Como declarou São João Paulo II: “A partir do Concílio Vaticano II, o Espírito Santo suscitou uma primavera na igreja. As flores e os frutos dessa primavera podem ser vistos, sobretudo, nos Novos movimentos e nas Novas Comunidades de vida e Aliança, envolvendo especialmente os jovens que deixam tudo, os prazeres do mundo, a família, para servir a Deus unicamente.”Diante desta declaração, percebemos que o Papa João Paulo II, reconheceu e confiou às Novas Comunidades o anúncio e o testemunho do Evangelho no mundo secular, que hoje vive dominado pelo relativismo, e tantas outras ideologias inseridas no mundo social, profissional, cultural e político.As Novas Comunidades se destacam pelo impulso missionário, fato destacado pelos bispos, conforme Exortação Apostólica Pós Sinodal Verbum Domini, do Santo Padre Emérito Bento XVI: “O Sínodo reconhece, com gratidão, que os movimentos eclesiais e as novas comunidades constituem, na igreja, uma grande força para evangelização neste tempo, impelindo a desenvolver novas formas de anúncio do Evangelho.”Em 14 de maio de 2016, o Cardeal Gerhard Ludwig Muller assinou a carta da Congregação para a Doutrina da Fé, “Iuvenescit Ecclesia” a qual foi dirigida aos Bispos do mundo inteiro e trata os carismas como “dons de importância irrenunciável para a vida e a missão eclesial”, onde os frutos estão acima de qualquer dificuldade. Apesar de ainda não constar claramente nos documentos da igreja a inserção eclesiástica das Novas Comunidades, já podemos perceber a riqueza trazida por estas associações, e constatar que a igreja cada vez mais vem reconhecendo a importância dos fiéis leigos que doam sua vida pelo Reino de Deus, e sem dúvida contribuem para a missão evangelizadora da Igreja e no despertar da fé de muitas pessoas, com ardor missionário e alegria de ser um consagrado.
Ver documento da CNBB que trata sobre esse tema (no link após imagem):
https://pt.scribd.com/document/73330308/CNBB-Igreja-Particular-Movimentos-Eclesiais-e-Novas-Comunidades
MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II AOS PARTICIPANTES NO
SEMINÁRIO DE ESTUDOS SOBRE OS MOVIMENTOS ECLESIAIS E AS NOVAS COMUNIDADES
Senhores
Cardeais
Venerados
Irmãos no Episcopado!
1. Viestes a Roma, provindos de países de todos os continentes, para reflectir juntos sobre a vossa solicitude de Pastores para com os Movimentos eclesiais e as novas Comunidades. É a primeira vez que o Pontifício Conselho para os Leigos, em colaboração com as Congregações para a Doutrina da Fé e para os Bispos, reúne um grupo tão considerável e qualificado de Bispos para juntos examinarem realidades eclesiais, que não hesitei em definir «providenciais» (cf. Discurso no Encontro com os Movimentos eclesiais e as novas Comunidades, n. 7, em L'Osserv. Rom., ed. port. de 6/6/1998, pág. 1) devido aos seus estimulantes contributos oferecidos à vida do Povo de Deus.Agradeço-vos a presença e o empenho neste importante sector pastoral. Manifesto, além disso, aos promotores, ao Pontifício Conselho para os Leigos e às Congregações para a Doutrina da Fé e para os Bispos a minha viva satisfação por esta iniciativa de incontestável utilidade para a missão da Igreja no mundo contemporâneo.O Seminário que vos ocupou nestes dias inscreve-se de facto, felizmente, num projecto apostólico a mim muito querido, que brotou do meu encontro com os membros de mais de cinquenta destes Movimentos e Comunidades, ocorrido a 30 de Maio do ano passado na Praça de São Pedro. Estou certo de que os efeitos da vossa reflexão não deixarão de ser sentidos, contribuindo a fim de fazer com que aquele projecto e encontro dêem frutos ainda mais abundantes para o bem de toda a Igreja.
2. O Decreto conciliar sobre o serviço pastoral dos Bispos assim indica o núcleo mesmo do ministério episcopal: «No exercício do seu múnus de ensinar, anunciem o Evangelho de Cristo aos homens, que é um dos principais deveres dos Bispos, chamando-os à fé com a fortaleza do Espírito ou confirmando-os na fé viva. Proponham-lhes na sua integridade o mistério de Cristo, isto é, aquelas verdades que não se podem ignorar sem ignorar o mesmo Cristo» (Christus Dominus, 12). O anseio de todo o Pastor de alcançar os homens e de falar ao seu coração, à sua inteligência, à sua liberdade, à sua sede de felicidade nasce do próprio anseio de Cristo pelo homem, da sua compaixão por aqueles que Ele comparava a um rebanho sem pastor (cf. Mc 6, 34 e Mt 9, 36) e faz eco do zelo apostólico de Paulo: «Ai de mim se não evangelizar!» (1 Cor 9, 16). No nosso tempo os desafios da nova evangelização apresentam-se não raro em termos dramáticos e impelem a Igreja, e em particular os seus Pastores, à busca de novas formas de anúncio e de acção missionária, mas conforme às necessidades da nossa época.Entre as tarefas pastorais hoje mais urgentes quereria indicar, em primeiro lugar, a atenção às comunidades em que é mais profunda a consciência da graça conexa com os sacramentos da iniciação cristã, da qual brota a vocação a ser testemunha do Evangelho em todos os âmbitos da vida. A dramaticidade do nosso tempo incentiva os crentes a uma essencialidade de experiência e de proposta cristã, nos encontros e nas amizades de cada dia, para um caminho de fé iluminado pela alegria da comunicação. Uma ulterior urgência pastoral que não se pode subestimar é constituída pela formação de comunidades cristãs, que sejam autênticos lugares de acolhimento para todos, na constante atenção às necessidades específicas de cada pessoa. Sem essas comunidades resulta sempre mais difícil crescer na fé e cai-se na tentação de reduzir à experiência fragmentária e ocasional precisamente aquela fé que, ao contrário, deveria vivificar a inteira experiência humana.
3. É neste contexto que se situa o tema do vosso Seminário sobre os Movimentos eclesiais. Se no dia 30 de Maio de 1998 na Praça de São Pedro, ao aludir ao florescimento de carismas e movimentos que se verificou na Igreja após o Concílio Vaticano II, falei de «um novo Pentecostes», quis com esta expressão reconhecer no desenvolvimento dos Movimentos e das novas Comunidades um motivo de esperança para a acção missionária da Igreja. De facto, por causa da secularização que em muitas almas enfraqueceu ou até mesmo extinguiu a fé e abriu o caminho a crenças irracionais, em muitas regiões do mundo Ela tem que enfrentar um ambiente semelhante ao das suas origens.Estou bem consciente de que os Movimentos e as novas Comunidades, como toda a obra que, embora sob o impulso divino, se desenvolve no interior da história humana, nestes anos não despertaram só considerações positivas. Como eu dizia a 30 de Maio de 1998, a sua «novidade inesperada e por vezes até explosiva [...] não deixou de suscitar interrogativos, dificuldades e tensões; às vezes comportou, por um lado, presunções e intemperanças e, por outro, não poucos preconceitos e reservas» (Ibid., n. 6). Mas, no testemunho comum por eles dado naquele dia à volta do Sucessor de Pedro e de numerosos Bispos, eu via e vejo o sobrevir de uma «etapa nova: a da maturidade eclesial», embora na plena consciência de que «isto não quer dizer que todos os problemas tenham sido resolvidos», uma vez que esta maturidade «é, antes, um desafio. Uma via a percorrer» (Ibidem).Este itinerário exige da parte dos movimentos uma comunhão sempre mais sólida com os Pastores que Deus escolheu e consagrou para reunir e santificar o seu povo no fulgor da fé, da esperança e da caridade, porque «nenhum carisma dispensa da referência e da submissão aos Pastores da Igreja» (Christifideles laici, 24). Portanto, o compromisso dos Movimentos é compartilhar, no âmbito da comunhão e missão das Igrejas locais, as suas riquezas carismáticas de modo humilde e generoso. Caríssimos Irmãos no Episcopado! A vós, a quem pertence a tarefa de discernir a autenticidade dos carismas para dispor o seu justo exercício no âmbito da Igreja, peço magnanimidade na paternidade e caridade clarividente (cf. 1 Cor 13, 4), para com estas realidades, porque qualquer obra dos homens necessita de tempo e paciência para a sua devida e indispensável purificação. Com palavras claras o Concílio Vaticano II escreve: «O juízo acerca da sua (dos carismas) autenticidade e do seu uso recto pertence àqueles que presidem na Igreja, aos quais compete de modo especial não extinguir o Espírito mas julgar tudo e conservar o que é bom (cf. 1 Ts 5, 12 e 19-21)» (Lumen gentium, 12), a fim de que todos os carismas cooperem, na sua diversidade e complementaridade, para o bem comum (cf. ibid., 30).Estou convicto, venerados Irmãos, de que a vossa disponibilidade atenta e cordial, graças também a oportunos encontros de oração, de reflexão e de amizade, tornará não só mais amável mas ainda mais exigente a vossa autoridade, mais eficazes e incisivas as vossas indicações, mais fecundo o ministério que vos foi confiado para a valorização dos carismas em ordem à «utilidade comum». Com efeito, é vossa primeira tarefa abrir os olhos do coração e da mente, para reconhecer as múltiplas formas da presença do Espírito na Igreja, as examinar e levar todas a unidade na verdade e na caridade.
4. No decurso dos encontros que tive com os Movimentos eclesiais e as novas Comunidades, ressaltei em várias ocasiões a íntima conexão entre a sua experiência e a realidade das Igrejas locais e da Igreja universal das quais são fruto e, ao mesmo tempo, expressão missionária. No ano passado, diante dos participantes no Congresso mundial dos Movimentos eclesiais, organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos, constatei publicamente «a sua disponibilidade para pôr as próprias energias ao serviço da Sé de Pedro e das Igrejas locais» (Mensagem ao Congresso mundial dos Movimentos eclesiais, n. 2, em L'Osserv. Rom., ed. port. de 6/6/1998, pág. 2). Com efeito, um dos frutos mais importantes gerados pelos movimentos é precisamente o de saber libertar em tantos fiéis leigos, homens e mulheres, adultos e jovens, um vivo impulso missionário, indispensável à Igreja que se prepara para cruzar o limiar do terceiro milénio. Este objectivo, porém, só se alcança lá onde eles «se inserem com humildade na vida das Igrejas locais e são acolhidos cordialmente por Bispos e sacerdotes nas estruturas diocesanas e paroquiais» (Redemptoris missio, 72).O que isto significa em termos concretos de apostolado e de acção pastoral? Foi esta, precisamente, uma das questões-chave do vosso Seminário. Como acolher este dom particular que o Espírito oferece à Igreja no nosso momento histórico? Como o acolher em todo o seu alcance, em toda a sua plenitude, em todo o dinamismo que lhe é próprio? Responder de modo adequado a esses interrogativos faz parte da vossa responsabilidade de Pastores. A vossa grande responsabilidade é não tornar vão o dom do Espírito mas, ao contrário, fazê-lo frutificar sempre mais no serviço ao inteiro Povo cristão.Faço votos de coração por que o vosso Seminário seja fonte de encorajamento e de inspiração para tantos Bispos no seu ministério pastoral. Maria, Esposa do Espírito Santo, vos ajude a escutar aquilo que hoje o Espírito diz à Igreja (cf. Ap 2, 7). Estou perto de vós com a minha solidariedade fraterna, acompanho-vos com a oração, enquanto de bom grado vos abençoo a vós e a quantos a Providência divina confiou aos vossos cuidados pastorais.
Vaticano,
18 de Junho de 1999.
PAPA
JOÃO PAULO II
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI AOS PARTICIPANTES NO II
CONGRESSO MUNDIAL DOS MOVIMENTOS ECLESIAIS E DAS NOVAS COMUNIDADES
Queridos
irmãos e irmãs!
Na
expectativa do encontro previsto para sábado, 3 de Junho na Praça de São Pedro
com os membros de mais de 100 Movimentos eclesiais e novas Comunidades,
sinto-me feliz por vos enviar, representantes de todas estas realidades
eclesiais, reunidos em Rocca di Papa no Congresso Mundial, uma calorosa
saudação com as palavras do Apóstolo: "Que o Deus da esperança vos encha
de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança, pela força
do Espírito Santo" (Rm 15, 13). Ainda está viva, na minha memória e no meu
coração, a recordação do precedente Congresso Mundial dos Movimentos eclesiais,
realizado em Roma de 26 a 29 de Maio de 1998, ao qual fui convidado a dar o meu
contributo, então na qualidade de Prefeito da Congregação para a Doutrina da
Fé, com uma conferência sobre a posição teológica dos Movimentos. Aquele
Congresso teve o seu coroamento no memorável encontro com o amado Papa João
Paulo II a 30 de Maio de 1998 na Praça de São Pedro, durante o qual o meu
Predecessor confirmou o seu apreço pelos Movimentos eclesiais e as novas
Comunidades, que definiu "sinais de esperança" para o bem da Igreja e
dos homens.
Hoje,
consciente dos passos feitos a partir de então pelo caminho traçado pela
solicitude pastoral, pelo afecto e pelos ensinamentos de João Paulo II,
gostaria de me congratular com o Pontifício Conselho para os Leigos, nas
pessoas do seu Presidente, D. Stanislaw Rylko, do Secretário, D. Joseph Clemens
e dos seus colaboradores, pela importante e válida iniciativa deste Congresso
Mundial, cujo tema "A beleza de ser cristão e a alegria de o
comunicar" se inspira numa afirmação minha da homilia de início do
ministério petrino. É um tema que convida a reflectir sobre o que caracteriza
essencialmente o acontecimento cristão: de facto, nele vem ao nosso encontro
Aquele que em carne e sangue, visível e historicamente trouxe o esplendor da
glória de Deus à terra. A Ele aplicam-se as palavras do Salmo 44: "Tu és o
mais belo dos filhos dos homens!". E a Ele, paradoxalmente, fazem
referência também as palavras do profeta: "...sem figura nem beleza.
Vimo-lo sem aspecto atraente" (Is 53, 2). Em Cristo encontram-se a beleza
da verdade e a beleza do amor; mas o amor, sabemo-lo, requer também a
disponibilidade para sofrer, uma disponibilidade que pode chegar até à doação
da vida por quem se ama (cf. Jo 15, 13)! Cristo, que é "a beleza de
qualquer beleza", como costumava dizer São Boaventura (Sermones
dominicales 1, 7), torna-se presente no coração do homem e atrai-o à sua
vocação que é amor. É graças a esta extraordinária força de atracção que a
razão é subtraída ao seu entorpecimento e se abre ao Mistério. Revela-se assim
a beleza suprema do homem que, criado à imagem de Deus, é regenerado pela graça
e destinado à glória eterna.
Ao
longo dos séculos, o cristianismo foi comunicado e difundiu-se graças à
novidade de vida de pessoas e de comunidades capazes de dar um testemunho
incisivo de amor, de unidade e de alegria. Precisamente esta força pôs tantas
pessoas em "movimento" no suceder-se das gerações. Não foi porventura
a beleza que a fé gerou no rosto dos santos a estimular muitos homens e
mulheres a seguir as suas pegadas? No fundo, isto é válido também para vós:
através dos fundadores e dos iniciadores dos vossos Movimentos e Comunidades
individuastes com singular luminosidade o rosto de Cristo e pusestes-vos a
caminho. Também hoje Cristo continua a fazer ressoar no coração de muitos
aquele "vem e segue-me" que pode decidir o seu destino. Isto acontece
normalmente através do testemunho de quem fez uma experiência pessoal da
presença de Cristo. No rosto e na palavra destas "criaturas novas"
torna-se visível a sua luz e ouve-se o seu convite.
Portanto
digo-vos, queridos amigos dos Movimentos: fazei com que eles sejam sempre
escolas de comunhão, companheiros a caminho nos quais se aprende a viver na
verdade e no amor que Cristo nos revelou e comunicou por meio do testemunho dos
Apóstolos, no seio da grande família dos seus discípulos. Ressoe sempre no
vosso coração a exortação de Jesus: "Assim brilhe a vossa luz diante dos
homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que
está no céu" (Mt 5, 16). Levai a luz de Cristo a todos os ambientes
sociais e culturais em que viveis. O impulso missionário é comprovação da
radicalidade de uma experiência de fidelidade sempre renovada ao próprio
carisma, que leva além de qualquer fechamento cansado e egoísta em si. Iluminai
a obscuridade de um mundo transtornado pelas mensagens contraditórias das
ideologias!
Não
há beleza que tenha valor se não há uma verdade a ser reconhecida e seguida, se
o amor se limita a sentimento passageiro, se a felicidade se torna miragem
inalcançável, se a liberdade degenera em instintividade. Quanto mal é capaz de
produzir na vida do homem e das nações a vontade do poder, da posse, do prazer!
Levai a este mundo perturbado o testemunho da liberdade com que Cristo nos
libertou (cf. Gl 5, 1). A extraordinária fusão entre o amor de Deus e o amor do
próximo torna a vida bela e faz florescer o deserto no qual com frequência
vivemos. Onde a caridade se manifesta como paixão pela vida e pelo destino do
próximo, irradiando-se nos afectos e no trabalho e tornando-se força de
construção de uma ordem social mais justa, ali constrói-se a civilização capaz
de enfrentar o avanço da barbaridade. Tornai-vos construtores de um mundo
melhor segundo a ordo amoris na qual se manifeste a beleza da vida humana.
Os
Movimentos eclesiais e as novas Comunidades são hoje sinal luminoso da beleza
de Cristo e da Igreja, sua Esposa. Vós pertenceis à estrutura viva da Igreja,
Ela agradece-vos pelo vosso compromisso missionário, pela acção formativa que
desempenhais de modo crescente sobre as famílias cristãs, para a promoção das
vocações ao sacerdócio ministerial e à vida consagrada que desenvolveis no
vosso âmbito. Agradece-vos também pela disponibilidade que demonstrais ao
receber as indicações operativas não só do Sucessor de Pedro, mas também dos
Bispos das diversas Igrejas locais, que são, juntamente com o Papa, guardas da
verdade e da caridade na unidade. Confio na vossa obediência imediata. Além da
afirmação do direito à própria existência, deve prevalecer sempre, com
indiscutível prioridade, a edificação do Corpo de Cristo no meio dos homens.
Qualquer problema deve ser enfrentado pelos Movimentos com sentimentos de
profunda comunhão, em espírito de adesão aos Pastores legítimos. Ampare-vos a
participação na oração da Igreja, cuja liturgia é a mais alta expressão da
beleza da glória de Deus, e constitui de certa forma um aproximar-se do Céu à
terra.
Confio-vos
à intercessão daquela que invocamos como a Tota pulchra, a "Toda
bela", um ideal de beleza que os artistas sempre procuraram reproduzir nas
suas obras, a "Mulher vestida de sol" (Ap 12, 1) na qual a beleza
humana se encontra com a beleza de Deus. Com estes sentimentos envio-vos a
todos, como penhor de afecto constante, uma especial Bênção Apostólica.
Vaticano,
22 de Maio de 2006.
PAPA
BENTO XVI
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NO III
CONGRESSO DOS MOVIMENTOS ECLESIAIS E DAS NOVAS COMUNIDADES
Sala Clementina - Sábado, 22 de Novembro de 2014
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
É
com prazer que vos recebo por ocasião do Congresso que estais a celebrar com o
apoio do Pontifício Conselho para os Leigos. Agradeço ao Cardeal Ryłko, também
as suas palavras, e a Mons. Clemens. Nestes dias, estão no centro da vossa
atenção dois elementos essenciais da vida cristã: a conversão e a missão. Eles
estão intimamente ligados entre si. Com efeito, sem uma conversão autêntica do
coração e da mente não se anuncia o Evangelho, mas se não nos abrirmos à missão
não é possível a conversão e a fé torna-se estéril. Os Movimentos e as Novas
Comunidades que representais já estão projectados para a fase da maturidade
eclesial, que exige uma atitude vigilante de conversão permanente, a fim de
tornar cada vez mais vivo e fecundo o impulso evangelizador. Por conseguinte,
desejo oferecer-vos algumas sugestões para o vosso caminho de fé e de vida
eclesial.
Antes
de tudo, é necessário preservar o vigor do carisma: que aquele vigor não
esmoreça! Vigor do carisma! Renovando sempre o «primeiro amor» (cf.Ap2, 4). De
facto, com o tempo aumenta a tentação de se contentar, de adormecer em esquemas
tranquilizadores, mas estéreis. A tentação de aprisionar o Espírito: esta é uma
tentação! Contudo, «a realidade é mais importante que a ideia» (cf. Exort. ap.
Evangelii gaudium, 231-233); se é necessária uma certa institucionalização do
carisma para a sua sobrevivência, não devemos iludir-nos que as estruturas
possam garantir a acção do Espírito Santo. A novidade das vossas experiências
não consiste nos métodos nem nas formas, que contudo são importantes; a
novidade consiste na predisposição para responder com renovado entusiasmo à
chamada do Senhor; foi esta coragem evangélica que permitiu o nascimento dos
vossos movimentos e novas comunidades. Se formas e métodos são defendidos por
si mesmos tornam-se ideológicos, distantes da realidade que está em evolução contínua;
fechados às novidades do Espírito, acabam por sufocar o próprio carisma que os
gerou. É preciso voltar sempre à nascente dos carismas e reencontrareis o
impulso para enfrentar os desafios. Não fizestes uma escola de espiritualidade
assim; não fizestes uma instituição de espiritualidade assim; não tendes um
pequeno grupo... Não! Movimento! Sempre a caminho, sempre em movimento, sempre
abertos às surpresas de Deus, que estão em sintonia com a primeira chamada do
movimento, com o carisma fundamental.
Outra
questão diz respeito ao modo de acolher e acompanhar os homens do nosso tempo,
em especial os jovens (cf. Exort. ap. Evangelli gaudium, 105-106). Fazemos
parte de uma humanidade ferida — devemos dizer isto — onde todas as
instituições educativas, especialmente a mais importante, a família, têm graves
dificuldades um pouco em todo o mundo. O homem de hoje vive sérios problemas de
identidade e tem dificuldade em fazer as suas opções; por isso tem uma
tendência a deixar-se condicionar, a delegar a outros as decisões importantes
da vida. É preciso resistir à tentação de se substituir à liberdade das pessoas
e a dirigi-las sem esperar que amadureçam realmente. Cada pessoa tem o seu
tempo, caminha à sua maneira e devemos acompanhar este caminho. Um progresso moral
ou espiritual obtido mediante a imaturidade das pessoas é um sucesso aparente,
destinado a naufragar. Melhor poucos, mas sempre sem procurar o espectáculo! A
educação cristã, ao contrário, exige um acompanhamento paciente que sabe
esperar os tempos de cada indivíduo, como o Senhor faz com cada um de nós: o
Senhor tem paciência connosco! A paciência é o único caminho para amar deveras
e levar as pessoas a uma relação sincera com o Senhor.
Outra
indicação é a de não esquecer que o bem mais precioso, o selo do Espírito
Santo, é a comunhão. Trata-se da graça suprema que Jesus nos conquistou na
cruz, a graça que de ressuscitado pede para nós incessantemente, mostrando as
suas chagas gloriosas ao Pai: «Como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, que
também eles estejam em nós, para que o mundo creia que Tu Me envias-te» (Jo17,
21). Para que o mundo creia que Jesus é o Senhor é preciso que veja a comunhão
entre os cristãos, mas se se vêem divisões, rivalidades e difamações, o
terrorismo dos mexericos, por favor... se se vêem estas coisas, seja qual for a
causa, como se pode evangelizar? Recordai também este princípio: «A unidade
prevalece sobre o conflito» (cf. Exort. Evangelii gaudium, 226-230), porque o
irmão vale muito mais do que as nossas posições pessoais: por ele Cristo
derramou o seu sangue (cf.1 Pd 1, 18-19), pelas minhas ideias nada derramou!
Depois, a verdadeira comunhão não pode existir num movimento ou numa nova
comunidade, se não se integra na comunhão maior que é a nossa Santa Mãe Igreja
Hierárquica. O todo é superior à parte (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium,
234-237) e a parte tem sentido em relação ao todo. Além disso, a comunhão
consiste também em enfrentar juntos e unidos as questões mais importantes, como
a vida, a família, a paz, a luta à pobreza em todas as suas formas, a liberdade
religiosa e educativa. Em particular, os movimentos e as comunidades estão
chamados a colaborar a fim de contribuir para curar as feridas causadas por uma
mentalidade globalizada que põe no centro o consumo, esquecendo Deus e os
valores essenciais da existência.
Por
conseguinte, para alcançar a maturidade eclesial mantende — repito — o vigor do
carisma, respeitai a liberdade das pessoas e procurai sempre a comunhão. Mas
não vos esqueçais de que para alcançar a meta a conversão deve ser missionária:
a força de superar tentações e insuficiências vem da alegria profunda do
anúncio do Evangelho, que está na base de todos os vossos carismas. Com efeito,
«quando a Igreja chama ao compromisso evangelizador, mais não faz do que
indicar o verdadeiro dinamismo da realização pessoal» (Exort. ap. Evangelii
gaudium, 10), a verdadeira motivação para renovar a própria vida, porque a
missão é participação na missão de Cristo que sempre nos precede e acompanha na
evangelização.
Queridos
irmãos e irmãs, vós já destes muitos frutos à Igreja e ao mundo inteiro, mas
dareis outros ainda maiores com a ajuda do Espírito Santo, que suscita sempre e
renova dons e carismas, e com a intercessão de Maria, que não deixa de socorrer
e acompanhar os seus filhos. Ide em frente: sempre em movimento... Nunca vos
detendes! Sempre em movimento! Garanto-vos a minha oração e peço-vos que rezeis
por mim — tenho deveras necessidade disso — e de coração abençoo-vos.
)
[Aplausos...]
Agora peço-vos, a todos, que rezeis a Nossa Senhora, que experimentou esta
experiência de conservar sempre o vigor do primeiro encontro com Deus, de ir em
frente com humildade, mas sempre a caminho, respeitando o tempo das pessoas. E
depois também nunca vos canseis de ter este coração missionário. [Ave Maria...
Bênção...].
A 57ª Assembleia Geral (Abril de 2019) da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil, dedicou parte de seus trabalhos a um documento
sobre as Novas Comunidades.
Dom João Inácio Müller, bispo da Diocese de Lorena (SP) – onde está localizada a Comunidade Canção Nova -, não integra a Comissão de elaboração do texto, mas foi convidado pelo secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, para realizar observações e apontamentos sobre o tema. “O texto das novas comunidades e também dos movimentos eclesiais é um texto que há anos circula nos corredores, é levado à mesa de trabalhos da Assembleia, é analisado, mas nunca recebeu uma chancela oficial dos Bispos da CNBB”, contou o bispo. O documento é uma novidade e foi trabalhado nesta quarta-feira, 8. Segundo Dom João Inácio, o texto confirma que a primeira comunidade surgida no Brasil foi a Canção Nova e, posteriormente a Comunidade Shalom.O fato de as novas comunidades continuarem a surgir foi considerado pelo bispo como um sinal de benção, graça, presença e inspiração da Trindade Santa. “O Espírito Santo continua a suscitar em filhos e pessoas dóceis. Estes se tornam fundadores ou fundadoras de novas comunidades. Essas pessoas, sendo sensíveis, têm a coragem de dar a sua vida para responder a este sopro do Espírito Santo, que é um viés do evangelho”, observou Dom João Inácio, que alertou: “Porém, sempre que esta pessoa tenta não escutar o espírito, ao abrir uma comunidade ou movimento que é só dela e não inspirado por Deus, essa comunidade ou movimento não perdura”. De acordo com Dom João Inácio, ainda hoje muitas novas comunidades não têm conseguido “sobreviver”. “Tenho aqui na diocese de Lorena uma nova comunidade que surgiu e já não existe mais. Então percebemos que algumas iniciativas que as pessoas pensam terem sido inspiradas por Deus não são, não persistem”, comentou.Alguns critérios são necessários para que a Igreja, na pessoa dos bispos, possa discernir se aquela experiência de vida, motivada pelo evangelho, é de fato algo inspirado pelo Espírito Santo, revelou Dom João Inácio. “Um dos critérios é a capacidade de carregar a Cruz, de suportar sofrimentos, críticas. A eclesialidade é outro critério muito importante. Mais um critério é a questão da missão, ela [novo movimento ou comunidade] precisa responder de alguma maneira ao aspecto da evangelização. Deve ter um viés sociocultural, uma inserção ou trabalho ligado aos mais pobres. Deve ser um instrumento ou um espaço que revele e restaure não só no espírito como também na carne do ser humano”, explicou o bispo. O novo documento foi estudado na Assembleia Geral da CNBB deste ano. Dom João Inácio conta que Dom Alberto Taveira, membro da comissão para elaboração do texto, explicou com maior amplitude o tema.
“Ele é, entre nós bispos, o que tem maior consciência, por todo o tempo que ele acompanhou as novas comunidades e pela função que ele tem a nível de Igreja”, completou. De acordo com o bispo, após o documento ser encaminhado aos trabalhos de grupo, ele e Dom Aparecido fizeram inserções.“O texto será entregue à CNBB, para o contexto geral, para que seja dirimido, referendado e aprovado para experimento. Depois teremos um texto oficial e, em cima deste texto, iremos nos mover. Daqui a três ou quatro anos talvez precisemos retomar este texto para colher críticas e observações das novas comunidades”, concluiu Dom João Inácio.
Fonte: Canção Nova
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