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Análise teológica do texto de 1 João 3, 6: “todo aquele que Nele permanece, não peca"

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 2 de dezembro de 2011 | 02:23







Por *Francisco José Barros Araújo 




Existem diferenças  entre o evangelho e a epístola de João, mas isso não constitui base sobre a qual fundamentar uma teoria de autoria diferente, uma vez que o autor tinha propósitos diferentes ao escrever cada uma dessas obras. Ele provavelmente  escreveu o evangelho para neófitos  e a epístola para Cristãos já convertidos e de caminhada, como costumamos dizer.




No evangelho, os inimigos são judeus incrédulos, na epístola, os inimigos são cristãos professos!





O texto desta análise encontra-se na primeira epístola do apóstolo João 3,6: “Todo aquele que nele permanece não peca. Todo aquele que está no pecado não o viu nem o conheceu.”




O motivo da escolha deste texto é que ele aparenta ter um problema textual!






Usaremos, para análise do texto, o método  HISTÓRICO CRÍTICO:Este visa buscar a verdadeira situação e o contexto psico-sócio-político contemporâneo da passagem bíblica, através do estudo da gramática e da história. A datação das Epístolas Joaninas são determinadas pela datação do quarto evangelho. Conclui-se que estas epístolas de João foram escritas entre 70-90 d.C e talvez a década de 80-90 seria provável. Como o quarto Evangelho, a outra literatura joanina saiu da área da Ásia Menor, que tinha como centro Éfeso. Portanto não há razão adequada para pôr-se de lado a tradição antiga de que Éfeso foi centro do qual a correspondência joanina saiu. 







Apesar da epístola de João ser considerada um escrito pastoral, não obstante, ele tem um propósito polêmico!

 











O propósito de I João é, advertir os leitores acerca do perigo, para a fé cristã, das atividades e ensinos de homens heréticos. Havia, na época do apóstolo João, os hereges do “Gnosticismo”, cuja preocupação era libertar-se da “carne”, que eles consideravam a prisão da alma. O verso 6 trata-se, pois, de uma oposição à doutrina e provavelmente à prática de hereges gnósticos .O propósito imediato desta passagem aponta aos falsos mestres gnósticos. Como temos visto, os gnósticos apresentavam mais de uma razão para justificar o pecado. Diziam que o corpo é mal e que, por isso mesmo, não havia nenhum perigo em satisfazer suas luxúrias e saciar seus prazeres. Estes homens diziam que o homem verdadeiramente espiritual está tão protegido pelo Espírito, que podem pecar para satisfazer a seu coração, sem perigo algum!? Tese que Lutero se apoderou durante a reforma protestante ao dizer: "crer no Sr Jesus e podes pecar a vontade, pois uma vez salvo, salvo para sempre, pois Deus não nos salvou de simples pecadinhos..."












O texto de 1 João 3: 6 sofre diferentes interpretações em diferentes versões no português, algumas dão o sentido de ato isolado, outras, dão o sentido de uma prática contínua , ou também, um estado.





Por exemplo:




Na Bíblia de Jerusalém encontramos: “não peca”.


Na Bíblia Tradução Ecumênica encontramos: “não peca mais”.


Na Almeida Revista e Corrigida encontramos: “não peca”.


Na Nova Versão Internacional encontramos: “não está no pecado”.


Na Bíblia do Peregrino : “ não peca”.




O texto no grego é um verbo que no texto é encontrado estando no  presente do particípio  ativo, nominativo, masculino, singular (da a idéia de ação durativa).







Vejamos o que diz alguns exegetas sobre o texto:

 




1)- Charles F. Pfeiffer: Permanece... não vive pecando. Ambas as palavras estão no tempo presente e indicam o caráter habitual da pessoa. A pessoa que permanece em Cristo não é capaz de pecar habitualmente. O pecado pode fazer parte de sua existência, mas é a exceção, e não a regra. 




2)- Archibald T. Robertson: Não continua pecando. Presente linear (linear, persiste em permanecer) de indicativo em voz ativa de “não persiste em pecar”. Para (permanecer) 2: 6 e João 15: 4-10. Todo aquele que continua pecando. Particípio presente (linear) articular em voz ativa como mais em cima “o que persiste em pecar” vive uma vida de pecado, não meros atos ocasionais de pecado, como seria o sentido de hamartësas (particípio aoristo em voz ativa). Não o viu (expirimentou verdadeiramente). Perfeito do indicativo em voz ativa de se refere naturalmente, a uma visão espiritual, não ao sentido literal de que se dá em 1 João 1, 18; 20, 29.




3)- R. N. Champlin: “...essa frase está vazada no tempo presente, que dá a idéia de uma ação contínua. Portanto fica subentendido o hábito de pecado, e a tradução portuguesa que aqui temos, dificilmente poderia ser melhor. Um Cristão mesmo após o batismo peca, não tenhamos dúvida; mas não vive dominado pelo pecado."




4)- Robert H. Gundry: No terceiro capítulo, a vigorosa linguagem acerca do fato que os crentes não vivem no pecado, não pode denotar impecabilidade, segundo se verifica em confronto com 1 João 1, 8:  “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nó mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (comparar com 1 João 1, 10 e 2, 1). Os verbos no tempo presente, no terceiro capítulo, no original grego, sem dúvida indicam que a conduta dos crentes autênticos não é predominantemente pecaminosa...Ora os gnósticos se jactanciavam de sua “liberdade cristã”, pela qual podiam praticar qualquer coisa que desejassem, incluindo a liberdade de pecar. Como podemos ver, o apóstolo João "não está dizendo que é impossível para um Cristão cometer um ato ocasional de pecado", pois o gnosticismo e sua filosofia perfeccionista estava querendo infiltrar-se na igreja.






5)-Clifton J. Allen: João é exato no uso dos tempos de seus verbos, e a plena força do tempo presente para expressar ação contínua deve ser enfatizada aqui. Além do mais, a força do particípio, para descrever a pessoa envolvida na ação, deve ser aplicada. O resultado é que temos, aqui, a descrição de uma pessoa que continua a cometer pecado, ou, como dissemos, alguém que vive no pecado. Os mesmos princípios se aplicam ao uso do presente do indicativo e do particípio, no decorrer de toda esta passagem. A não ser que os princípios sejam aplicados, descobrir-nos-emos interpretando João como se estivesse ensinando o perfeccionismo, que, na verdade, ele está combatendo, como, por exemplo, na declaração (v. 3-9).  Deve ser notado também, duas coisa interessantes no texto, no Novo Testamento não descreve um ato específico de pecado, descreve sim, o estado do pecado do qual surgem os atos pecaminosos,  e os dois verbos usados por João no texto (ver e conhecer) são comuns ao gnosticismo da época .




6)- Francis D. Nichol:  Ou “não continua pecando” ou “não peca habitualmente”. O apóstolo se refere ao pecado constante, não a quedas ocasionais, que qualquer cristão pode cometer (v. 2,1).




7)- Pe. Luis Alonso Schokel (I João 3,1-10): Fala da tipologia “FILHO DE DEUS”, afirmando no comentário a este capítulo na bíblia do Peregrino: Ora , o tipo Filho de Deus (I João 3,1), por natureza, enquanto tal ( perfeito gegénnetai), não peca, nem pode pecar...Então, como se explica que Cristãos, filhos de Deus, pequem de fato? Porque ainda não está consumada sua natureza (3,2) nem acabada a semelhança, o diabo ainda pode agir neles. A esse eixo se acrescenta a "tensão escatológica, ou seja, entre o já e o não ainda".







Conclusão:







Diante da análise contextual e dos termos gregos principais, concluímos que João não queria ensinar nenhuma teologia perfeccionista para os cristãos primitivos, pelo contrário, estava advertindo-os dos hereges gnósticos. E que quando advertia-os sobre a prática do pecado, não se referia a atos isolados, mas sim à prática contínua na vida do Cristão.Quão importante também é saber que o texto que serviu para combater os dardos do gnosticismo, é o mesmo que revela o remédio para nos libertar da escravidão do pecado. A permanência contínua e ininterrupta (ver/experimentar) em Jesus. O importante para o gnosticismo é o conhecimento (gnosis, a compreensão das realidades que circundam o homem). Para chegar ao conhecimento, o gnóstico se aparta do método experimental, da ciência e apela para a visão de Deus, para uma espécie de superconhecimento. E o gnóstico chegará até a visão através de toda uma ascese, cheia de princípios filosóficos e morais, um dos quais é o célebre “conheça-te a ti mesmo”; é necessária uma iniciação em seus princípios filosóficos, acessível a poucos, se contrapondo ao que o apóstolo Paulo nos revela:









1 Coríntios 2, 3-5: "E foi sob fraqueza, temor e grande tremor que estive entre vós.Minha mensagem e minha proclamação não se formaram de palavras persuasivas de conhecimento, mas constituíram-se em demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé não se fundamente em sabedoria humana, mas no poder de Deus. A sabedoria que vem do Espírito"















*Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17





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FONTE BIBLIOGRÁFICA:







-Francisco De La Calle, A Teologia do Quarto Evangelho (São Paulo: Editora Paulinas, 1978), 16-17.








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12 de novembro de 2018 às 13:36

Na minha de estudo de Almeida revista e atualizada tem: "não vive pecando" e não "não peca".

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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