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Qual a diferença entre: Magistério Ordinário, Extraordinário e Pastoral da Igreja?

Written By Beraká - o blog da família on segunda-feira, 6 de abril de 2020 | 17:18






Através de nosso e-mail interno (filhodedeusshalom@gmail.com), um fiel seguidor de nosso apostolado (que pediu para não ser identificado, mas consideramos muito oportuno seu questionamento), pergunta-nos "qual a diferença entre: Ensino Ordinário, Extraordinário e Pastoral da Igreja?"




O Magistério e o Papa: quem são eles e o que fazem?



O que é a Verdade? Pergunta feita por Pilatos em João 18,38



-A Verdade é uma. Só pode haver uma verdade!


-‘Verdade’ é o oposto de ‘erro’.


-A definição didática da ‘Verdade’ é: “o que está de acordo com o fato, ou seja, é quando a consciência concorda com o intelecto.


-Jesus Cristo é DEUS, e DEUS é a Verdade! (João 14,6). DEUS não pode mentir pois é incompatível com Ele, já que Ele É a verdade. Quando Jesus Cristo disse algo, sabemos que é verdade porque ELE disse.





DEUS tem nos falado de duas maneiras:



1)-Quando Jesus falou com Seus Apóstolos, falou oralmente. Ele não escreveu para eles ou lhes deu um livro para ler. Os Apóstolos falaram as palavras de Jesus Cristo para outros e seus sucessores: os Bispos. Isto é chamado ‘Tradição’, com ‘T’ maiúsculo.



2)-Ele falou para nós através de Sua palavra escrita: a Sagrada Escritura. Os livros do Novo Testamento não tinham nem sido escritos até começarem a sê-lo por cerca de 48 d.C e terminando em cerca de 100 d.C, muitos anos depois de Jesus Cristo ter sido crucificado (o que se deu em cerca de 33 d.C.). Ficou a cargo dos escritores do Novo Testamento registrar acuradamente, muitos anos depois, sob a inspiração do Espírito Santo, o ensinamento de Jesus Cristo, e basear a maior parte de seus escritos na “Tradição”.





Em João 20,30 e 21,25, o Apóstolo diz: “E JESUS FEZ AINDA MUITAS OUTRAS COISAS. Se fossem escritas uma por uma, PENSO QUE NEM O MUNDO INTEIRO PODERIA CONTER OS LIVROS QUE SE DEVERIAM ESCREVER”. Isto diz, em termos bem simples, que há dois campos da Palavra Sagrada de DEUS: a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição. A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura, juntas, são conhecidas como “o Depósito da Fé”.





A Verdade tem que ser preservada em seu sentido e intenção original



É tarefa de alguém perservar o “Depósito da Fé”. Há a necessidade de se preservar a verdade. Em cada nível da sociedade temos líderes e seguidores, alguma forma de governo. A História mostra que nenhuma civilização, país, cidade ou organização durou muito tempo sem haver um governo efetivo para as pessoas seguirem, confiarem, e no qual acreditarem. 



É necessário alguma organização para interpretar, executar e seguir as leis:



-Os Romanos na antiguidade, tinham César e o Senado.


-Os Estados Unidos têm o Presidente, o Congresso e a Suprema Corte.


- As repúblicas com DEMOCRACIA PLENAMENTE reconhecidas pela ONU, os Estado a nível federal, estadual e municipal, têm o Governo executivo, Legislativo e Judiciário. 


- Uma corporação para funcionar bem, não pode ser autônoma e sem hierarquia, tem um Executivo-Chefe, diretores, conselheiros, subordinados, contadores e assessoria jurídica para trabalhar dentro da lei.


-A Igreja Católica não pode ser diferente, tem o Papa, os Bispos e o Magistério. Estes governos fazem regras documentadas para todos seguirem. Eles também têm a responsabilidade de protegê-las e executá-las, de maneira ordenada e a seu tempo. Sem ordem há caos.



O que aconteceria no país se cada pessoa fizesse o que ELA achasse que era certo e ignorasse os direitos dos outros, e cada uma tivesse a SUA própria lista de regras a seguir, ou nenhuma regra? A civilização, do jeito que a conhecemos, iria se desmoronar. Você percebe que há seitas Cristãs que operam desta maneira? É dito a cada pessoa que deve interpretar a Bíblia, a Palavra de DEUS, por si mesma. O que quer que pareça certo para ela é tudo o que importa. É essencialmente cada um por si. Está não bíblica LIVRE INTERPRETAÇÃO leva ao caos, brigas internas e desunião. Lembre-se do que Jesus Cristo disse: “Toda casa dividida contra si mesmo não pode subsistir.” (Mt 12,25). A Bíblia não é um romance. É a Palavra de DEUS. Se você a ler como leria um romance, não tirará muito proveito dela exceto por uma massa confusa. Se você der a um milhão de pessoas uma Bíblia para cada uma e pedir a cada uma para interpretá-la, você obterá um milhão de interpretações diferentes. Em quem você acreditaria? Quem tem a verdade? Conforme já vimos, a “Verdade é Uma”. A interpretação de qual pessoa seria a ÚNICA verdadeira? Você iria querer acreditar na interpretação de um homem, cujas credenciais podem ser questionáveis, ou na interpretação coletiva de um grupo de homens com credenciais impecáveis MAIS o Espírito Santo?





A Igreja Católica tem o Papa e o Magistério para interpretar, preservar, e proteger o “Depósito da Fé” para todos nós:




-O Magistério consiste do Papa e dos Cardeais e Bispos agindo sob a orientação do Espírito Santo.



-Eles se reúnem em Concílios regionais e universais, com a orientação do Espírito Santo, tomam decisões a respeito de matérias importantes a respeito da fé.


-Por falta de direção, cai um povo; onde há muitos conselheiros, ali haverá salvação (Pr 11,14; 24,6).


-Os projetos triunfam pelos conselhos (Pr 20,18).



-A única maneira de conhecermos UMA verdade é aceitar UMA autoridade inidônea.





Como posso ter certeza de que a verdade está sendo preservada? Qual o critério deve prevalecer? A minha achologia, ou as autoridades legítimas da Igreja?



De todos os escritos desde o início dos tempos, em qual livro podemos confiar como sendo o “Depósito da Fé”? - Eu confio na Sagrada Escritura de DEUS. Se você diz isso, deve ser verdade porque o Próprio DEUS disse isso. Se os fatos mencionados acima em, podem ser encontrados na Bíblia, eles têm que ser verdadeiros. Vamos dar uma conferida:





O Magistério Tradicional da Igreja, do último concílio, e do Papa reinante





-Tem Bispos colocados pelo Espírito Santo para governar a Igreja: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de DEUS” (At 20,28).



-Tem um líder que possui autoridade e supremacia sobre todo o resto: Quando DEUS dava autoridade, Ele mudava o nome da pessoa que a recebia. Abrão foi chamado Abraão em Gn 17,15, quando DEUS o fêz “Pai de uma Multidão de Nações”. Sarai foi chamada Sara em Gn 17,15-16 quando DEUS a fez “A Mãe de Nações”. Jacó foi chamado de Israel em Gn 32,29, quando DEUS o fez “Pai da nação de Israel”. Em Mt 16,18, DEUS trocou o nome de Simão para PEDRO, e lhe disse TU és “PEDRA” e sobre esta “PEDRA” construirei MINHA IGREJA. Mt 16,19, Eu TE darei as CHAVES do REINO dos CÉUS, e tudo o que TU LIGARES na terra será ligado no Céu, e tudo o que TU DESLIGARES na terra será desligado nos céus. Pedro foi o primeiro líder da Igreja e lhe foi dada supremacia e autoridade sobre todos os outros Apóstolos. Lc 22,31-32: “Satanás vos reclamou para VOS PENEIRAR como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, CONFIRMA os teus irmãos. Jo 21,17: Simão, tu Me amas? APASCENTA OS MEUS CORDEIROS”. At 1,15: “PEDRO levantou-se no meio dos seus irmãos. At 2,14: PEDRO, pondo-se em pé em companhia dos onze, com voz forte lhes DISSE: “Homens da Judéia, e vós TODOS que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às MINHAS PALAVRAS”. At 15,7: “DEUS ME ESCOLHEU DENTRE VÓS, PARA QUE DA MINHA BOCA OS PAGÃOS OUVISSEM A PALAVRA DO EVANGELHO E CRESSEM”. 1Cor 15,5: “E Ele apareceu a CEFAS (primeiro) e EM SEGUIDA aos onze”.



Reúne-se e discute assuntos: “Reuniram-se os Apóstolos e os anciãos (Bispos conselheiros) para tratar desta questão” (At 15,6).



-Consultam uns aos outros a respeito da revelação divina: “E subi em consequência de uma revelação. Expus-lhe o Evangelho que prego entre os pagãos” (Gl 2,2).


-Votam entre eles: “deitaram a sorte entre si” (At 1,26).


- Por fim, define um ensinamento (que pode ser perene, ou circunstancial): “Os pagãos têm que ser circuncidados? Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência” (At 15,1.24). Não, eles não têm que ser circuncidados.



- Estando reunidos em nome da Trindade, é guiado e ensinado pelo Espírito Santo: “Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que DEUS deu a todos aqueles que Lhe obedecem” (At 5,32). “Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável…” (At 15,28). “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir e anunciar-vos-á AS COISAS QUE VIRÃO. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e VO-LO ANUNCIARÁ. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e VO-LO ANUNCIARÁ” (Jo 16,12-15).



- É a convicção que a Igreja, guiada pelo Espírito Santos, é a coluna da verdade: “a casa do DEUS vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15).



-É a autoridade docente da Igreja: “ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi” (Mt 28,20).



-É auto propagador e tem a autoridade: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu VOS escolhi e VOS constituí para que vades e produzais fruto, e o VOSSO fruto PERMANEÇA; Eu assim VOS constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em Meu nome, Ele vos conceda” (Jo 15,16). “Eu lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele…” (1Cor 3,10-11). “se recusa a ouví-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. Tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no Céu…” (Mt 18,17-18).



-Afirma que NÃO deve ser feita ‘interpretação privada’ da Escritura: “Antes de tudo, sabeis que NENHUMA profecia da Escritura é de interpretação PESSOAL” (*2Pd 1,20).


- O que é santo e deliberadamente determinado, tem que ser obedecido: “OBEDECEI aos seus SUPERIORES, pois ELES velam por vossas almas e delas devem dar conta” (Hb 13,17).



- Confiar na promessa que não pode falhar: “e as portas do inferno NÃO prevalecerão contra ela. Mt 28,20: Eis que estou convosto TODOS os dias, até o fim do mundo” (Mt 16,18).






SOBRE A Revelação, há dois tipos:









-Revelação Pública: o ensinamento de Jesus Cristo, também chamado “Revelação Divina”: Não há novas revelações públicas, já que foram encerradas quando o último Apóstolo morreu, e Cristo disse na Cruz: Tudo está consumado( João 19,30).A única maneira possível de haver nova revelação pública (divina) é o Próprio DEUS vir e proclamá-la. A revelação pública consiste na “Sagrada Escritura” e na “Sagrada Tradição”: o “Depósito da Fé”. É missão do Papa e do Magistério interpretar, preservar e proteger o “Depósito da Fé” para todos nós.












-Revelações Privadas: mensagens recebidas por meio de visão ou locução interior por indivíduos: Nós não devemos nem acreditar nelas nem condená-las, até que a Igreja decida se elas contém verdade ou erro. Nós devemos testar e exercer discernimento sobre elas para ver se vêm de DEUS (1Ts 5,20-21, 1Jo 4,1-6).





SOBRE O MAGISTÉRIO DEFINITIVO (EXTRAORDINÁRIO) E AUTÊNTICO (ORDINÁRIO /dos papas);

 

 


Cân. 748 — § 1. Todos os homens estão obrigados a procurar a verdade no que concerne a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, em virtude da lei divina têm obrigação e gozam do direito de a abraçar e observar.

§ 2. A ninguém é lícito coagir os homens a abraçar a fé católica contra a sua consciência.

 

 

Cân. 749 — § 1. Em virtude do seu cargo, o Sumo Pontífice goza de infalibilidade no magistério quando, como supremo Pastor e Doutor de todos os fiéis, a quem pertence confirmar na fé os seus irmãos, proclama por um ato definitivo que tem de ser aceite uma doutrina acerca da fé ou dos costumes.


§ 2. Goza também de infalibilidade no magistério o Colégio dos Bispos, quando, reunidos os Bispos em Concílio Ecuménico, exercem o magistério, e, como doutores e juízes da fé e dos costumes, declaram definitivamente para toda a Igreja que tem de ser aceite uma doutrina acerca da fé ou dos costumes; ou quando, dispersos por todo o mundo, mas mantendo vínculo de comunhão entre si e com o sucessor de Pedro, juntamente com o mesmo Romano Pontífice, ensinando autenticamente doutrinas de fé ou costumes, acordam em que uma proposição deve aceitar-se definitivamente.

 

 

§ 3. Nenhuma doutrina deve considerar-se infalivelmente definida, a não ser que tal conste manifestamente.

 

Cân. 752 — Ainda que não se tenha de prestar assentimento de fé, deve contudo prestar-se obséquio religioso da inteligência e da vontade àquela doutrina que quer o Sumo Pontífice quer o Colégio dos Bispos enunciam ao exercerem o magistério autêntico, apesar de não terem intenção de a proclamar com um ato definitivo; façam, portanto, os fiéis por evitar o que não se harmonize com essa doutrina.





APROFUNDAMENTO teológico:




Jesus mandou seus Apóstolos pregarem seu Evangelho a todas as nações até o fim do mundo (Mateus 28,19-20). O magistério da Igreja se refere à autoridade de ensino que Ele conferiu aos seus Apóstolos e, através destes, aos seus sucessores: os Bispos da Igreja unidos ao Papa, o sucessor de Pedro.






O magistério ordinário se refere à forma normal pela qual os Bispos instruem os fiéis: 






A pregação diária do Evangelho, a supervisão na formação catequética de suas dioceses, a edição de cartas pastorais, o desenvolvimento de instruções diocesanas sobre culto e oração etc. Nem tudo o que é dito pelo magistério ordinário da Igreja, mesmo que através de documentos oficiais, é de caráter infalível (ou seja, absolutamente livre de erro ou de evolução no ensino), embora a grande maioria o seja, se assim a Igreja não se expressar de forma infalível, extraordinária e de forma definitiva para toda Igreja. Sobre isto, a Constituição Dogmática sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II, declarou:






"Embora não gozem da prerrogativa da infalibilidade pessoal, os bispos, no exercício do seu magistério autêntico em matéria de fé e costumes, enunciam a doutrina de Cristo de modo infalível quando, dispersos pelo mundo, mas conservando a comunhão entre si e com o sucessor de Pedro, concordam em propor uma sentença a seguir como definitiva" (Lumen Gentium 25).






Com relação ao magistério extraordinário da Igreja, Existem duas formas:





a)- Primeiramente, existe o ensino de um Concílio Ecumênico. Já tivemos 21 deles na História da Igreja, sendo o mais recente o do Vaticano II. Esta forma de ensino magisterial ocorre quando os bispos da Igreja reunidos em Concílio, tendo o Papa como cabeça do colégio episcopal, define um ensinamento em questão de fé ou costumes. Nessas circunstâncias, tal ensinamento é infalível.





b)- A segunda forma de magistério extraordinário é o pronunciamento "ex cathedra" do Papa. Isto chama-se infalibilidade papal. O Vaticano II descreveu a infalibilidade papal assim: "O Romano Pontífice, cabeça do colégio episcopal, goza desta infalibilidade em virtude do seu oficio, quando define uma doutrina de fé ou de costumes, como supremo Pastor e Doutor de todos os cristãos, confirmando na fé os seus irmãos (cf. Lc 22,32).






Por isso, as suas definições são irreformáveis em si mesmas, sem necessidade do consentimento da Igreja, uma vez que são pronunciadas sob a assistência do Espírito Santo (que não erra), prometida ao Papa na pessoa de Pedro (Mateus 16,18): não precisam da aprovação de ninguém, nem admitem qualquer apelo a outro juízo" (Lumen Gentium 25). Em adição ao ensinamento infalível do magistério, existe ainda aquilo que muitas vezes é denominado "ensinamento autêntico": trata-se do ensinamento que não é apresentado como infalível pelo magistério ordinário ou extraordinário, mas que, mesmo assim, possui autoridade e deve ser aceito pelos católicos. Ao falar do "ensinamento autêntico", o Vaticano II declarou: "Quando ensinam em comunhão com o Romano Pontífice, os bispos devem ser considerados por todos como testemunhas da verdade divina e católica; e cada fiel deve aceitar o juízo que o seu bispo dá em nome de Cristo, nas coisas de fé e moral, e aderir a ele com religioso respeito. Este assentimento religioso da vontade e da inteligência deve, de modo particular, prestar-se ao magistério autêntico do Romano Pontífice, ainda mesmo quando não fala 'ex-catedra', de maneira que se reconheça com reverência o seu magistério supremo e se adira sinceramente à doutrina que o Papa apresenta, quais transparecem principalmente quer da índole dos documentos, quer da freqüência em propor a mesma doutrina, quer da própria maneira de falar" (Lumen Gentium 25).





Por fim a Igreja também se utiliza do Aconselhamento (orientação/ensino) pastoral





Que é uma forma de ajudar pessoas que precisam de amparo para alcançar pensamentos, atitudes e soluções corretas de acordo com a vontade de Deus. É uma prática que requer preparo para realmente gerar resultados positivos. Bispos, padres e pessoas que exercem algum tipo de liderança na igreja, precisam estar capacitados para aconselhar quem procura ajuda. Porém, nesse caso, dar conselhos de forma Cristã, não funciona da mesma maneira como quando falamos com um amigo em uma conversa informal, não é mesmo? É preciso se basear no evangelho,cuidar com opiniões pessoais e se preparar de diversas maneiras sempre se perguntando: O que Jesus faria e ou aconselharia nestas circunstâncias? Mais do que uma orientação geral o aconselhamento pastoral e mais indicado em casos pessoais e particulares, onde se deve antecipadamente entender o contexto da situação.Tentar entender as causas dos acontecimentos e a história das pessoas envolvidas, isso pode ajudar a encontrar questões mais profundas que devem ser solucionadas antes de apresentar receitas prontas e genéricas. Cada caso é um caso. É preciso buscar entender o nível de conhecimento e maturidade humana da pessoa aconselhada. Dessa forma, com base no que você pode perceber, adapte as orientações na linguagem da pessoa e explique coisas que lhe são necessárias, ou que precisam ser exigidas dela, caso ela queira realmente uma orientação Cristã. Por mais básico que um conhecimento pareça ser para você, às vezes, é o que alguém precisa saber ou lembrar.







A exortação apostólica do Papa Francisco Amoris Laetitia veio clarear de forma mais magisterial estas ORIENTAÇÕES PASTORAIS!





Antes de refletirmos sobre os aspectos teóricos e práticos da Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris Laetitia: sobre o amor na família”, referentes ao Setor Casos Especiais, faz-se importante resgatarmos a compreensão da caminhada da Pastoral Familiar, que desde o início abarca a família em sua situação real, em todos os aspectos e se dirige a todos os tipos de família, sem distinção: as regularmente constituídas como também as que se encontram em alguma situação de irregularidade. A todas, quaisquer que sejam a realidade e as circunstâncias em que se encontrem, a Igreja, por meio da Pastoral Familiar, deseja levar palavras e gestos de apoio, acolhida, orientação e conversão, sempre animada e impulsionada pelo espírito missionário do Bom Pastor. (Guia de Orientação para os Casos Especiais – CNBB- 2005). Fazendo uma viagem pelo tempo, podemos confirmar que São João Paulo II foi o primeiro Papa a dar início a uma pastoral de acolhida misericordiosa aos irmãos em “situações irregulares”, há quase 37 anos, quando da publicação, no dia 22 de novembro de 1981, da Exortação Apostólica “Familiaris Consortio: sobre a missão da família cristã no mundo hoje” e depois, em 1984, com a Exortação Reconciliatio et Paenitentia: sobre a reconciliação e a penitência na missão da Igreja hoje”. Toda orientação pastoral tem pisado em terreno consistente, à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja.Há duas passagens importantes de São João Paulo II que nos dão pistas para uma proposta firme. Primeiramente, São João Paulo II afirma: "Juntamente com o Sínodo, exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência “para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus”. (FC, 84)






Ele oferece uma "sólida orientação pastoral":


“A Igreja não pode mais do que convidar os seus filhos, que se encontram nessas situações dolorosas, a aproximarem-se da misericórdia divina por outras vias, mas não pela via dos Sacramentos, especialmente da Penitência e da Eucaristia”. (RP, 34)



A IGREJA, MAIS DO QUE COM NORMAS, TRABALHA COM PRINCÍPIOS – (CONHECENDO OS PRINCÍPIOS DO PORQUE A IGREJA NÃO RECOMENDA OS MÉTODOS ARTIFICIAIS DE CONTROLE DA NATALIDADE):

 

 

 

Duas gerações se passaram desde a publicação da corajosa e profética encíclica Humanae Vitae, a qual manteve a antiga condenação da Igreja ao uso da contracepção artificial. E talvez nenhum outro ensinamento da Igreja provoque tanto escárnio (mesmo entre os católicos) quanto esse sobre a regulação da natalidade. Mas o tempo cuidou de provar onde estava a sabedoria (cf. Mt 11, 16-19).

 

 

 


Cerca de cinquenta anos após a aceitação generalizada da contracepção, como nós estamos?

 

 

 

Talvez seja melhor rever algumas das “promessas” que os defensores da contracepção fizeram e, então, fazer um paralelo com algumas das profecias do Beato Papa Paulo VI. Revisemos os registros e tomemos nota de quais foram, afinal, os “frutos” da contracepção. As promessas dos defensores da contracepção na época eram:

 

 

 

1)-Casamentos mais felizes e menos divórcios, porque os casais seriam capazes de ter tantas relações quanto quisessem sem o “medo” da gravidez.

 

 

2)-Menor número de abortos porque haveria bem menos casos de gravidez “indesejada”.

 

 

3)-Maior dignidade para as mulheres porque elas não estariam mais “presas” a seus sistemas reprodutivos.

 

 

4)-Uma promessa mais recente: redução das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

 

 

As preocupações e previsões do Papa Paulo VI, no n. 17 da Humanae Vitae, eram as seguintes:

 

 

 

“Considerem, antes de mais, o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade. Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens — os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto — precisam de estímulo para serem fiéis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles eludirem a sua observância. É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada. Pense-se ainda seriamente na arma perigosa que se viria a pôr nas mãos de autoridades públicas, pouco preocupadas com exigências morais. Quem poderia reprovar a um governo o fato de ele aplicar à solução dos problemas da coletividade aquilo que viesse a ser reconhecido como lícito aos cônjuges para a solução de um problema familiar? Quem impediria os governantes de favorecerem e até mesmo de imporem às suas populações, se o julgassem necessário, o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz?”

 

 

 

Quem estava, pois, com a razão? O mundo ou a Igreja? Vamos considerar alguns dados:

 

 

 

1)-Em primeiro lugar, a taxa de divórcios não diminuiu; disparou. Nos Estados Unidos, a taxa de divórcios subiu na década de 1970 e depois até quase 50% dos casamentos estavam em crise. Nos últimos anos, o número de divórcios caiu ligeiramente, mas isso só deve ao fato de que cada vez menos pessoas querem se casar, preferindo, ao invés, coabitar ou relacionar-se em uma espécie de monogamia em série, pulando de um relacionamento para outro. A taxa geral de divórcio atualmente paira na faixa de 40%.Os defensores da contracepção hoje reclamam que o divórcio é um assunto complicado, o que certamente é verdade, mas eles não podem ficar dos dois lados: primeiro dizem que a contracepção será uma solução “simples” para tornar os casamentos mais felizes e, depois, quando percebem tão drasticamente que estão errados, reclamam que o divórcio é complicado. O Papa Paulo VI, por outro lado, previu a maré difícil para o casamento com o advento da contracepção; parece que ele estava certo.

 

 

 

2)-Em segundo lugar, a taxa de abortos não diminuiu; disparou também. Em poucos anos, a pressão para tornar o aborto mais acessível levou à sua legalização em 1973, nos Estados Unidos. Já está provado que os contraceptivos, longe de diminuírem a taxa de abortos, na verdade, só a fizeram aumentar. Como os contraceptivos costumam falhar, o aborto tem se tornado o último recurso para os casais que não querem ter filhos. Além disso, como previu o Papa, a imoralidade sexual foi amplamente disseminada; e também isso tem levado a altas taxas de aborto. É difícil comparar os índices de promiscuidade entre as épocas porque as pessoas não costumam contar a verdade quando perguntadas sobre essas coisas. Mas alguém precisa ser muito míope para não perceber o aumento vertiginoso da promiscuidade aberta, da coabitação, da pornografia e de outras imoralidades. Todos esses maus comportamentos, que se tornaram mais comuns pelos contraceptivos, também alimentaram as taxas de aborto. Mais um ponto em que a previsão do Papa e da Igreja se mostrou certa.




3)-Consideremos, em terceiro lugar, a dignidade da mulher. Trata-se de algo difícil de estimar, porque cada pessoa tem seus próprios critérios para medi-la. As mulheres têm, de fato, grandes oportunidades profissionais hoje, mas será essa realmente a fonte da dignidade de uma pessoa? A dignidade de alguém certamente envolve mais que suas capacidades econômicas. Infelizmente, a maternidade foi para o banco de trás na cultura popular e, como o Papa previu, as mulheres foram hipersexualizadas também. Sua dignidade como mães e esposas foi posta de lado e substituída pelo prazer sexual que elas oferecem aos homens. Muitos homens modernos, não mais obrigados ao casamento para terem satisfação sexual, usam e abusam das mulheres. Eles simplesmente “pegam o que querem” e muitas delas parecem dispostas a lhes fornecer isso livremente. Neste cenário, os homens “vencem”. As mulheres ainda são frequentemente infectadas por DSTs e abandonadas com seus filhos, os quais têm de assistir e educar sozinhas. E, quanto mais ficam velhas e “menos atraentes” para os homens, mais sozinhas ficam. Eu não estou muito certo de que isso seja dignidade.Teriam as mulheres realmente se beneficiado com essa nova moralidade que a contracepção ajudou a inaugurar? Aparentemente, o Papa estava certo mais uma vez.

 

 

 

4)-Em quarto lugar, o que dizer da contracepção como fator que previne e reduz as DSTs  (incluindo a AIDS)? Novamente, uma grande decepção. As DSTs não foram prevenidas nem diminuíram. A taxa de infecções disparou entre os anos 1970 e 1980. A AIDS, que surgiu neste mesmo período, continua a apresentar taxas terrivelmente altas. Onde está a libertação prometida? Os contraceptivos previnem muito pouco. O que eles fazem, na verdade, é encorajar a propagação dessas doenças, pois promovem o mau comportamento que as causa. Aqui, também, a Igreja estava certa e o mundo, errado.

 

 

 

O tempo cuidou de mostrar, portanto, onde estava a sabedoria. O que aprendemos ao longo destas décadas de contracepção?

 



 

-Primeiro, que é um grande erro acreditar em suas promessas; os contraceptivos só tornaram as coisas moral e socialmente piores do que já estavam. Maus comportamentos têm sido estimulados e todas as consequências ruins decorrentes disso estão vindo à tona.

 

 

 

-Por outro lado, a maioria das pessoas parece desinteressada nesses dados. Os corações se tornaram entorpecidos e as inteligências se encontram adormecidas.

 

 

-Apesar disso, espero que você considere com cuidado essas informações, compartilhando-as com outras pessoas. O tempo provou onde a sabedoria está. É hora de admitir o óbvio.

 

 

 


 




CARTA ENCÍCLICA "HUMANAE VITAE" DE SUA SANTIDADE PAPA PAULO VI

 




AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, ARCEBISPOS, BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA, AO CLERO E AOS FIÉIS DE TODO O MUNDO CATÓLICO E TAMBÉM A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE

 




SOBRE A REGULAÇÃO DA NATALIDADE

 

 

 

Veneráveis Irmãos e diletos filhos,

 

 

A transmissão da vida

 

 

1. O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias, se bem que, algumas vezes, acompanhadas de não poucas dificuldades e angústias. Em todos os tempos o cumprimento deste dever pôs à consciência dos cônjuges sérios problemas; mas, mais recentemente, com o desenvolver-se da sociedade, produziram-se modificações tais, que fazem aparecer questões novas que a Igreja não podia ignorar, tratando-se de matéria que tão de perto diz respeito à vida e à felicidade dos homens.

 

 

 

I. ASPECTOS NOVOS DO PROBLEMA E COMPETÊNCIA DO MAGISTÉRIO

 

 

 

Visão nova do problema

 

 

 

2. As mudanças que se verificaram foram efetivamente notáveis e de vários gêneros. Trata-se, antes de mais, do rápido desenvolvimento demográfico. Muitos são os que manifestam o receio de que a população mundial cresça mais rapidamente do que os recursos à sua disposição, com crescente angústia de tantas famílias e de povos em vias de desenvolvimento. De tal modo que é grande a tentação das Autoridades de contrapor a este perigo medidas radicais. Depois, as condições de trabalho e de habitação, do mesmo modo que as novas exigências, tanto no campo econômico como no da educação, não raro tornam hoje difícil manter convenientemente um número elevado de filhos. Assiste-se também a uma mudança, tanto na maneira de considerar a pessoa da mulher e o seu lugar na sociedade, quanto no considerar o valor a atribuir ao amor conjugal no matrimônio, como ainda no apreço a dar ao significado dos atos conjugais, em relação com este amor. Finalmente, deve-se sobretudo considerar que o homem fez progressos admiráveis no domínio e na organização racional das forças da natureza, de tal maneira que tende a tornar extensivo esse domínio ao seu próprio ser global: ao corpo, à vida psíquica, à vida social e até mesmo às leis que regulam a transmissão da vida.

 

 

 

3. O novo estado de coisas faz surgir novos quesitos. Assim, dadas as condições da vida hodierna e dado o significado que têm as relações conjugais para a harmonia entre os esposos e para a sua fidelidade mútua, não estaria indicada uma revisão das normas éticas vigentes até agora, sobretudo se se tem em consideração que elas não podem ser observadas sem sacrifícios, por vezes heróicos? Mais ainda: estendendo o chamado "princípio de totalidade" a este campo, não se poderia admitir que a intenção de uma fecundidade menos exuberante, mas mais racionalizada, transforma a intervenção materialmente esterilizaste num sensato e legítimo controle dos nascimentos? Por outras palavras, não se poderia admitir que a fecundidade procriadora pertence ao conjunto da vida conjugal, mais do que a cada um dos seus atos? Pergunta-se também, se, dado o sentido de responsabilidade mais desenvolvido do homem moderno, não chegou para ele o momento de confiar à sua razão e à sua vontade, mais do que aos ritmos biológicos do seu organismo, a tarefa de transmitir a vida.

 

 

 

A competência do Magistério

 

 

 

4. Tais problemas exigiam do Magistério da Igreja uma reflexão nova e aprofundada sobre os princípios da doutrina moral do matrimônio: doutrina fundada sobre a lei natural, iluminada e enriquecida pela Revelação divina. Nenhum fiel quererá negar que compete ao Magistério da Igreja interpretar também a lei moral natural. É incontestável, na verdade, como declararam muitas vezes os nossos predecessores, [1] que Jesus Cristo, ao comunicar a Pedro e aos Apóstolos a sua autoridade divina e ao enviá-los a ensinar a todos os povos os seus mandamentos, [2] os constituía guardas e intérpretes autênticos de toda a lei moral, ou seja, não só da lei evangélica, como também da natural, dado que ela é igualmente expressão da vontade divina e que a sua observância é do mesmo modo necessária para a salvação. [3] Em conformidade com esta sua missão, a Igreja apresentou sempre, e mais amplamente em tempos recentes, um ensino coerente, tanto acerca da natureza do matrimônio, como acerca do reto uso dos direitos conjugais e acerca dos deveres dos cônjuges.[4]

 



Estudos especiais



5. A consciência desta mesma missão levou-nos a confirmar e a ampliar a Comissão de Estudo, que o nosso predecessor, de venerável memória, João XXIII tinha constituído, em março de 1963. Esta Comissão, que incluía também alguns casais de esposos, além de muitos estudiosos das várias matérias pertinentes, tinha por finalidade: primeiro, recolher opiniões sobre os novos problemas respeitantes à vida conjugal e, em particular, à regulação da natalidade; e depois, fornecer os elementos oportunos de informação, para que o Magistério pudesse dar uma resposta adequada à expectativa não só dos fiéis, mas mesmo da opinião pública mundial. [5]Os trabalhos destes peritos, assim como os pareceres e os conselhos que se lhes vieram juntar, enviados espontaneamente ou adrede solicitados, de bom número dos nossos irmãos no episcopado, permitiram-nos ponderar melhor todos os aspectos deste assunto complexo. Por isso, do fundo do coração, exprimimos a todos o nosso vivo reconhecimento.

 

 

 

 

A resposta do Magistério

 

 

 

6. As conclusões a que tinha chegado a Comissão não podiam, contudo, ser consideradas por nós como definitivas, nem dispensar-nos de um exame pessoal do grave problema; até mesmo porque, no seio da própria Comissão, não se tinha chegado a um pleno acordo de juízos, acerca das normas morais que se deviam propor e, sobretudo, porque tinham aflorado alguns critérios de soluções que se afastavam da doutrina moral sobre o matrimônio, proposta com firmeza constante, pelo Magistério da Igreja. Por isso, depois de termos examinado atentamente a documentação que nos foi preparada, depois de aturada reflexão e de insistentes orações, é nossa intenção agora, em virtude do mandato que nos foi confiado por Cristo, dar a nossa resposta a estes graves problemas.

 

 

 

 

 

II. PRINCÍPIOS DOUTRINAIS - Uma visão global do homem

 

 

 

 

7. O problema da natalidade, como de resto qualquer outro problema que diga respeito à vida humana, deve ser considerado numa perspectiva que transcenda as vistas parciais - sejam elas de ordem biológica, psicológica, demográfica ou sociológica - à luz da visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna. E, porque na tentativa de justificar os métodos artificiais de limitação dos nascimentos, houve muito quem fizesse apelo para as exigências, tanto do amor conjugal como de uma "paternidade responsável", convém precisar bem a verdadeira concepção destas duas grandes realidades da vida matrimonial, atendo-nos principalmente a tudo aquilo que, a este propósito, foi recentemente exposto, de forma altamente autorizada, pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes.

 

 


 

O amor conjugal

 

 

 

8. O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor [6], "o Pai, do qual toda a paternidade nos céus e na terra toma o nome".[7]O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor. Mediante a doação pessoal recíproca, que lhes é própria e exclusiva, os esposos tendem para a comunhão dos seus seres, em vista de um aperfeiçoamento mútuo pessoal, para colaborarem com Deus na geração e educação de novas vidas. Depois, para os batizados, o matrimônio reveste a dignidade de sinal sacramental da graça, enquanto representa a união de Cristo com a Igreja.

 

 

 

 

AS CARACTERÍSTICAS DO AMOR CONJUGAL

 

 

 

 

9. Nesta luz aparecem-nos claramente as notas características do amor conjugal, acerca das quais é da máxima importância ter uma idéia exata.É, antes de mais, um amor plenamente humano, quer dizer, ao mesmo tempo espiritual e sensível. Não é, portanto, um simples ímpeto do instinto ou do sentimento; mas é também, e principalmente, ato da vontade livre, destinado a manter-se e a crescer, mediante as alegrias e as dores da vida cotidiana, de tal modo que os esposos se tornem um só coração e uma só alma e alcancem juntos a sua perfeição humana.É depois, um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte, não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, por poder enriquecê-lo com o dom de si próprio.É, ainda, amor fiel e exclusivo, até à morte. Assim o concebem, efetivamente, o esposo e a esposa no dia em que assumem, livremente e com plena consciência, o compromisso do vínculo matrimonial. Fidelidade que por vezes pode ser difícil; mas que é sempre nobre e meritória, ninguém o pode negar. O exemplo de tantos esposos, através dos séculos, demonstra não só que ela é consentânea com a natureza do matrimônio, mas que é dela, como de fonte, que flui uma felicidade íntima e duradoura. É, finalmente, amor fecundo que não se esgota na comunhão entre os cônjuges, mas que está destinado a continuar-se, suscitando novas vidas. "O matrimônio e o amor conjugal estão por si mesmos ordenados para a procriação e educação dos filhos. Sem dúvida, os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos pais". [8]

 

 

 

10. Sendo assim, o amor conjugal requer nos esposos uma consciência da sua missão de "paternidade responsável", sobre a qual hoje tanto se insiste, e justificadamente, e que deve também ser compreendida com exatidão. De fato, ela deve ser considerada sob diversos aspectos legítimos e ligados entre si.Em relação com os processos biológicos, paternidade responsável significa conhecimento e respeito pelas suas funções: a inteligência descobre, no poder de dar a vida, leis biológicas que fazem parte da pessoa humana [9].Em relação às tendências do instinto e das paixões, a paternidade responsável significa o necessário domínio que a razão e a vontade devem exercer sobre elas.Em relação às condições físicas, econômicas, psicológicas e sociais, a paternidade responsável exerce-se tanto com a deliberação ponderada e generosa de fazer crescer uma família numerosa, como com a decisão, tomada por motivos graves e com respeito pela lei moral, de evitar temporariamente, ou mesmo por tempo indeterminado, um novo nascimento.Paternidade responsável comporta ainda, e principalmente, uma relação mais profunda com a ordem moral objetiva, estabelecida por Deus, de que a consciência reta é intérprete fiel. O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres, para com Deus, para consigo próprios, para com a família e para com a sociedade, numa justa hierarquia de valores.Na missão de transmitir a vida, eles não são, portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, como se pudessem determinar, de maneira absolutamente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem, sim, conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus, expressa na própria natureza do matrimônio e dos seus atos e manifestada pelo ensino constante da Igreja [10].

 

 

 

Respeitar a natureza e a finalidade do ato matrimonial

 

 

 

11. Estes atos, com os quais os esposos se unem em casta intimidade e através dos quais se transmite a vida humana, são, como recordou o recente Concílio, "honestos e dignos" [11]; e não deixam de ser legítimos se, por causas independentes da vontade dos cônjuges, se prevê que vão ser infecundos, pois que permanecem destinados a exprimir e a consolidar a sua união. De fato, como o atesta a experiência, não se segue sempre uma nova vida a cada um dos atos conjugais. Deus dispôs com sabedoria leis e ritmos naturais de fecundidade, que já por si mesmos distanciam o suceder-se dos nascimentos. Mas, chamando a atenção dos homens para a observância das normas da lei natural, interpretada pela sua doutrina constante, a Igreja ensina que qualquer ato matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida [12].

 

 


 

Inseparáveis os dois aspectos: união e procriação

 

 

 

12. Esta doutrina, muitas vezes exposta pelo Magistério, está fundada sobre a conexão inseparável que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador.Na verdade, pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, ao mesmo tempo que une profundamente os esposos, torna-os aptos para a geração de novas vidas, segundo leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher. Salvaguardando estes dois aspectos essenciais, unitivo e procriador, o ato conjugal conserva integralmente o sentido de amor mútuo e verdadeiro e a sua ordenação para a altíssima vocação do homem para a paternidade. Nós pensamos que os homens do nosso tempo estão particularmente em condições de apreender o caráter profundamente razoável e humano deste princípio fundamental.

 

 

 

Fidelidade ao desígnio divino

 

 

 

 

13. Em boa verdade, justamente se faz notar que um ato conjugal imposto ao próprio cônjuge, sem consideração pelas suas condições e pelos seus desejos legítimos, não é um verdadeiro ato de amor e nega, por isso mesmo, uma exigência da reta ordem moral, nas relações entre os esposos. Assim, quem refletir bem, deverá reconhecer de igual modo que um ato de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana. Usar deste dom divino, destruindo o seu significado e a sua finalidade, ainda que só parcialmente, é estar em contradição com a natureza do homem, bem como com a da mulher e da sua relação mais íntima; e, por conseguinte, é estar em contradição com o plano de Deus e com a sua vontade. Pelo contrário, usufruir do dom do amor conjugal, respeitando as leis do processo generativo, significa reconhecer-se não árbitros das fontes da vida humana, mas tão somente administradores dos desígnios estabelecidos pelo Criador. De fato, assim como o homem não tem um domínio ilimitado sobre o próprio corpo em geral, também o não tem, com particular razão, sobre as suas faculdades geradoras enquanto tais, por motivo da sua ordenação intrínseca para suscitar a vida, da qual Deus é princípio. "A vida humana é sagrada, recordava João XXIII; desde o seu alvorecer compromete diretamente a ação criadora de Deus" [13].

 

 

 

Vias ilícitas para a regulação dos nascimentos

 

 

 

 

14. Em conformidade com estes pontos essenciais da visão humana e cristã do matrimônio, devemos, uma vez mais, declarar que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas [14].É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher.[15]É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação [16].Não se podem invocar, como razões válidas, para a justificação dos atos conjugais tornados intencionalmente infecundos, o mal menor, ou o fato de que tais atos constituiriam um todo com os atos fecundos, que foram realizados ou que depois se sucederam, e que, portanto, compartilhariam da única e idêntica bondade moral dos mesmos. Na verdade, se é lícito, algumas vezes, tolerar o mal menor para evitar um mal maior, ou para promover um bem superior [17], nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fazer o mal, para que daí provenha o bem [18]; isto é, ter como objeto de um ato positivo da vontade aquilo que é intrinsecamente desordenado e, portanto, indigno da pessoa humana, mesmo se for praticado com intenção de salvaguardar ou promover bens individuais, familiares, ou sociais. É um erro, por conseguinte, pensar que um ato conjugal, tornado voluntariamente infecundo, e por isso intrinsecamente desonesto, possa ser coonestado pelo conjunto de uma vida conjugal fecunda.

 

 

 

Liceidade dos meios terapêuticos

 

 

 

15. A Igreja, por outro lado, não considera ilícito o recurso aos meios terapêuticos, verdadeiramente necessários para curar doenças do organismo, ainda que daí venha a resultar um impedimento, mesmo previsto, à procriação, desde que tal impedimento não seja, por motivo nenhum, querido diretamente. [19]

 

 

 

Liceidade do recurso aos períodos infecundos

 

 

 

 

16. Contra estes ensinamentos da Igreja, sobre a moral conjugal, objeta-se hoje, como já fizemos notar mais acima (n. 3), que é prerrogativa da inteligência humana dominar as energias proporcionadas pela natureza irracional e orientá-las para um fim conforme com o bem do homem. Ora, sendo assim, perguntam-se alguns, se atualmente não será talvez razoável em muitas circunstâncias recorrer à regulação artificial dos nascimentos, uma vez que, com isso, se obtém a harmonia e a tranqüilidade da família e melhores condições para a educação dos filhos já nascidos. A este quesito é necessário responder com clareza: a Igreja é a primeira a elogiar e a recomendar a intervenção da inteligência, numa obra que tão de perto associa a criatura racional com o seu Criador; mas, afirma também que isso se deve fazer respeitando sempre a ordem estabelecida por Deus.Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar [20].A Igreja é coerente consigo própria, quando assim considera lícito o recurso aos períodos infecundos, ao mesmo tempo que condena sempre como ilícito o uso dos meios diretamente contrários à fecundação, mesmo que tal uso seja inspirado em razões que podem aparecer honestas e sérias. Na realidade, entre os dois casos existe uma diferença essencial: no primeiro, os cônjuges usufruem legitimamente de uma disposição natural; enquanto que no segundo, eles impedem o desenvolvimento dos processos naturais. É verdade que em ambos os casos os cônjuges estão de acordo na vontade positiva de evitar a prole, por razões plausíveis, procurando ter a segurança de que ela não virá; mas, é verdade também que, somente no primeiro caso eles sabem renunciar ao uso do matrimônio nos períodos fecundos, quando, por motivos justos, a procriação não é desejável, dele usando depois nos períodos agenésicos, como manifestação de afeto e como salvaguarda da fidelidade mútua.Procedendo assim, eles dão prova de amor verdadeira e integralmente honesto.

 

 

 

Graves conseqüências dos métodos de regulação artificial da natalidade

 

 

 

 

17. Os homens retos poderão convencer-se ainda mais da fundamentação da doutrina da Igreja neste campo, se quiserem refletir nas conseqüências dos métodos da regulação artificial da natalidade. Considerem, antes de mais, o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infïdelidade conjugal e à degradação da moralidade. Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens - os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto - precisam de estímulo para serem fiéis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles eludirem a sua observância. É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada. Pense-se ainda seriamente na arma perigosa que se viria a pôr nas mãos de autoridades públicas, pouco preocupadas com exigências morais. Quem poderia reprovar a um governo o fato de ele aplicar à solução dos problemas da coletividade aquilo que viesse a ser reconhecido como lícito aos cônjuges para a solução de um problema familiar? Quem impediria os governantes de favorecerem e até mesmo de imporem às suas populações, se o julgassem necessário, o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz? Deste modo, os homens, querendo evitar dificuldades individuais, familiares, ou sociais, que se verificam na observância da lei divina, acabariam por deixar à mercê da intervenção das autoridades públicas o setor mais pessoal e mais reservado da intimidade conjugal.Portanto, se não se quer expor ao arbítrio dos homens a missão de gerar a vida, devem-se reconhecer necessariamente limites intransponíveis no domínio do homem sobre o próprio corpo e as suas funções; limites que a nenhum homem, seja ele simples cidadão privado, ou investido de autoridade, é lícito ultrapassar. E esses mesmos limites não podem ser determinados senão pelo respeito devido à integridade do organismo humano e das suas funções naturais, segundo os princípios acima recordados e segundo a reta inteligência do "princípio de totalidade", ilustrado pelo nosso predecessor Pio XII. [21]

 

 

 

 

A Igreja, garantia dos autênticos valores humanos

 

 

 

 

18. É de prever que estes ensinamentos não serão, talvez, acolhidos por todos facilmente: são muitas as vozes, amplificadas pelos meios modernos de propaganda, que estão em contraste com a da Igreja. A bem dizer a verdade, esta não se surpreende de ser, à semelhança do seu divino fundador, "objeto de contradição"; [22] mas, nem por isso ela deixa de proclamar, com humilde firmeza, a lei moral toda, tanto a natural como a evangélica.A Igreja não foi a autora dessa lei e não pode portanto ser árbitra da mesma; mas, somente depositária e intérprete, sem nunca poder declarar lícito aquilo que o não é, pela sua íntima e imutável oposição ao verdadeiro bem comum do homem.Ao defender a moral conjugal na sua integridade, a Igreja sabe que está contribuindo para a instauração de uma civilização verdadeiramente humana; ela compromete o homem para que este não abdique da própria responsabilidade, para submeter-se aos meios da técnica; mais, ela defende com isso a dignidade dos cônjuges. Fiel aos ensinamentos e ao exemplo do Salvador, ela mostra-se amiga sincera e desinteressada dos homens, aos quais quer ajudar, agora já, no seu itinerário terrestre, "a participarem como filhos na vida do Deus vivo, Pai de todos os homens". [23]

 

 

 

III. DIRETIVAS PASTORAIS

 

 

 

A Igreja, Mãe e Mestra

 

 

 

19. A nossa palavra não seria a expressão adequada do pensamento e das solicitudes da Igreja, Mãe e Mestra de todos os povos, se, depois de termos assim chamado os homens à observância e respeito da lei divina, no que se refere ao matrimônio, ela os não confortasse no caminho de uma regulação honesta da natalidade, não obstante as difíceis condições que hoje afligem as famílias e as populações. A Igreja, de fato, não pode adotar para com os homens uma atitude diferente da do Redentor: conhece as suas fraquezas, tem compaixão das multidões, acolhe os pecadores, mas não pode renunciar a ensinar a lei que na realidade é própria de uma vida humana, restituída à sua verdade originária e conduzida pelo Espírito de Deus.[24]

 

 

 

Possibilidade de observância da lei divina

 

 

 

20. A doutrina da Igreja sobre a regulação dos nascimentos, que promulga a lei divina, parecerá, aos olhos de muitos, de difícil, ou mesmo de impossível atuação. Certamente que, como todas as realidades grandiosas e benéficas, ela exige um empenho sério e muitos esforços, individuais, familiares e sociais. Mais ainda: ela não seria de fato viável sem o auxílio de Deus, que apóia e corrobora a boa vontade dos homens. Mas, para quem refletir bem, não poderá deixar de aparecer como evidente que tais esforços são nobilitantes para o homem e benéficos para a comunidade humana.

 

 

 

Domínio de si mesmo

 

 

 

21. Uma prática honesta da regulação da natalidade exige, acima de tudo, que os esposos adquiram sólidas convicções acerca dos valores da vida e da família e que tendam a alcançar um perfeito domínio de si mesmos. O domínio do instinto, mediante a razão e a vontade livre, impõe, indubitavelmente, uma ascese, para que as manifestações afetivas da vida conjugal sejam conformes com a ordem reta e, em particular, concretiza-se essa ascese na observância da continência periódica. Mas, esta disciplina, própria da pureza dos esposos, longe de ser nociva ao amor conjugal, confere-lhe pelo contrário um valor humano bem mais elevado. Requer um esforço contínuo, mas, graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais: ela acarreta à vida familiar frutos de serenidade e de paz e facilita a solução de outros problemas; favorece as atenções dos cônjuges, um para com o outro, ajuda-os a extirpar o egoísmo, inimigo do verdadeiro amor e enraíza-os no seu sentido de responsabilidade no cumprimento de seus deveres. Além disso, os pais adquirem com ela a capacidade de uma influência mais profunda e eficaz para educarem os filhos; as crianças e a juventude crescem numa estima exata dos valores humanos e num desenvolvimento sereno e harmônico das suas faculdades espirituais e sensitivas.

 

 

 

Criar um ambiente favorável à castidade

 

 

 

22. Queremos nesta altura chamar a atenção dos educadores e de todos aqueles que desempenham tarefas de responsabilidade em ordem ao bem comum da convivência humana, para a necessidade de criar um clima favorável à educação para a castidade, isto é, ao triunfo da liberdade sã sobre a licenciosidade, mediante o respeito da ordem moral.Tudo aquilo que nos modernos meios de comunicação social leva à excitação dos sentidos, ao desregramento dos costumes, bem como todas as formas de pornografia ou de espetáculos licenciosos, devem suscitar a reação franca e unanime de todas as pessoas solícitas pelo progresso da civilização e pela defesa dos bens do espírito humano. Em vão se procurará justificar estas depravações, com pretensas exigências artísticas ou científicas, [25] ou tirar partido, para argumentar, da liberdade deixada neste campo por parte das autoridades públicas.

 

 

 

APELO AOS GOVERNANTES

 

 

 

23. Nós queremos dizer aos governantes, que são os principais responsáveis pelo bem comum e que dispõem de tantas possibilidades para salvaguardar os costumes morais: não permitais que se degrade a moralidade das vossas populações; não admitais que se introduzam legalmente, naquela célula fundamental que é a família, práticas contrárias à lei natural e divina. Existe uma outra via, pela qual os Poderes públicos podem e devem contribuir para a solução do problema demográfico: é a via de uma política familiar providente, de uma sábia educação das populações, que respeite a lei moral e a liberdade dos cidadãos.Estamos absolutamente cônscios das graves dificuldades em que se encontram os Poderes públicos a este respeito, especialmente nos países em vias de desenvolvimento. Dedicamos mesmo às suas preocupações legítimas a nossa Encíclica Populorum Progressio. Mas, com o nosso predecessor João XXIII, repetimos: "...Estas dificuldades não se podem vencer recorrendo a métodos e meios que são indignos do homem e que só encontram a sua explicação num conceito estritamente materialista do mesmo homem e da vida. A verdadeira solução encontra-se somente num progresso econômico e social que respeite e fomente os genuínos valores humanos, individuais e sociais".[26] Nem se poderá, ainda, sem injustiça grave, tornar a Providência divina responsável por aquilo que, bem ao contrário, depende de menos sensatez de governo, de um insuficiente sentido da justiça social, de monopólios egoístas, ou também de reprovável indolência no enfrentar os esforços e os sacrifícios necessários para garantir a elevação do nível de vida de uma população e de todos os seus membros. [27] Que todos os poderes responsáveis, como alguns louvavelmente já vem fazendo, reavivem os seus esforços, que não se deixe de ampliar o auxílio mútuo entre todos os membros da grande família humana: é um campo ilimitado este que se abre assim à atividade das grandes organizações internacionais.

 

 

 

AOS HOMENS DE CIÊNCIA

 

 

 

24. Queremos agora exprimir o nosso encorajamento aos homens de ciência, os quais "podem dar um contributo grande para o bem do matrimônio e da família e para a paz das consciências, se se esforçarem por esclarecer mais profundamente, com estudos convergentes, as diversas condições favoráveis a uma honesta regulação da procriação humana". [28] É para desejar muito particularmente que, segundo os votos já expressos pelo nosso predecessor Pio XII, a ciência médica consiga fornecer uma base suficientemente segura para a regulação dos nascimentos, fundada na observância dos ritmos naturais. [29] Assim, os homens de ciência, e de modo especial os cientistas católicos, contribuirão para demonstrar que, como a Igreja ensina, "não pode haver contradição verdadeira entre as leis divinas que regem a transmissão da vida e as que favorecem o amor conjugal autêntico". [30]

 

 

 

AOS ESPOSOS "CRISTÃOS"

 

 

 

 

25. E agora a nossa palavra dirige-se mais diretamente aos nossos filhos, particularmente àqueles que Deus chamou para servi-lo no matrimônio. A Igreja, ao mesmo tempo que ensina as exigências imprescritíveis da lei divina, anuncia a salvação e abre, com os sacramentos, os caminhos da graça, a qual faz do homem uma nova criatura, capaz de corresponder, no amor e na verdadeira liberdade, aos desígnios do seu Criador e Salvador e de achar suave o jugo de Cristo. [31]Os esposos cristãos, portanto, dóceis à sua voz, lembrem-se de que a sua vocação cristã, iniciada com o Batismo, se especificou ulteriormente e se reforçou com o sacramento do Matrimônio. Por ele os cônjuges são fortalecidos e como que consagrados para o cumprimento fiel dos próprios deveres e para a atuação da própria vocação para a perfeição e para o testemunho cristão próprio deles, que têm de dar frente ao mundo.[32] Foi a eles que o Senhor confiou a missão de tornarem visível aos homens a santidade e a suavidade da lei que une o amor mútuo dos esposos com a sua cooperação com o amor de Deus, autor da vida humana. Não pretendemos, evidentemente, esconder as dificuldades, por vezes graves, inerentes à vida dos cônjuges cristãos: para eles, como para todos, de resto, "é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida". [33] Mas, a esperança desta vida, precisamente, deve iluminar o seu caminho, enquanto eles corajosamente se esforçam por "viver com sabedoria, justiça e piedade no tempo presente", [34] sabendo que "a figura deste mundo passa". [35]Os esposos, pois, envidem os esforços necessários, apoiados na fé e na esperança que "não desilude, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações, pelo Espírito que nos foi dado"; [36] implorem com oração perseverante o auxílio divino; abeirem-se, sobretudo pela Santíssima Eucaristia, da fonte de graça e da caridade. E se, porventura, o pecado vier a vencê-los, não desanimem, mas recorram com perseverança humilde à misericórdia divina, que é outorgada no sacramento da Penitência. Assim, poderão realizar a plenitude da vida conjugal, descrita pelo Apóstolo: "Maridos, amai as vossas mulheres tal como Cristo amou a Igreja (...) Os maridos devem amar as suas mulheres como os seus próprios corpos. Aquele que ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque ninguém aborreceu jamais a própria carne, mas nutre-a e cuida dela, como também Cristo o faz com a sua Igreja (...) Este mistério é grande, mas eu digo isto quanto a Cristo e à Igreja. Mas, por aquilo que vos diz respeito, cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo; a mulher, por sua vez, reverencie o seu marido".[37]

 

 

 

APOSTOLADO NOS LARES

 

 

 

26. Entre os frutos que maturam mediante um esforço generoso de fidelidade à lei divina, um dos mais preciosos é que os cônjuges mesmos, não raro, experimentam o desejo de comunicar a outros a sua experiência. Deste modo, resulta que vem inserir-se no vasto quadro da vocação dos leigos uma forma nova e importantíssima de apostolado, do semelhante, por parte do seu semelhante: são os próprios esposos que assim se tornam apóstolos e guias de outros esposos. Esta é, sem dúvida, entre tantas outras formas de apostolado, uma daquelas que hoje em dia se apresenta como sendo das mais oportunas. [38]

 

 

 

AOS MÉDICOS E AO PESSOAL SANITÁRIO

 

 

 

27. Temos em altíssima estima os médicos e os demais membros do pessoal sanitário, aos quais estão a caráter, acima de todos os outros interesses humanos, as exigências superiores da sua vocação cristã. Perseverem, pois, no propósito de promoverem, em todas as circunstâncias, as soluções inspiradas na fé e na reta razão e esforcem-se por suscitar a convicção e o respeito no seu ambiente. Considerem depois, ainda, como dever profissional próprio, o de adquirirem toda a ciência necessária, neste campo delicado, para poderem dar aos esposos, que porventura os venham consultar, aqueles conselhos sensatos e aquelas sãs diretrizes, que estes, com todo o direito, esperam deles.

 

 

 

AOS SACERDOTES

 

 

 

28. Diletos filhos sacerdotes, que por vocação sois os conselheiros e guias espirituais das pessoas e das famílias, dirigimo-nos agora a vós, com confiança. A vossa primeira tarefa - especialmente para os que ensinam a teologia moral - é expor, sem ambigüidades, os ensinamentos da Igreja acerca do matrimônio. Sede, pois, os primeiros a dar exemplo, no exercício do vosso ministério, de leal acatamento, interno e externo, do Magistério da Igreja. Tal atitude obsequiosa, bem o sabeis, é obrigatória não só em virtude das razões aduzidas, mas sobretudo por motivo da luz do Espírito Santo, da qual estão particularmente dotados os Pastores da Igreja, para ilustrarem a verdade. [39] Sabeis também que é da máxima importância, para a paz das consciências e para a unidade do povo cristão, que, tanto no campo da moral como no do dogma, todos se atenham ao Magistério da Igreja e falem a mesma linguagem. Por isso, com toda a nossa alma, vos repetimos o apelo do grande Apóstolo São Paulo: "Rogo-vos, irmãos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos o mesmo e que entre vós não haja divisões, mas que estejais todos unidos, no mesmo espírito e no mesmo parecer". [40]

 

 

 

29. Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas. Mas, isso deve andar sempre acompanhado também de paciência e de bondade, de que o mesmo Senhor deu o exemplo, ao tratar com os homens. Tendo vindo para salvar e não para julgar,[41] Ele foi intransigente com o mal, mas misericordioso para com os homens.No meio das suas dificuldades, que os cônjuges encontrem sempre na palavra e no coração do sacerdote o eco fiel da voz e do amor do Redentor.Falai, pois, com confiança, diletos Filhos, bem convencidos de que o Espírito de Deus, ao mesmo tempo que assiste o Magistério no propor a doutrina, ilumina também internamente os corações dos fiéis, convidando-os a prestar-lhe o seu assentimento. Ensinai aos esposos o necessário caminho da oração, preparai-os para recorrerem com freqüência e com fé aos sacramentos da Eucaristia e da Penitência, sem se deixarem jamais desencorajar pela sua fraqueza.

 

 

 

 

AOS BISPOS

 

 

 

30. Queridos e Veneráveis Irmãos no Episcopado, com quem compartilhamos mais de perto a solicitude pelo bem espiritual do Povo de Deus, para vós vai o nosso pensamento reverente e afetuoso, ao terminarmos esta Encíclica. A todos queremos dirigir um convite insistente. À frente dos vossos sacerdotes, vossos colaboradores, e dos vossos fiéis, trabalhai com afinco e sem tréguas na salvaguarda e na santificação do matrimônio, para que ele seja sempre e cada vez mais, vivido em toda a sua plenitude humana e cristã. Considerai esta missão como uma das vossas responsabilidades mais urgentes, na hora atual. Ela envolve, como sabeis, uma ação pastoral coordenada, em todos os campos da atividade humana, econômica, cultural e social: só uma melhoria simultânea nestes diversos setores poderá tornar, não só tolerável, mas mais fácil e serena a vida dos pais e dos filhos no seio das famílias, mais fraterna e pacífica a convivência na sociedade humana, na fidelidade aos desígnios de Deus sobre o mundo.

 

 

 

APELO FINAL

 

 

 

31. Veneráveis Irmãos, diletíssimos Filhos e vós todos, homens de boa vontade: é grandiosa a obra à qual vos chamamos, obra de educação, de progresso e de amor, assente sobre o fundamento dos ensinamentos da Igreja, dos quais o sucessor de Pedro, com os seus Irmãos no Episcopado, é depositário e intérprete. Obra grandiosa, na verdade, para o mundo e para a Igreja, temos disso a convicção íntima, visto que o homem não poderá encontrar a verdadeira felicidade, à qual aspira com todo o seu ser, senão no respeito pelas leis inscritas por Deus na sua natureza e que ele deve observar com inteligência e com amor. Sobre esta obra nós invocamos, assim como sobre todos vós, e de um modo especial sobre os esposos, a abundância das graças do Deus de santidade e de misericórdia, em penhor das quais vos damos a nossa bênção apostólica.

 

 

 

Dada em Roma, junto de São Pedro, na Festa de São Tiago Apóstolo, 25 de julho do ano de 1968, sexto do nosso pontificado.

 




PAULUS PP. VI

 

 

 

Notas:

 

 

 

[1] Cf. Pio IX, Enc. Qui Pluribus, 9 de novembro de 1846, em Pio IX P. M. Acta, I, pp. 9-10; Pio X, Enc. Singulares Quadam, 24 de setembro de 1912, em AAS 4 (1912), p. 658; Pio XI, Enc. Casti Connubii, 31 de dezembro de 1930, em AAS 22 (1930), pp. 579-581; Pio XII, Alocução Magnificate Dominum, ao Episcopado do Mundo Católico, 2 de novembro de 1954, em AAS 46 (1954), pp. 671-672; João XXIII, Enc. Mater et Magistra, l5 de maio de 1961, em AAS 53 (1961), p. 457.

 

[2] Cf. Mt 28,18-19.

[3] Cf. Mt 7,21.

 

[4] Cf. Cathechismus Romanus Concilii Tridentini, p. II, c. VIII; Leão XIII, Enc. Arcanum, 10 de fevereiro de 1880, em Acta Leonis XIII, II (1881), p. 26-29; Pio XI, Enc. Divini Illius Magistri, 31 de dezembro de 1929, em AAS 22 (1930), p. 58-61; Enc. Casti Connubii, 31 de dezembro de 1930, em AAS 22 (1930), pp. 545-546; Pio XII, Alocução à União Italiana Médico-Psicológica, São Lucas, 12 de novembro de 1944, em "Discorsi e Radiomessagi", Alocução ao Congresso da União Católica Italiana das Parteiras, 29 de outubro de 1951, em AAS 43 (1951), pp. 835-854; Alocução ao Congresso do Sodalício Fronte da Família e da Associação das famílias numerosas, 28 de novembro de 1951, em AAS 43 (1951), pp. 857-859; Alocução ao 7° Congresso da Sociedade Internacional de Hematologia, l2 de setembro de 1958, em AAS 50 (1958), p. 734-735; João XXIII, Enc. Mater et Magistra, l5 de maio de 1961, em AAS 53 (1961), pp. 446-447; Codex Iuris Canonici, can. 1067; 1068; § 1-2; Conc. Ecum. Vaticano II, Const. Past. Gaudium et Spes, nn. 47-52.

[5] Cf.  Paulo VI, Alocução ao Sacro Colégio, 23 de junho de 1964, em AAS 56 (1964), p. 588; Alocução à Comissão para o Estudo dos Problemas da População, da Família e da Natalidade, 27 de março de 1965, em AAS 57 (1965), p. 388; Alocução ao Congresso Nacional da Sociedade Italiana de Obstetrícia e Ginecologia, 29 de outubro de 1966, em AAS 59 (1966), p.1168.

 

[6] Cf. 1 Jo 4, 8.

[7] Cf. Ef 3, 15.

 

[8] Cf. Conc. Ecum. Vaticano II, Const. Past. Gaudium et Spes, n. 50.

[9] Cf. Santo Tomás de Aquino, S. Theol., I-II, q. 94, a. 2.

 

[10] Cf. Const. Past. Gaudium et Spes, nn. 50 e 51.

[11] Ibid., n. 49.

 

[12] Cf. Pio XI, Enc. Casti Connubii, 31 de dezembro de 1930, em AAS 22 (1930), p. 560; Pio XII, em AAS 43 (1951), p. 853.

[13] Cf. João XXIII, Enc. Mater et Magistra, em AAS 53 (1961), p. 449.

 

[14] Cf. Cathechismus Romanus Concilii Tridentini, pág. II, c. VIII; Pio XI, Enc. Casti Connubii, em AAS 22 (1930), pp. 562-564; Pio XII, Discorsi e Radiomessaggi, VI (1944), pp. 191-192; AAS 43 (1951), pp. 842-843; pp. 859-859; João XXIII, Enc. Pacem in Terris, 11 de abril de 1963, em AAS 55 (1963), pp. 259-260; Gaudium et Spes, n. 51.

[15] Cf. Pio XI, Enc. Casti Connubii, em AAS 22 (1930), p. 565; Decreto do Santo Ofício, 22 de fevereiro de 1940; em AAS 32 (1940); p. 73; Pio XII, AAS 43 (1951), pp. 843-844; AAS 50 (1958), pp. 734-935.

 

[16] Cf. Cathechismus Romanus Concilii Tridentini, p. II, c. VIII; Pio XI, Enc. Casti Connubii, em AAS 22 (1930), pp. 559-561; Pio XII AAS 43 (1951), p. 843; AAS 50 (1958), pp. 734-735; João XXIII, Enc. Mater et Magistra, em AAS 53 (1961), p. 447.

[17] Cf. Pio XII, Alocução ao Congresso Nacional da União dos Juristas Católicos, 6 de dezembro de 1953, em AAS 45 (1953), pp. 798-799.

 

[18] Cf. Rom 3, 8.

[19] Cf. Pio XII, Alocução aos Participantes do Congresso de Associação Italiana de Urologia, de 8 de outubro de 1953, em AAS 45 (1953), pp. 674-675; AAS (1958) pp. 734-735.

 

[20] Cf. Pio XII, AAS 43 (1951), p. 846.

[21] Cf. AAS 45 (1953), pp. 674-675; AAS 48 (1956), pp. 461-462.

 

[22] Cf. Lc 2, 34.

[23] Cf. Paulo VI, Enc. Populorum Progressio, 26 de março de 1967, n. 21.

 

[24] Cf. Rm, cap. 8.

[25] Cf. Conc. Ecum. Vaticano II, Decr. Inter Mirifica sobre os Meios de Comunicação Social, nn. 6-7.

 

[26] Cf. Enc. Mater et Magistra, em AAS 53 (1961), p. 447.

[27] Cf. Enc. Populorum Progressio, nn. 48-55.

 

[28] Cf . Const. Past. Gaudium et Spes, n. 52.

[29] Cf. AAS 43 (1951), p. 859.

 

[30] Cf. Const. Past. Gaudium et Spes, n. 51.

[31] Cf. Mt 11, 30.

 

[32] Cf. Const. Past. Gaudium et Spes, n. 48; Conc. Ecum. Vaticano II, Lumen Gentium, Const. Dogm., n. 35.

[33] Mt 7, 14; Cf. Hb 12, 11.

 

[34] Cf. Tt 2, 12.

[35] Cf.1 Cor 7, 31.

 

[36] Cf. Rm 5, 5.

[37] Ef 5, 25; 28-29; 32-33.

 

[38] Cf. Const. Dogm. Lumen Gentium, n. 35 e 41; Const. Past. Gaudium et Spes, nn. 48-49; Conc. Ecum. Vaticano II, Decr. Apostolicam Actuositatem , n.11.

[39] Cf. Const. Dogm. Lumen Gentium, n.25.

 

[40] Cf. 1 Cor 1, 10.

[41] Cf. Jo 3, 17.

 

 

 

 

 

CAUSUÍSTICA – ALGUNS CASOS EXEMPLARES DE DIFÍCIL ORIENTAÇÃO GENÉRICO-MAGISTERIAL:

 

 

 

1)-Imagine a seguinte situação: Uma Senhora casada, católica e que procura ser fiel aos ensinamentos da Igreja, porém, tem um esposo que apesar de dizer-se católico, não é tão fiel ao magistério. Já tem 8 filhos, e seu esposo é caminhoneiro, passa quase o mês viajando entregando cargas no Brasil afora, e geralmente quando chega em casa, a sua esposa está nos dias férteis, não podendo, portanto, manter o ato conjugal sem contracepção, pois corre-se o risco de engravidar novamente. O casal precisa do ato conjugal para evitar que ambos caiam em tentação. O que você aconselharia a ela?... Uma orientação puramente genérico-magisterial, ou pastoral? Ou, vai que é tua Tafarel, e seja lá o que Deus quiser?

 

 

 

2)-Um casal católico, e agora praticantes, depois de uma experiência traumática, onde o esposo por ser hemofílico, contraiu AIDS durante uma transfusão de sangue. Se o mesmo tiver o ato conjugal sem o uso da camisinha corre-se o risco de transmitir AIDS para a esposa. Que orientação você daria a este casal? Uma orientação puramente genérico-magisterial, ou pastoral? Ou, vai que é tua Tafarel, e seja lá o que Deus quiser?

 

 

 

 

 

3)-Um casal Católico, pertencente a uma das Novas Comunidades, ambos consagrados como Comunidade de Aliança, são cientes e praticam a regulação natural, pois já têem 5 filhos. O esposo por forças das circunstâncias, passou a trabalhar agora embarcado em uma Plataforma de extração de Petróleo, e fica mais de 20 dias embarcado, quando chega em casa na sua folga, geralmente sua esposa está no período fértil e não podem manter o ato conjugal porque correm o risco de engravidar novamente, e ainda para piorar a situação, desta sua última gravidez, onde o filho caçuça tem menos de 1 ano, sua obstetra diagnosticou que ela está com o endométrio fino, que é basicamente, a condição ginecológica na qual o endométrio tem uma espessura reduzida, que impossibilita a nidação e o suporte fetal durante a gestação. Ele é diagnosticado quando o ultrassom detecta que a camada endometrial não ultrapassa 7 mm. Sua obstetra recomendou-a não engravidar, pois seria uma gravidez de altíssimo risco, e esperasse pelo ao menos 2 anos para seu endométrio normalizar. Que orientação você daria a este casal? Uma orientação puramente genérico-magisterial, ou pastoral? Ou, vai que é tua Tafarel, e seja lá o que Deus quiser?

 

  




Palavras prudentes de Dom Cristiano Jakob Krapf

 

 




 




“Alguns tentam facilitar o combate aos ensinamentos da Igreja falsificando suas posições. Não é verdade que a Igreja não aceita que as mulheres usem métodos anticoncepcionais, pelo contrário, ela recomenda a paternidade responsável baseada em métodos naturais de controle. O problema é que tais métodos são mais exigentes que o recurso fácil aos métodos artificiais de pílulas e camisinhas. Diante da dificuldade dos argumentos da teologia moral baseados na obrigação de respeitar a dupla finalidade do sexo como ato de amor e abertura para a geração de filhos, os doutores da lei e da moral deveriam repensar o assunto. Relações sexuais praticadas apenas em dias inférteis também estão excluindo a geração de filhos e são renúncias que podem ser recomendadas, mas não podem ser impostas a todos. A questão da camisinha para diminuir o risco de DST’s e AIDS é mais complicada ainda. No maior país católico do mundo a Igreja não recomenda seu uso, mas os governos distribuem milhões de camisinhas durante o carnaval para o povo. Muitos cristãos, mesmo católicos, também não levam a sério as recomendações da Igreja. Mas o problema não é que tantos não obedecem à proibição da camisinha.  A questão é mais grave. O pecado não está na camisinha. O pecado está no adultério que a camisinha favorece. A preocupação dos promotores da camisinha que acham que a sua proibição pela Igreja seria culpada pela proliferação das DST não faz sentido. Se um católico não respeita um claro mandamento bíblico e comete adultério, porque iria respeitar o pormenor de uma proibição da Igreja e deixar de recorrer à proteção da camisinha? Quanto aos ateus, não adianta argumentar somente com a Palavra de Deus, se não são Católicos vão ligar para leis da Igreja? Nem jovens cristãos aceitam mais restrições sem entender as devidas razões. Não basta só proibir. A camisinha não é recomendada pela Igreja por favorecer o sexo livre e irresponsável, as traições que minam a estabilidade da família e por facilitar a promiscuidade entre jovens de idade cada vez menor que atrapalha a construção de uma grande história de amor. Nosso tempo tem excesso de sexo e falta de amor e relacionamentos responsáveis que não se baseiem somente em sexo. A Igreja tem toda razão de estar preocupada com a proliferação do sexo “livre” que corrompe uma das maiores conquistas do cristianismo, a família construída sobre o fundamento sólido de um grande amor entre um homem e uma mulher, amor que transborda na geração de filhos e na sua educação no aconchego do lar protegido pela fidelidade. Numa perspectiva de fé, não vejo porque um adultério com camisinha seja pior ou menor que um adultério sem camisinha. Mas, por que é que um marido infiel não devia procurar evitar pelo menos a contaminação que pode estragar a vida familiar não só no plano espiritual da convivência, mas também no plano material da saúde? Do jeito que as coisas são apresentadas pode ficar a impressão que se condena mais a camisinha que o adultério. Acho que a Igreja não devia perder tanto tempo na luta inglória contra preservativos. Devia concentrar suas energias na luta contra o pecado do adultério. Melhor, a favor da castidade dos solteiros e da fidelidade dos casados. As pessoas precisam mais de motivações claras e autênticas que meras condenações. As lideranças da Igreja precisam ajudar o jovem a descobrir a beleza do caminho apontado por Jesus que resumiu toda lei no amor a Deus e ao próximo. Não é hora de recair na mentalidade farisaica de querer enquadrar a vida toda nos pormenores de leis e proibições. É hora de cuidar da solidez dos fundamentos da fé e da vida cristã e deixar cada um tirar as consequências na sua vida pessoal, com liberdade e responsabilidade. Se o sexto mandamento proíbe o adultério aos amantes, é para proteger um amor maior. Os mandamentos só podem ser entendidos em relação ao amor...”

 

Também Bento XVI, em sua Exortação Apostólica “Sacramentum caritatis”:


Sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”, em 2007, completa com preciosos conselhos “a cultivar, quanto possível, um estilo cristão de vida… a adoração eucarística, da oração… o diálogo franco com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual…” (SC, 29) e “cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, através da prática da comunhão espiritual” (SC, 55).



Voltando à Amoris Laetitia, ela fala de fato a linguagem da experiência e da esperança:


Muitos são os desafios pela frente, precisamos seguir confiantes, com coragem e ousadia. Somos convidados a sair da zona de conforto, da comodidade, descruzar os braços, calçar as sandálias e sair ao encontro dos irmãos, principalmente dos feridos e machucados.Desenvolver serviços, criar espaços de acolhimento, ousar, conceber meios de formação e capacitação, inventar modos de dialogar e propor ideais do Evangelho de Jesus Cristo às famílias atuais, oferecer amplo acesso à justiça eclesiástica, ampliar os meios para o discernimento das situações irregulares, das marcas e das feridas, eis o nosso chamado. “As pessoas divorciadas que não voltaram a se casar (que são muitas vezes testemunhas da fidelidade matrimonial) devem ser encorajadas a encontrar na celebração da Eucaristia o alimento que as sustente no seu estado.” AL, 242 - “Os batizados que se tenham divorciado e se voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã”, nas diversas formas possíveis, evitando qualquer ocasião de escândalo. A sua participação pode expressar em diferentes serviços eclesiais; o convite à misericórdia e o discernimento pastoral devem permear nossa ação missionária, frequentemente, a tarefa da Igreja se assemelha à de um hospital de campanha” (AL, 291)”. É importante fazer-lhes sentir que fazem parte da Igreja, que “não estão excomungadas”, nem são tratadas como tais, porque sempre integram a comunhão eclesial. Estas situações exigem um atento discernimento e um acompanhamento com grande respeito, evitando qualquer linguagem e atitude que as faça sentir discriminadas e promovendo a sua participação na vida da comunidade. Cuidar delas não é, para a comunidade cristã, um enfraquecimento da sua fé e de seu testemunho sobre a indissolubilidade do matrimônio; antes, ela exprime precisamente neste cuidado a sua caridade.” (AL, 243) Jesus é o “Bom Pastor” e não exclui ninguém, Ele se ofereceu por todas as pessoas, sem exceção, e não ficariam de fora, no trabalho do setor Casos Especiais, famílias que vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não fácil nem para os pais nem para os filhos. Por isso, devemos, enquanto Igreja, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e particularmente toda a forma de agressão e violência. Todos devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. A Igreja deve assegurar a essas famílias “um respeitoso acompanhamento”. Acolhendo e dando apoio pastoral ao pecador, não ao pecado, pois a Igreja é mãe e mestra, como mãe acolhe, mas como mestra, tem obrigação de ensinar a verdade. É evidente então, que o papa Francisco, insistindo na importância do princípio da sinodalidade na Igreja, não quis ir além das decisões sinodais. É afirmado com clareza que, mesmo depois da Amoris Laetitia admitir à comunhão os divorciados “recasados”, excetuando as situações previstas pela Familiaris Consortio, 84, e pela Sacramentum Caritatis, 29, significa ir contra a disciplina da Igreja, e ensinar que é possível admitir à comunhão os divorciados “recasados”, indo além destes critérios, é ir contra o Magistério da Igreja. Então, a Palavra de Deus “não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho” (AL, 22). A principal contribuição da Pastoral Familiar é oferecida pela paróquia, onde estão as forças vivas, família de famílias, onde se harmonizam as contribuições de pequenas comunidades, movimentos e associações eclesiais, onde se dá o anúncio e proclamação da boa notícia de Jesus, que convida e oferece caminhos de esperança a todos e não rejeita ninguém, faz tudo que está ao seu alcance e possibilidades. É um trabalho com características próprias, que deve caminhar devagar, sem pressa, com responsabilidade, compromisso e dedicação, pois é um fazer missionário exigente, de busca de cura de muitas feridas, marcas profundas, chagas e mágoas. Papa Francisco convida os fiéis que vivem situações complexas, a aproximarem-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos qualificados; pode ser que nem sempre encontrarão neles, segundo o Papa, uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas, seguramente, receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. (AL 312). Que bela missão tem os Senhores Bispos e Presbíteros, que agindo in persona Christi, através do múnus de ensinar, conduzem suas ovelhas e as orienta a observar tudo o que o Senhor ordenou, são eles, como pastores de almas, os responsáveis por acompanhar as pessoas interessadas pelo caminho do discernimento segundo a doutrina da Igreja e as orientações do bispo diocesano, em sua igreja particular.




CONCLUSÃO:










Para se chegar a um juízo correto sobre cada caso não abandonam as exigências evangélicas de verdade e de caridade propostas pela Igreja; julgam com humildade, privacidade, amor à Igreja e à sua doutrina, buscando a vontade de Deus, desejando chegar a uma resposta mais perfeita a essa vontade. A Igreja possui uma sólida reflexão sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes. Nem todos os que estão numa situação chamada “irregular” vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante. Há fatos que limitam a capacidade de decisão da pessoa, razão pela qual a lógica da misericórdia pastoral deve ser sempre exercitada: a compreensão pelas situações excepcionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano; hoje, mais importante do que uma pastoral dos falimentos é o esforço pastoral para consolidar os matrimônios e, assim, evitar as rupturas.Não podemos desenvolver uma moral fria de escritório para temas tão delicados, mas realizar um discernimento pastoral cheio de amor misericordioso, que sempre se inclina para compreender, perdoar, acompanhar, esperar e, sobretudo integrar. Papa Francisco tem nos ensinado que a misericórdia de Deus é “infinitamente maior do que o nosso pecado”, porque o Senhor “nos primeireia”, “antecipa-se a nós, nos espera” com o seu perdão, com a sua graça. Quem se descobre “doente na alma”, de fato, deve encontrar portas abertas, não fechadas; acolhida, não julgamento ou condenação; ajuda, não marginalização. Com a misericórdia, Deus vai além da justiça, “a engloba e a supera” no amor. “Se se tem em conta a inumerável diversidade de situações concretas […] pode compreender-se que não deveria esperar-se do Sínodo, ou desta exortação, um novo normativo geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos.” (AL 300). Embora a Igreja reconheça que toda a ruptura do vínculo matrimonial “é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos”, por isso, dirige-se com amor àqueles que participam na sua vida de modo incompleto, reconhecendo que a graça de Deus também atua nas suas vidas.No parágrafo conclusivo da Amoris Laetitia o Romano Pontífice afirma: “Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar..." - As ideias chaves dessa belíssima Exortação podem ser percebidas, com clareza, na proposta de renovação pastoral, vivenciando os verbos que nos motivam à ação:


Acolher, misericordiar, acompanhar, discernir e integrar.


Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17












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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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