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livro de Emicida "Amoras" vandalizado por crente, ou apenas uma outra perspectiva de leitura?

Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 15 de março de 2023 | 13:06

 

 





A crente que “vandalizou” o livro de Emicida e o que podemos aprender disso?

 



Por *Wilson Gomes

 



Nesse momento, em que se fala tanto dos limites da liberdade de expressão e dos controles necessários para se combater o discurso de ódio, ocorreu um episódio muito interessante que pode ser usado como laboratório para a maturidade do debate público sobre tais temas.





Um livro chamado Amoras




Emicida tem um lindo livro infantil chamado Amoras, muito lido e adotado nos lares e escolas do país. É para pequenos leitores, de 5 anos, que, por meio da história de uma menina negra em conversa com o seu pai, são apresentados a elementos das culturas africanas presentes no Brasil e a figuras importante da luta dos afrodescendentes no continente americano. Ocorre que não se pode falar de culturas africanas no Brasil sem mencionar a cosmologia dos iorubas, que sobreviveu apenas graças à resistência e à capacidade de adaptação do culto aos orixás. É assim que os orixás são apresentados, isto é, como parte fundamental da cosmologia de determinados povos africanos que vieram dar no Brasil, nas circunstâncias que todos conhecemos.O livro de Emicida, insisto, não é um livro destinado à catequese ou à conversão religiosa de criancinhas. Mesmo porque, ao contrário das grandes religiões monoteístas, o candomblé jeje-nagô – e as suas derivações e transformações brasileiras – não é uma religião doutrinária, mas iniciática. Quer dizer que os escolhidos para a experiência religiosa plena (e quem escolhe é o orixá) vão sendo introduzidos pouco a pouco aos mistérios e segredos da religião, à medida em que, por meios de ritos, cerimônias e experiências místicas, vão adentrando os arcanos do universo religioso.Numa religião doutrinária, espera-se que as pessoas sejam levadas à experiência religiosa por meio de uma doutrina revelada, escrita em um livro e pregada por alguém – essa é a essência das noções cristãs de “revelação” e de “evangelização”. Em religiões iniciáticas, ao contrário, são as várias camadas da experiência pessoal com o sagrado, conduzida pela mão da sacerdotisa, que levam ao conhecimento. E não o contrário.Por outro lado, saber da cosmovisão de qualquer povo – de seus deuses, mitos, de sua ideia da origem do universo, do lugar do divino, do destino dos homens e da sua visão de mundo – não tem o condão de converter alguém, caso contrário a Ilíada seria considerado um livro religioso.Amoras, em minha opinião, é livro para cuidar da autoestima e da autoconfiança de crianças negras e mestiças – e dos brasileirinhos em geral que reconhecem tudo isso como parte da sua identidade – e não para o proselitismo religioso.




A idolatria detectada




Não foi assim que entendeu uma mãe de Salvador, cristã, provavelmente evangélica, que, tomando-o como um livro religioso, resolveu implementar medidas preventivas para desmascarar os supostos erros ali contidos e evitar que as crianças fossem desviadas por tal doutrina.Na escola de seus filhos, pais se reúnem para comprar livros infantis de uma lista oferecida pela instituição e os colocam na roda de empréstimos para as outras crianças. Pois bem, a mãe comprou Amoras porque, segundo ela, havia pensado que o livro tratasse apenas de questões raciais. Vendo que também mencionava orixás, decidiu que se tratava da apresentação de outro credo e que, como a Bíblia não seria igualmente apresentada, justo seria minorar presumidos danos que uma doutrina que ensinava outros deuses poderia causar às criancinhas. Resolveu entregar o livro que comprara à escola, para ser lido por outras crianças conforme o combinado, mas tomou a providência de glosá-lo com advertências às crianças, denúncias de afirmações que considerava falsas (“é fake news”) e apresentar as fontes que a sua fé lhe diz serem as corretas – livros bíblicos.Já na primeira página, ela reivindica que a doutrina bíblica vale mais do que as anotações sobre os orixás, chamando em causa um par de versículos do livro dos Salmos em que os israelitas contrapõem o Deus de Israel, que está nos céus e pode fazer tudo, aos deuses dos gentios, que, na verdade, são apenas ídolos feitos por mãos humanas – e não falam, não veem e não andam.Depois, indica o livro do Êxodo, no qual Deus diz “Não terás outros deuses diante de mim e não farás para ti imagem de escultura”. Por fim, remete a um trecho da carta de Paulo aos Coríntios em que o apóstolo diz aos cristãos que fujam da idolatria.Quem conhece minimamente o repertório do proselitismo evangélico no Brasil, sabe que se trata das citações bíblicas usadas geralmente para combater os católicos, que desobedeceriam ao preceito bíblico ao manter imagens de Cristo e dos santos em seus templos. Mas que também servem para a função básica de todo crente de qualquer credo, que é afirmar que o deus que ele cultua é não apenas o maior, mas o único deus verdadeiro. Na convicção dela, só existe uma religião, aquela que crê no Deus de Israel, o resto é pura idolatria.Parece-lhe, portanto, da maior importância dizer às criancinhas que os orixás “não são deuses, mas ídolos africanos”, acrescentando que a religião verdadeira, a sua, os considera “anjos caídos”, fórmula eufemística para dizer demônios, claro. Há uma contradição aqui entre serem ídolos e ao mesmo anjos degradados, mas não importa. O que interessa é a admoestação que deveria servir para imunizar os petizes de crer em Amoras: “considerar ídolos como Deuses é praticar idolatria” e sustentar uma crença a partir de uma religião “anticristã” é “blasfêmia”. Também confronta informações históricas, rebatendo que a África seja o berço da raça humana, uma vez que o livro de Gênesis não diz tal coisa. Por fim, denuncia que “ao longo dos anos a história da humanidade e do Brasil vem sendo modificada a fim de esconder a verdade para que vivamos no engano”. E propõe: “Não se limite a uma única versão das histórias”. E crava, ao final: “Eu não recomendo livros religiosos em escolas já que a Bíblia foi retirada de lá”.




Uma matéria sobre vandalismo e racismo




Eis os fatos. Na matéria que narra a história, no G1 Bahia, a repórter já começa afirmando que o livro teria sido alvo de “intolerância religiosa”, depois, que teria sido “vandalizado” e, por fim, menciona que foi um ato de “degradação da obra”. O mote estava dado. Na própria reportagem já consta a declaração de conselheira da OAB da Bahia que categoricamente declara: “Conseguimos perceber de forma muito nítida como o racismo religioso está penetrado em cada linha subscrita”.Nos dias seguintes, houve uma gritaria contra o caso de “racismo religioso” e “crime hediondo” na Bahia, conclamações dos que querem a mãe evangélica processada por racismo e na cadeia e até houve quem reiterasse que as igrejas evangélicas fossem fechadas, como costumam ser assustadores os que mobilizam tochas e chicotes para supostamente defender a tolerância. No meio disso tudo, felizmente, a serena resposta do próprio Emicida, em um vídeo publicado no Instagram, foi um alívio. Ele acerta no tom e no conteúdo: expressa sua tristeza pela intolerância, reitera com tranquilidade a sua intenção, propõe um mundo em que os vários credos sejam capazes de se respeitar, mas nem de longe mobiliza para uma Cruzada. Ao contrário, crê que pode escutar e entender o outro lado, até para reivindicar que quem pede para ser escutado e tolerado também escute e tolere. Tal atitude contrasta com a enxurrada de gente que pediu prisão e punição, ou que percebe “de forma muito nítida” o racismo da mãe protetora evangélica, que enfrentou politicamente um livro que considerou idólatra, a golpes de frases, argumentos e versículos. Não deixa de ser curioso que, para alguns, destruir estátuas não seja vandalismo, mas um statement político, enquanto glosar um livro com contestações baseadas na Bíblia não seja um ato político, mas vandalismo e degradação da obra.




O que isso me faz pensar?




Minha visão de mundo se alinha mais com Amoras e Emicida do que com a evangélica fundamentalista que confundiu cosmologia com doutrinação, e resolveu proteger criancinhas de (certos) livros infantis (será que membros de outras religiões não fazem o mesmo?). Mas não é disso que se trata aqui.




Há duas ordens de consideração a serem feitas:




1)-A primeira diz respeito à tolerância e ao esforço de reconciliação nacional que se impõem nesse momento. Há sentido em arrastar algemada para uma delegacia uma mãe evangélica de criança do ensino fundamental, por crime de racismo, apenas porque ela resolveu usar páginas de um livro para defender politicamente um ponto de vista, que pode até ser errado segundo uma lógica secular, mas que certamente é defendido por boa parte da população das periferias deste país? Ou linchá-la e insultá-la de ignorante, preconceituosa e má, como já o fizeram? E isso com que propósito? Para defender com tochas a tolerância religiosa e racial? Não é contraditório? Além disso, que tipo de mensagem se oferece aos milhões de evangélicos, fundamentalistas ou não, que compõem esse país e que têm sido o fiel da balança nas decisões eleitorais, além de formarem grandes bancadas legislativas para defender a sua agenda? Que iremos atrás de toda mãe superprotetora, de toda pessoa convencida de que só o Deus de Israel é Deus, e de que todos os outros são ídolos, dos que acham que se a Bíblia não consta nas bibliotecas das escolas, então nenhuma outra religião tampouco deveria ser mencionada? Isso não é pedir que eles se entrincheirem cada vez mais, formem bancadas cada vez mais fortes e aí, sim, sejam eles a vir atrás de nós assim que puderem?




2)-Por fim, há o argumento da liberdade de expressão. Será que pessoas que acham que uma mãe evangélica de Salvador deva ser presa por racismo apenas por ter dito que os orixás são anjos caídos seriam capazes de propor normas razoáveis sobre discurso de ódio e limites da liberdade de expressão? E essas normas “razoáveis” seriam capazes de acomodar algum nível de divergência legítima e desacordos permanentes na nossa sociedade, ou apenas a posição dos progressistas seria assumida como respeitável?





CONCLUSÃO:










Ora, o que a mãe evangélica fez foi grafar em 8 páginas de um livro, que ela mesmo comprara, opiniões avaliativas e algumas asserções factuais baseadas em suas convicções! Opiniões, mesmo erradas ou estúpidas, atendem aos interesses e aos direitos da livre expressão, mesmo quando estas constituem juízos impopulares e contra a corrente, mesmo quando envolvem hostilidade a grupos raciais ou religiosos específicos. A liberdade de expressão não foi estabelecida para proteger a opinião progressista numa sociedade progressista, a opinião majoritária e simpática, a opinião epistemologicamente correta, mas a liberdade de pensamento, a diversidade de pontos de vistas, a liberdade humana, enfim. Se citações de uns salmos e epístolas num livro equivocadamente considerado religioso não são protegidas pela liberdade de expressão, o que mais seria? Para pensar...











*Wilson Gomes é doutor em Filosofia, professor titular da Faculdade de Comunicação da UFBA e autor de A democracia no mundo digital: história, problemas e temas (Edições Sesc SP)






Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/crente-livro-emicida/






 

As falsas doutrinas e ideologias devem ser respeitadas, ou toleradas?












Ao respeitarmos as falsas religiões, estamos na verdade respeitando os seus erros! Imagine por exemplo, se um policial respeitasse um ladrão, ou estrupador deixando que ele executasse um crime ?Imagine uma professora dando uma nota 10 a um aluno por respeitá-lo, mesmo que ele fosse merecedor de nota 0 ?Devemos respeitar o direito do assassino assassinar? Do ladrão roubar? Do estuprador violar?Nosso Senhor Jesus Cristo disse aos Apóstolos (e por conseguinte a todos os seus discípulos) "Ide e ensinai o Evangelho a toda criatura".Ele não disse, "ide e respeitai a opinião dos outros". Quem se preocupa com opinião é o IBOP a Igreja prega a verdade doa a quem doer.





Enganamo-nos ao equivaler respeito com amor, ou severidade com maldade!

 

 

 

Respeito é sinônimo de amor? Nem o pai dos burros o dicionário, deve dizer isso, confiram e vejam o real significado de respeito.A severidade de Deus sempre acontecem para que o pecador se arrependa dos seus pecados.Deus, que é um pai amoroso, corrige às vezes severamente aos seus filhos por amor, de forma a que se emendem.







Nosso século clama: "tolerância, tolerância"!

 



 

 





Tem-se como certo que um padre deve ser tolerante, que a religião deve ser tolerante.Meus irmãos, não há nada que valha mais que a franqueza e eu aqui estou para vos dizer, sem disfarce, que no mundo inteiro só existe uma sociedade que possui a verdade e que esta sociedade deve ser necessariamente intolerante.Mas antes de entrar no mérito, distinguimos as coisas, convenhamos sobe o sentido das palavras para bem nos entendermos,assim não nos confundiremos.







A tolerância pode ser civil ou teológica!

 

 


 



A primeira não nos diz respeito e não falarei senão uma pequena palavra sobre ela: se a lei tolerante quer dizer que a sociedade permite todas as religiões porque a seus olhos, elas são todas igualmente boas ou porque as autoridades se consideram incompetentes para tomar partido neste assunto, tal lei é ímpia e atéia. Ela exprime não a tolerância civil como a seguir indicaremos, mas a tolerância dogmática que, por uma neutralidade criminosa, justifica nos indivíduos a mais absoluta indiferença religiosa. Ao contrário, se, reconhecendo que uma só religião é boa, a lei suporta e permite que as demais possam se exercer por amor à tranqüilidade pública, esta lei poderá ser sábia e necessária se assim o pedirem as circunstâncias como outros observaram antes de mim.Deixo porém este campo cheio de dificuldades e volto-me para a questão propriamente religiosa e teológica em que exponho estes dois princípios: primeiro, a religião que vem do céu é verdade e ela é intolerante com relação às doutrinas errôneas; segundo, a religião que vem do céu é caridade e ela é cheia de tolerância quanto às pessoas.Faz parte da essência de toda verdade não tolerar o princípio que a contradiz, pois uma verdade não pode ser e não ser ao mesmo tempo. A afirmação de uma coisa exclui a negação dessa mesma coisa, assim como a luz exclui as trevas. Onde nada é certo, onde nada é definido, pode-se partilhar apenas os sentimentos,não a verdade, e neste caso podem variar as opiniões.Compreendo e peço a liberdade de opinião nas coisas duvidosas: in dubiis, libertas. Mas logo que a verdade se apresenta com as características certas que a distinguem, por isso mesmo que é verdade, ela é positiva, ela é necessária e por conseqüência ela é una e intolerante: in necessariis, unitas. Condenar a verdade à tolerância é condená-la ao suicídio. A afirmação se aniquila se ela duvida de si mesma, e ela duvida de si mesma se ela admite com indiferença que se ponha a seu lado a sua própria negação. Para a verdade, a intolerância é o instinto de conservação, é o exercício legítimo do direito de propriedade. Quando se possui alguma coisa é preciso defendê-la sob pena de ser despojado dela bem cedo.O filósofo de Genebra [Rousseau] disse, falando do Salvador dos homens: "Não vejo que meu divino Mestre tenha formulado sutilezas sobre o dogma". Bem verdadeiro, meus irmãos! Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma, mas trouxe aos homens a verdade e disse: se alguém não for batizado na água e no Espírito Santo; se alguém, recusa-se a comer a minha carne e a beber o meu sangre, não terá parte em meu reino.E disse ainda mais: “ João 14,5: Eu sou o caminho a verdade e a vida e NINGUEM vem ao Pai senão por mim...” - Confesso que nisso não há sutilezas, há verdade, há intolerância com o erro, há exclusão, a mais positiva, a mais franca.E mais, Jesus Cristo enviou seus Apóstolos para pregar a todas as nações, isto é, derrubar todas as religiões existentes para estabelecer em toda a terra a única religião cristã e substituir todas as crenças dos diferentes povos pela unidade do dogma católico.E prevendo os movimentos e as divisões que esta doutrina vai incitar sobre a terra, Ele não se deteve e declarou que tinha vindo para trazer não a paz mas a espada e acender a guerra não somente entre os povos, mas no seio de uma mesma família e separar, pelo menos quanto às convicções, a esposa fiel do esposo incrédulo, o genro cristão do sogro idólatra.O estabelecimento da religião cristã, foi por excelência, uma obra de intolerância religiosa. No momento da pregação dos apóstolos, quase todo o universo praticava essa tolerância dogmática tão louvada.Como todas as religiões eram igualmente falsas e igualmente desarrazoadas, elas não se guerreavam; como todos os deuses valiam a mesma coisa uns para os outros, eram todos demônios, não eram exclusivos, eles se toleravam uns aos outros.Quando aparece o cristianismo (prestem atenção a isso, meus irmãos, são dados históricos de algum valor com relação ao assunto presente), o cristianismo quando apareceu pela primeira vez, não foi logo repelido subitamente.O paganismo perguntou-se se, ao invés de combater a nova religião, não devia dar-lhe acesso ao seu solo. A Judéia tinha se tornado uma província romana. Roma, acostumada a receber e conciliar todas as religiões, recebeu a princípio, sem maiores dificuldades, o culto saído da Judéia. Um imperador colocou Jesus Cristo assim como Abraão entre as divindades de seu oratório, como viu-se mais tarde um outro César propor prestar-lhe homenagens solenes.Mas a palavra do profeta não tardou a se verificar: as multidões de ídolos que viam, de ordinário sem ciúmes, deuses novos e estrangeiros serem colocados ao lado deles, com a chegada do deus dos cristãos, lançam um grito de terror, e, sacudindo sua tranqüila poeira, abalam-se sobre seus altares ameaçados: ecce Dominus ascendit, et commovebuntur simulacra a facie ejus.Roma estava atenta a esse espetáculo. E logo, quando se percebeu que esse Deus novo era irreconciliável inimigo dos outros deuses; quando viu-se que os cristãos, dos quais se havia admitido o culto, não queriam admitir o culto da nação; em uma palavra, quando constatou-se o espírito intolerante da fé cristã, é aí então que começou a perseguição. "Não são criminosos, (diz o historiador Tácito dos primeiros Cristãos), mas são intolerantes, misantropos, inimigos do gênero humano. Há neles uma fé teimosa em seus princípios, e uma fé exclusiva que condena as crenças de todos os povos": apud ipsos fides obstinata, sed adversus omnes alios hostile odium.Assim, meus irmãos, o principal agravo contra os cristãos era a rigidez absoluta do seu símbolo, e, como se dizia, o humor insociável de sua teologia.Se só se tratasse de um Deus a mais, não teria havido reclamações; mas era um Deus incompatível, que expulsava todos os outros: eis porque a perseguição. Assim, o estabelecimento da Igreja foi uma obra de intolerância dogmática. Toda a história da Igreja não é outra que a história dessa intolerância.







Quem são os mártires? Intolerantes em matéria de fé, moral e costumes depravados, que preferem os suplícios a professarem e viverem o erro!

 



 

 


 




O que são os símbolos? São fórmulas de intolerância, que determinam o que é preciso crer e que impõem à razão os mistérios necessários. O que é o Papado? Uma instituição de intolerância doutrinal, que pela unidade hierárquica mantém a unidade de fé.Porque os concílios? Para freiar os desvios de pensamentos, condenar as falsas interpretações do dogma; anatematizar as proposições contrárias à fé. Nós somos então intolerantes, exclusivos em matéria de doutrina; nós disto fazemos profissão; nós nos orgulhamos da nossa intolerância. Se não o fôssemos, não estaríamos com a verdade, pois que a verdade é uma, e conseqüentemente intolerante. Filha do céu, a religião cristã, descendo sobre a terra, apresentou os títulos de sua origem; ela ofereceu ao exame da razão fatos incontestáveis, e que provam irrefutavelmente sua divindade.Ora, se ela vem de Deus, se Jesus Cristo, seu autor, pode dizer: Eu sou a verdade: Ego sum veritas, é necessário por uma conseqüência inevitável, que a Igreja Cristã conserve incorruptivelmente esta verdade tal qual a recebeu do céu; é necessário que ela repila, que ela exclua tudo o que é contrário a esta verdade, tudo o que possa destruí-la. Recriminar à Igreja Católica sua intolerância dogmática, sua afirmação absoluta em matéria de doutrina é dirigir-lhe uma recriminação muito honrável.Se todas as religiões podem ser postas num mesmo nível, é que elas se equivalem todas; se todas são verdadeiras é porque todas são falsas; se todos os deuses se toleram, é porque não há Deus. E se se pode aí chegar, não sobra mais nenhuma moral incômoda.Quantas consciências estariam tranqüilas, no dia em que a Igreja Católica desse o beijo fraternal a todas as seitas suas rivais!Jean-Jacques [Rousseau] o Guru dos Iluministas, foi entre nós o apologista e o propagador desse sistema de tolerância religiosa. A invenção não lhe pertence, se bem que ele tenha ido mais longe que o paganismo, que nunca chegou a levar a indiferença a tal ponto. Eis, com um curto comentário, o ponto principal do catecismo genebrino, tornado infelizmente popular: todas as religiões são boas. Isto é, de outra forma, todas as religiões são ruins.A filosofia do século XIX se espalha por mil canais sobre toda a superfície da França. Esta filosofia é chamada eclética, sincrética e, com uma pequena modificação, é também chamada progressiva. Esse belo sistema consiste em dizer que não existe nada falso; que todas as opiniões e todas as religiões podem se conciliadas; que o erro não é possível ao homem, a menos que ele se despoje da humanidade; que todo o erro dos homens consiste em crer possuírem exclusivamente toda a verdade, quando cada um deles só tem um elo e que, da reunião de todos esses elos, deve-se formar a corrente inteira da verdade. Assim, segundo essa inacreditável teoria, não há religiões falsas, mas elas são todas incompletas umas sem as outras.A verdadeira seria a religião do ecletismo sincrético e progressivo, a qual ajuntaria todas as outras, passadas, presentes e futuras: todas as outras, isto é, a religião natural que reconhece um Deus; o ateísmo que não conhece nenhum; o panteísmo que o reconhece em tudo e por tudo; o espiritualismo que crê na alma, e o materialismo que só crê na carne, no sangue e nos humores; as sociedades evangélicas que admitem uma revelação, e o deísmo racionalista que a rejeita; o cristianismo que crê no messias que veio e o judaísmo que o espera ainda; o catolicismo que obedece ao Papa, o protestantismo que olha o Papa como o anti-Cristo. Tudo isto é conciliável. São diferentes aspectos da verdade. Da união desses cultos resultará um culto mais largo, mais vasto, o grande culto verdadeiramente católico, isto é, universal, pois que abrigará todas as outras no seu seio.






A que ponto de loucura nós então chegamos?



 




 

 

Nós chegamos ao ponto onde deve logicamente chegar todo aquele que não admite o princípio incontestável que estabelecemos, a saber: que a verdade é uma, e por conseqüência intolerante, exclusiva de toda doutrina que não é a sua. E, para juntar em poucas palavras toda a substância deste meu discurso, eu lhes direi: procurais a verdade sobre a terra? Procurai a Igreja intolerante! Todos os erros podem se fazer concessões mútuas; eles são parentes próximos, pois que tem um pai comum: Vos ex patre diabolo estis. A verdade, filha do céu, é a única que não capitula.Sim, Santa Igreja Católica, vós tendes a verdade, porque vós tendes a unidade, e porque vós sois intolerante, não deixais decompor esta unidade.






Cardeal Pie













Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17




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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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