a um propósito de vida desejado por Deus." (WEBER, p. 84).

 

 

Referências:

 

 

-WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Companhia das Letras, 2004.

 

 

O que tem o capitalismo a ver com a felicidade?

 

 

O Professor Yuval Noah Harari, da Universidade Hebraica de Jerusalém, em seu livro “Sapiens: Uma breve História da Humanidade", discute temas como capitalismo, livre mercado, consumismo e felicidade sob outra ótica. Ele é Doutor em História pela Universidade de Oxford e especializado em História mundial. Autor de vários livros e escritos, alguns dos quais já traduzidos para o português, ele costuma tratar de questões históricas de uma maneira bastante abrangente, relacionando a História com a Biologia, por exemplo.Um dos seus livros mais conhecidos, que se tornou um best-seller internacional, publicado em mais de quarenta países, chama-se “Sapiens: Uma breve História da Humanidade.”[1]Trata-se de uma obra “realmente impressionante, de se ler num fôlego só, pois questiona nossas ideias preconcebidas a respeito do universo”[2], “ilumina as grandes questões da história e do mundo moderno”[3] e foi escrito “de verdade, com gosto, clareza, elegância e um olhar clínico para a metáfora.”[4]Neste pequeno trabalho abordarei apenas quatro questões que são muitíssimo bem analisadas pelo autor israelense:

 

1)-O capitalismo,

 

2)-O livre mercado,

 

3)-O consumismo

 

4)-A felicidade.

 

 

Ele o faz desde uma perspectiva absolutamente original e surpreendente. Vejamos nesta ordem:

 

 

Harari começa por lembrar o economista escocês Adam Smith, considerado por alguns como o “pai da economia moderna” e, certamente, um dos mais destacados e importantes teóricos do liberalismo econômico. Smith, em sua obra clássica, “A Riqueza das Nações”, publicada no ano de 1776, apresentou um argumento que pareceu a Harari ser algo original:

 

 

 

“Quando um proprietário de terras, um tecelão ou um sapateiro tem mais lucro do que precisa para manter a própria família, ele usa o excedente para empregar mais assistentes, a fim de aumentar seu lucro. Quanto mais lucro tiver, mais assistentes pode empregar. Daí decorre que um aumento no lucro dos empreendedores privados é a base para o aumento na riqueza e prosperidade coletivas.”[5]

 

 

 

Ora, diz Harari, “o que Smith afirma é, na verdade, que a ganância é algo bom e que ao ficar mais rico eu beneficio a todos, e não só a mim mesmo.” Logo, “egoísmo é altruísmo.” Com isso, Smith “negou a contradição entre riqueza e moralidade e escancarou os Portões do Céu para os ricos”, pois “ser rico significava ser moral.”

 

 

Para o economista britânico, portanto, “as pessoas ficam ricas não saqueando os vizinhos, e sim aumentando o tamanho do bolo.” Logo, “quando o bolo cresce, todos se beneficiam, os ricos são, portanto, as pessoas mais úteis e benévolas da sociedade, porque impulsionam o crescimento em benefício de todos.”

 

 

Assim, uma consequência “crucial da economia capitalista moderna foi o surgimento de uma nova ética, segundo a qual os lucros tinham de ser reinvestidos na produção.”Trata-se, evidentemente, de um equívoco (esta afirmação é minha), pois nada garante (muito pelo contrário, também o digo) que os ricos gananciosos usarão “seus lucros para abrirem novas fábricas e contratarem novos empregados, em vez de desperdiçá-los em atividades não produtivas”, diz ele.

 

 

 

Desse modo, para ficarmos no exemplo de Smith, quem garante que o sapateiro ganancioso não vai aumentar seus lucros exatamente “pagando menos aos empregados e aumentando a jornada de trabalho deles?” O certo, como a História mostrou e nós sabemos, é que o que começou “como uma doutrina econômica”, acabou sendo concebido como “um conjunto de ensinamentos sobre como as pessoas devem se comportar, educar seus filhos e até mesmo pensar.” Uma verdadeira ética, portanto!

 

 

O capitalismo, erigindo o crescimento econômico como “o bem supremo, ou pelo menos uma via para o bem supremo”, acabou por fazer dependentes daquele crescimento “a justiça, a liberdade e até mesmo a felicidade.” Acontece que “quando o crescimento se torna um bem supremo, irrestrito por qualquer outra consideração ética, pode facilmente levar à catástrofe.”Esta religião (a expressão é de Harari), que acredita “no crescimento econômico perpétuo”, é de uma tal tolice que “desafia quase tudo que conhecemos sobre o universo.” Compara, então, o autor: “uma sociedade de lobos seria extremamente tola em acreditar que a oferta de ovelhas continuaria crescendo por tempo indefinido.”

 

 

Na sequência, o Professor Harari passa a analisar o “culto ao livre mercado, hoje a mais comum e mais influente variante do credo capitalista.” Os seus adeptos e os seus arautos aconselham os governos, tais como “os mestres zen fazem com seus iniciantes”, que “simplesmente não façam nada.” Ora, diz Harari, esta “crença no livre mercado é tão ingênua quanto a crença no Papai Noel”, mesmo porque nunca existiu, tampouco haverá “um mercado completamente isento de interesses políticos.”

 

 

Quando o Estado “falha em sua função e não regula o mercado devidamente, a consequência é a perda de confiança, a redução de crédito e a depressão econômica.” E ele cita dois exemplos: a Bolha do Mississipi, em 1719, e a bolha imobiliária nos Estados Unidos, em 2007, ambas causas de uma gravíssima crise creditícia e uma profunda recessão. Ademais, essa é “a pedra no sapato do capitalismo de livre mercado, não há como garantir que os lucros sejam ganhos de forma justa, ou distribuídos de maneira justa”, mesmo porque, como mostram a mancheias os exemplos que todos nós conhecemos, “a ânsia por aumentar os lucros e a produção cega as pessoas para qualquer coisa que possa estar no caminho.”

 

 

Então, qual é a consequência de tudo isso? É exatamente o surgimento de uma outra ética: o consumismo!

 

 

O raciocínio do Professor israelense é tão simples quanto preciso: se a economia capitalista, para a sua própria sobrevivência, precisa aumentar desesperadamente a produção, e como só produzir não basta, “também é preciso que alguém compre os produtos, ou os industrialistas e os investidores irão à falência.” Logo, é preciso comprar. Comprar é preciso, viver não é preciso, como diriam os argonautas.[6]



A humanidade já viveu eras cuja frugalidade era “sua palavra de ordem”, como lembra a “ética austera dos puritanos e a dos espartanos.” Hoje, bem ao contrário, “o consumo de cada vez mais produtos e serviços é visto pelo consumismo como algo positivo e a frugalidade é uma doença a ser curada, uma auto opressão.”Em nosso mundo atual as pessoas são levadas mesmo a “se matarem pouco a pouco pelo consumo exagerado, compramos uma série de produtos de que não precisamos realmente e que até ontem não sabíamos que existiam.”

 

 

A cada dia são criados “deliberadamente produtos de vida curta e inventados modelos novos e desnecessários de produtos perfeitamente satisfatórios que devemos comprar para ´não ficar de fora`. Ir às compras se tornou um passatempo favorito e os feriados religiosos como o Natal se tornaram festivais de compras.”

 

 

 

“Há muitos indícios de que estamos destruindo as bases da prosperidade humana em uma orgia de consumo desenfreado”, diz ele, e conclui: a “ética capitalista e a consumista são dois lados da mesma moeda, uma combinação de dois mandamentos. O mandamento supremo dos ricos é ´invista!`. O mandamento supremo do resto de nós é ´compre`!”

 

 

 

E quanto à felicidade?

 

 

Para ele, há vários modos de tratar este tema:

 

 

1)-Pode-se, por um lado, discuti-la desde um ponto de vista puramente material. Neste sentido, fatores materiais, como a saúde, a dieta e a riqueza, serviriam de parâmetro para “medir” a felicidade humana. Assim, “se as pessoas são mais ricas e mais saudáveis, também devem ser mais felizes.”

 

 

2)-Sob outro aspecto – o preferido pelos filósofos, padres e poetas durante milênios -, “fatores sociais, éticos e espirituais têm tanta influência sobre nossa felicidade quanto as condições materiais.”

 

 

3)-Uma terceira ideia – desenvolvida nas últimas décadas, especialmente pelos biólogos – é estudar a felicidade cientificamente, levando-se em consideração que o “nosso mundo mental e emocional é governado por mecanismos bioquímicos definidos por milhões de anos de evolução.”Logo, não são fatores externos, “como salário, relações sociais ou direitos políticos” que, necessariamente, trazem-nos a felicidade.” Ao contrário, nosso “bem-estar subjetivo é determinado por um complexo sistema de nervos, neurônios, sinapses e várias substâncias bioquímicas como serotonina, dopamina e oxitocina.”Ficamos felizes não porque ganhamos na loteria ou compramos uma casa nova, ou um carro de luxo, ou porque nos apaixonamos ou fazemos uma viagem para o exterior. Na verdade, “as pessoas ficam felizes por um único motivo: sensações agradáveis em seu corpo, causadas pelos hormônios que inundam sua corrente sanguínea, pela tempestade de sinais elétricos pipocando em diferentes partes do seu cérebro.”Portanto, a espécie humana evoluiu “para sermos nem felizes demais, nem infelizes demais, mas para sentirmos um ímpeto momentâneo de sensações agradáveis, que nunca duram para sempre, pois, mais cedo ou mais tarde, diminuem e dão lugar a sensações desagradáveis.”Neste aspecto, a questão da felicidade está intrinsicamente ligada ao nosso sistema bioquímico, havendo “algumas pessoas que nascem com um sistema bioquímico alegre” (e são geralmente felizes e contentes), enquanto outras “são amaldiçoadas com uma bioquímica melancólica, que as tornam infelizes e deprimidas mesmo que desfrute do apoio de uma comunidade coesa, ganhe milhões na loteria e seja tão saudável quanto um atleta olímpico.” O cérebro de tais pessoas (no segundo caso), “simplesmente não é projetado para a euforia, aconteça o que acontecer.”  

 

 

Para demonstrar tal assertiva, Harari leva-nos a pensar por um instante em nossa família e em nossos amigos. Certamente conhecemos “algumas pessoas que estão sempre relativamente alegres, não importa o que aconteça com elas.” Mas, também conhecemos outras tantas “que estão sempre insatisfeitas, não importa que dádivas o mundo deite a seus pés.”

 

 

Obviamente que não há “fanatismo” dos biólogos nestas conclusões, pois admitem, nada obstante “a felicidade ser determinada principalmente pela bioquímica, fatores psicológicos e sociológicos também têm o seu lugar.”Mas essa concepção de felicidade também sofre contestação, como, por exemplo, a do economista comportamental Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, para quem, a partir de estudos empíricos, “há um importante componente ético e cognitivo na felicidade, consistindo em enxergar a própria vida em sua totalidade como algo significativo e valioso.”

 

 

Assim, desde um ponto de vista nietzschiano e de Viktor Frankl: “se há um motivo para viver, tolera-se praticamente qualquer coisa, pois uma vida cheia de sentido pode ser extremamente gratificante mesmo em meio a adversidades, ao passo que uma vida sem sentido é um suplício terrível independentemente de ser repleta de conforto.”

 

 

Eis o problema: o sentido da vida!, pois, “até onde sabemos, de um ponto de vista puramente científico, a vida humana não tem sentido algum e qualquer significado que as pessoas atribuem à própria vida é apenas uma ilusão.” (grifo no original). Ora, “se a felicidade se baseia em ter sensações agradáveis, para sermos mais felizes precisamos reformular nosso sistema bioquímico.” Mas, se ao contrário, ela se baseia “em sentir que a vida tem sentido, para sermos mais felizes precisamos nos iludir de maneira mais eficaz.” Observe-se que ambas as visões “partem do pressuposto de que a felicidade é uma espécie de sensação subjetiva (de prazer ou de sentido).”

 

 

Haveria, então, outras possibilidades?

 

 

Para ele, o budismo faz uma abordagem particularmente interessante a respeito da felicidade. Apesar de concebê-la da mesma forma que a biologia, ou seja, como uma resultante “de processos que ocorrem em nosso corpo, e não de acontecimentos no mundo externo”, a religião budista chega a conclusões distintas, especialmente a de que “a maioria das pessoas identifica sensações agradáveis como felicidade e sensações desagradáveis como sofrimento”, razão pela qual, ao longo de sua existência, “atribuem enorme importância ao que sentem, ávidas por vivenciar cada vez mais sensações agradáveis e por evitar sensações desagradáveis.”

 

 

A questão é que tais momentos felizes são muito transitórios – tais “como as ondas do oceano que mudam a cada instante” -, o que leva o homem (e a mulher) a perseguir constantemente aquelas “sensações agradáveis” e a tentar afastar “as sensações desagradáveis.”[7] Ocorre que como aquelas são sempre transitórias, “logo temos de começar tudo de novo, sem jamais obter recompensas duradouras por nossos esforços.” São, portanto, sempre “prêmios efêmeros.” E se são efêmeros, porque persegui-los por toda uma existência?

 

 

Eis, para os budistas, a raiz do sofrimento humano: “essa incessante e inútil busca de sensações efêmeras, que nos leva a estar em um constante estado de tensão, inquietude e insatisfação”, motivo que faz a nossa mente nunca estar satisfeita, ainda quando sentimos prazer, pois ela “teme que essa sensação logo desapareça e deseja ardentemente que permaneça e se intensifique.”

 

 

 

Logo, só nos libertaremos desse sofrimento, segundo os budistas, “quando entendermos a natureza transitória de todos os nossos sentimentos e pararmos de persegui-los.” Somente assim, libertos dessa busca inútil, a nossa mente ficará “tranquila, clara e satisfeita e, apesar de sentimentos de todo tipo continuarem indo e vindo – alegria, raiva, tédio, desejo – não mais ansiamos por sentimentos específicos, mas simplesmente aceitamos tais como são. Que paz!”Se Buda concordava com a biologia quando admitia que a felicidade independia de condições externas, dela discordava, pois “a verdadeira felicidade também independe de nossas sensações interiores, pois quanto mais importância damos a nossas sensações, mais ansiamos por elas, e mais sofremos. A recomendação de Buda era parar a busca não só de conquistas externas, como também, acima de tudo, parar a busca de sensações internas.”[8]

 

 

 

Resumindo: o caminho para a felicidade “é conhecer a verdade sobre você mesmo – entender quem, ou o que, você é realmente” e acabar com “a busca incessante por determinadas sensações que só aprisiona ao sofrimento.”Aí reside a principal questão: conhecer seu verdadeiro eu. Se o ignoramos, ignoramos a verdadeira felicidade. Aqui, Harari lembra a principal razão de ser da psicoterapia:

 

 

“as pessoas não se conhecem realmente e às vezes precisam de ajuda profissional para se livrarem de comportamentos autodestrutivos.” De toda maneira, acerca da felicidade, “é cedo demais para adotar conclusões rígidas e encerrar um debate que mal começou.”

 

 

Essa foi uma pequena resenha feita de um livro muito denso, com informações e hipóteses de uma originalidade que impressiona. Não é um trabalho que basta para compreender as ideias do autor, afinal de contas, trata-se de um “livro fascinante que não pode ser resumido; você simplesmente terá de lê-lo.”[9]

 

 

Para onde queremos ir?

 

 

 

Por fim, reproduzo aqui o breve epílogo de "Sapiens", intitulado "O animal que se tornou um deus", uma bela síntese do tom positivamente provocativo de Harari:

 

 

 

"Há 70 mil anos, o Homo Sapiens ainda era um animal insignificante cuidando da sua própria vida em algum canto da África. Nos milênios seguintes, ele se transformou no senhor de todo o planeta e no terror do ecossistema. Hoje, está prestes a se tornar um deus, pronto para adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas de criação e destruição. Infelizmente, até agora o regime dos sapiens sobre a Terra produziu poucas coisas das quais podemos nos orgulhar. Nós dominamos o meio à nossa volta, aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, fundamos impérios e criamos grandes redes de comércio. Mas diminuímos a quantidade de sofrimento no mundo? Repetidas vezes, os aumentos gigantescos na capacidade humana não necessariamente melhoraram o bem-estar dos sapiens como indivíduos e geralmente causaram enorme sofrimento a outros animais.Nas últimas décadas, pelo menos fizemos algum progresso real no que concerne à condição humana, com a redução da fome, das pragas e das guerras. Mas a situação de outros animais está se deteriorando mais rapidamente do que nunca, e a melhoria no destino da humanidade ainda é muito frágil e recente para que possamos ter certeza dela. Além disso, apesar das coisas impressionantes de que os humanos são capazes de fazer, nós continuamos sem saber ao certo quais são nossos objetivos e, ao que parece, estamos insatisfeitos como sempre. Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais – mas ninguém sabe para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer companhia, não prestamos contas a ninguém. Em consequência, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação. Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?"

 

 

 


O importante é ser consumidor

 

 

Por: JUREMIR MACHADO DA SILVA

 

 

Existimos para isso. Já fomos cidadãos. Era muito chato.Hoje, somos, antes de tudo, consumidores.A Declaração Universal dos Direitos do Homem será substituída pela Declaração Global dos Direitos do Consumidor.

 

 

As leis do interesse

 

 

A publicidade do tempo dos reclames vendia produtos. Era muito simples e rasteiro. O sabão em pó era bom por lavar mais branco. A sofisticação fez a publicidade deixar de lados os produtos, com suas limitações, e vender conceitos. Um estilo de vida. Também isso passou. Estamos na era do “turismo romântico” e de consumo de sensações.

 

 

 

A publicidade, como diz o historiador Yuval Noah Harari, não vende viagens, mas experiências. Muda tudo. Não se vai ao Egito para conhecer as pirâmides, mas para viver uma experiência existencial renovadora.

 

 

 

Harari é bom de frases:

 

 

“A história é o que algumas poucas pessoas fizeram enquanto todas as outras estavam arando campos e carregando baldes de água”. A experiência é o que poucas pessoas conseguem fruir enquanto a maioria está preenchendo formulários ou organizando pastas de documentos no computador. Não vivemos sem uma boa ficção que dê sentido às nossas vidas passageiras. Harari cutuca: “A elite do Egito antigo gastou sua fortuna construindo pirâmides e mumificando seus cadáveres, mas quase ninguém pensou em ir fazer compras na Babilônia ou ir esquiar na Fenícia. As pessoas hoje gastam grandes somas de dinheiro com férias no exterior porque realmente acreditam nos mitos do consumismo romântico”. O casamento vai mal? Uma viagem a Miami ou Paris. A morte se aproxima? Uma viagem a Índia. O tédio nos domina? Uma viagem a qualquer lugar onde se passa estourar o cartão de crédito.”

 

 

 

O livro de Harari, “Sapiens, uma breve história da humanidade” (L&PM), é um balde de provocações ao senso comum:

 

 

 

“Os ocidentais são ensinados a desprezar a ideia de hierarquia social. Eles ficam chocados com as leis que proíbem os negros de viver em bairros de brancos, ou estudar em escolas de brancos, ou ser tratados em hospitais de brancos. Mas a hierarquia de ricos e pobres, que autoriza os ricos a viver em bairros distintos e mais luxuosos, estudar em escolas mais distintas e de maior prestígio e receber tratamento médico em instalações distintas e bem equipadas, parece perfeitamente sensata para muitos norte-americanos e europeus”.

 

 

 

Qual a diferença? O mérito? Harari zomba dessa ficção:

 

 

“Mas é um fato comprovado que a maior parte dos ricos são ricos pelo simples motivo de terem nascido em uma família rica, enquanto a maior parte dos pobres continuarão pobres no decorrer da vida simplesmente por terem nascido em uma família pobre”. O sistema limita-se a reproduzir as suas desigualdades por meio dos seus mecanismos de educação. Cada sociedade tem a sua hierarquia. Viver na base da pirâmide é uma experiência existencial. Os indianos organizaram-se em castas. Formalizaram e sacralizaram a barbárie. Chamaram isso de sabedoria milenar. Nós, ocidentais, damos outro nome a isso: meritocracia.

 

 

 

Harari é irado: “Dinheiro gera dinheiro e pobreza gera pobreza”.

 

 

 

Clennon King, um estudante negro americano, tentou fugir dessa lógica, em 1958, com uma atitude insana. Quis ingressar na Universidade do Mississipi. Foi mandado para um hospício. Mulheres passaram por humilhações semelhantes. Queriam ignorar a “hierarquia de gêneros” apresentada como natural. Só em 1997, a Alemanha criou uma lei para punir estupro conjugal. Até ali, marido estuprar a esposa era muito natural.

 

Natural mesmo é ser consumidor. A evolução das espécies é marcada pela vitória do que melhor se adapta. O consumidor está no topo da cadeia alimentar.

 

 

Fonte: Correio do Povo

 

 


 

O Cozinheiro de Bordo

 

 

Outro dia deparei-me com uma frase de Sören Kierkegaard, dita em 1845 e que me pareceu triste profecia à banalização do humano que estamos vivendo hoje:

 

 

“A sociedade de hoje é um navio que está nas mãos do cozinheiro de bordo; e as palavras transmitidas pelo autofalante do comandante não dizem mais respeito à rota (que não mais interessa a ninguém), mas ao que se comerá amanhã”.

 

 

 

Acerca desta afirmativa, comenta a Academia Pontifícia:

 

 

“Já em 1845, Sören Kierkegaard (1813 – 1855), como uma antena extraordinariamente sensível, captou um comportamento difuso de banalização da vida com todas as consequências que isso comporta para a orientação da liberdade humana. (…) Kierkegaard percebeu que se estava difundindo a idolatria do banal”.

 

 

 

Passaram-se mais de 160 anos, e eis que nós, homens do século XXI, continuamos alienadamente prisioneiros, na nossa nau, nem um pouco interessados em nosso destino, a fartar-nos avidamente do cardápio do aqui e agora. O centro da frase de Kierkegaard, porém, não é o navio, mas a banalização do homem que advém de uma contínua inversão de valores. Durante milênios a civilização foi guiada pelos valores cristãos. A fé, o temor e respeito a Deus, os princípios do Evangelho, da caridade, da bondade, do respeito pelo outro, da vida em família e, sobretudo, o sentido de eternidade, o destino dos passageiros do navio.

 

 

 

Tão perplexo quanto Kierkegaard, Fiódor M. Dostoievski (1821-1881), diria, diante do mundo enlouquecido e medíocre que ambos previram: “Se Deus não existe, então tudo é possível!” O homem, cheio de si, autossuficiente a ponto de se julgar senhor da vida e da morte, decretou, na vida prática, a inutilidade de Deus. Da morte de Deus, decretada por Nietzsche pouco depois de Kierkegaard e Dostoievski, passamos, no século XXI, ao ateísmo prático que nos permite até “saber” que Deus existe, mas ignorar este fato como se não tivesse nenhuma importância para nossa vida.

 

 

O que importa, hoje, é tirar Deus do comando do navio e preservar para si e para os outros o ar moderno e emancipado que garante prestígio nas mais diversas áreas da sociedade. Em seu lugar, é preciso colocar o cozinheiro de bordo, ou seja, aquele que garante a banalidade do dia a dia, o prazer imediato acima de tudo e de todos, a animalidade do homem.

 

 

Se o homem vive para comer, fazer sexo, ter satisfeitos seus devaneios, pensar principalmente em si, buscar a riqueza e o poder, realmente torna-se cada vez mais próximo do animal, prisioneiro do prazer do aqui e agora, pronto para achar que sua vida acabará no instante de sua morte, despido de ideais que ultrapassem a última conquista científica, um aumento da renda própria ou o artefato técnico de última geração. Desprovido, em uma palavra, de algo, de Alguém que o ultrapasse.

 

 

 

Talvez Dostoievski exclamasse, hoje:

 

 

“Se o homem torna-se um fim em si mesmo, se não crê em nada ou ninguém que esteja acima dele, então tudo é possível”. Kierkegaard talvez completasse: “Se a rota não importa a ninguém, se o comandante está imobilizado, todos naufragarão iludidos, de barriga cheia”. Não foi o que aconteceu com o autossuficiente e imbatível Titanic?

 

 

O homem banalizou-se. Vive para si. Para comer, dormir, ganhar dinheiro e fama. O relativismo moral corroeu sua consciência, o individualismo egoísta o cegou. O egoísmo o paralisou. O materialismo o degradou. O ateísmo prático invadiu a vida dos próprios cristãos e os descristianizou. A banalidade invade a mídia, a música popular, a literatura dos milhões de exemplares instantâneos. Expressa-se nas drogas e no álcool, nas famílias desfeitas, nos milhões de abortos diários, na droga cibernética que tem consumido tantas mentes brilhantes, no trabalho como sentido de vida.

 

 

Estamos em pleno culto do banal. Não há mais ideais. Não há mais o amor disposto a renunciar pelo outro – único amor autêntico. Não há mais heroísmo. A beleza banalizou-se na mesmice, a harmonia foi substituída pela vulgaridade, a paz dos relacionamentos baseados no perdão e na renúncia pelo outro, resume-se no trivial comprimido (ansiolíticos), e no corriqueiro monitor alienante.

 

 

Se Deus não existe, tudo é possível. Se é o cozinheiro quem está no comando, estão banalizados os comandados. É preciso fazer um motim. Sim, um levante! É preciso retomar o navio, redirecionar seu rumo, reafirmar que o homem é imortal e que Deus não só existe, mas é a única Verdade, a única Rota, a única Vida. Os amotinados deverão remar contra a maré e contra o vento com todas as suas forças, pois a banalidade vicia, degrada, cega, paralisa, acomoda, ilude, escraviza. O difícil será encontrar quem se amotine, quem tenha coragem de comandar o levante, pois ele deverá ser, sobretudo, um homem livre. E o pobre homem banalizado de hoje é tudo, menos livre.

 

Por: Maria Emmir Oquendo Nogueira em “Entrelinhas” da Revista Shalom Maná (edição outubro de 2007)

 

 

 

 

Para entender um sistema se faz necessário conhecer os outros, portanto vamos às diferenças:

 

 

 

1)- Socialismo – É um sistema sociopolítico caracterizado pela apropriação dos meios de produção pela coletividade. Abolida a propriedade privada destes meios, todos se tornariam dos trabalhadores, tomando parte na produção, e as desigualdades sociais (excetuando os poderosos dirigentes), teoricamente tenderiam a ser drasticamente reduzidas, uma vez que a produção poderia ser equitativamente distribuída.  Como já foi dito, o socialismo vem do conceito cristão de viver em Comunidade, mas suas falhas são gravíssimas; vou tentar apontar as mais evidentes (Todas só lendo Marx, Engels e seus demais teóricos): 

 

 






1º: a ideia do socialismo é ter uma sociedade 100%igualitária, mas que segundo Marx o líder seria um filósofo/sociólogo. Peraí, se é pra ser 100% igual não dá pra ter 1 que é mais poderoso que todos, né? Isso já contradiz a ideia dele. (Vide Cuba: ate a comida é distribuida e racionada em "porçoes" pra todos, menos para Fidel e uns poucos aliados que tem tudo sobrando).

 

 



2º: Para não termos um "líder" manipulador, as decisões devem ser tomadas pela população em conjunto (Comunas),como um conselho de cidadãos. As cidades teriam que ter uma população máxima de 50 pessoas, sendo como aqueles pequenos vilarejos que você vê nos filmes em que os habitantes se reúnem e tal, como as bruxas de Salém por exemplo, em que toda população cabe no tribunal da cidadezinha. Isso atualmente com o aumento populacional é inviável.

 


3º: A falta de liberdade de expressão e da livre concorrência são outros dois  grandes empecilhos para este tipo de Sociedade, pois no socialismo não há a livre concorrência, e nem a questão da "oferta e da  procura". Um exemplo disso é Cuba: o país é pobre, não há dinheiro, porque o comércio é fraco, e as pessoas não podem reclamar, pois são presas, ou vão parar nos PAREDONS de fuzilamentos. Isso acontece porque ao contrario do sistema capitalista, onde você pode lançar mão de novas tecnologias, combinações, promoções, liberdade de expressão política e religiosa,  e tudo que sua criatividade mandar para desenvolver seu potencial, e é incentivado para isto. No socialismo é tudo padronizado; o consumo é controlado não pela oferta e procura, mas pelo estado e seus poderosos dirigentes, que decidem o que é melhor para o povo, que é considerado burro e ingênuo em suas escolhas.

 

 



4º: existem muitos outros "pequenos erros" não previstos na época em a teoria em foi elaborada, mas pra finalizar: por mais que seja lindo e Utópico que seja você imaginar seu país sem analfabetismo, sem crianças mendigando nas ruas e nem gente passando fome e podendo usar a livre expressão,sua liberdade,e seu potencial criativo, situação que na prática tem mostrado que só os Países altamente Capitalistas conseguiram ainda que não plenamente, tais como:Canadá, E.U.A,Itália Alemanha,Áustria,França ,Holanda,Bélgica Noruega ,Finlândia ,Suécia ,Dinamarca e Reino Unido.

 

 

Não dá para não pensar nos motivos que levaram muitos Russos a fugir da antiga Uniao Sovietica, bem como Alemães da extinta Alemanha Oriental e que também leva hoje Cubanos a fugir em tábuas para os  E.U.A: A esperança de uma vida melhor e mais liberdade, coisa que não encontram nestes países ditos Comunistas. Marx foi apenas prático, e se esqueceu que o ser humano tem sonhos, desejos e aspirações imanentes e transcendentes, e o estado não pode controlar algo que é inato ao ser humano.

 

 

 

“O comunismo não foi uma boa idéia que deu errado; foi uma má idéia.” (Richard Pipes)

 



Nenhuma ideologia trouxe tanta desgraça ao mundo como o comunismo, influenciado pelas teorias marxistas. Não obstante este fato, muitos ainda defendem, em diferentes graus, idéias que remetem ao comunismo. Alegam que o comunismo “verdadeiro” jamais existiu, e que houve “apenas” um problema de implantação do regime. Os homens falharam, em suma, e não a própria ideologia. O historiador especialista em Rússia, Richard Pipes, demonstra o contrário em seu livro O Comunismo, onde discorre de forma simplificada pela trajetória comunista no século XX.


 


O cerne da teoria comunista, conforme resumida por Marx e Engels no Manifesto Comunista, é a abolição da propriedade privada. A tentativa de adotar esta idéia leva, inexoravelmente, ao terror, miséria e escravidão. O ideal de uma Idade de Ouro sem propriedades não é uma Utopia, mas um mito. Como explica Pipes:

 

 

“todas as criaturas vivas, das mais primitivas às mais avançadas, para sobreviver, devem ter o acesso ao alimento garantido e, para assegurar esse acesso, reivindicam a posse do território”.

 

 

Mao escreveu:

 

 

“Em uma folha de papel em branco, sem nenhuma marca, as letras mais frescas e belas podem ser escritas, os quadros mais belos e frescos podem ser pintados...” Ao tratar o homem como uma “tabula rasa” e tentar criar um “novo homem”, os comunistas conseguem apenas tingir essa folha de vermelho, do sangue que escorre das suas vítimas.

 

 

Os herdeiros do comunismo ignoram toda a experiência comunista, afirmando que os fins utópicos ainda são válidos e ignorando que os meios para tanto não podem levar a outro lugar que não aquele experimentado pelos soviéticos, chineses, norte-coreanos, cubanos etc.

 

 



O principal caso apresentado por Pipes é, naturalmente, o Soviético:

 

 

 

 

Ele afirma que o “totalitarismo soviético desenvolveu-se a partir das sementes marxistas plantadas no solo do patrimonialismo czarista”. Lênin teve um papel fundamental na revolução que instalou a ditadura comunista. Filho de um alto funcionário na hierarquia russa, Lênin devia nutrir um sentimento de culpa em relação aos privilégios que gozava, algo comum na época. Seu irmão, um radical acusado de estar envolvido num atentado contra o czar, foi assassinado pelo regime czarista. Lênin pagou um alto preço por isso, sendo punido com a expulsão da universidade por uma infração insignificante, por ser identificado como o irmão de um terrorista. Foi forçado à inatividade por três anos, e desenvolveu forte ressentimento em relação tanto ao czarismo como à burguesia. Tornou-se um revolucionário fanático disposto a destruir a ordem social vigente. Foi motivado por um anseio de vingança, e Struve, um antigo colaborador seu, escreveu anos depois que a principal característica da personalidade de Lênin era o ódio.

 

 



Muitos são os que condenam a crueldade de Stalin, mas esquecem de Lênin, considerado por Molotov, funcionário de confiança que serviu a ambos, o mais severo dos dois.

 

 

Lênin demonstrou uma frieza monstruosa quando se opôs à ajuda humanitária aos camponeses famintos em 1891 no Volga, argumentando que a fome servia para a causa comunista.

 

 

 

 

Quando tomou o poder, fez de tudo para transformar a guerra em guerra civil, útil para seus planos revolucionários. Pipes reconhece que os “bolcheviques tomaram o poder na Rússia para fazerem a guerra civil”.

 

 

Lênin defendeu a morte de todos os “especuladores” e ordenou o enforcamento de centenas de kulaks, pequenos proprietários de terra, de forma que todos pudessem ver. O comunismo sob o comando de Lênin conseguiu em poucos meses matar mais gente do que o regime czarista em décadas!

 



Com a morte de Lênin, Stalin assumiu o poder, instalando em seguida o Grande Terror, que chegou a executar cerca de mil pessoas por dia, mandando outros milhões para os campos de concentração, já introduzidos por Lênin.

 

 

O slogan da luta de classes foi abandonado por Stalin, que lançou a Rússia em um nacionalismo semelhante ao de Hitler:

 

 

 

Stalin considerava que conflitos e guerras eram os maiores aliados do comunismo soviético e, seguindo este raciocínio, de 1920 a 1933 a União Soviética envolveu-se em colaboração secreta com os militares alemães para que pudessem evitar as provisões do Tratado de Versalhes.

 

 

 

Em 1932, Stalin ajudou Hitler a chegar ao poder, proibindo comunistas alemães de se aliarem aos social-democratas contra os nazistas nas eleições parlamentares. Assinou ainda um tratado de não-agressão com Berlim em 1939, que incluía um protocolo secreto dividindo a Polônia entre a Rússia e a Alemanha. Molotov, o confidente mais próximo de Stalin, chegou a declarar que aceitar ou rejeitar o hitlerismo é uma “questão de opinião política”. Em 1940, quando Hitler esmagou os exércitos aliados na França, Stalin fez aliança com a Alemanha nazista, fornecendo alimentos, metais e outros materiais escassos.

 

 



Tanto o nazismo como o comunismo tinham um inimigo comum:a democracia liberal com seus direitos civis e propriedade privada de fato. Além disso, ambos consideravam os seres humanos meios descartáveis para a construção de uma nova ordem e um “novo homem”. Curiosamente, muitos ainda acreditam que Stalin e Hitler, ou o comunismo e o nazismo, eram diametralmente opostos desde sempre.

 

 



Os soviéticos defendiam a “globalização”, mas não a democrática de livre mercado como conhecemos hoje, e sim a exportação do regime revolucionário comunista. Em 1919 fundaram a Terceira Internacional, ou Comintern, com a missão de infiltrar-se e assumir o controle de todas as organizações de massa nos diferentes países. Lênin deixara claro que, em caso de necessidade, era para “recorrer a todo tipo de ardil, astúcia, expediente ilegal, dissimulação, supressão da verdade”.(Os esquerdistas brasileiros aprenderam direitinho esta aula da cartilha Comunista – E ainda me perguntam por que abandonei esta Ideologia...ora tenha paciência).

 

 

 

 

Os comunistas de Moscou, de fato, exportaram o regime para inúmeros países em vários continentes. A Guerra Fria foi fruto dessa estratégia comunista.

 

 

Em todos os casos onde os americanos não interromperam a escalada comunista, sem uma única exceção, o resultado foi a miséria, a escravidão e muitas mortes desnecessárias. Um dos casos de maior atrocidade foi o de Camboja, onde os líderes do Khmer Vermelho, que aprenderam sobre o marxismo em Paris, instalaram um regime que trucidou sem piedade quase um terço da população, tudo em busca da igualdade marxista. 

 



Apesar da propaganda comunista, que chamava de “fascista” tudo que não era comunista, inclusive os social-democratas europeus, o próprio fascismo teve influência comunista.

 

 

Benito Mussolini, o ditador italiano, bebeu da fonte leninista, e em um discurso de 1921, afirmou que existia uma afinidade intelectual entre fascistas e comunistas. A grande diferença estaria no fato de os comunistas pregarem o Estado centralizado por meio do conceito de classe, enquanto os fascistas o faziam pelo conceito de nação. O próprio Hitler declarou ter tido forte influência de Marx. 

 

 



O filósofo Nietzsche descreveu bem o socialismo em vista de seus meios (Imaginem o mundo dominado por filósofos como este como quer a ideologia Comunista):

 

 

“O socialismo é o visionário irmão mais novo do quase extinto despotismo, do qual quer ser herdeiro; seus esforços, portanto, são reacionários no sentido mais profundo. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como até hoje somente o despotismo teve, e até mesmo supera o que houve no passado, por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual ele vê como um luxo injustificado da natureza, que deve aprimorar e transformar num pertinente órgão da comunidade”. E continua: “Por isso ele se prepara secretamente para governos de terror, e empurra a palavra ‘justiça’ como um prego na cabeça das massas semicultas, para despojá-las totalmente de sua compreensão”.

 

 



Para Richard Pipes, a idéia básica do marxismo, de que a propriedade privada é um fenômeno histórico transitório, é completamente falsa:

 

 

 

A propriedade privada, na verdade, é “uma característica permanente da vida social e, como tal, indestrutível”. A noção marxista de que a natureza humana é infinitamente maleável é igualmente falha. Essa realidade faz com que o regime comunista tenha sempre que apelar para a violência como meio rotineiro de governar. Os comunistas esquecem que a abstração chamada “Estado” é composta por indivíduos que também seguem seus interesses particulares. O comunismo sempre evolui, portanto, para a criação de uma nomenclatura poderosa, uma casta privilegiada que coloca fim ao ideal de igualdade presente no comunismo. Como Pipes explica, “a contradição entre fins e meios está inserida no comunismo e em todo país em que o Estado é o dono dos bens de produção”.





 

Logo, tanto a liberdade como a igualdade, fins presentes na ideologia comunista, são totalmente inatingíveis através dos meios adotados pelo regime. O comunismo não passa de uma pseudo-religião, dogmático e rígido, e sua meta – a abolição da propriedade privada – leva inevitavelmente à abolição da liberdade. Tal utopia já sacrificou algo como cem milhões de vidas inocentes. Seria loucura adotar os mesmos meios e esperar um fim diferente.

 

 

O defeito do comunismo não se encontra apenas nos comunistas revolucionários, mas nas próprias premissas do comunismo. São essas que devem ser veementemente abandonadas, tal como foram no caso do nazismo. 

 

 


 

CONCLUSÃO

 

 

 

O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável, com um nível de exploração inaceitável. As pessoas com espírito de solidariedade e com sentimento de justiça se revoltaram contra aquilo. O Manifesto Comunista, de Marx, em 1848, e o movimento que se seguiu tiveram um papel importante para mudar a sociedade.A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho.

 

 



 

O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produza riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas.A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista.

 

 

 

Mas é um equívoco concluir que a derrocada do socialismo seja a prova de que o capitalismo é inteiramente bom. O capitalismo é a expressão do egoísmo, da voracidade humana, da ganância. O ser humano é infelizmente isso, com raras exceções.

 

 

 

 

O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor. 

 

 

 

O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. 

 

 

De fato, o capitalismo, como modelo de livre-trocas entre agentes, a partir dos seus parâmetros e gostos, funciona mesmo, e foi o que tirou o mundo da miséria e da pobreza nos últimos 200 anos, elevando o nível de vida da população de maneira incomparável.O capitalismo só seria excludente na medida em que o agente econômico só tivesse o que reclamar, e nunca o que oferecer. Tal situação é exceção para a maioria dos agentes econômicos, e não a regra. Já o capitalismo é justamente o sistema econômico mais sustentável, já que sua lógica interna é a do custo da escolha econômica recair sobre o agente que age e não sob terceiros, o que induz o agente a escolher de maneira racional como agir economicamente. É o Estado e o custo socializado da escolha econômica que gera, de maneira exponencial, a insustentabilidade do uso dos bens sociais.

 

 

É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento.No Bonde da História prevalece sempre a razão, e assim caminha a humanidade, pois não acredito em cultura e nem em ideologia de escritório, ou seja, naquelas criadas em uma sentada ou canetada por pseudo iluminados, mas naquela testada na história da humanidade com tentativas de erros e acertos e naturalmente prevalecida, pois este tal Comunismo dito científico, de científico não tem absolutamente nada, pois tudo que é científico se caracteriza pela repetibilidade em laboratório, coisa que nenhum laboratório social Comunista mundo afora em suas tentativas de implantação o fez até agora, pois tudo descambou em ditaduras sanguinárias e desumanas de esquerda.

 

 

Há realmente muito pouca gente interessada em demonstrar as vantagens e, principalmente, o lado moral e ético do capitalismo. Poucos se dão conta, por exemplo, de que, no livre mercado, os indivíduos só são recompensados quando satisfazem as demandas dos outros, ainda que isso seja feito exclusivamente visando aos próprios interesses.Ao contrário de outros modelos, o capitalismo não pretende extinguir o egoísmo inerente à condição humana, porém nos obriga constantemente a pensar na satisfação do próximo, se quisermos prosperar. Além disso, para obter sucesso em grande escala, você tem de produzir algo que agrade e seja acessível a muitas pessoas, inclusive aos mais pobres, e não apenas aos mais abastados.

 

 

Sob todos os aspectos o capitalismo é bem melhor do que o socialismo. Deveríamos bater mais nessa tecla de que a superioridade moral também é espantosa, e que um abismo intransponível separa um modelo baseado em trocas voluntárias de outro voltado para a “igualdade” forçada, que leva ao caos e à degradação de valores básicos da civilização. Quando você abastece seu carro, ou quando o avião aterrisa, escutamos o piloto agradecendo pela escolha da companhia aérea. Não por acaso, quando um cliente entra numa loja, a primeira coisa que ouve do vendedor é: “Em que posso ajudá-lo?”. E a última coisa que ambos dizem, depois de uma compra, é um duplo “obrigado!”. Um sinal inequívoco de que aquela transação foi vantajosa para ambos”, pois nesta relação é satisfeito o princípio: de cada um conforme a sua capacidade, e para cada um conforme a sua necessidade”.O capitalismo fortalece os laços de cooperação e cordialidade, enquanto o socialismo leva ao cinismo, à inveja e ao uso da força para se obter o que se demanda. É verdade que o capitalismo produz resultados materiais bem superiores, mas esse não é “apenas” seu grande mérito: ele é também um sistema bem melhor sob o ponto de vista moral.No capitalismo quem chega ao topo elas estão mais ligadas ao mérito individual, enquanto na burocracia socialista elas dependem de favores e coação.No socialismo, os que chegam ao topo são os piores, os mais cínicos e mentirosos, os populistas, os bandidos, os exploradores, os inescrupulosos.Vide no Brasil petista, ou na Venezuela de Chávez e Maduro, ou em Cuba.E é isso que os liberais precisam destacar com mais frequência.O empreendedorismo que é incentivado  em qualquer pais capitalista, no Brasil é uma prática quase proibitiva, pois abrir uma empresa no Brasil é algo extremamente difícil, com uma burocracia e carga tributária pesadíssima, fechar esta mesma empresa então, é quase impossível.Não é necessário essa dicotomia no capitalismo como existe no socialismo de mercado-solidariedade, muito pelo contrário, ou seja, não é da benevolência, ou solidariedade do açougueiro que a comida chega a minha mesa, mas da busca recíproca de satisfações minha e dele, ou seja não precisamos da benevolência, ou solidariedade de governos, ou empresários para ter minhas demandas atendidas, mas do mercado competitivo, é assim que devem ser satisfeitas as nossas necessidades e preferências numa economia livre.

 

 

 

 

 

“A economia Capitalista não é ideologia, é ciência prática e Cartesiana. Se você tem três pessoas chegando a conclusões diferentes sobre o mesmo assunto como no Socialismo, então já não é mais ciência, mas sim ideologia...” (Roberto Campos).

 

 

NOTAS

 

 

[1] Londres: Harvill Secker, 2014. São Paulo: L&PM Editores, 2015.

[2] The Guardian.

[3] Jared Mason Diamond, biólogo evolucionário, fisiologista, biogeógrafo estado-unidense. Vencedor do Prêmio Pulitzer de 1998, pelo “Armas, Germes e Aço”, publicado no Brasil pela Editora Record.

[4] The Times.

[5] Este trecho está no oitavo capítulo do primeiro volume da obra de Adam Smith.

[6] “Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: navegar é preciso, viver não é preciso. Quero para mim o espírito d’esta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha”. (Fernando Pessoa, http://sualingua.com.br/2009/04/29/navegar-e-preciso/, acessado em 04 de fevereiro de 2019).

[7] Sem tratar, obviamente, da questão específica da felicidade, Freud, em 1920, escreveu um ensaio, “Além do princípio do prazer”, no qual afirma “que o curso dos processos psíquicos é regulado automaticamente pelo princípio do prazer; isto é, acreditamos que ele é sempre incitado por uma tensão desprazerosa e toma uma direção tal que o seu resultado final coincide com um abaixamento dessa tensão, ou seja, com uma evitação do desprazer ou geração do prazer.” Para ele, prazer e desprazer estão relacionados “com a quantidade de excitação existente na vida psíquica, de tal modo que o desprazer corresponde a um aumento, e o prazer, a uma diminuição dessa quantidade.” (Obras Completas, Volume 14, São Paulo: Companhia das Letras, 2010, páginas 162 e 163).

[8] Siddhartha Guatama, o Buda (“aquele que está totalmente desperto ou iluminado”), nasceu em 563 a.C., no norte da Índia. Filho de uma família rica, “concluiu, ao chegar à idade adulta, que sua vida de conforto era incompatível com a crescente conscientização das dificuldades da existência e a certeza da morte. Além disso, o conforto material não oferecia nenhuma proteção contra essa dura realidade”, levando-o a uma “busca religiosa para encontrar a origem do sofrimento e uma forma de superá-lo.” Ele dizia “que a busca pela felicidade leva as pessoas a direção errada. Os indivíduos desejam coisas – sexo, riqueza, poder, posses materiais – na esperança de que essas coisas as façam felizes, mas isso não acontece, pois a origem do sofrimento é o desejo de obter o que querem, imaginando que, se conseguirem realizar o que desejam, todos os seus problemas serão resolvidos.” Este desejo, que a nós parece ser essencial e natural, na verdade, “é contraproducente, gerando apenas mais sofrimento e infelicidade.” Dizia ele que como tudo tem uma causa, o sofrimento também a tem, de tal forma que se a sua causa for removida, acabará o seu sofrimento. E a causa do sofrimento é, rigorosamente, o desejo: “por conseguinte, se o desejo for removido, o sofrimento deixará de existir.” Somente assim, chegar-se-ia ao nirvana, “um estado de paz para além do desejo ou anseio por qualquer coisa ou por alguém.” (O Livro das Religiões, São Paulo, Editora Globo, 2014, páginas 138 e 139).

[9] Financial Times.

 

 

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