Baseado
no best-seller de William P. Young, a adaptação de “A Cabana” demorou muitos anos para
finalmente sair do papel. Independentemente de sua crença, Deus sempre é
um assunto enigmatístico e que causa curiosidade quanto a sua representação e
por isso o filme é um convite a todos que queiram ver como Deus foi
apresentando e representado nessa obra.É interessante observar que esse filme
traz uma proposta de mensagem diferenciada de outros filmes do gênero. Enquanto
em outros filmes temos uma mensagem direta do que Deus quer e é, nesse filme
temos uma linha de acontecimentos que vai revelando os anseios e desejos de
Deus para com o protagonista, o humanizando de forma simples, mas muito bonita.
E quando digo “humanizar” não é no sentido de denegrir a forma divina, mas sim
da proximidade entre o Criador e o criado.Na trama, conhecemos a família
Phillips, que em uma viagem de fim de semana conhece a maior dor de suas vidas
ao perderem a caçula Missy, que
após horas de busca é dada como morta. Após isso, seu pai Mackenzie “Mack” Phillips (Sam Worthington) se desconecta de tudo
e todos, deixando sua grande tristeza o invadir e consumi-lo cada dia mais.
Tudo isso muda quando ele recebe em sua casa um convite para passar o final de
semana na cabana onde encontraram as pistas de Missy e o que mais o incomoda é
que essa carta estava assinada por Deus. Existem deslizes no roteiro que deixam o filme sem muita profundidade e
a direção dificulta um pouco a interpretação dos atores, mas o esforço deles
faz com que cada personagem mereça seu lugar ao sol. Destaque da vez, vai para
a maravilhosa Octavia Spencer que interpreta Deus, ou como é chamado
no filme, Papa.Se existem deslizes, por outro lado existem o “Ás de Ouro”.
O desenvolvimento da relação pessoal entre Deus e Mack é particularmente linda. A possibilidade de vivenciar, conversar e se alimentar ao lado de Deus, de forma tão simples e próxima é um dos pontos mais interessantes do filme. Sarayu (Sumire Matsubara) que é a representação do Espirito Santo é a responsável por mostrar mais do interior de Mack e que o ensina que até a raiz morta, pode dar lugar a um novo florescer. Jesus (Avraham Aviv Alush) se mostra mais amigo de Mack por ter vivido como homem e entender os dilemas da dor e por fim, Papa ou Deus que pacientemente aguarda Mack em seu aprendizado, para que ele entenda que Deus nunca o abandonou. A Cabana não deve ser visto como um filme drama para autoajuda ou como referência teológica. Seus pontos bíblicos podem, em algumas vezes, serem questionados, mas ensinam muito aos que sabem extrair aprendizado. No fim de tudo, assistindo-o com uma fé firme e inabalável, vale muito a pena passar seu fim de semana na Cabana.
O desenvolvimento da relação pessoal entre Deus e Mack é particularmente linda. A possibilidade de vivenciar, conversar e se alimentar ao lado de Deus, de forma tão simples e próxima é um dos pontos mais interessantes do filme. Sarayu (Sumire Matsubara) que é a representação do Espirito Santo é a responsável por mostrar mais do interior de Mack e que o ensina que até a raiz morta, pode dar lugar a um novo florescer. Jesus (Avraham Aviv Alush) se mostra mais amigo de Mack por ter vivido como homem e entender os dilemas da dor e por fim, Papa ou Deus que pacientemente aguarda Mack em seu aprendizado, para que ele entenda que Deus nunca o abandonou. A Cabana não deve ser visto como um filme drama para autoajuda ou como referência teológica. Seus pontos bíblicos podem, em algumas vezes, serem questionados, mas ensinam muito aos que sabem extrair aprendizado. No fim de tudo, assistindo-o com uma fé firme e inabalável, vale muito a pena passar seu fim de semana na Cabana.
Considero o livro e o filme a
Cabana uma OBRA LITERÁRIA,não uma obra Teológica. Para mim, um Católico
esclarecido, não me abalou em nada. Quando o livro saiu, alguns anos atrás,
tive que explicar para algumas pessoas do que se tratava a obra e porque havia
tantos comentários na internet se opondo ao conteúdo do livro que se for
analisar Teologicamente, tem sim algumas heresias, mas é necessário usar o
princípio Paulino: Observar tudo e ficar apenas com o que é bom, não jogando
fora a água e o bebê, ou seja, todo o conjunto da obra.
Muitos ainda se apavoram com a
possibilidade de danos que podem advir de um conteúdo ficcional que fale sobre
Deus, Jesus, o Espírito Santo, ou a Trindade. Ora, Tolkien fez isto em Senhor
dos Anéis e C.S. Lewis nas Crônicas de Nárnia, assim como no passado mais remoto, a "Divina Comédia" de Dante.
Me pergunto se as críticas ao autor
da obra, que tem uma formação Protestante, não seria de fato o resultado de nossos
preconceitos? Afinal, o personagem que se refere a Deus é apresentado ali como
mulher e negra. O Espírito Santo é uma mulher descendente de asiáticos. E Jesus
é um homem Judeu, narigudo, mas comum e muito humano.
A obra literária “A cabana” é primeiramente uma
ficção literária, não é uma tese ou história de uma realidade factual. Também,
não é uma obra de Teologia Sistemática. É simplesmente uma obra de
ficção literária, e de fato, é uma estória que sinaliza em alguns belos
momentos a soberania e a grandeza de Deus, que se fez homem como nós, e que
procura mostrar certa leveza em relação a uma Trindade que não conseguimos
compreender plenamente o seu mistério de Ser e seu agir.
O autor procura desenvolver a sua
obra a partir de alguns elementos muito caros e provocativos ao ser humano
moderno. Principalmente aos que se dizem cristãos: dor, sofrimento, maldade, injustiça, perda, pais e filhos, família,
criança, um breve momento e tudo pode acontecer a qualquer um de nós. E
isso nos toca e apavora a todos, já que queremos ter sempre o controle da vida
e da morte em nossas mãos. Mas esses temas já eram de difícil compreensão até
mesmo para os antigos personagens bíblicos, incluindo Jó, Davi e os discípulos
(Jó 42; Sl 37; João 9).
A obra realmente nos faz lembrar de
como não entendemos os mistérios de Deus, apesar de racionalmente através da
filosofia e teologia tentarmos. A obra nos faz lembrar o alto preço que foi
pago por Jesus para se tornar como nós, sendo confundido, desvalorizado e
injustiçado até a morte mais humilhante de sua época. Que grande e
impressionante oferta de amor onde participa toda Trindade, onde vemos nesta cena no link abaixo, que é
uma das mais emocionantes:
https://www.youtube.com/watch?v=zUyWBbpAOrg
Infelizmente o que mais nos
impressiona hoje dentro da Igreja e por parte de nossas lideranças são heresias
muito mais perigosas, disseminadas com a seriedade de quem realmente produz
teologia, e não mera ficção. Há também
péssimos testemunhos chegando a todos pela TV e redes sociais de práticas e
conteúdos teológicos muito mais escandalosos do que o livro “A cabana” que
diante disto que nos chega é fichinha. Heresias tais como a de uma falsa
libertação, apegos ao ter, poder e prazer. Essa trilogia do mal, que
ultimamente tem envolvido a muitos, principalmente os políticos e poderosos no
Brasil e mundo afora, nos dando a sensação de profunda desesperança, falta de
pastoreio, de foco e de busca daquilo que é essencial. E é contra isso que
devemos nos posicionar! Isso é a nossa realidade e história, e não ficção
literária.
É claro que é nosso direito e dever
de discordar da forma, do conteúdo e dos símbolos religiosos como são
utilizados em “A cabana”, e esclarecer aos incautos, assim como em outras obras
que tentam deturpar a sã doutrina da Salvação e a verdadeira libertação. Lembremos
aqui outra obra literária como o “O código Da Vinci” que questionava a
divindade de Jesus e, ao mesmo tempo, falava de supostos sentimentos pouco
divinos, e humanos até demais de Jesus com relação a Maria Madalena.
Devemos ser mais cautelosos com
obras literárias de caráter Cristão, instigando a agressividade e violência
entre pessoas, esclarecidas e menos esclarecidas, ainda que religiosas, ou não,
pois Deus tem caminhos que só Ele conhece para atrair uma alma. Não coloquemos
a catequese na frente do Querígma. A obra a Cabana bem usada, pode ser usada
como um Querígma do amor de Deus, depois podemos catequisar esta pessoa que
experimentou do amor, perdão e reconciliação com Deus, consigo e com os outros,
entregando esta pessoa agora aos cuidados da Igreja.
ANÁLISE DOS ESPECIALISTAS:
Como
ocorreu com sucesso literário "A Cabana", o recente lançamento do
filme homônimo também está gerando grandes debates entre cristãos, sobretudo
entre pastores e outros especialistas em teologia, de diferentes denominações e
linhas de pensamento.
Por um lado, há um grande público
que se diz edificado pela mensagem que o filme e o livro passam. Por outro, há
aqueles que alertam sobre diversas heresias presentes neste enredo, que podem
soar como enganosas sobre princípios bíblicos e experiências espirituais.
Vendo
estes tão acalorados debates sobre a obra, sobretudo nas redes sociais, resolvemos
juntar aqui nesta matéria a opinião de diferentes especialistas Cristãos a
respeito do filme, com o objetivo de lançar outras respostas teologicamente embasadas
sobre esta questão para ajudar o Cristão a fazer um bom discernimento: antes,
durante e depois ao assistir, ou ler o livro.O
filme faz uso de uma teologia relativista para contar sua história, de uma
forma comumente adotada até mesmo por muitos cristãos pós-modernos. O deus
relativizado da Cabana, se insere na fé relativizada do cristão de nossos dias,
que
vai ao cinema para ouvir Deus falar o que ele
quer ouvir, e não o que precisa
ouvir, e vai as igrejas para ter mero entretenimento aos domingos. A percepção
do deus da Cabana é confusa revela-se um deus moldado às nossas expectativas,
um deus do liberalismo teológico, cheio de percepções lógicas meramente humanas,
não existe existe espaço para a transcendência misteriosa de Deus, que
extrapola a nossa lógica humana.A caminhada cristã vai muito além de obter
respostas para as injustiças da vida, e que Deus não se limita a locais, como
uma cabana, para se revelar. O que conclui com estes esquemas é que caso
queiramos insistir em enquadrar Deus em nossos esquemas, poderemos nos frustrar
quando a ação de Deus fugir a nossa lógica.O Cristo, Verbo encarnado de Deus,é bem
mais que uma mera explicação para as fatalidades da vida. Deus apesar de sua
encarnação ter armado sua tenda em nosso meio, Ele deixou tendas e cabanas há
muito tempo. Hoje Ele vive em nós pelo seu Espírito. E se revela em nós não com
recados, mas pela Sua Palavra, verdadeira e redentora, e que não se coaduna a
esta atual teologia da retribuição. Tentar encontrar Deus em uma cabana, é
tentar encontrar Deus em um lugar. Há muito tempo Deus deixou de habitar
lugares. No filme A Cabana você não vai uma bonita história de perdão e
superação, nada mais... até porque o deus da cabana acaba, o filme termina e a
vida continua... e somente um Deus que possui o controle da história nas mãos
poderá nos dar paz em meio aos mais terríveis conflitos que vivemos. A
Cabana é uma linda história sobre perdão
e não exatamente um filme com embasamento ortodoxo e fiel às escrituras.
Experiências e doutrinas
O filme acaba se tratando de uma experiência pessoal que o protagonista da história teve e decidiu compartilhar.O próprio autor disse que o livro se trata de uma ficção que ele criou para escrever aos seus filhos sobre os pensamentos que ele tem sobre o seu próprio relacionamento com Deus.O filme ainda é um pouco mais leve que o livro. O filme mostra diálogos entre pessoas e se torna mais imaginável e com as imagens, fica até mais bonito e apelativo às emoções. Porém, nem mesmo a beleza dos diálogos e dos cenários expostos no filme deixam a desejar, e ficar indiferentes em reconhecer pontos um tantos "escorregadios" nesta ficção.O protagonista passa por experiência pessoal ao sofrer um acidente, ficou adormecido por um bom tempo e acordou com esta história pronta e contou aos filhos. Ora, o apóstolo Paulo diz em Rom14,22 que se temos convicção sobre algo não revelado e e que não é assegurado pela Igreja, devemos guardar para nós para evitarmos os fracos na fé tropeçarem:
“Tens tu
convicção de algo? Tem-na somente para ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado
aquele que não se condena a si mesmo naquilo que tem convicção...”(Rom 14,22)
Muitas
questões colocadas no livro e no filme aparentemente não irão sair do sonho ou
da visão tida por alguém. Não se torna uma realidade nas vidas de muitas outras
pessoas, porque é fruto de uma experiência pessoal.
Qual o tamanho do perigo?
Nem este ou qualquer outro filme podem ameaçar o Evangelho, a Igreja, a Bíblia ou a fé dos cristãos. Paulo diz em Romanos 1,16 que:
“O Evangelho é o poder de Deus para
a salvação de todo aquele que crê.”
Então,
livros que tragam outras teorias espirituais não podem ameaçar o Evangelho. O
Espírito Santo para aquele que crê vai sempre colocar no coração a Palavra
certa e segura.Quando ouvimos, lemos ou assistimos a uma história na qual os
princípios não estão coerentes com a nossa fé, se estamos firmes na fé,não há
ameaça. É isso que Judas diz no capítulo 1, versículo 3:
“Amados,
embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que
compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que
batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos...”
Pontos Negativos sobre o livro A Cabana:
A primeira crítica a ser feita ao livro é que,
veladamente, o livro menospreza a Bíblia como revelação, e a teologia como um mero
engessamento das maneiras criativas em que Deus Se revela e Se relaciona com as
pessoas, e deixa espaço para a malfadada “livre interpretação”, e troca a
Teologia séria e aprofundada pela ACHOLOGIA , muito comum em vários meios ditos
Cristãos.
A Trindade na visão do autor de A Cabana:
A maneira pouco convencional em que o autor
representa Deus dá lugar a uma imprecisão teológica com respeito às relações
entre as pessoas da Santíssima Trindade e sobre as funções de cada um na obra
da redenção.Outro problema é a excessiva centralização do mundo
na pessoa que sofre, como se a única função maior de Deus fosse prover o
consolo e a solução dos problemas causados pelo sofrimento. Não parece que
Young seja culpado de modalismo que é a crença de que Deus não existe
simultaneamente em três pessoas, mas é uma só pessoa divina que se manifesta em
três modos. Na verdade, Young deixa bem claro que não crê isso, quando, na p.
91, Papai afirma:
“Não somos três deuses e não estamos falando
de um deus com três atitudes... Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma
das três é total e inteiramente o um.”
Um problema relacionado a isso é que, apesar de
esforçar-se por preservar a doutrina da Trindade, Young foi longe demais na
identificação entre as três pessoas, afirmando que a Trindade encarnou (p. 89) e
chega extremamente perto do patripassianismo (a idéia de que o Pai sofreu na
cruz) quando, nas pp. 95 e 96, Mack vê e toca as cicatrizes nas mãos de Papai.
Ficção ou Teologia?
Apesar de dizer que não está preocupado em
comunicar doutrina, Young vende sua doutrina sobre Deus como se fosse a máxima verdade,
a despeito de contrariar claramente a Palavra revelada de Deus. Por mais que os
leitores sejam “abençoados” com a leitura, e as cartas enviadas ao site de
Young deixam isso bem claro, precisamos entender que o próprio Deus não aprova
que se fale o que não é verdadeiro a respeito dEle, cf. Jó 42,7:
“Sucedeu que, acabando o Senhor de falar a Jó
aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu
contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falastes de mim o que era
reto, como o meu servo Jó...”
Falar coisas erradas sobre Deus vai, eventualmente,
minar o consolo, e o livre modus operandis de Deus que os
leitores recebem ao ler o livro, uma vez que Deus não está obrigado a fazer com
todos os sofredores o que fez nesta ficção sobre Mack e seu sofrimento.
A Salvação em A Cabana:
A doutrina do inclusivismo (doutrina
cristã que ensina que é possível ser alcançado pela salvação de Jesus Cristo,
sem o conhecimento explícito ou completo de quem Ele é. Especificamente, os
inclusivistas sustentam que é possível que aqueles que sem culpa, nunca ouviram
a palavra pregada podem ser salvos através do sacrifício redentor de Cristo),permeiam o livro (cf. a história
da princesa índia e a implicação de que a confiança no Grande Espírito seria
suficiente para resolver o problema da tribo com Deus). Há, aqui e ali,
indícios da idéia de que o sofrimento de Missy foi redentivo para Mack. Além
disso, Young sugere que não há uma punição eterna ao dizer (p. 109):
“Não sou quem você pensa, Mackenzie. Não
preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois
devora as pessoas por dentro...”
Young concentra a atenção no sofrimento causado
pela morte de Missy, sem dar muita atenção à maneira negativa com que Mack lida
com sua vida familiar como criança e adolescente. Seu ódio e desprezo pelo pai
colorem (ou descolorem) toda sua vida, social e religiosa. Interessantemente, é
por causa desse problema que Deus Se manifesta a Mack como uma mulher negra
(quase dá para ouvir um sotaque da Louisiana no original inglês, exceto quando
Papai conversa sobre teologia; aí as palavras simples dão lugar ao jargão
teológico), seguindo a linha de que é preciso aceitar a situação do
“aconselhado” do que confrontá-lo com ela. Parece-me que o que Mack mais
precisava era de uma figura paterna para quebrar seu estereótipo, mas Young só
lhe dá isso no final do livro, quando “Papai” aparece como um homem de meia
idade, depois que o problema de Mack com seu pai foi “resolvido”.
Preocupa o fato de Papai dizer
para Mack (p. 83):
“Quero curar a ferida que cresceu dentro de você e
entre nós”, referindo-se à angústia e à “depressão” causada pela morte de
Missy, quando na realidade a ferida vinha desde os tempos da adolescência, em
relação ao pai. No final do livro esta também é tratada, mas de um modo que vai
comprometer a teologia total da obra.
Sobre a Igreja instituída por
Cristo (Mateus 16,18):
O autor se apresenta, em seu site e em entrevistas,
como uma pessoa desigrejada e feliz por isso.A sensação de Mack quanto à igreja
como uma instituição fria, maçante, desinteressada, sedenta de poder e sem real
razão de existir, também se alinha com o atual movimento Cristo Sim, Igreja não. O
desdém evidenciado no livro apresenta uma caricatura da instituição segundo seu
próprio ponto de vista, e talvez por sua experiência negativa, almejando uma
Igreja terrena composta por seres humanos perfeitos. De forma ingênua e
contraditória com o tema do perdão ao longo do filme, a Igreja está excluída do
perdão divino.Jesus
advertiu que haveriam escândalos na Igreja e foi muito severo a esse respeito.
Por quê? Por acaso rejeitou a Igreja? Pelo contrário! Morreu por ela. A Igreja
sempre precisa de renovação. Porém, não pode ser renovada com sua destruição,
para ser criada novamente. O que Jesus fez não pode ser alterado. Não é
possível alterar a doutrina e a natureza da Igreja, já que são de Cristo:
"Cristo
amou à Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a através
do batismo, em virtude da palavra, e apresentá-la resplandescente a si mesmo,
sem qualquer mancha, ruga ou coisa semelhante, mas para que seja santa e
imaculada" (Efésios 5,25-27).
Se amamos
a Cristo não podemos deixar de amar a Igreja e obedecê-la totalmente, já que
Ele é a sua cabeça e nos fala através dos seus pastores (cf. Lucas 10,16):
"Sob
seus pés submeteu todas as coisas e o constituiu Cabeça suprema da Igreja"
(Efésios 1,22).
"Para
que a multiforme sabedoria de Deus seja agora manifestada aos Principados e
Potestades nos céus, através da Igreja" (Efésios 3,10).
"Quem vos ouve, a mim ouve; e quem
vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele
que me enviou”(Lc 10,16)
Por isto
São Paulo o apóstolo predileto dos protestantes afirma sobre a Igreja:
“ A IGREJA É COLUNA E
SUSTENTÁCULO DA VERDADE – I Tim 3,15 “
"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes
admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai
aproximando aquele dia" - Hb 10,25.
O QUE NOS
DIZ AS ESCRITURAS?
Ajuntai-vos, e vinde, todos os gentios em redor, e congregai-vos. Ó
Senhor, faze descer ali os teus fortes - Joel 3,11
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor. Salmos 122,1
Lc 24,53: E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus.
Aletéia responde: O que os católicos têm a dizer sobre “A
Cabana”?
Sinopse: Um homem vive atormentado após
perder a sua filha mais nova, cujo corpo nunca foi encontrado, mas sinais de
que ela teria sido violentada e assassinada são encontrados em uma cabana nas
montanhas. Tempos depois da tragédia, ele recebe um chamado misterioso para
retornar a esse local, onde receberá uma lição de vida.
Até aí não há problema
algum, mas a questão é que esta “lição de vida” que consta na sinopse é, na
verdade, um encontro deste homem atormentado com Deus. Não se trata de uma
personificação caricata de Deus como realizada em filmes como “Todo Poderoso”,
mas a apresentação da Santíssima Trindade (Heresia do Sabelianismo) e a
discussão sobre diversos pontos teológicos. E é aqui onde o livro e a produção
derrapam.
O primeiro ponto a ser colocado é: não é um filme católico
e com a doutrina Católica!
E ainda que se
apresente como um filme de temática cristã, pelos diversos erros teológicos,
não o enquadraria como um filme religioso, no máximo um filme com muita
religiosidade (até porque vemos no enredo que Deus seria
contra as religiões). É importante que o leitor esteja atento,
porque o fato do filme não ser católico, traz consigo heranças da Heresia do
Protestantismo e principalmente do Jansenismo. Também, contém aspectos da Heresia do Modernismo, que defende que
Deus não pode ser reconhecido por critérios objetivos racionais,
mas apenas pelo sentimento subjetivo do homem.
O
enredo (Querigmático), é a tentativa de Deus em se apresentar ao homem
atormentado (Mack), curar suas feridas e estabelecer com ele um relacionamento.
Ficando apenas nestes
pontos (porque da parte teológica falaremos mais adiante), os momentos entre
Deus e o homem chegam a ser poéticos, que podem nos levar a questionar a nossa
relação com a Santíssima Trindade, a forma como muitas vezes queremos conduzir
as nossas vidas sem qualquer auxílio de Deus, como O culpamos quando as coisas
dão erradas, entre tantas outras situações.Ao mesmo tempo, temos pontos
que chamaram a atenção e muitos criaram confusão e outros que podem passar
despercebidos que são realmente danosos aos desatentos, principalmente em
termos de Heresias cristológicas, tão amplamente combatidas durante diversos
Concílios e pelo Magistério da Igreja como um todo.
CHAVES LITERÁRIAS PARA MELHOR COMPREENSÃO:
1)-No filme Deus Pai é
vivido por uma mulher, a ótima atriz Octavia Spencer. O fato de ser uma “negra,
mulher e gorda” foi alvo de muitas reclamações. No filme
ficou bem claro que Deus usa a imagem desta mulher para facilitar o acesso a
Mack que, quando criança, teve sérios problemas com seu pai que bebia muito e
espancava a sua mãe e a ele também, por isso preferiu não “aparecer” como um
pai. Quando seu pai o espancava,
ele recebia carinho e atenção de uma mulher da cidade, que foi a mesma usada
por Deus para se aproximar do homem atormentado. Não se trata de uma apresentação
de que Deus é mulher, até porque em determinado momento
do filme Deus Pai toma a figura de homem quando entende ser necessário. Portanto, é uma discussão desnecessária neste
aspecto.
2)-Encontraram um
ator judeu(narigudo), com a pele morena e barba para fazer o papel de Jesus.
É interessante este cuidado na produção de buscar uma figura que poderia se
parecer etnicamente com o Filho de Deus encarnado.
3)-Já o Espírito Santo,
no filme chamado de Sarayu, é protagonizado por uma atriz oriental que aparece
em muitos momentos com um brilho em sua volta, com a intenção de indicar que é
um espírito. Uma apresentação fraca desta pessoa da Santíssima Trindade, não
por ser uma mulher, mas porque, nem de longe lembra O Consolador e Inflamador
das almas.
OS ERROS TEOLÓGICOS:
Quanto aos erros
teológicos, vamos falar de alguns mais gritantes entre vários apresentados no
filme (no livro há mais coisas e algumas estão diferentes das colocadas aqui,
mas nos limitaremos ao filme):
1. Humanidade
de Cristo (Heresia do: Ebionismo, Apolinarianismo, Arianismo, Nestorianismo): no filme Jesus é
retratado como humano, apenas humano. Ora, “o acontecimento único e
absolutamente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus
Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma
mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem,
permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro
homem. Esta verdade da fé, teve a Igreja de a defender e clarificar no decurso
dos primeiros séculos, perante heresias que a falsificavam.” (CIC 464).
2. Pecado: no
filme Deus não pune o pecado porque este já é uma punição. O Catecismo da Igreja
Católica nos ensina e deixa bem claro que uma das penas do pecado é a privação
vida eterna (CIC 1472) e condenação ao inferno, o que no filme deixa a entender
que Deus não conseguiria condenar o homem ao inferno em razão de seu amor de
Pai.
3. O Pai foi
crucificado com o Filho (Heresia dos Euquitas e do Patripassianismo): outro grande erro. Apenas Jesus Cristo
foi crucificado. Mesmo que o Pai tenha sofrido ao ver seu Filho
tratado como foi, não foi pregado junto com Ele.
4. Cristo não
quis religião ou Igreja Institucional - Jesus nasceu judeu, viveu como judeu e morreu
como tal, assim como disse claramente que não se fez homem para abolir a Lei,
mas para dar pleno cumprimento a ela (Mt 5, 17), além de que diz textualmente que Pedro será a pedra em que edificará a
sua Igreja (Mt 16, 18). O filme tenta relativizar estes conceitos para
fazer acreditar que Jesus não queria criar uma religião, o que também não é verdade.
5. O homem
foi criado apenas para ser amado: outro erro, pois sabemos que o
homem foi criado para amar primeiro a Deus e depois ao próximo como a si mesmo.
Não foi criado somente para ser amado, mas “para servir e amar a Deus”
(CIC 358).
Realmente, os conceitos
teológicos equivocados na visão pessoal do autor apresentados no filme podem
criar uma grande confusão na cabeça dos desavisados, ao mesmo tempo em que poderá
reforçar alguma ideia errada já existente. Mesmo com a bela mensagem de
que Deus nos ama e quer curar nossas feridas, o filme cai no mesmo erro criado
pelo autor do livro em tentar destruir as religiões e criar um deus que não
existe e propagar mentiras com cara de Teologia e estas têm um nome específico:
heresia. Por isso, devemos sim ter cuidado, pois nem tudo que reluz é
ouro.
ONDE NOS LEVARÁ ESTA ONDA DO
CRISTO SIM IGREJA NÃO?
Vejamos
de modo concreto para entender a questão:
1º)-DEUS
SIM, IGREJA NÃO
É a
negação da Igreja surgida e instaurada primeiramente por Lutero. Permite uma
visão mais subjetivista da fé, onde realça o caráter pessoal da salvação em
detrimento do caráter institucional. É possível seguir a Deus, sem seguir uma
instituição em concreto. Nega-se o caráter necessário da Igreja para a
salvação, para isto, será necessário defender um conjunto de conceitos
epistemológicos que será à base do pensamento da filosofia moderna.
2º)-DEUS
SIM, CRISTO NÃO
Esta
segunda grande negação é própria do século da ilustração, onde se busca uma fé
fundada apenas na razão. Aceita-se a Deus, mas apenas como um grande relojoeiro
que fez sua obra prima (o cosmos), a dotou das forças necessárias para se
autogerir e foi embora. A providência é jogada no lixo, surge o DEISMO. Um Deus
sem culto e despersonalizado. O homem é senhor total e absoluto de seu próprio
destino. Nega-se a transcendência. A realidade não é apreendida objetivamente
pelo ser humano, mas construída intelectualmente através das percepções
sensitivas que são próprias a toda raça humana.
É no contexto desta segunda negação que surge a Revolução Francesa,
retirando dos templos católicos a presença dos santos e de Cristo eucaristia, e
erigindo altares à Deusa Razão. Uma “contraditio terminis”, pois “mitologizam”
a fé católica, retiram dos evangelhos tudo que seja milagroso e sobrenatural e
ao mesmo tempo criam culto e templo para a “Deusa Razão”.
É um
racionalismo fundando na irracionalidade do caos e da violência. Destinada
intelectualmente ao fracasso, a revolução tinha seus dias contados, apesar da
propaganda massiva da revolução perpetrada por Jacques-Louis David criando
obras como o Juramento de Horácio (cena dramática que convida a população a
pegar em armas) e perpetuando o mártir da revolução no quadro “A morte de
Marat”. A
revolução francesa nasce de exigências legítimas de uma população que sofria
pela fome, crise nas colheitas e impostos sufocantes. No entanto, conduzida não
pela razão que tanto defendia, mas pelo terror das guilhotinas. O lema
“liberdade, igualdade e fraternidade”, pese seu caráter evangélico e de se
propor como novo evangelho, era escrito pelo sangue de muitos homens e mulheres
que não se alinhavam. Vemos a expropriação das propriedades do clero, a
assassinato de sacerdotes, religiosos e religiosas. A Fé católica é vista como
fundamento do Ancient Regime e como tal deve ser varrida do
mapa, como principal inimiga da revolução e de seus ideais.Surge,
então, como resposta a esta barbárie um novo absolutismo que se espalha por
toda a Europa. Mas, o mundo já não era mais monárquico, a semente do pensamento
revolucionário já tinha sido plantada. E mais tarde crescerá com mais furor através
da revolução marxista que veremos a seguir na terceira negação.
3º)-DEUS
NÃO, O HOMEM SIM
É a
última negação presente no séc. XIX. Deus já não é necessário para garantir a
ordem do mundo. A única realidade é a material e a este senhor devemos prestar
contas. Seu fundamento é a filosofia Hegeliana. Onde o espirito absoluto é
traduzido à matéria. E os indivíduos são apenas um momento, uma ocasião para o
desenvolvimento da matéria, do mundo perfeito sem classes e de total igualdade.Na
filosofia marxista, não há pessoas, existe apenas o estado, que se desenvolve
através da dialética de lutas de classes. O novo homem e nova humanidade
marxista é a síntese final do processo dialético, onde a tese são os sistemas
econômicos burgueses e a antítese é a classe operária explorada. O marxismo
acelera o confronto entre ambas que ocorrerá de modo necessário.A visão de
pessoa humana como um momento do processo dialético materialista é o que
justifica a barbárie de mais de 100 milhões de pessoas exterminadas por Stalin.
Os comunistas alegam que isto ocorreu porque Stalin desvirtuou a revolução. Em
realidade, ele se apresenta como aquele que leva até as últimas consequências
os pressupostos filosóficos da revolução.A negação
de Deus só é possível, em última instância, através da negação do ser humano, o
que nos conduz a uma quarta negação:
4º)-O
HOMEM NÃO
A
degradação da razão humana conduz a negação da impossibilidade da existência de
qualquer verdade absoluta. A filosofia hermenêutica presente na obra “Verdade e
Método” de Gadamer é um exemplo. O homem constrói a verdade segundo seu grupo
social e cultura, e este grupo com “suas verdades" é que constrói o homem
e a verdade das coisas. Deste modo, a verdade é sempre mutável e não um termo
“ad quo”, não há uma finalidade para vida humana, mas apenas uma construção de
algo caótico a um nada último.Esta visão
epistemológica se apresenta como fundamento do relativismo moral e do
indiferentismo religioso. Quando tudo é verdade, não existe verdade. E quando
nada é objetivamente verdadeiro, todas as coisas são colocadas no mesmo plano,
perdendo seu valor. Priva a racionalidade humana do principio de não
contradição, conduzindo a humanidade a ações bárbaras.
Sobre a bandeira da tolerância, o relativismo implanta uma verdadeira
ditadura da força e do poder. Pois quando não há uma verdade como critério e
medida de nossas ações, se implanta a verdade subjetiva dos mais fortes. Por
isso, as politicas e medidas sociais são implantadas não em vistas a um bem
comum, ou um critério de bondade e verdade, mas segundo pressões sociais,
econômicas ou interesses privados.Assim vemos a aprovação das uniões
homoafetivas, a aprovação do aborto em geral, e do bebê anencéfalo em
especifico. O homem volta-se contra o mesmo homem, pois ferido em sua
racionalidade, é incapaz de perceber as consequências de seus atos que vão
contra a sua própria humanidade.
Existe
uma profunda unidade entre as questões religiosas, econômicas, filosóficas,
sociais e politicas. Não são elementos separados, pois quem as elabora, vive e
pratica é o homem. O ser humano é o centro das questões.
Por isso, um subjetivismo religioso exacerbado de Lutero nos conduz a
uma filosofia moderna que coloca o homem como criador da realidade e a Deus
apenas como garantidor de uma ordem. Este racionalismo moderno exige a
existência de um Deus impessoal e ordenador, surgindo o Deísmo próprio do
iluminismo, com sua expressão mais “gloriosa e nefasta” instaurado no culto à
“Deusa Razão” no período da Revolução Francesa. Revolução esta guiada por um
desejo de fazer o bem, mas com princípios que levariam ao terror. Neste processo
de degradação da razão humana o surgimento de regimes ateus, o indiferentismo e
o relativismo presentes nos dias atuais são consequências naturais.
Um
processo de negação da objetividade das coisas que "corrói" a razão
humana, pois negar a capacidade de transcendência humana, é negar a mesma
humanidade. A igreja é mais uma vítima da obra de Young. Sob a
égide da religião ela é acusada de manipular os fiéis por causa da cobiça e
desejo de poder dos seus líderes. Para Young como instituição ela é fonte de
contrariedades para Jesus, que afirma em seu obra a Cabana: “Eu
não crio instituições. Nunca criei, nunca criarei”. Para que não fiquem
dúvidas sobre o sentido dessas palavras, o Jesus de Young completa em meio a
uma expressão sombria: “Não gosto muito de religiões e também não gosto de política nem de
economia...”Ao vislumbrar com assombro tudo o que aprendeu no
passado, Mack exclama:
“ Quantas mentiras me contaram! - Jesus
completa a decepção de Mack respondendo uma pergunta sobre o significado de ser
cristão com as palavras: Quem disse alguma coisa sobre ser cristão? Eu não sou
cristão.”
Ora, Cristo quer dizer ungido, quer dizer então que
o próprio Cristo nega a sua unção? E como fica aquilo que Ele mesmo disse de si
mesmo:
"O
Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me UNGIU para pregar boas novas aos pobres. Ele me
enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos,
para libertar os oprimidose proclamar o ano da graça do Senhor.Então ele fechou
o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os
olhos fitos nele;e Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu a Escritura que
vocês acabaram de ouvir". (Lucas 4,18-21).
Segundo Young um dos motivos do desprezo de Deus
pela estrutura eclesiástica na Igreja seria a presença nela de uma hierarquia,
ou uma “cadeia de comando”, o que, mesmo na divindade, parece ser um conceito
“medonho” e um relacionamento “opressivo.”
Jesus explica que a autoridade “é meramente a
desculpa que o forte usa para fazer com que os outros se sujeitem ao que ele
quer.” E completa dizendo: “É um sistema humano. Não foi isso que eu vim
construir... Por mais bem intencionada que seja, você sabe que a máquina
religiosa é capaz de engolir as pessoas...”
Ao chegar ao capítulo 5 do livro, onde realmente a
visão do autor sobre Deus começa a ser exposta, mostra o seu desejo de quebrar
paradigmas. O autor parece desconfortável com a visão sobre Deus e sua
personalidade. Quando Young relata o espanto de Mack, um cristão criado dentro
da igreja desde pequeno, com seu encontro com duas pessoas da Trindade em forma
de mulheres, não acredito que o autor tenha tais concepções, mas creio que seu
desejo é que os leitores achem antiquada a postura de acolher conceitos
tradicionais.
(William P. Young) |
O Pai, no livro de Young explica:
“Para mim, aparecer como mulher e sugerir que você me chame de Papai é
simplesmente para ajudá-lo a não sucumbir tão facilmente aos seus
condicionamentos religiosos.” Parece que o autor considera as visões
tradicionais sobre Deus como “estereótipos” que não devem ser encorajados e
como “idéias preconcebidas” nas quais Deus não se encaixa. Em pouco tempo, Mack
se dá conta de que “nada do que estudara na escola dominical da sua igreja
estava ajudando” a compreender o Deus que estava diante dele.
Parece ser sugerido que o leitor deve ficar aberto
a novos conceitos. O conselho do Espírito Santo a Mack é: “Verifique suas
percepções e, além disso, verifique a verdade de seus paradigmas, dos seus
padrões, daquilo em que você acredita. Só porque você acredita numa coisa não
significa que ela seja verdadeira. Disponha-se a reexaminar aquilo em que você
acredita”.Assim, novos conceitos são inseridos.
SOBRE AS SAGRADAS ESCRITURAS NA OBRA DE YOUNG
Um desses conceitos é uma visão depreciativa sobre
o ensino bíblico. Por diversas vezes as Escrituras, ou o ensino eclesiástico
das Escrituras, é citado em contraposição a uma nova verdade apresentada pelas
pessoas da Trindade. Exemplo disso é que Mack, apesar de se considerar um cristão
que sempre vai aos cultos e recebe instrução bíblica, se dá conta de que não
conhece Jesus como achava que conhecia. Diante disso, Jesus lhe transmite um
conhecimento panteísta que nunca antes lhe foi ensinado:
“Deus que é base de todo ser, mora dentro,
através e em volta de todas as coisas, e emerge em última instância como o
real. Qualquer aparência que mascare essa verdade está destinada a cair.”
A Bíblia, que certamente não apresenta essa versão
“panteísta” ou “panteísta” da Divindade, fatalmente se torna alvo dessa
afirmação. Na verdade, ela sofre a sugestão de ser um instrumento que não
contém a verdade, mas que é usado por Deus devido à complexidade da situação
humana depois de se afastar dele. O Pai, ao responder por que se “revela” de
modo paterno, diz: “Assim que a Criação se degradou, nós soubemos que a
verdadeira paternidade faria muito mais falta que a eternidade.” Assim, Mack
percebe que ao sair da escola dominical, onde as Escrituras são ensinadas,
freqüentemente tinha “as respostas certas”, mas que isso não fazia com que ele
conhecesse a Deus. Fica sugerida a idéia de que a Bíblia contém inverdades devido às
limitações e carências do homem. Entretanto, há verdades além dela que
o homem que se relaciona com Deus pode alcançar. Por isso, no momento em que
Deus fala a Mack sobre verdades nunca antes por ele imaginadas, explica em tom extremamente
depreciativo: “Aqui não é a escola dominical. É uma aula de vôo(livre)...”
Dentre as afirmações teológicas positivas destacamos algumas:
1)- Na p. 88 Young descreve a tentativa humana de
entender Deus:“O problema é que muitas pessoas tentam entender um pouco o que eu sou
pensando no melhor que elas podem ser, projetando isso ao enésimo grau, multiplicando
por toda a bondade que é capaz de perceber... e depois chamam o resultado de
Deus.”
2)- No diálogo entre Deus e Mack, Papai diz: “O
importante é o seguinte: se eu fosse simplesmente Um Deus e Uma Pessoa, você
iria se encontrar nesta criação sem algo maravilhoso, sem algo que é essencial.
E eu seria absolutamente diferente do que sou” (Cap. 6, p. 91, EP). Ao que Mack
retruca: “E nós estaríamos sem...?” Ao que Papai responde: “Amor e
relacionamento. Todo amor e relacionamento só são possíveis para vocês porque
já existem dentro de Mim, dentro do próprio Deus . . . Eu sou o amor.”
Ponto para Young por destacar esta importantíssima percepção quanto à necessidade
da Trindade para que 1 Jo 4,8 e 16 sejam verdadeiros.
3)- Na p. 84 (EP) há uma boa frase. Papai afirma: A
verdadeira paternidade faria muito mais falta que a maternidade. Isso reflete a
situação atual em nosso mundo, quando a figura do pai é notável pela sua
ausência em tantos lares (às vezes por escolhas das próprias mães).
4)- Outra frase que merece citação aparece na p. 173
(EP): A graça não depende da existência do sofrimento, mas onde há sofrimento
você encontrará a graça de inúmeras maneiras.
Frases Teologicamente Imprecisas e ambíguas em A
Cabana:
1)- Nós estávamos lá, juntos (p. 86 EP), indica mais claramente a questão do patripassianismo no livro. Young efetivamente afirma a presença física no Pai na cruz, que ele confirma na p. 151.
2)- Outra frase imprecisa é: Quando nós três
penetramos na existência humana... (p. 89). Embora eu queira dar a Young o
benefício da dúvida, é difícil fugir da idéia de que ele entende que a Trindade
encarnou, quando as Escrituras deixam claro que foi somente o Verbo, a eterna
segunda pessoa da Trindade, que adentrou em carne a história humana.
3)- Na p. 90 , Papai afirma: Ele (Jesus) foi
simplesmente o primeiro a levar isso até as últimas instâncias; o primeiro a
colocar minha vida dentro dele, o primeiro a acreditar no meu amor e na minha
bondade, sem considerar aparências ou consequências. Ainda que o contexto
imediato tenha o mérito de apontar para a dependência de Jesus em relação a
Deus durante Sua encarnação, a frase pode (e talvez tenha sido escrita com o
propósito de) indicar que outros chegaram ou chegarão ao mesmo status de Jesus.
4)- O livro propõe muito claramente a malignidade
da hierarquia e a rejeição de todo o conceito de autoridade, inclusive na
igreja e na família. Na p. 145, Jesus afirma a Mack que Seu
relacionamento com o Pai é de mútua submissão. Ao falar isso, Young está
questionando abertamente a doutrina da hierarquia funcional dentro da
Trindade, expressa especialmente no que tange à obra terrena do Filho (cf. 1 Co
11,3). Ao afirmar essa submissão recíproca (pois Sarayu também é incluída),
Young pretende afirmar, no mínimo, algo que as Escrituras jamais afirmam. Na
verdade, ele parece partir do seu conceito de relacionamentos humanos e exaltar
essa submissão recíproca da família (marido, esposa e filhos) a uma dimensão
celestial. Nesta observação citei a EI porque, para complicar essa
questão ainda mais um pouco, a (p. 132) traz: Os relacionamentos verdadeiros
são marcados pela aceitação, mesmo quando suas escolhas não são úteis nem
saudáveis. A palavra submission, usada na EI, foi trocada por aceitação, que
tornou a frase teologicamente mais certa, mas acabou por disfarçar o perigo
teológico, pois o contexto fala do relacionamento entre Jesus e cada um de nós.
No inglês fica a sugestão que Jesus se submete a nós para manter a
autenticidade do relacionamento.
5)- Sarayu afirma que na Trindade não existe uma
cadeia de comando, apenas um círculo de relacionamento (p. 111). De novo, Young
parece jogar pela janela o conceito de uma hierarquia funcional proposto por
Jesus no Discurso do Cenáculo, Jo 14 − 16) ao especular sobre um relacionamento
essencial na Trindade. Young faz uma associação da hierarquia com a
matriz e sugere que hierarquia é um produto da Queda. Isso não é novo, mas agora
está sendo dito de maneira ainda mais sutil do que, por exemplo, o movimento
feminista vem dizendo por várias décadas.
6)- Criamos vocês, os humanos, para estarem num
relacionamento de igual para igual conosco (palavras de Sarayu, p. 114). A não
ser que eu tenha lido de maneira muito errada a Bíblia, jamais estaremos no
mesmo plano de igualdade que Deus(pois semelhança não xérox). Ele será
eternamente adorado e eu eternamente adorador. Somos salvos para viver para
louvor da Sua glória (Ef 1,12) não para partilhá-la de igual para igual.
Submissão não tem a ver com autoridade, e não é obediência (palavras de Jesus,
p. 133). Uma vez mais, o conceito bíblico da perfeita obediência do Verbo
encarnado ao Pai que O enviou é varrido para baixo do tapete da igualdade
ontológica. Parece que Young não gosta das tensões bíblicas, só daquelas que
ele mesmo propõe. A imprecisão é suficiente para fazer a frase parecer bíblica
e, por isso, seu efeito é duplamente nocivo.
Considerações Finais
Por que “A Cabana” está atraindo tanto? Talvez porque a maioria dos
cristãos atuais queira comida pré-processada, do tipo self service, e não
queira se dar ao trabalho de (ou talvez simplesmente não saibam como) colher
nas Escrituras e preparar, pelo estudo pessoal e a comparação com o pensamento
cristão histórico, tradicional e magisterial, sua própria alimentação. Querem
apenas colocar um band-aid na ferida, ao invés de lidar com a infecção. Por
outro lado, talvez porque descreva emoções e sensações espirituais de maneira
poética e ocasionalmente bela, às vezes desenvolvendo metáforas bíblicas, às
vezes usando de maneira criativa a imaginação (como no cap. 15). William
Paul Young quer divulgar essa “nova” visão de Deus (que envolve uma nova visão
de vários outros conceitos cristãos) e seus leitores aceitaram, ingenuamente,
essa proposta, que mistura verdade e erro de modo particularmente perigoso,
(sabemos pelo Gênesis quem é
especialista nesta mistura). Os leitores que dizem ter obtido uma visão
nova (e melhor) de Deus deveriam lembrar que ninguém, na história da Igreja,
foi 100% herético ou teve intenções declaradas de destruir a fé cristã, muito
pelo contrário, todos os hereges e suas heresias partiram de boas intenções, e
pessoas muito bem intencionadas e sinceras, porém sinceramente equivocadas. O
que mostra que a sinceridade não é o critério da verdade, pois uma pessoa pode
estar sinceramente envolvida no erro. Assim mesmo, suas idéias incorretas
contaminaram e enfraqueceram a Igreja por séculos e séculos. Cautela e canja de
galinha não faz mal a ninguém. Portanto, estudos aprofundados e consulta das
escrituras são essenciais para a firmeza na fé genuína, evitando ficarmos a
reboque dos ventos e modismos que passam:
“Para que não sejamos mais como crianças, levados de um
lado para o outro pelas ondas , nem jogados para cá e para lá por todo vento de
doutrina e pela malícia de certas pessoas que induzem os incautos ao erro...”
(Efesios 4,14)
A humanidade, em geral, já não dá nenhuma
importância à verdade, e sim ao bem-estar a si mesmo, pois já diz a sabedoria
que a humanidade é como pessoas em um transatlântico que não se importam com
o destino do mesmo, mas se preocupam apenas com o cardápio que vai ser servido
no dia...
BIBLIOGRAFIA:
-https://pt.aleteia.org/2017/04/25/o-que-os-catolicos-tem-a-dizer-sobre-a-cabana/
-https://www.youtube.com/watch?v=hGupQzBKLYk
-https://www.youtube.com/watch?v=dsRGVstSKFQ
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