Deus queria muito que
isso tivesse acontecido, porém, segundo a Bíblia, Lúcifer foi tão longe que o
coração dele já está completamente endurecido pelo pecado. A prova de que
Satanás não se arrepende está na tentação do deserto, pois Cristo ao invés de
dizer: Converte-te, diz AFASTA-TE! Isso demonstra que o
caráter dele não mudará e que, portanto, ele se afastou tanto de Deus que
cometeu o “pecado contra o Espírito Santo”, registrado em Mateus 12,31-32 e
Marcos 3,28-29.
É por isso que a Bíblia nos adverte, em Hebreus 3,13:
“Pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se
chama HOJE, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.”
Depois que ele foi
expulso do céu como lemos em Apoc. 12,7-9 com terça parte dos anjos antes fieis e
agora rebeldes a Deus, ele já havia recebido todas as oportunidades possíveis.
Por isso, quando foi jogado para a Terra (Ap 12,12; Lc 10,18), o destino dele foi selado, pois, ele escolheu assim, porém, Deus não “predestinou” Lúcifer
para ele se transformar em diabo.
Deus sempre dá uma segunda chance!
Oportunidades não
faltaram a Lúcifer! Podemos ter certeza disso. Afinal, a Bíblia ensina que
“Deus é amor” (1Jo 4,8-16), que Ele tem “prazer na misericórdia” (Mq 7,19) e
que o Criador é “[...] Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em
misericórdia e em verdade”. Além disso, Ele se alegra em ver que o indivíduo,
por mais perverso que seja, se converta e viva (Ez 18,23-32). Deus, em Sua grande
misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente
degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o
espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas
pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu.
Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se
arrependesse e submetesse. Deus nos dá as mesmas
oportunidades para arrependimento e mudança de nossos conceitos religiosos
equivocados, que podem nos levar à perdição eterna. Iremos aproveitar as
oportunidades que o Espírito Santo nos oferece todos os dias
“Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não endureçais os vossos
corações...” (Hb 3,7- 8).
FATO: O
DIABO ESTAVA PLENAMENTE CIENTE E CONVICTO DO QUE ESTAVA FAZENDO!
Certa vez um homem
que tinha matado o assassino de sua filha foi perguntado se estava arrependido.
A sua resposta foi: “Se tivesse uma segunda chance, faria tudo de novo e o
mataria lentamente”. Ele fez consciente,
fez porque quis, fez o que achou que deveria ser feito. Não fez movido por
impulso ou forte emoção. Não há lugar de arrependimento para quem age assim
(não estou levando em conta a ação do Espírito Santo, que pode quebrantar a
mais duro coração humano). É esse argumento que
é usado pelo autor do livro aos Hebreus para alertar os crentes sobre o perigo
do pecado voluntário:
“Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos
recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos
pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de
devorar os adversários.”(Hb 10,26-27) .
O diabo morava com
Deus era e é muito inteligente, um traidor consciente, quis ser Deus no lugar de
Deus. O homem difere do
diabo, entre outras coisas, porque enquanto na carne sofre de um “embotamento
espiritual” que lhe impede de ser livre em suas atitudes. Segundo o apóstolo
Paulo: “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para
ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas só são entendidas
espiritualmente (1 Co 2,14).Mesmo o “homem espiritual” tem que aceitar muitas
coisas pela fé, sem o completo entendimento. Esse embotamento
permite arrependimento ao maior dos pecadores, após ser iluminado em seu
entendimento pelo Espírito Santo e ter sua maldade exposta diante de si, o
conduzindo ao arrependimento. O arrependimento nos
traz um tremendo pesar pelo mau cometido. Nas palavras de Deus: “Ali vos lembrareis de vossos caminhos, e de todos os vossos atos com
que vos tendes contaminado; e tereis nojo de vós mesmos, por causa de todas as
vossas maldades que tendes cometido” (Ezequiel 20,43 ). Esse nojo de si próprio
é o genuíno arrependimento. Não remorso pelo que se fez, mas repúdio de si
próprio por ter sido capaz de fazê-lo. O mesmo não ocorre
com o diabo que, antes de pecar, já tinha o completo entendimento e mesmo assim
optou por agir deliberadamente contra Deus.ATENÇÃO! Quando nós enxergamos do nosso ponto de vista meramente humano, quando freqüentemente nos arrependemos de algo, projetamos nos demônios aquilo que
somos, como se eles fossem iguais a nós, mas no mundo espiritual arrependimento
é um sentimento que simplesmente não existe!
ESPÍRITOS
NÃO SE ARREPENDEM, POIS ARREPENDIMENTO É COISA DO HOMEM LIMITADO, MORTAL E
SUJEITO AO TEMPO!
“Deus não é homem, para que
minta; nem filho do homem, para que se arrependa! Porventura, tendo ele dito,
não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?” ( Nm 23, 19 ).
“Também aquele que é a Força de
Israel não mente nem se arrepende, por
quanto não é homem para que se arrependa”. ( 1 Sm 15,29 ).
DEUS É ESPÍRITO, OS DEMÔNIOS SÃO ESPÍRITOS, E DEPOIS
QUE MORRERMOS SEREMOS SERES ESPIRITUAIS COMO OS ANJOS (Mt 22,30)
Devido ao fato de seres espirituais não se arrependerem é que no inferno
não haverá salvação e o tormento será eterno. Se fosse possível se arrepender
no inferno, também lá haveria salvação! Em nenhum lugar da Bíblia qualquer
anjo, bom ou mau, jamais se arrependeu de ter feito algo.
Apocalipse
9 fala de anjos caídos, representados como uma mistura demoníaca de
gafanhoto/escorpião/cavalo/leão com cara de homem, E QUE SERÃO LIBERTOS:
O longo tempo na
escuridão das trevas, sofrendo numa "fornalha espiritual" ardente, deveria ter
sido suficiente para trazer-lhes arrependimento e desejo de salvação. Ao invés
disso, durante os cinco meses em que ficarão em liberdade, eles sairão
desejosos de destruir todos os homens que encontrarem, porém Deus não os
permitirá fazerem isso, tão somente que os atormentem, como aconteceu com o
pobre Jó:
“O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caíra
sobre a terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do
abismo, e subiu fumaça do poço, como fumaça de uma grande fornalha; e com a
fumaça do poço escureceram-se o sol e o ar. Da fumaça saíram gafanhotos sobre a
terra; e foi-lhes dado poder, como o que têm os escorpiões da terra. Foi-lhes
dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore
alguma, mas somente aos homens que não têm na fronte o selo de Deus. Foi-lhes
permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem. E o
seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o
homem. Naqueles dias os homens buscarão a morte, e de modo algum a acharão; e
desejarão morrer, e a morte fugirá deles. A aparência dos gafanhotos era
semelhante à de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças
havia como que umas coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como
rostos de homens. Tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes
eram como os de leões. Tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das
suas asas era como o ruído de carros de muitos cavalos que correm ao combate.
Tinham caudas com ferrões, semelhantes às caudas dos escorpiões; e nas suas
caudas estava o seu poder para fazer dano aos homens por cinco meses. Tinham
sobre si como rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom e em grego
Apoliom. (APOCALIPSE 9,1-11)
POR
TUDO ISSO SE DEDUZ: DEMÔNIOS NÃO SE ARREPENDEM E POR ISSO NÃO PODEM SER SALVOS
- O DIABO NÃO TEM FÉ HUMANA ELE TEM CONVICÇÃO FIRME E CLARA!
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que não se vêem”. (HEBREUS 11,1)
Em
outras palavras para melhor entender:
1)- Não existe fé sem
esperança: coisas que não vemos mas, esperamos.
2)- Nós temos fé num
Deus que nunca vimos, num céu aonde nunca fomos!
3)- O diabo morava no
céu, na presença de Deus, o via face a face! Como poderia ele ter fé?
“Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é
esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não
vemos, com paciência o aguardamos” (Romanos 8,24-25)
ATENÇÃO! Não há fé no mundo espiritual! Não há fé no céu e nem no inferno, pois os anjos tanto bons como os decaídos, não têm fé! Eles tem certeza!
Mas
São Tiago afirma que "os demônios Crêem" - Vamos ao texto:
“Assim também a fé,
se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu
tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé
pelas minhas obras. Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o
crêem, e estremecem” (Tg 2, 17-19)
Na verdade, à luz de
Hebreus, os demônios não teriam fé. Eles não “crêem” que Deus existe, eles TÊM UMA PROFUNDA CERTEZA, dão crédito concreto e real, pois “sabem” da sua existência, por isso estremecem, pois sabem quem Deus é! O sentido com que
Tiago fala não pode ser o mesmo ou haveria contraste entre os dois livros.
Tiago diz apenas que saber que Deus existe e não fazer a sua vontade não
conduzirá o homem ao céu. Seria uma fé intelectual, que sabe a verdade mas não
a segue! Os demônios pela sua natureza são incapazes de ter a fé humana salvadora citada em
Hebreus, onde os heróis da fé abandonaram tudo porque "almejavam uma pátria
melhor, isto é, a celestial, invisível aos seus olhos" ( Hb 11,6 ).
Se os anjos bons não têm fé, como
conseguem agradar a Deus, já que as escrituras dizem que “ sem fé é impossível
agradar a Deus?” (Hb 11,6).
Porque os anjos bons e fieis a Deus não precisam de Cristo para serem salvos, uma vez que, ao contrário dos homens
e dos demônios, os anjos fieis a Deus nunca estiveram perdidos! Simples assim!
Ao falar de Deus, no
início da Suma Teológica, Santo Tomás de Aquino responde à questão se Deus está
em todas as coisas. Ao colocar essa pergunta, como em toda a Suma, ele se
depara com alguns ‘adversários’ aos quais deve dirigir-se. Ele diz: "ADEMAIS, os
demônios são realidades. No entanto, Deus não está nos demônios, pois não
existe união entre a luz e as trevas, diz a segunda Carta aos Coríntios. Logo,
Deus não está em todas as coisas."
Em
seguida, Tomás de Aquino faz uma distinção entre a natureza do diabo - que vem
de Deus - e a deformidade da culpa que foi derivada do diabo:
"RESPONDO: Deus está em todas as coisas, não como uma parte da
essência delas, ou como um acidente, mas como o agente presente naquilo em que
age. É necessário que todo agente se encontre em contato com aquilo em que
imediatamente age e o atinja em seu poder. Por isso, no livro VII da Física se
prova que o motor e o que é movido têm de estar juntos. Ora, sendo Deus o ser
por essência é necessário que o ser criado seja seu efeito próprio, como
queimar é efeito próprio do fogo. Este efeito, Deus o causa nas coisas não
apenas quando começam a existir, mas também enquanto são mantidas na
existência, como a luz é causada no ar pelo sol enquanto o ar permanece
luminoso. Portanto, enquanto uma coisa possui o ser, é necessário que Deus
esteja presente nela, segundo o modo pelo qual possui o ser. Ora, o ser é o que
há de mais íntimo e de mais profundo em todas as coisas, pois é o princípio
formal de tudo o que nelas existe, como já se explicou. É necessário, então,
que Deus esteja em todas as coisas e intimamente." (cf. Suma Teológica I,
q. 08, a. 1).
Sem o sustento de Deus, as coisas cairiam no nada,
no "NÃO-SER"
"Se Deus Uno e Trino fosse capaz
de dormir, Ele acordaria sem a criação"
Essa afirmação acima é do padre jesuíta Vicente
Garmar, ou seja, as coisas existem porque Deus as está pensando em tudo nesse momento! A consequência disso é que quando o homem peca, o faz no exato momento em que
Deus o está amando, pois o está sustentando. É exatamente o que o diabo faz: no
instante em que Deus está lhe dando a vida, sustentando, ele está se revoltando
contra o seu criador. Refletindo que Deus
está presente no homem em todos os momentos e que essa é uma presença ativa,
amorosa, de sustentação, sem a qual ele cairia no nada, pode-se inferir que,
nesse sentido, Deus ama também o diabo, pois, o ama enquanto natureza criada, a
natureza dele vem de Deus. Contudo, segundo Santo Tomás de Aquino, Deus não está na deformidade da
culpa presente no diabo, portanto, não está na maldade, que foi criada pelo
próprio Satanás. Não existe amizade
entre Deus e Satanás, pois, para existir amizade é preciso um amor que é
oferecido e um amor que é correspondido, uma reciprocidade. Ora, Satanás odeia
a Deus no exato momento em que é amado por Ele.
É possível dizer que o tormento do inferno é o amor
de Deus, pois Deus ama e oferece o seu amor para Satanás, que o rejeita.
A soberba satânica impede
a aceitação do amor de Deus. Isso significa que, de alguma maneira, o amor de
Deus está presente também no inferno. Não como uma correspondência de amizade,
mas enquanto Deus - fiel - que sustenta no ser e não se arrepende de ter
criado, de ter amado, embora não seja correspondido neste amor.O que se disse
referente ao diabo pode ser aplicado também ao homem. O pecado faz com que o
ser humano perca o estado de amizade com Deus. Enquanto para o diabo não há
mais tempo, para o homem ainda é possível arrepender-se e voltar atrás,
retomando a amizade com Deus. O homem pode evitar o tormento horrível de ser
amado e, ao mesmo tempo, odiar aquele que lhe dá a vida, que lhe sustenta.Ao revoltar-se contra Deus, o ser humano comete um ato de suicídio e é
por isso que o inferno é chamado de ‘morte eterna’, pois é uma morte que não
morre, morte que não acaba mais, é um ato de estado de suicídio contínuo e eterno. Deus ama todas as
suas criaturas porque Ele é fiel. É o homem que corre o risco de terminar como
Satanás, não amando de volta Àquele que o amou de forma extraordinária.
Porque Deus não perdoa
o diabo?
Se um dia você
perguntou sobre isso, eis aí a resposta: “Deus não perdoa o diabo porque ele não quer ser perdoado! E só existe
uma relação plena de perdão onde há arrependimento e confissão da culpa por parte do
ofensor, e o perdão concedido pelo ofendido”
Aqui se inicia uma questão teológica:
Satanás é um anjo.
Anjos são espíritos com personalidade! Quero dizer com isso que a essência de
um anjo é completamente espiritual, e nesse corpo unicamente espiritual reside
a inteligência, intelecto, sentimento e vontade dos anjos, diferente do homem
que um ser formado por um corpo e uma alma espiritual. No homem, o corpo é a
residência da alma. Em nossa alma estão nosso intelecto, sentimento e vontade. Os anjos por serem
criaturas espirituais foram criados eternos, por isso, quando satanás e os
demais anjos pecaram tornaram-se pecadores eternos, por causa de sua natureza
eterna. O homem não foi
criado eterno. Os anjos são espíritos, o homem alma vivente. Quando o homem
pecou, a alma do homem se corrompeu, mas o espírito do homem permaneceu
intacto, essa foi uma grande sacada de Deus. Quando alguém recebe a Cristo como
salvador o Espírito Santo passa ser um só com nosso espírito humano, a partir
daí Ele (o Espírito Santo) opera na vida o homem o novo nascimento exercendo
influência sobre a alma do homem fazendo dele uma nova criatura.Com o diabo e os demais anjos é diferente. Eles não tem o espírito livre
para receberem o Espírito Santo porque eles são essencialmente espírito. Por
não poderem receber o Espírito Santo não podem ser convencidos do pecado, da
justiça e do juízo.O Espírito Santo nos
convence das coisas espirituais. Satanás e os demais rebeldes não precisam do
Espírito Santo para serem convencidos de coisas espirituais porque eles vivem
no mundo espiritual, portanto sabem coisas sobre Deus que nós sabemos apenas
pela fé, já eles pela ciência infusa. Por isso o pecado deles se torna imperdoável, não por faltar o perdão
da parte de Deus, mas por faltar o arrependimento da parte deles!
Pergunta:
"Por que Deus permitiu que Satanás e os demônios pecassem?"
Resposta: Com os anjos
e a humanidade, Deus escolheu apresentar-lhes uma escolha. A Bíblia não nos dá
muitos detalhes sobre a rebelião de Satanás e os anjos caídos, mas aparenta ser
o caso que Satanás, provavelmente o mais grandioso de todos os anjos (Ezequiel
28,12-18), em orgulho, escolheu se rebelar contra Deus para poder tentar se
tornar o seu próprio deus. Satanás (Lúcifer) não
quis louvar ou obedecer a Deus, ele queria ser o próprio Deus (Isaías
14,12-14). Acredita-se que Apocalipse 12,4 é uma descrição figurativa de um
terço dos anjos que escolheram seguir a Satanás em sua rebelião, tornando-se os
anjos caídos / demônios.Ao contrário da
humanidade, a escolha que os anjos tinham, de seguir a Satanás ou de continuar
fiéis a Deus, foi uma escolha eterna. A Bíblia não apresenta nenhuma
oportunidade para os anjos caídos de se arrependerem e serem perdoados. Nem a
Bíblia indica que é possível que mais anjos pequem. Os anjos que
permanecem fiéis a Deus são descritos como os “anjos eleitos”. Satanás e seus
anjos caídos conheciam a Deus em toda a Sua glória. Para eles se rebelarem
apesar desse conhecimento sobre Deus é de grande perversidade. A bíblia não nos dá nenhum motivo para acreditar que
eles se arrependeriam se tivessem uma chance (1 Pedro 5,8). Deus deu a Satanás
e aos seus anjos a mesma escolheu que Ele deu a Adão e Eva – obedecê-lo ou não.
Os anjos tinham uma escolha de livre arbítrio a fazer! – Deus não forçou ou
encorajou nenhum anjo a pecar! Satanás e os anjos caídos pecaram por sua livre
e espontânea vontade, não foi tentado por ninguém mas por si mesmo!
Por que Deus deu tal
escolha aos anjos, quando Ele já sabia quais os resultados seriam?
Deus já sabia que um
terço dos anjos iria se rebelar e, portanto, ser amaldiçoado ao fogo eterno.
Deus também sabia que Satanás iria avançar sua rebelião ao tentar a humanidade
a pecar. Então, por que Deus permitiu isso? A Bíblia não nos dá a
resposta para tal pergunta de forma explícita. O mesmo pode ser perguntado
sobre qualquer maldade – por que Deus permite isso?No fim das contas, tudo é uma questão de escolha e exercício do LIVRE
ARBÍTRIO. Deus criou seres livres: os anjos e seres humanos. Se Deus quisesse
seres que apenas fizessem o que foram programados a fazer, os animais teriam
sido suficientes. Não, Deus queria seres com quem Ele poderia ter um
relacionamento genuíno. Ele, portanto, nos deu a habilidade de escolher e nos
apresentou com uma escolha a fazer.
Pe. Colombo Pires,
EPanjos Tradução do Original Pe. Romanus Cessario, O.P.
POTÊNCIAS E LIMITES DA RACIONALIDADE HUMANA
Apesar da inteligência
humana e angélica possuírem uma performance diferente, a distinção clássica
entre a visão matutina e vespertina dos anjos sugere uma verdade importante
acerca do conhecimento disponível a todos que vivem na Fé de Jesus Cristo. A noção que os anjos
possuem dois tipos de visão aparece inicialmente nos comentários de Santo
Agostinho acerca da criação na Bíblia, o De Genesi ad litteram, Book IV,
chapters 22-31 onde o Doutor da Graça fala de um amanhecer e de um anoitecer no
conhecimento dos Anjos. A tradição teológica
subsequente alargou essa distinção, pois, como Hugo de São Vítor observa, “ há
muitas questões acerca da natureza angélica, as quais a curiosidade da mente
humana não foi capaz de descobrir”.1 Então, na sua Summa theologiae, não
surpreende descobrir que São Tomás de Aquino estende a intuição do conhecimento
angélico de Agostinho. O Santo de Hipona inventou as expressões conhecimento “matutino” e
“vespertino” como parte da sua interpretação dos seis dias da criação presentes
no Gênesis… (Ele) chamou “matutino” ao conhecimento angélico das coisas no seu
primordial começo, precisamente como existem no Mundo; e “vespertino” ao seu
conhecimento da realidade criada enquanto existindo na sua própria natureza.2
Porque a “escuridão
da noite” caracteriza, mais propriamente, o conhecimento dos anjos decaídos que
se fixaram na realidade criada, o Aquinate rejeita esse ponto de vista. Ele
defende que como o amanhecer e o anoitecer estão conotadas com a luz do dia,
“ambos os tipos de conhecimento expressados por estes termos pertencem aos
anjos que estão na luz”.3 Nenhum teólogo
contestaria que o que os anjos vêem na manhã, nomeadamente, tudo como existe no
divino mundo da criação, forma a única base para a genuína reflexão teológica.
O próprio São Paulo testemunha a centralidade desse tipo de conhecimento quando
ele lembra aos Colossenses que Cristo “é a imagem de Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; Por Ele todas as coisas foram criadas, no céu e
na terra, visíveis e invisíveis” (Col 1, 15-16).Enquanto nós
frequentemente associamos a teologia com a realidade de Deus e os Seus feitos,
com mistérios como a Trindade, a Ressurreição de Cristo, e a Imaculada
Conceição da Virgem Maria, a reflexão teológica estende-a apropriadamente ao
que os homens e as mulheres fazem.Por outras palavras,
a fé do cristão determina a questão ética. Também as virtudes da vida cristã
estão entre aquelas realidades visíveis que encontram a sua realização em
Cristo.
De fato, Orígenes, autor do II século, afirma esta
verdade quando escreve:
“Não se surpreendam ao falarmos das virtudes do amado Cristo, porque em
outros casos nós estamos afeitos a olhar o próprio Cristo como a substância
daquelas muitas virtudes”.4
Pelo fato de Cristo
permanecer a fonte de todo o bem moral para a pessoa que aceita a mensagem do
Evangelho, a Igreja afirma que o ensino da moral cristã possui uma distinta
especificidade. Numa variedade de maneiras, os teólogos contemporâneos
enfatizam a importante ligação entre a reta conduta Cristã e a autêntica crença
cristã.Hans Urs von Balthasar, por exemplo, identifica Cristo como a “norma
pessoal e concreta”5 da vida moral. Isto quer dizer, entre outros, que sem uma
efetiva união com Cristo, nenhuma pessoa humana pode, na prática, atingir a
perfeição da vida moral que conduz à beatífica companhia com a Trindade, os
anjos e os santos.Para mais, “é Cristo,
o novo Adão, que plenamente desvenda a própria humanidade e desdobra o Seu
nobre chamado revelando o mistério do Pai e do amor do Pai”.6Por outras palavras, apenas a pessoa que abraça uma vida cristã de
virtudes vive inteiramente de acordo com a norma da verdade moral que Cristo, a
“imagem do Deus invisível,” comunica ao mundo, e em Cristo realiza a perfeição
da natureza humana.Por um lado, devido à
sua inteligência superior, os anjos conhecem os divinos mistérios do mundo com
grande clareza. Nós, por outro lado, conhecemos as verdades da fé sombriamente,
isto é, apenas pela crença na Palavra de Deus, Primeira Verdade.7 E por causa da
escuridão moral que caracteriza o pecado no mundo, as verdades da fé acerca da
conduta humana parecem por vezes obscuras para a pessoa que ainda deve aprender
a apreciar a medida espiritual que Cristo estabelece para vida humana.Certamente, uma ponderação contemplativa mais profunda da verdade
revelada — um esforço na fé para ver mais claramente o que os anjos bons vêem
na “manhã” quando tudo aparece na “imagem perfeita” — forma a característica
básica do dinamismo da vida Cristã.
Significa
isto, então, que o conhecimento da fé apenas pode fornecer instrução moral para
o crente Cristão?
Tradicionalmente, a
Igreja dá uma resposta negativa a essa questão. A razão humana — a que está
inerente a capacidade e o objeto próprio — não está abrogada pelo dom da fé. O
ser humano, alumiado pela fé em Cristo continua a englobar o mundo com a sua
capacidade racional de inteligência. E para que se possa compreender plenamente
o esplendor da vida Cristã, é importante conhecer as razões porque o
conhecimento humano autêntico ajuda a crença Cristã, especialmente em matérias
que concernem a própria conduta da vida humana. O fato de a razão
preservar todo o seu vigor no contexto da vida cristã indica um papel genuíno
para a filosofia dentro de uma compreensão cristã do mundo e da pessoa humana.
Nas suas Gifford Lectures (1931-32),
Étienne Gilson levantou a questão da filosofia Cristã:
“Eu chamo Cristã a toda a filosofia que,
apesar de manter as duas ordens formalmente distintas, considera a revelação
Cristã um auxiliar indispensável para a razão”.8 Quer nós aceitemos ou não esta
proposta especifica, Gilson deixa ao menos uma noção de como a crença Cristã
pode considerar o esse rerum, o ser das coisas, de um ponto de vista
formalmente distinto daquele da fé divina. E se essa procura pessoal por
sabedoria se desenvolve num inquérito intelectual, nós podemos justamente
chamar à pessoa que o pratica um filósofo Cristão. O conhecimento filosófico
demanda esse rerum quod in propria natura habent, isto é, busca desvendar as naturezas
próprias que as coisas têm nelas mesmas. Apesar da filosofia poder apenas
conseguir um conhecimento limitado da natureza das coisas, o ensinamento
filosófico ainda representa um esforço discursivo da parte da pessoa humana a
fim de obter o que os anjos vêm ao escurecer, um “conhecimento da realidade
criada enquanto existente na sua própria natureza.”
A Igreja, cada vez mais, incentiva este
esforço, e ela fá-lo baseada em São Paulo:
“Com efeito, o que é invisível
nele — o seu eterno poder e divindade — tornou-se visível à inteligência, desde
a criação do mundo, nas suas obras” (Rm 1, 20).
O
Cristão sabe que há limites para os “princípios e as causas” que os filósofos
procuram!
A “filosofia
primordial” de Aristóteles, na realidade, convida-nos a contemplar a existência
da mais alta verdade, embora os poços que alcançaram esta meta obtiveram apenas
um oblíquo, inferencial conhecimento deste último princípio; isto é, um
conhecimento da dependência dos seres criados de uma única, fonte que todas as
pessoas chamam Deus.9 Devido a ter
explorado extensivamente a diferença entre o Deus dos filósofos e o Deus de
Abraão, Isaac e Jacó, São Tomás de Aquino oferece uma nota
incaracteristicamente acabrunhada acerca daquelas pessoas que se apóiam apenas
na razão para descobrir a verdade acerca da existência humana.Porque Aristóteles viu que não há nenhum outro conhecimento humano nesta
vida exceto através das ciências especulativas, ele sustentou que o homem não
pode atingir uma completa, mas apenas uma relativa felicidade. Com isto fica
claro o que o nobre gênio entre os filósofos experienciou no curso do seu
tempo.10 Mas enquanto o
Cristão escapa a esse triste estado, ele ou ela precisam experimentar alguma
frustração dos filósofos. Como um teólogo aponta, “se o homem não estabelece um
contato definitivo com Deus a um ponto que não é graça (no sentido teológico da
palavra), então o Deus que se revela não se pode endereçar ao homem de modo
significante.Daí, a solene declaração da Igreja que a existência de Deus pode ser
naturalmente conhecida (Dz 3004, 3026) e que a alma humana é imortal (Dz
1440)”.11Quando a Igreja
defende a dignidade do chamado humano e restaura a esperança para aqueles
desconsolados de qualquer destino mais alto, ela reconhece que a sua mensagem atingiu
o mais profundo do coração humano. Ao mesmo tempo, por causa do sobrenatural
senso de fé, o Povo de Deus recebe uma verdade que excede a capacidade do
conhecimento humano, a verdade que os liberta (Cf. Jo 8, 32). Retornemos à distinção que Santo Agostinho e São
Tomás de Aquino fizeram entre o conhecimento matutino e vespertino dos anjos —
o seu cognitio matutina e vespertina — a fim de ver que aplicação pode ter na
ética teológica.
O
Aquinate explica a base para distinguir os dois tipos de conhecimento angélico
da seguinte maneira:
Para o ser das coisas
deflui do Mundo como de um primeiro (ou primordial) princípio, e esta efusão
termina no ser das coisas o que elas possuem em sua própria natureza.São Tomás fala de um
“defluir” que se espalha da fonte criativa de todas as coisas em Deus e termina
na variedade de naturezas criadas que existem no mundo.12 A expressão da
verdade divina assemelha-se a este fluir do ser. No ponto de vista do Aquinate,
encontra-se a inesperada compleição da metafísica na revelação Cristã.Através da revelação
divina, Deus comunica um conhecimento da realidade como ela existe no Seu
Filho, mesmo apesar de os crentes ainda gozarem da capacidade de adquirir um
conhecimento das coisas reais como elas existem nelas próprias.O filósofo americano vai ainda tão longe de afirmar que “a teologia
revelada promete uma visão dos princípios que o metafísico busca, e até mesmo
deseja”.13
1 De Sacramentis Bk
1, chap. 5, no. 19 (PL 176: 254).
2 Summa theologiae Ia
q. 58, a. 6.
3 Ibidem.
4 Origen, Commentary on the Song of Songs, Bk 1, in Origen, The Song of
Songs: Commentary, trans. R. P. Lawson (Ancient Christian Writers, vol. 26;
Westminster, MD and London, 1957), p. 89.
5 Hans Urs von Balthasar, “Nine Theses in Christian Ethics”, in
International Theological Commission: Texts and Documents 1969-1985, ed,
Michael Sharkey (San Francisco, 1989), p. 108.
6 Gaudium et spes,
nº. 22.
7 O Aquinate chega a
especular se os anjos possuem essa claridade acerca das verdades da fé mesmo
antes da sua confirmação na glória (ver Summa theologiae IIa-IIae q. 5, a. 1).
Em qualquer caso, a distinção de Santo Agostinho refere-se ao que os anjos
conhecem após a sua irreversível escolha de amor a Deus.
8 The Spirit of Medieval Philosophy (New York, 1940), p. 37.
9 Cf. In De Trinitate Bk 5, chap. 4.
10 Contra gentiles Bk III, c. 48.
11 Edward Schillebeeckx, Revelation and Theology, vol. 1 (New York,
1967), pp. 154, 155.
12 Porque ele afirma
firmemente a total implicação da doutrina Cristã da criação ex nihilo, São
Tomás reconhece que toda a natureza criada possui mas nunca extingue o seu
próprio ato de ser. A grande contingência dos seres criados deriva da tênue
afirmação que têm na existência, onde quer que a divina omnipotência e
infinitude repousem na identidade da essência e existência que pertence
unicamente a Deus. Por outras palavras, a explicação do Aquinate acerca do
“defluir” permanece livre de emanacionismo ou outra conotação panteísta.
13 Mark D. Jordan, Ordering Wisdom:The Hierarchy of Philosophical
Discourses in Aquinas (Notre Dame, IN, 1986), p. 178. Jordan explica mais
tarde esta conexão: “Se há uma diferença metodológica entre metafísica e
teologia, não haveria então uma segregação material delas nos textos (de São
Tomás). O discurso da metafísica não está encerrado em algum ponto abaixo da
teologia na hierarquia das ciências. O leitor passa imperceptivelmente de um
discurso para outro. De fato, não é como se estivéssemos a passar ao lado da
metafísica, mesmo se alguém sabe que a metafísica, enquanto ela mesma, não pode
prover a necessidade de um estágio mais alto. Pelo contrário, encontra-se a
inesperada compleição da metafísica na revelação” (p. 177).
Fonte: In: Lumen Veritatis, nº5 - Este texto foi publicado com a gentil permissão do corpo editorial da AMATECA series of Handbooks of Catholic Theology e foi traduzido pelo Pe. Colombo Pires E.P. da edição inglesa do Father Cessario’s Le Virtù (Milan 1994) - [Romanus Cessario, O.P. The Virtues, Or the Examined Life (London/New York: Continuum, 2002)].
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