|
(Ivanaldo Santos) |
*Ivanaldo
Santos - Filósofo
Recentemente o Brasil vivenciou uma onda
de ataques e de rebeliões de facções criminosas em presídios espalhados pelo
país. Apesar dos ataques e das rebeliões terem diminuído nas últimas semanas,
seus efeitos e principalmente as suas causas estão bem vivas e presentes na
realidade nacional. Por trás destes terríveis ataques
existem uma série de crises e problemas que angustiam a sociedade
contemporânea. Crises que extrapolam os clássicos níveis da análise política. É
bom frisar que por “clássico nível da análise política” está se falando do
papel do Estado na sociedade, do protagonismo de organizações sociais dentro do
cenário cultural. Entre estas organizações pode-se citar, por exemplo, os
sindicatos, os partidos políticos e a família.
As crises sociais contemporâneas estão,
ao mesmo tempo, fora e perto do Estado, da família e de outras organizações
sociais. São crises perpetradas, por exemplo, pela crise da família – é preciso
ver que atualmente grande parte das crianças com menos de 10 anos não são
criadas por uma família tradicional, com um pai e uma mãe –, uma crise que gera
outras crises, pela crise do aumento do consumo de drogas, pela crise do
sistema penitenciário que, em grande medida, não consegue ressocializar os
detentos, pela crise do esgotamento do modelo de cidadania, pela crise dos
partidos políticos, pela crise existencial da classe média que, muitas vezes,
apesar de ter um razoável patrão de vida material, não vê sentido na vida e,
por isto, recorre as drogas, antidepressivos e até mesmo ao suicídio.O conjunto destas crises gera o atual
modelo social.
Um modelo marcado, muitas vezes, pelo indivíduo desmotivado, que
não vê interesse em participar da comunidade religiosa e da política, um modelo
onde a família lentamente perde seu valor de proteção emocional e social, um
modelo onde as referências aos nobres valores da vida ou não existem – e, com
isto, conduz o indivíduo as drogas ou ao suicídio – ou estão em redutos sociais
que possuem uma visão limitada e até mesmo deturpada da vida, como é o caso das
facções criminosas.O fato de atualmente milhares de jovens
se sentirem atraídos por facções criminosas e até mesmo entrarem em suas
fileiras, demostra que a sociedade vive uma crise profunda. A sociedade não
está conseguindo educar essa juventude, não está conseguindo repassar os nobres
e mais elevados valores da vida, da família e da humanidade.
Diante
desta crise tão profunda, qual o papel da Igreja?
Trata-se de uma pergunta muito complexa
para ser respondida em um artigo tão pequeno. No entanto, apontam-se três
caminhos para a ação pastoral em tempos de crises profundas:
-O primeiro caminho é repensar e
revalorizar a família. O fato de grande parte das crianças com menos de 10 anos
não estarem vivendo em um lar com o pai e a mãe, demostra, de alguma forma, que
a Igreja está falhando em sua missão de promover, acolher e proteger a família.
Não se trata de aceitar, de forma apressada, novos modelos familiares, mas sim
de valorizar e acolher a família, cujo modelo é a sagrada família de Nazaré, formada,
em sua essência, por pai, mãe e filho.
-O segundo caminho é a intensificação do
trabalho com a juventude. A juventude é o alvo central das drogas, das facções
criminosas, da mídia alienante, das estruturas de poder e da burocracia. Por
isto, é necessário que a Igreja, que é mãe, seja capaz de acolher a juventude,
seja capaz de ir em busca dos jovens que, como ovelhas perdidas, estão fora do
caminho do Senhor e, por isto, encontram tantos caminhos de morte e dor.
-O terceiro e último caminho é a
intensificação da ação pastoral da Igreja para o resgate da dignidade humana.
Neste campo cita-se principalmente as fazendas da esperança. O sistema das
fazendas da esperança tem sido um ótimo e necessário caminho para que muitos
jovens posam sair do mundo das drogas, da criminalidade e das mãos das facções
criminosas. É necessário que a Igreja, como voz profética, possa multiplicar,
em todo o território nacional, a presença deste sistema. O Brasil necessita de
mais fazendas da esperança!
Fonte: SANTOS, Ivanaldo. A Igreja e as
crises sociais contemporâneas. In: O São
Paulo, São Paulo, edição 3151, 17 a 23 de maio de 2017, p. 2.
*Prof, Dr Ivanaldo Oliveira dos Santos
Filho, mais conhecido no meio acadêmico como Ivanaldo Santos, possui Graduação
em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1999),
Especialização em Metafísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(2001), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (2002), doutorado em Estudos da Linguagem pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (2005), pós-doutorado em Estudos da Linguagem
pela Universidade de São Paulo (2011) e pós-doutorado em Linguística pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2016). Atualmente é
professor adjunto IV da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
Tem experiência na área de Estudos da Linguagem, Linguística, Ensino e
Educação, com ênfase em Filosofia da Linguagem, Filosofia Analítica e Análise
do Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: Wittgenstein, jogos de
linguagem, filosofia analítica, Foucault, leitura, dialética, Platão,
Nietzsche, Tomás de Aquino, (neo)tomismo, filosofia contemporânea e análise
cultural. É líder do Grupo de Estudos do Discurso (GRED) da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte, membro do GT Filosofia da Linguagem da ANPOF,
sócio fundador da Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica (SBFA), membro da
Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) e membro do Instituto Jacques
Maritain do Brasil (IJMB), e colabora também, com o nosso apostolado na coluna:
Pensando e Repensando com Ivanaldo Santos.
----------------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. Sempre nos preocupamos com as questões de direito autoral e de dar o crédito a quem lhe é devido. Se por acaso alguém se sentir ferido(a) em seus direitos autorais quanto a textos completos, ou parciais, publicados ou traduzidos aqui (já que não consegui identificar e contatar alguns autores(as), embora tenha tentado), por favor, não hesite em nos escrever para que possamos fazer o devido registro de seus créditos, sejam de textos, fontes, ou imagens. Para alguns, erros de ortografia e de digitação valem mais que o conteúdo, e já invalida “todes” o texto? A falta de um “a”, de alguma vírgula, ou alguns trocadilhos, já são suficientes para não se ater a essência do conteúdo? Esclareço que levo mais tempo para escrever, ou repostar um conteúdo do que corrigi-lo, em virtude do tempo e falta de assessoria para isto. A maioria aqui de nossos(as) leitores(as) preferem focar no conteúdo e não na superficialidade da forma (não quero com isto menosprezar as regras gramaticais, mas aqui, não é o essencial). Agradeço as correções pontuais, não aquelas genéricas, tipo: “seu texto está cheio de erros de português” - Nas próximas pontuem esses erros (se puderem e souberem) para que eu faça as devidas correções. Semanalmente faço postagens sobre os mais diversos assuntos: política, religião, família, filosofia, sociologia, moral Cristã, etc. Há quem goste e quem não gosta de minhas postagens! Faz parte do processo, pois nem todos pensamos igual. Isso também aconteceu com Jesus e com os apóstolos e com a maioria daqueles(as) que assim se expõem. Jesus não disse que só devemos pregar o que agrada aos outros, mas o que precisamos para nossa salvação! Paulo disse o mesmo ao jovem bispo Timóteo (2Tm 4,1-4). Padre, seminarista, leigo católico e catequista não devem ter medo de serem contestados! Seja fiel ao Magistério Integral da igreja! Quem disse que seria fácil anunciar Jesus e seus valores? A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.