(foto reprodução)
*Por Ivanaldo Santos - BRASíLIA, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org)
O que fazer?
O quadro que foi apresentado
anteriormente, de forma resumida, demonstra que a soberania dos países
latino-americanos e de outras regiões do planeta está em perigo. Ela é
sumariamente ignorada pelos grupos de pressão pró-aborto que, se utilizando de
amplo capital em dinheiro e de grande estrutura internacional, desejam a
qualquer custo implantar, incentivar e promover o aborto no continente latino.
Essa promoção fere tanto os valores democráticos como a soberania das nações. No entanto, como salienta Gonzalo
Miranda[1], não se deve desanimar diante dos obstáculos, por maiores que sejam
as dificuldades deve-se sempre vê-las com otimismo.
O motivo é que
desde sua fundação, há mais de 2.000 anos, a Igreja sempre foi perseguida e, ao
mesmo tempo, sempre esteve ao lado dos mais fracos e oprimidos. Apesar disso
ela sempre conseguiu vencer as dificuldades, as perseguições e as barreiras
sociais.Além disso, é preciso perceber que
“atualmente quase não há uma única voz que se levanta para defender os valores
religiosos e culturais dos povos do mundo! A ONU está calada, líderes democráticos e até mesmo da
esquerda internacional nada dizem. A grande exceção é a Igreja Católica e o
Papa. O pontífice tem feito reiterados
pronunciamentos alertando para o perigo da morte da democracia e, por
conseguinte, de ser imposta uma agenda, para as nações, que fere gravemente
seus valores religiosos e culturais[2]”. O aborto emerge como centro dessa
agenda e, por conseguinte, a Igreja como sendo a grande oposição.
Diante de tudo que foi exposto apresenta-se 9 estratégias
para combater a política de imposição do aborto e, ao mesmo tempo, fortalecer a
democracia e a soberania das nações:
1) Melhorar a formação dos noviços,
seminaristas e outras categorias de estudantes clericais católicos. Por
incrível que pareça muitos seminaristas se formam e são ordenados padres e não
conhecem a doutrina da Igreja sobre a vida e a dignidade da pessoa humana. O
combate à cultura da morte e ao aborto passa obrigatoriamente por uma formação
mais aprofundada para os candidatos a vida religiosa.
2) Melhorar a pastoral desenvolvida
por bispos, padres, religiosos e líderes leigos católicos. A Igreja tem uma
grande inserção social, mas, às vezes, a formação visando a promoção da
dignidade humana deixa a desejar. É preciso investir em uma pastoral pró-vida e
pró-família que apresente claramente, sem rodeios, a doutrina da Igreja e o
Evangelho.
3)Investir na formação dos leigos.
Essa tem que ser uma das metas da Igreja na América Latina. Se muitas vezes o
discurso pró-aborto ganha algum espaço na sociedade, isso se dá, em parte, pela
má formação que os leigos católicos possuem. A formação laical tem que ser uma
meta concreta da Igreja na América Latina.
4) Utilizar a
estrutura da Igreja para promover o valor da vida e a dignidade da pessoa
humana. É preciso ver que a Igreja tem uma das melhores estruturas do
continente latino-americano. A Igreja possui hospitais, universidades, escolas,
centros sociais, espaços culturais, museus, teatros e outros locais de
convivência social. É preciso utilizar essa gigantesca estrutura em prol da
valorização da vida, do combate ao aborto e outros males oriundos da cultura da
morte.
5) Maior
presença na mídia. Se há um erro que a Igreja na América Latina tem insistido
em cometer é ignorar a necessidade e a importância dos meios de comunicação. A
Igreja precisa utilizar os meios de comunicação, de forma ética, para anunciar
o Evangelho e, por conseguinte, desmascarar toda a corrupção que existe por
trás do aborto. Sobre o
valor do Evangelho, incluindo seu anuncio por meio da mídia, Salvino Leone
enfatiza que o “Evangelho afirma com absoluta evidência não apenas o direito à
vida, mas também a sua prioridade em relação aos outros direitos. Tudo isso foi
formulado no conceito de sacralidade da vida. Tal conceito tornou-se uma
verdadeira matriz de pensamento, dualisticamente oposta àquela de qualidade de
vida. Os dois critérios fundamentais sobre os quais se baseia a ética da
sacralidade da vida são: atribuição de igual valor a todas as vidas humanas
(independentemente das suas caracterizações qualitativas) e a consideração da
vida como o mais alto dos valores humanos”[3].
6) É preciso haver padres
especializados na defesa da vida e da família. As dioceses e demais circuncisões
eclesiásticas católicas precisam formar e ter em seus quadros padres que se
dediquem inteiramente ao trabalho em prol da defesa da vida e da família. Se
isso acontecer, apenas esse simples gesto já será suficiente para melhorar
muito a consciência pró-vida do povo latino-americano. É preciso ter
consciência que por mais que a Igreja Católica seja atualmente demonizada,
ridicularizada pela grande mídia, ela continua sendo a instituição de maior
credibilidade em todo o continente. Os milhões e milhões de dólares gastos pelo
lobby pró-aborto para denegrir a imagem da Igreja diante da opinião
pública, não foram suficientes para desmoralizá-la. Por isso, a presença, em
cada diocese, de um padre que defenda a vida, trará grandes frutos de
consciência pró-vida e rejeição ao aborto e a cultura da morte.
7) Investir na publicação de livros,
panfletos, cartilhas e outras formas de literatura pró-vida e pró-família. Por
incrível que pareça grande parte da literatura que circula na sociedade é
pró-aborto. É preciso reverter esse quadro. É preciso que as editoras e demais
casas de publicação católicas invistam na formação do grande público por meio
de ampla literatura pró-vida e em prol da dignidade da pessoa humana.
8) Maior presença na internet e nas
redes sociais virtuais. Esses são espaços de novas sociabilidades e da nova
evangelização. A Igreja precisa estar atenta a esses novos espaços. Ela deve
saber utilizá-los com sabedoria para propagar a verdade do Evangelho e a
doutrina do valor intransferível da vida humana.
9) Formar e
orientar os políticos e congressistas. Grande parte dos congressistas votam ou
patrocinam propostas pró-aborto por puro desconhecimento da gravidade e dos
males que existem por trás do aborto. É bom recordar que um dos eixos de atuação do lobby pró-aborto
é investir muito dinheiro na sedução e controle da classe política. A Igreja
deve lutar para reverter esse grave quadro. Isso só será possível se ela
investir na formação e orientação dos novos e velhos membros da classe
política. A política, por conseguinte, deve ser uma das preocupações da
Igreja.
É preciso que a Igreja ajude ao cidadão e a sociedade
latino-americana a reconhecerem que o “direito à vida, a existir, é a primeira
e mais imediata expressão da dignidade humana!
E ao mesmo tempo o primeiro e mais
fundamental de todos os direitos humanos, o direito básico e fundante. Sem ele,
desaparecem também os outros porque é, logicamente, o pressuposto
indispensável”[4].Por causa disso a “centralidade da
pessoa humana requer que a sociedade meça o progresso econômico, sobretudo pela
capacidade de promover a pessoa humana. Isso requer que a ética não seja
separada das tomadas de decisões econômicas, mas sim que seja reconhecida”[5].A consequência desse reconhecimento é
um processo mais aprofundado de valorização da vida, da dignidade da pessoa
humana e a negação do aborto e da cultura da morte. Essa negação é a base da
valorização da democracia e da soberania nacional.Por fim, afirma-se
que a luta em prol da legalização do aborto no continente latino-americano
ainda vai durar décadas e talvez atravesse todo o século XXI.Por isso a Igreja precisa redobrar
suas forças e seu empenho pastoral na luta pela valorização de todas as formas
de manifestação da vida humana, principalmente a vida mais frágil, mais
carente, ou seja, o bebê ainda no ventre da mãe. Justamente uma forma de vida
que é alvo de grande discriminação e exclusão por parte de governos, líderes
políticos, empresários e fundações multimilionárias. Por isso é preciso ter
consciência que a defesa da vida e da dignidade da pessoa humana é urgente e
necessária. Não pode ficar para amanhã. A Igreja e todos os cidadãos
latino-americanos não podem deixar de promover e proteger a vida humana e a
soberania das nações e, por causa disso, combaterem o
aborto.
*Ivanaldo Santos é filósofo e
professor do departamento de filosofia e da Pós-Graduação em Letras (PPGL) da
UERN. Livros publicados: Nietzsche: discurso introdutória (Editora Ideia,
2007), Aborto: discursos filosóficos (Editora, Ideia, 2008).
REFERÊNCIAS:
[1] MIRANDA, Gonzalo. Em problema
pastoral de la aplicación de la Humanae Vitae em América Latina. In: Ecclesia,
Revista de Cultura Católica, v. VIII, n. 2, abril-junho 1994, p. 161.
[2] SANTOS, Ivanaldo. O cristianismo
e a morte da democracia. In: In Guardia, Ano I, abril 2012, n. 5, p.
19.
[3] LEONE, Salvino. Mi hai fatto come
un prodígio. Bologna: EDB, 2005,p. 153-154.
[4] Sgreccia, Elio. La bioética
como práxis. Buenos Aires: Editorial de la Universidad Católica Argentina,
2004, p. 34
[5] SCHERER, Cardeal Dom Odilo. Agricultura &
Sociedades Sustentáveis: Segurança Alimentar, Terra e Solidariedade, op.
cit., p. 2.
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