“A fim de serdes irrepreensíveis e puros, filhos de Deus íntegros no
meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no
mundo, a ostentar a Palavra da vida!” (Filip 2,15s).
Esses homens impiedosos e injustos usam todos os seus recursos para um fim desesperador. Distorcem o que é verdade e injustamente transferem para a mentira a verdade de Deus. Mentem, difamam o povo de Deus, deformam o próprio conceito de justiça e liberdade com o intuito de suas inverdades parecerem ser verdade. Sem dúvida alguma, Paulo conhecia bem a mente do povo helênico, a cultura na qual o Novo Testamento foi escrito. Para Paulo a pessoa tanto impiedosa quanto injusta em avançado grau de depravação vive sem se importar com o que faz, muito menos com fato de que prestará contas a Deus no juízo final. Os seres humanos depravados, que inverteram as verdades divinas pelas suas mentiras, foram identificados por Paulo como conhecedores da revelação geral. Isso significa que suas ações não foram por causa de ignorância da existência de Deus; pelo contrário, até as criaturas atestam que há um Criador acima de tudo: “Pois o que se pode conhecer sobre Deus é manifestado entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rom 1,19-21). Depois de minar a verdade de Deus e de não reconhecer a glória divina, o ser humano depravado em seu ser ficou sem Deus e sem a verdade vivendo de ilusões, pois tudo fora de Deus é mentira e auto-enganação. Contudo, a nossa sede ontológica de adoração e de infinito nos levará a adorar outras coisas no lugar de Deus. “O ser humano trocou a glória do Deus verdadeiro por deuses substitutos que ele próprio havia feito. Colocou a vergonha no lugar da glória, corruptibilidade no lugar da incorruptibilidade, as mentiras no lugar da verdade” (Rom 1,25-26).Segundo Lopes, lesbianismo é a relação sexual entre mulher e mulher e já era uma prática “normal” na época de Paulo, mas não como nos dias atuais. Ainda segundo Lopes (2010, p. 91), “Deus tirou o pé do breque. Entregou essas pessoas a paixões infames, e as mulheres se entregaram ao lesbianismo”. Essa afirmação de Paulo, em 1.26, “está enfatizando o grau superlativo da degradação. As mulheres sempre foram guardiãs da moralidade.
Quando até as mulheres se corrompem, a cultura já chegou ao fundo do poço”, diz Lopes. (LOPES, Hernandes Dias. Romanos: O evangelho Segundo Paulo. São Paulo: Hagnos, 2010).A impulsionadora ideia da separação da Igreja do Estado foi colocada em prática pelo Protestantismo da reforma, isso não significa que a Igreja deva ignorar o Estado, nem que o Estado venha a ser um obstáculo à Igreja. É sempre desejável que existam protocolos de cooperação entre um e outro e que exista um espaço saudável no sentido de a Igreja se mobilizar no que diz respeito à sociedade, no sentido de trazer para ela toda uma intervenção termos de solidariedade, assistência social, promoção da pessoa humana, e dos valores que suportam o pano social, até mesmo Cristo propôs esta saudável convivência decretando:
“Dai a Cesar o que é de César e a Deus o que é de
Deus”(Mateus 22,21) – Mas, o que é de César e o que é de Deus?
Jesus afirma que não devemos misturar questões políticas e econômicas com questões religiosas. Muitas vezes, tal sugestão de solução é construída em torno de palpites sobre as competências dos poderes do estado e da religião, ou seja como as instituições ou pessoas deveriam relacionar-se mutuamente. E realmente, como no tempo de Jesus, ainda hoje as pessoas não sabem estes limites e se perdem ou não sabem, quem ou o que é competente por determinada coisa ou questão. Neste atual contexto nacional e internacional saber o que é de César e o que é de Deus, e dar a eles o que lhes compete é de fundamental importância para a harmonia cívico-religiosa. Todo(a) cidadão(ã) tem o direito e dever de ter consciência sobre os deveres e obrigações de cada um dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, além de ter noção sobre as competências a nível municipal, estadual e federal, bem como as diversas instâncias dentro destas esferas, para que não cobremos algo da esfera federal que em virtude do pacto federativo, compete exclusivamente ao governo estadual e vice versa.Esta passagem é o tema de muitas discussões sobre a relação entre o cristianismo e a política, especialmente no que tange a à separação da Igreja e do Estado, principalmente com relação ao pagamento de impostos e a submissão a leis civis que vão contra os princípios cristãos em sua moralidade.Alguns estudiosos entendem a frase como uma afirmação definitiva de comando para que as pessoas respeitem a autoridade do estado e paguem os seus impostos. Paulo de Tarso também afirma em Romanos 13, 1 - que os cristãos são obrigados a obedecer as autoridades terrenas, afirmando que elas foram introduzidas por Deus e, por isso, a desobediência a elas seria a desobediência Deus.Nesta narrativa Jesus pediu que lhe mostrassem uma moeda para demonstrar-lhes que, ao utilizarem moedas romanas, eles mesmos já teriam admitido o poder de fato do imperador romano e que, portanto, eles deveriam se submeter ao seu jugo, pois gozavam de sua proteção e dos direitos de um cidadão membro do império.Alguns podem resistir ao pagamento de impostos quando este por exemplo é usado para financiar uma guerra, dizem: "Nós somos contra a guerra e não desejamos ajudar o esforço de guerra, seja nos alistando ou pagando impostos de guerra ao governo. Fazê-lo só ajuda a fortalecer e perpetuar a máquina de guerra. Porém, estas pessoas esquecem que este mesmo imposto é utilizado nos esforços de paz e de defesa de ataques exteriores de todos os cidadãos, incluindo aquele(a) que resiste ao pagamento, uma forma portanto legal e positiva de ver a questão.
Tertuliano, em sua obra “De
Idolatria”, interpreta a frase de Jesus como "a imagem de César, que está
na moeda, a César, e a imagem de Deus, que está no homem, a Deus; dando de fato
a César o dinheiro e a Deus, a si mesmo. De outra
forma, o que será de Deus, se todas as coisas são de César?"
Sublinhando os perigos
de cooperar exclusivamente com o estado, Henry David Thoreau escreveu em sua
"Desobediência Civil" que "Cristo respondeu aos herodianos de
acordo com a condição deles. "Me mostrem o dinheiro do tributo",
disse ele - e um deles tirou uma moeda de seu bolso; - Se você usa dinheiro que
tem a imagem de César nele, que circula e é valioso por causa dele, ou seja, se
você é um homem do Estado e aproveita com satisfação as benesses do governos de
César, então pague-lhe de volta uma parte do que é dele quando ele pedir”
O estudioso Dale Glass-Hess
disse sobre este tema o seguinte: "É inconcebível para mim que Jesus ensinaria que algumas
esferas da atividade humana estariam fora da autoridade de Deus. Devemos
concordar com César quando ele vai à guerra ou apoia a guerra quando Jesus diz,
em outros lugares, que não devemos matar? Não! Minha
percepção deste incidente é que Jesus não respondeu à questão sobre a
moralidade do pagamento dos impostos de César e a devolveu para o povo decidir.
Quando os judeus apresentam o denário a pedido de Jesus, eles demonstram que já
estão realizando negócios com César nos termos de César. Eu leio a afirmação de
Jesus, "A César...", como significando "Vocês estão em dívida
com César! Então é melhor pagarem."
Mohandas K. Gandhi
compartilhava desta visão. Segundo ele: "Jesus se desviou da questão
direta que lhe foi apresentada por que era uma armadilha. Ele não era de forma
nenhuma obrigado a respondê-la. Assim, ele pediu para ver uma moeda usada para
pagar impostos. E então disse, com desprezo, "Como vocês, que negociam com
moedas de César e, assim, recebem os benefícios do governo de César, se recusam
a pagar impostos?...”
Exegese bíblica
1)-Bíblia de Jerusalém
A Bíblia de Jerusalém
comenta a passagem por meio de uma nota de rodapé relativa a Mateus 22,21, que
diz que: “Visto que aceitam praticamente a autoridade e
os benefícios do poder romano, simbolizado por essa moeda, podem também e devem
prestar-lhe a homenagem de sua obediência e a contribuição de seus bens,
sem prejuízo do que devem à autoridade superior de Deus”.
2)-Edição Pastoral da Bíblia
A Edição Pastoral da
Bíblia comenta a passagem por meio de uma nota de rodapé relativa Marcos
12,13-17, a qual diz: “O imposto era o sinal da
dominação romana; os fariseus a rejeitavam, mas os partidários de Herodes a
aceitavam. Se Jesus responde "sim", os fariseus o
desacreditarão diante do povo; se ele diz "não", os partidários de
Herodes poderão acusá-lo de subversão. Mas Jesus não
discute a questão do imposto. Ele se preocupa é com o povo: a moeda é "de
César", mas o povo é "de Deus". O imposto só é justo quando
reverte em benefício do bem comum. Jesus condena a transformação do povo
em mercadoria que enriquece e fortalece tanto a dominação interna como a
estrangeira.”
3)-Bíblia do Peregrino
A Bíblia do Peregrino
comenta a passagem por meio de nota de rodapé relativas
aos versículos que descrevem a situação na qual a frase é proferida, nas
quais é dito que:
1. a pergunta foi uma armadilha em forma de
dilema para desacreditar Jesus como um colaboracionista ou denunciá-lo como um
revoltoso, na qual os discípulos dos fariseus perguntaram fingindo curiosidade
inocente e fazendo um elogio hipócrita;
2. existem pelo menos cinco passagens do Livro
dos Provérbios, que alertam para o perigos dos falsos elogios: 6,24: "Eles
protegerão você da mulher má e da língua suave da estrangeira", 26,23:
"Verniz recobrindo argila são os lábios que elogiam com má intenção",
26,28: "A língua mentirosa odeia a quem ela mesma fere, e a boca que
elogia provoca a ruína", 28,23: "Quem repreende alguém será mais
estimado do que aquele que elogia" e 29,5: "O homem que adula o
próximo estende para ele uma rede debaixo dos pés";
3. os herodianos eram dependentes de um poder
estabelecido;
4. os fariseus aceitavam inconformados a
dominação romana e seus tributos como um castigo divino que acabaria por meio
da ação do Messias;
5. fariseus e herodianos não costumavam
concordar entre si, mas se associavam para combater Jesus (ref. a Marcos 3,6);
6. a pergunta tentou conduzir Jesus para um
terreno extremamente perigoso, no qual entrava em jogo a lealdade e a submissão
ao Império Romano, pois o tributo a César significava no campo econômico a
submissão política ao Imperador;
7. a submissão temporária a um poder
estrangeiro já havia antes sido aceita pelo Profeta Jeremias (Jr 27);
8. a presença da imagem de César cunhada na
moeda aumentava sua presença no cotidiano das pessoas, além
disso naquela moeda estava inscrito: "Tiberius Caesar divi Augusti filis
Augustus", o que era uma ostentação do culto imperial, que atribuía
divindade ao Imperador;
9. por outro lado, a
representação da "Imagem de Deus" era fortemente proibida entre os
judeus, a imagem dos reis judeus anteriores ao exílio na Babilônia nunca foi
usada em moedas, paradigma que foi quebrado pelos asmoneus e por Herodes
e seus descendentes;
10. segundo a Bíblia a única imagem de Deus seria
o próprio homem (Gênesis 1:26);
11. era provável a presença de soldados romanos na
cena;
12. Jesus deu uma resposta muito hábil, na qual
revelou a hipocrisia dos fariseus, rompendo os fios da armadilha que lançaram
contra ele, e deu um ensinamento lapidar com uma amplidão indiferenciada, de
caráter proverbial e aplicável em múltiplas situações;
13. eles indagaram se era lícito pagar, Jesus mandou “devolver”(termo mais amplo).
14. aqueles que reconhecem o curso legal da moeda que
exibem, é porque entraram no sistema econômico, e devem aceitar as suas
consequências;
15. Deus está acima de qualquer poder humano, e é no homem onde está cunhada a imagem de Deus, razão pela
qual os homens deveriam ser devolvidos a Deus;
16. a missão de Jesus não é a de promover a
libertação política, ele veio para libertar o homem,
restabelecendo sua relação com Deus;
17. a segunda parte da resposta de Jesus, mostra
que a pergunta foi mal colocada.
4)-Tradução Ecumênica da Bíblia
A Tradução Ecumênica da
Bíblia comenta a passagem por meio de nota de rodapé relativas aos versículos
que descrevem a situação na qual a frase é proferida, nas quais é dito que:
1. os herodianos eram
os partidários de Herodes Antipas, favoráveis aos romanos e adversários dos
zelotes, enquanto que os fariseus, consideravam a dominação romana como um
castigo de Deus e insistiam na piedade pessoal;
2. além dos impostos indiretos (tarifas de
pedágios, taxas alfandegárias, etc.), as províncias
romanas pagavam ao Império um tributo cobrado por habitante[22], do qual
estavam isentos os anciãos e as crianças, tal exigência era considerada por
muitos uma infâme sujeição, razão pela qual os zelotes se opunham a tal
pagamento;
3. outras passagens dos Evangelhos também
mostram os fariseus propondo dilemas a Jesus, tais como: Marcos 8:11-12 e
Marcos 10,2-12;
4. o relato encontrado em Lucas 20,20-26, não
cita expressamente os fariseus, embora a descrição "[...] que se faziam de
justos" possa ser uma referência implícita aos fariseus tendo em vista
outras passagens do Evangelho segundo Lucas, tais como: Lucas 16,15 e Lucas 19,9-14,
merece destaque o fato de que a última referência expressa aos fariseus feita
por Lucas ocorre numa passagem relativa à Entrada de Jesus em Jerusalém (Domingo
de Ramos) (Lucas 19,39-40), essa falta de referências
posteriores aos fariseus é interpretada como uma opção de Lucas de não acusar
os fariseus pela condenação de Jesus.
5. Não estamos divididos entre duas pertenças; não somos constrangidos a servir a dois patrões. “Dar a César
o que é de César” significa portanto “Dar a César aquilo que Deus mesmo quer
seja dado a César”. É Deus, o soberano último de todos, inclusive de César.
O cristão é livre de obedecer ao estado, mas também de resistir ao estado quando
este se põe contra Deus e a sua lei.
O FALSO CONCEITO DE ESTADO LAICO
Muitas vezes ouvem-se acusações à Igreja de ser intolerante, medieval e, sobretudo uma eterna inimiga da ciência, que obstruiria a pesquisa cientifica e a reflexão racional em nome da fé e dos dogmas religiosos. É a velha afirmação iluminista de que a fé seria inimiga da ciência e do progresso e, portanto, inimiga do homem, da saúde, da cura de doenças, da liberdade. A maioria das vezes fala-se de progresso das ciências quando ainda estão ao início de pesquisas que vão depender de muitos anos de trabalho, e batendo-se unicamente em pesquisas sobre células tronco de embriões humanos que são sacrificados com completo desrespeito ao direito de viver de todo ser humano, uma vez concebido. Nesta narrativa, é oportuno falar de laicidade e laicismo, apenas para começar a tratar desse tema. Para isso valho-me da palavra do Papa Bento XVI, em Paris, no dia 12.09.08, lembrando o discurso do Presidente Sarkozy, da França, na Universidade Lateranense em Roma, no dia 04.01.08. Disse o Papa:
“As raízes da França,
tal como as da Europa, são cristãs. É suficiente um
olhar à História para demonstrar: desde as origens, o seu País recebeu a
mensagem do Evangelho. O Presidente Sarkozy pôs em destaque a transmissão da
cultura antiga através de monges, professores e copistas; através da formação
dos corações e dos espíritos para o amor aos pobres e ajuda aos mais
necessitados; através da fundação de numerosas congregações religiosas; a
contribuição dos cristãos para a realização das instituições da Gália, e
sucessivamente da França. Tudo isso é demasiado conhecido para que me
delongue mais. Milhares de capelas, igrejas, abadias e catedrais que ornamentam
o centro das cidades ou a solidão dos campos dizem quanto os vossos pais na fé
quiseram honrar Aquele que lhes dera a vida e que nos mantem na existência. Numerosas pessoas, mesmo aqui na França, detiveram-se a
refletir sobre as relações entre Igreja e Estado. Na verdade, sobre o problema
das relações entre esfera política e esfera religiosa. Cristo já tinha
oferecido o princípio para uma justa solução. Fê-lo quando, respondendo a uma
pergunta que lhe foi posta, afirmou: “Daí a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus”. A Igreja na França goza
atualmente de um regime de liberdade. A desconfiança do passado transformou-se
pouco a pouco num diálogo sereno e positivo, que se vai consolidando cada vez
mais. O presidente Sarkozi empregou a bela expressão “laicidade
positiva” para qualificar essa compreensão mais aberta”.
Entende-se por laicidade
a distinção entre a esfera política e a religiosa. Chama-se
Estado laico àquele que não é confessional, isto é, que não adotou, como era
comum em séculos passados, uma religião como religião oficial do Estado (como
hoje acontece nos estados islâmicos). A laicidade do Estado fundamenta-se na
distinção entre os planos secular e religioso. O princípio de laicidade
comporta, portanto, em primeiro lugar, o respeito de todas as confissões
religiosas por parte do Estado, o qual deve “assegurar o livre exercício das
atividades cultuais, espirituais, culturais e caritativas das comunidades dos
crentes. Numa sociedade pluralista, a laicidade é um lugar de
comunicação entre as diferentes tradições espirituais e a nação” (Concílio Vaticano
II).
O papa São João Paulo II dizia em 24.01.2005
que:
“O laicismo é uma ideologia que leva gradualmente, de forma mais ou menos
consciente, à restrição da liberdade religiosa, até promover o desprezo ou a
ignorância de tudo o que seja religioso, relegando a fé à esfera do
privado e opondo-se à sua expressão pública”.
Nestes tempos conturbados precisamos como
Cristãos revisitar João 15,18-21 e João 17,14-20 e lembrar que estamos no mundo
mas não somos do mundo!
Jo 15,18-21: “Se o mundo
vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim. Se fôsseis
do mundo, o mundo vos amaria como ama o que é seu; mas, porque não sois do
mundo, e porque eu vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo vos odeia.
Recordai-vos daquilo que eu vos disse: ‘O servo não é maior do que o seu
senhor’. Se me perseguiram, perseguirão a vós também. E
se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa. Eles farão tudo
isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.”
João 17, 14-20: “Dei-lhes
a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não
sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que
os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os
na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que
também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas
também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim...”
QUAL A SOLUÇÃO PARA ESTE CONFLITO?(O TESTEMUNHO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS NOS SERVEM COMO A RESPOSTA PARA O ATUAL CONTEXTO!)
Aristides de Atenas (+ 130) ao imperador Adriano:
“Os cristãos ó rei, vagando e
buscando, encontraram
a verdade conforme pudemos achar em seus livros, estão mais próximos que os
outros povos da verdade e do conhecimento certo, pois creem no Deus
criador do céu e da terra, naquele em quem tudo é e de quem tudo procede, que
não tem outro Deus por companheiro e do qual eles mesmos receberam os preceitos
que guardam no coração, com a esperança e expectativa do século futuro. Por
isso, não cometem adultério, não praticam a fornicação, não levantam falso
testemunho, não recusam devolver um depósito, não se apropriam do que não lhes
pertence. Honram pai e mãe, fazem bem ao próximo e, quando em juízo, julgam com
equidade. Não adoram os ídolos – semelhantes aos homens. O que não desejam lhes
façam os outros não o fazem também; não comem alimentos de sacrifícios
idolátricos, pois são puros. Exortam os que os afligem, a fim de fazê-los
amigos. Suas mulheres, ó rei, são puras como virgens, suas filhas são modestas.
Seus homens se abstém de toda união ilegítima e da impureza, esperando a
retribuição que terão no outro mundo. Aos escravos e escravas, bem como a seus filhos – se os têm –
persuadem a tornar-se cristãos, em razão do amor que lhes dedicam, e quando se
tornam, chamam-nos indistintamente irmãos. Não
adoram a deuses estranhos e vivem com humildade e mansidão, sem qualquer
mentira entre eles. Amam-se uns aos outros, não desprezam as viúvas. Protegem o
órfão dos que os tratam com violência. Possuindo bens, dão sem inveja aos que
nada possuem. Avistando o forasteiro, introduzem-no na própria casa e se
alegram por ele, como se fora verdadeiro irmão: pois se dão o apelativo de
irmãos, não segundo o corpo, mas segundo o espírito e em Deus. Se algum pobre passa
deste mundo, alguém sabendo, encarrega-se – na medida de suas forças – de
dar-lhe sepultura. Se conhecem um encarcerado ou oprimido por causa do nome do
seu Cristo, ficam solícitos a seu respeito e se possível libertam-no. Quando um
pobre ou necessitado surge entre eles e não possuem abundância de recursos para
ajudá-lo, jejuam dois ou três dias para obter o necessário para o seu sustento.
Guardam com diligência os preceitos do
seu Cristo, vivem reta e modestamente – conforme lhes ordenou o Senhor Deus.
Todas as manhãs e horas louvam e glorificam a Deus pelos benefícios recebidos,
dando graças por seu alimento e bebida. Mesmo se
acontece que um justo – entre eles – passa deste mundo, alegram-se e dão graças
a Deus, ao acompanharem o cadáver, como se emigrasse de um lugar para outro. E
assim como quando nasce um filho louvam a Deus, também se ele morre na infância
glorificam a Deus, por quem atravessou o mundo sem pecados. Mas
vendo alguém morrer na malícia e nos pecados, choram amargamente e gemem por ele,
supondo´o ir ao castigo. Tal é, ó rei, a constituição da lei dos cristãos e tal
a sua conduta” (Apologia).
Da Carta a Diogneto:
Esta Carta é um dos
mais antigos documentos que conta a vida dos primeiros cristãos; é de um autor
desconhecido, que escreveu a Diogneto; é do século II. Em seguida, temos um
trecho da Carta:
“Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto a quem é devido; a taxa a
quem é devida; a reverência a quem é devida; a honra a quem é devida [Rom
13,7]. Os cristãos residem em sua própria pátria, mas como residentes
estrangeiros. Cumprem todos os seus deveres de cidadãos e suportam todas as
suas obrigações, mas de tudo desprendidos, como estrangeiros… Obedecem as leis
estabelecidas, e sua maneira de viver vai muito além das leis… Tão nobre é o posto que lhes foi
por Deus outorgado, que não lhes é permitido desertar” (5,5; 5,10;6,10). Os
cristãos não diferem dos demais homens pela terra, pela língua, ou pelos
costumes. Não habitam cidades próprias, não se distinguem por idiomas
estranhos, não levam vida extraordinária. Além disso, sua doutrina não
encontraram em pensamento ou cogitação de homens desorientados. Também não patrocinam,
como fazem alguns, dogmas humanos… Qualquer
terra estranha é pátria para eles; qualquer pátria, terra estranha. Tem a mesa
em comum, não o leito. Vivendo na carne, não vivem segundo a carne. Na terra
vivem, participando da cidadania do céu. Obedecem às leis, mas as ultrapassam
em sua vida. Amam a todos, sendo por todos perseguidos (…). E quando entregues
à morte, recebem a vida. Na pobreza, enriquecem a muitos; desprovido de tudo,
sobram-lhes os bens. São desprezados, mas no meio das desonras, sentem-se
glorificados. Difamados, mas justo; ultrajados, mas benditos, injuriados
prestam honra. Fazendo o bem são punidos como malfeitores; castigados,
rejubilam-se como revificados. Os judeus hostilizam-nos como alienígenas; os
gregos os perseguem, mas nenhum de seus inimigos pode dizer a causa de seu
ódio. Para resumir, numa palavra, o que é a alma no corpo, são os cristãos no
mundo: como por todos os membros do corpo está difundida a alma, assim os
cristãos, por todas as cidades do universo (…)”.
É prudente registrar
que a descrição dos pecados catalogados por Paulo em Romanos 1, 29-32a não deve
denotar que são mais graves em relação aos outros que não foram listados, muito
menos que devem ser interpretados como se fossem somente estes pecados que
foram condenados. Ora, qualquer pecado é pecado mortal e depravador, isto é,
qualquer pecado é um desvio de um alvo traçado por Deus, e neste sentido quem
se desviar deste alvo é tido como depravado, transgressor. Por isso, nenhum ser
humano é isento de pecado, exceto Jesus Cristo, o nosso Grande Deus (Tt 2,13). Quando
o cristão autêntico comete pecado, ele deve se sentir contrito, arrependido e
confessar perante Deus e a Igreja o seu erro, e não justifica-lo, ideologiza-lo
tentando dourar a pílula, pois esterco ou veneno por mais bem embrulhado que
venha a ser, continua sendo esterco e veneno. Em tempo de guerra, vence
quem tem a melhor estratégia. O ataque mais bem-sucedido acontece quando o adversário não
se dá conta do perigo. Aliás, o gosto
da vitória é mais requintado quando o inimigo bebe o veneno misturado no vinho.
Se alguém quisesse acabar com a soberania de um povo, de um país, talvez a
estratégia de destruição incluísse os pontos a seguir:
1. Vender as consciências. Os meios de
comunicação ensinem que a felicidade perfeita só pode acontecer aqui e agora,
assim todos buscarão a própria felicidade – a qualquer custo – pois o que conta
é ‘gozar a vida’. E o frenesi por saciar as próprias carências sufocará a
capacidade crítica, a necessidade de lutar pela verdade verdadeira e pelas
coisas que promovam e salvem a vida. A lei do menor esforço suplantará a lei do
sacrifício justo.
2. Enfraquecer a autoridade. Dissemine-se a
desconfiança geral nos mandatários, elegendo arbitrariamente pessoas desonestas
ou de má fama publicamente conhecida. Desta forma, além de dar poder a quem não
tem poder sobre si mesmo, seus atos acabariam por legitimar o ilegítimo e
proibir o que é vital para o bem público. A autoridade dos pais sobre os filhos
seja limitada, vigiada e dissolvida. Os criminosos presos sejam protegidos
pelas grades e a sociedade fora das grades se sinta ‘ameaçada’.
3. Inverter os valores: o imoral seja moral; o que é moral
seja crime, ter fé seja cafona; fidelidade seja ‘noção subjetiva’. Egoísmo seja
chamado de ‘auto-estima’, Vaidade se chame ‘amor próprio’, Libertinagem seja
chamada de ‘liberdade’, Prostituição seja ‘meio de subsistência’, Desvio sexual
seja ‘opção livre’, demência seja modernismo. Inicie-se tal doutrinamento o
quanto antes: na escola mesmo.
4. Dessacralizar a vida. Gerar filhos seja
considerado como uma ‘produção em série’: o desejo de ‘ter’ filhos justifique a
manipulação genética (mesmo à custa da morte de embriões) e a seleção genética
não seja reconhecida como uma nova forma de descriminalização social.
Permitam-se às mães matar seus próprios filhos (indesejados), inclusive antes
de nascidos. Assim a noção de família e o respeito pelo próprio sangue darão
início à corrosão dos valores de raça, nação e humanidade. Quem se opuser seja
tachado de anti-progressista.
5. Legalizar a anarquia. Criem-se leis que
possam confundir os conceitos até então conhecidos. A liberdade religiosa seja
considerada ideologia pró-terrorismo (mesmo o terrorismo emocional). A
concepção de ‘direito humano’ proteja apenas o instinto (do prazer, do ter, do
poder), e todo aquele que opinar em contrário seja preso ou multado.
6. Sufocar o transcendente. Deus seja banido
lentamente, até que – pelo excesso de necessidades criadas no âmbito material –
ele seja considerado inútil, desnecessário, antiquado. Ou então busquem a Deus
apenas para fazê-lo ‘servo dos homens’, para doar o que os homens pedem e
condenado se não obedecê-los. Implante-se uma visão distorcida do sobrenatural.
7. Criminalizar a Igreja Católica: única sobrevivente
milenar dos desmandos dos homens. Exponham-se os pecados dos padres e
escondam-se suas virtudes. Se é pedófilo, seja dito com o título: ‘padre
católico’. Se é assassinada no Amazonas por causa social, seja chamada apenas
de ‘missionária’ (e não de freira católica).
CONCLUSÃO
Jesus nunca se dobrou diante das pressões políticas de seu tempo! A força política e religiosa de seu tempo o matou e sepultou. Mas a Força Soberana do Pai o Ressuscitou no 3º dia. Prova de que os poderosos deste mundo têm poder limitado. “Não admires os ricos e poderosos, são semelhantes ao gado gordo que se abate!” (Cf. Sl 48). O Cristão consciente e o Patriota lúcido concordam que as imortais palavras do Livro Sagrado urgem escuta em nossos dias: “a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a Palavra da vida!” (Fl. 2,15s). Eis aqui a estratégia antídoto para os pontos que citei acima! Do contrário são cegos a conduzir cegos, e já sabemos para onde todos irão...e o recado de Nosso Senhor Jesus Cristo é claro:
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