Em primeiro lugar, é preciso entender o significado de palmas e aplausos: "Palmas não são sinônimos de deboche", mas de aprovação e louvor!
A carta encíclica "Ecclesia de Eucharistia de São João Paulo II" nos remete a esta verdade:
A frase seguinte do Papa S. João Paulo II trata de
explicar em que sentido a ressurreição se faz presente:
O mesmo Santo Papa, havia dito um pouco antes na mesma encíclica:
Talvez a frase seguinte pudesse corroborar a tese
de uma renovação mística da Ressurreição (de si, sem sentido, como já falamos):
Seria interessante, para a reflexão
presente, buscar esclarecer o conceito de “memorial”
Uma das quatro Constituições dogmáticas, a Sacrossanctum Concilium do Concílio Vaticano II, menciona o “memorial”
Tudo o que Cristo realizou foi pela redenção dos homens: Sua
morte, ressurreição e glorificação! O conjunto da obra redentora, é motivo sim, de todo nosso louvor!
Podemos concluir, retomando o ponto de partida dessa reflexão, que a vida, Paixão, morte e Ressurreição de Jesus se fazem presentes na Missa!
Por isso, na resposta dos fiéis ao Mysterium fidei, usa-se duas
expressões diferentes e complementares:
Vamos ao que diz a palavra de Deus e o Magistério da Igreja:
"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós"(João 1,14).
"A palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4, 12).
Aplaudir pois a Palavra de Deus é aplaudir o verbo de Deus Vivo no meio de nós, como palavra de Salvação a qual deve ser alegremente acolhida! (conforme Neemias 8,1-11).
Não se lembram também, de como o rei Davi dançou diante da Arca da Aliança (1Cr 15)?
Quem se escandalizou de sua atitude foi Mical que "viu o rei Davi saltar e dançar e, em seu coração, o desprezou" (1Cr 15,29).Quanto à alegação de que a missa é só sacrifício, isto uma meia-verdade e desonestidade intelectual.
Na missa celebramos a sua vida, paixão, morte, ressurreição, ascensão e glorificação em nosso favor, de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: "Recordamos, ó Pai, neste momento, a paixão de Jesus, nosso Senhor, sua ressurreição e ascensão…" (Oração Eucarística V).
Por isso, após a consagração, aclamamos Cristo vivo e ressuscitado, no meio de nós, e não um cristo apenas morto!
Esta não é a maneira apenas minha de entender, mas também do papa São João Paulo II: "Na Liturgia, especialmente na Eucaristia, celebra-se a realidade fundamental da Páscoa: morte e ressurreição de Jesus Cristo..." (João Paulo II, Diretrizes aos Bispos do Brasil, Loyola, 1991, p. 44).
E tem mais! Na última Ceia os apóstolos (exceto Judas, que abandonou o recinto antes) entoaram cânticos! (cf. Mt 26,30 e Mc 14,16).
E se isto o incomoda ao tradicionalismo engessado que não gosta, passem a analisar melhor de que lado estão?
Na
entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, eram os fariseus que queriam fazer calar o
povo, e diziam a Jesus: "Mestre, repreende os teus discípulos! Ele
respondeu: Eu vos digo: se eles se calarem, as pedras gritarão!"(Lc 19,
39-40).
Na Santa Missa ao se afirmar que se anuncia e se celebra apenas
"a morte do Senhor", há aí a afirmativa apenas de um fato, portanto,
uma meia verdade, pois se omite propositalmente outros de igual relevância,
pois os textos tanto de Trento como do Vaticano II não diz que na missa se
anuncia tão-somente e exclusivamente a morte do Senhor, mas também, outros
fatos tais como: a sua ressurreição, ascensão e glorificação a direita do Pai
em nosso favor!
E citando o Concílio de Trento, lembramos um argumento a nosso favor que defendemos o aplauso, bem como, a sadia e oportuna dança litúrgica!
No Cânon nº 3 do Concílio de Trento recomenda-se o "louvor", coisa que os tradicionalistas, Rad Trads, sedevacantista e afins, têm verdadeiro pavor e ojeriza, pois não gostam, o que é uma pena!
Como inicialmente exortamos: "Não é uma mera questão de pode, ou não pode!Mas, por que? E para que?"
Realmente, em alguns momentos da celebração eucarística seria inoportuno e quase um sacrilégio bater palmas nesses três momentos:
-No ato penitenciail (ainda que cantado cantado).
-Na elevação do corpo e sangue do Sr.
-No recolhimento da assembléia após a distribuição da Santa Eucaristia (com cântigo motivacional de ação de graças).
Mas, existem sim,
durante a celebração da Santa Missa (quando os cânticos são
apropriados, e os tempos litúrgicos favorecem, exetuando a Quaresma), momentos em que podemos sim bater
palmas, tais como:
1)-No cântico de entrada (excetuando-se o tempo quaresmal, bem como também, para os momentos abaixo).
2)-Na liturgia da palavra (antes da aclamação e proclamação do Evangelho - como Boa Nova acolhida)!
-No Santo (Hosana).
-No glória.
-No abraço da paz !
-E no cântico final, nos motivando alegremente para anunciar a BOA NOVA após o imperativo Ide!
Jesus entra entra em Jerusalém de forma humilde, montado num jumentinho, mas triunfal, com cânticos de alegria, vivas e palmas! É assim que iniciamos a Santa Missa com a procissão de entrada, alegres e jubilosos! Jesus inicia seu ministério convindado-nos ao arrependimento e conversão, é o ato penitencial. Jesus passa por momentos de dor e sofrimentos, e finalmente é crucificado e elevado na Santa Cruz, é a oração eucarísrica. Jesus vence a morte e ressuscita triunfante e glorioso, são os vibrantes e gloriosos momentos do Santo/Hozana, o Glória, e o abraço da paz! Por fim, Jesus sobe aos Céus de forma gloriosa e nos envia em Missão, alegres! Não tristes, a anunciar o evangelho, aqui entram os alegres cânticos motivacionais de despedida e motivação para evangelizar! É assim que devemo sair da missa: motivados, fortalecidos pelo pão da palavra e Eucaristia que vamos em missão, anuncia-lo e testemunha-lo com toda alegria, confiantes na Ressurreição, no auxílio do Espírito santo, o Paráclito, e no prêmio da Vida Eterna para quem perseverar assim até o fim!
Ide, Anunciai
(Eliana Ribeiro)
Eu te escolhi antes que fosse formado no seio de tua mãe,
Olhei por tua infância, te recobri com meu amor,
Olhei por tua juventude, para que o mal não pudesse te tocar,
Te formei, te consagrei, chegou a hora minha luz vai brilhar em ti
Ide, anunciai, o evangelho entre as nações,
Para levar, o meu amor aos corações
Usai os dons do céu,
E vos deixai tomar, pelo poder do meu Santo Espírito,
Ide, anunciai!
Não olhei o teu passado, nem os erros que cometeste,
Não te escolhi pelo que és, mas te escolhi porque em ti eu sou,
Eu vou te purificar, cada vez que eu te enviar, pois,
Te formei, te consagrei, chegou a hora minha luz vai brilhar em ti,
Ide, anunciai, o evangelho entre as nações,
Para levar o meu amor aos corações,
Usai os dons do céu,
E vos deixai tomar, pelo poder do meu Santo Espírito,
Ide, anunciai!
O QUE DIZ O "MAGISTÉRIO OFICIAL DA IGREJA" SOBRE ESSES ASSUNTOS AQUI ABORDADOS?
-“Pela
encarnação de Deus em nossa história, em Jesus de Nazaré, o corpo tornou-se “sacramento
de Deus” e, na liturgia, o corpo humano deve encontrar lugar para expressar
essa sua sacramentalidade. A liturgia, assim, está repleta de posturas e gestos
corporais, que realizados com decoro e simplicidade, expressam seus
significados divinos...” (Sacrosanctum Concilium, nº 30; Instrução Geral sobre
o Missal Romano, nº 42; CNBB, Documento 43 sobre a Animação da Vida Litúrgica
no Brasil, nº 83).
-“Em
certos povos, o canto é instintivamente acompanhado do bater de mãos, de
movimentos ritmados e de passos de dança dos participantes. Tais formas de
expressão corporal podem ter lugar na ação litúrgica desses povos, na condição de serem
sempre expressão de uma verdadeira e comum oração de adoração, de louvor, de
oferta ou e súplica e não mero espetáculo” (4º Instrução da Congregação
para o Culto Divino, A Liturgia Romana e a Inculturação, nº 42).
Até o ritual brasileiro do
Batismo de Criança, aprovado pela mesma Congregação, aconselha as danças
litúrgicas:
“pode-se também trazer até
a fonte do batismo a água acompanhada com cantos e danças” (RBC, nº 64).
O QUE DIZ A "Sacrosanctum Concilium" DO CONCÍLIO VATICANO II?
-SC-123. A Igreja. nunca
considerou um estilo como próprio seu, mas aceitou os estilos de
todas as épocas, segundo a índole e condição dos povos e as exigências dos
vários ritos, criando deste modo no decorrer dos séculos um tesouro artístico que deve ser
conservado cuidadosamente.
-“A Igreja aprova e admite no culto todas as formas
de arte autêntica que estejam dotadas das devidas qualidades” (SC 112).
A instrução sobre Liturgia
e Inculturação, "Varietates legitimae" [VL] (1994), da Congregação para o Culto e
a Disciplina dos Sacramentos, afirma:
“Entre alguns povos, o
canto é instintivamente acompanhado por palmas, balançados rítmicos ou
movimentos de dança, por parte dos participantes. Tais formas de expressão
corporal podem ter lugar nas ações litúrgicas desses povos, com a condição de
que sejam sempre a expressão de uma verdadeira oração comunitária de adoração,
de louvor, de oferenda e de súplica, e não um simples espetáculo” (VL 42).
Afirma ainda A "Varietates legitimae" [VL] (1994), da Congregação para o Culto:
“A diversidade de alguns
elementos das celebrações litúrgicas é fonte de enriquecimento, desde que
respeite sempre a unidade substancial do Rito romano, a unidade de toda a
Igreja e a integridade da fé que foi transmitida aos santos de todos os
tempos” (cf Jd 3; VL 70).
CONCLUSÃO:
O louvor
e a adoração a Deus não nos foi dada para ser um mero engajamento intelectual
com as verdades bíblicas. Também, não se limita a uma resposta emocional
interior. Deus criou os nossos corpos para glorificá-lo
(1 Cor 6,20). Todo nosso ser é uma expressão de louvor
e adoração a Deus!
Nós Cristãos não compactuamos com uma
espiritualidade gnóstica que minimiza ou nega a importância do corpo na
verdadeira espiritualidade (Rm 12,1; Flp 1,20.)
Deus nos
ordena a amá-lo com todo o nosso coração, alma, mente e
"forças" (Lucas 10,27). Isso certamente inclui o corpo que ele nos
deu. Muitas das palavras que traduzem como “adoração” em
grego e hebraico contém a idéia de movimento corporal.
As duas
palavras mais proeminentes – histahawah no Antigo Testamento, e proskynein no
grego – dão a idéia de dobrar-se na cintura ou curvar-se como uma expressão de
homenagem e reverência. Além disso, a expressão física é vista e modelada
de forma espontânea nas Escrituras como uma maneira de dar glória a Deus. (Jó
1,20; Sl 47,1; Sl 95,6).
Essas
expressões incluem bater palmas, cantar, se curvar, ajoelhar, levantar as mãos,
tocando instrumentos, dançando, e de pé em reverência (Sl 47,1; Efe 5,19; Sl 95,6;
Sl 134,2; Sl 33,1; Apoc 15,2; Sl 149,3; Sl 22,23). Alguns
apontaram que o Novo Testamento contém poucas referências a expressão física:
ajoelhado, cantando e erguendo as mãos, etc. No entanto, não é facilmente
perceptível que as respostas corporais presentes no Antigo Testamento foram
substituídas ou cumpridas pelo trabalho sacerdotal de Cristo, e que agora
devemos fazer tudo de forma mental ou “espiritualizada” (Ex.:
meu interior está aplaudindo e clamando em alta voz este momento!?).
Em vez disso, precisamos procurar aplicar esses
princípios de uma maneira que realmente honre a Deus e edifique a sua
igreja!
Digo e
repito que em liturgia não é uma mera questão de pode, ou não pode, mas, de por
que? E para que? Para isso devemos com firmeza, doutrina e convicção,
ensinar nossas comunidades que a expressão física é apropriada sim na
liturgia! Nós não somos e não vivemos como espíritos
desencarnados sem um corpo! Deus quer que usemos também o nosso corpo para
adora-lo (Sl 16,9).Pois tudo que Ele fez é bom! E tudo em nosso
corpo é uma expressão de louvor a Deus, e nosso corpo nos ajuda a expressar
isso.
Mas como e quando?
Nós
simplesmente não vamos agora dizer às pessoas para “cantar como eles querem”,
ou ” que pulem e gritem o máximo para Jesus oportuna e inoportunamente, NÃO! Nosso Deus é um Deus de ordem, e não de caos (I Cor 14,33).
Forçar de
forma imprudente uma resposta física pode produzir um afeto artificial e realmente
acaba sendo algo que não brota de um coração que deseja louvar a Deus. No entanto, é claro que nas
Escrituras Deus espera que usemos nosso corpo para glorificá-lo (Mc 5,6;João 9,
38-40; João 20,28). Jesus é infinitamente glorioso, desejável,
bom e digno de nossos afetos mais puros e mais fortes.
*Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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Perdão, fiquei um pouco confusa, então não pode bater palma?
Amada irmã Sara,
Não só pode como deve, claro respeitando os momentos oportunos: No canto de entrada, no glória, na aclamação do evangelho e no canto final.
Shalom !!!
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