O que é Imperialismo?
O Imperialismo consiste em uma prática de expansão política, cultural, econômica e territorial que parte de uma nação buscando dominar outras. Assim, estados com muito poder, principalmente bélico e econômico, exercem suas forças para conquistar territórios e aumentar sua influência sobre outras regiões do globo. Dessa forma, não apenas as nações imperialistas buscam ampliar sua influência, mas sim manter o controle sobre outros territórios, influenciando a política interna e a forma como os povos dominados se relacionam internacionalmente.
Como surgiu o Imperialismo?
Quando ouvimos a palavra Imperialismo, naturalmente o termo “Império” já vem à mente. E é exatamente esse tipo de organização, como o Império Romano e o Egípcio, que exemplifica bem as práticas de uma nação imperialista. Entretanto, essa prática sofreu algumas modificações ao longo dos séculos, adaptando-se à evolução da organização internacional. Dessa forma, apesar de ser possível falar de impérios desde a Antiguidade, foi apenas nos últimos séculos que as noções de imperialismo se tornaram mais próximas do que conhecemos nos dias de hoje, principalmente com o processo de expansão capitalista ao redor do planeta.Nesse sentido, podemos falar de imperialismo moderno a partir da Segunda Revolução Industrial, entre os anos de 1850 e 1950. Antes disso, a prática do colonialismo era muito mais frequente, principalmente com as influências europeias nas Américas, África e Ásia. Enquanto o colonialismo sugere um controle político direto, com incorporação territorial e perda de autonomia por meio da força militar, o Imperialismo exerce o mesmo domínio de maneira indireta, formal ou informalmente, sem o uso explícito de intervenções militares, na maioria dos casos (usando preferencialmente, sanções diplomáticas e econômicas de caráter internacional).
Industrialização e imperialismo
A chegada da Segunda Revolução Industrial, em meados do século XIX, ultrapassou o território inglês e se expandiu para outras nações europeias, como Alemanha, França e Holanda. O avanço tecnológico ocorrido nesse cenário atingiu, ainda, países como Estados Unidos e Japão.Com várias nações se apoderando de novas tecnologias e formas de produção industrial, a concorrência pelo poder cresceu, assim como o potencial produtivo das fábricas, que necessitavam de avanços cada vez maiores. Assim, as próprias indústrias de grande porte acabavam por anexar as menores, levando a um ciclo imperialista e expansionista contínuo.Além das necessidades dos regimes capitalistas e comunistas de expansão imperialista, era fundamental justificar esse expansionismo econômico e cultural, buscando uma postura que camuflasse a velha tentação de ganância pelo poder e dominação.
Nesse sentido, várias teorias de caráter capitalista e comunista se desenvolveram, muitas carregadas de racismo, as quais diziam que nações africanas, asiáticas e das américas central e do sul, seriam incapazes de se desenvolver sozinhas, cabendo aos europeus levar o desenvolvimento e o progresso para essas áreas “atrasadas” da Terra.
Vários acontecimentos históricos se baseavam nesse tipo de pensamento deturpado, levando até mesmo a grandes tragédias da humanidade, como o Holocausto provocado pelos nazistas contra o povo judeu, e a morte em massa, programada por regimes comunistas materialistas e ateus, nos Gulags na Rússia, e na China para os muçulmanos.
Imperialismo e neocolonialismo
O Colonialismo é um período caracterizado pelas Grandes Navegações, que levaram à conquista de territórios novos para os europeus, como a América. Assim, as potências Portugal, Espanha e Inglaterra ocuparam a posição de protagonismo no domínio dos novos territórios. Com a chegada do período industrial, novas potências surgiram e, com elas, a necessidade de se conquistarem novos territórios para distribuir seus produtos, além de obter matéria-prima para a produção interna. Assim, países como França, Holanda e Alemanha, além da própria Inglaterra, que manteve a posição de destaque, passaram a praticar o que hoje chamamos de neocolonialismo.
Essa prática se deu, principalmente, nos continentes da África e da Ásia, sendo a Partilha da África uma das determinações que levou a consequências mais danosas para os povos dominados. Esse tratado estabeleceu que os países europeus que desejassem dominar os territórios africanos deveriam povoá-los, o que levou a um grande processo migratório para o continente. Consequentemente, a inchada população europeia encontrou um alívio ao mesmo tempo em que as nações africanas foram dilaceradas em territórios determinados aleatoriamente, sem respeitar as diferenças culturais e demográficas do continente. Isso fez com que diversos conflitos acontecessem na África, repercutindo até os dias de hoje e sendo um dos grandes responsáveis pela situação de pobreza que boa parte do continente se encontra atualmente. O processo do Imperialismo ditou boa parte da organização mundial nos últimos séculos, sendo responsável por grandes conflitos e desaparecimento de culturas e povos. Até os dias de hoje, as práticas imperialistas dominam o cenário internacional, repercutindo de maneira intensa nas relações políticas em diversas partes do globo.
Como o "Acordo da Burguesia"
enriqueceu o mundo
O súbito salto na riqueza que poucos
valorizam
O livro Leave Me Alone and I'll Make You Rich: How the Bourgeois Deal Enriched the World (Deixe-me em paz e eu enriquecerei você: como o Acordo da Burguesia tornou o mundo mais rico), escrito por Deirdre N. McCloskey e Art Carden, é um notável esforço para explicar aquele que é um dos mais impressionantes e misteriosos fatos da história do mundo.
Até o ano 1800, praticamente todos os indivíduos viviam na mais abjeta pobreza. E então, como que por milagre, a partir do ano 1800, começou a haver um rápido e intenso aumento no padrão de vida médio ao redor do mundo!
Este famoso gráfico (abaixo), em forma de "bastão de hockey", do projeto Our World in Data, sobre a prosperidade humana, mostra esse fenômeno por meio da evolução do PIB real per capita para vários países e para o mundo, desde o ano 1.000:
Até então, nunca havia sido apresentada uma teoria definitiva sobre este fenômeno.Os autores rotulam esta súbita reviravolta de O Grande Enriquecimento. "O Enriquecimento foi realmente muito muito 'grande': três mil por cento por pessoa".Os autores apresentam uma tese original. Segundo eles, "Foi a liberdade humana — e não a coerção, ou os investimentos ou mesmo a própria ciência — o que possibilitou o Grande Enriquecimento, de 1800 até hoje".O livro é um condensado, feito por Carden, de três amplos volumes escritos por McCloskey (veja o primeiro, o segundo e o terceiro volumes). McCloskey é uma das principais historiadoras econômicas do mundo, especialmente conhecida por sua notável obra sobre a economia britânica do século XIX.
O melhor do livro está nas refutações a várias teorias já apresentadas para este Grande Enriquecimento súbito!
De acordo com o marxismo, o capitalismo
surgiu e se expandiu por meio do esbulho e da escravidão. McCloskey e Carden
rebatem com esta devastadora objeção:
"A exploração imperialista foi a ação menos
original que os europeus fizeram após 1492. Escravidão e impérios já eram
coisas corriqueiras e comuns à época; no entanto, nunca haviam produzido nenhum
Grande Enriquecimento. O comércio de escravos ao longo da costa leste da
África, que enviava escravos negros para os mercados do Cairo e de
Constantinopla/Istambul, era tão amplo quanto o da costa oeste... E, ainda
assim, o comércio oriental não tornou o Egito ou os Impérios Otomano e
Bizantino ricos. Não houve nada nem sequer minimamente comparável ao que
ocorreu com o Grande Enriquecimento." (p.85)
Os
autores reiteram este ponto vital em outra passagem essencial:
"O que estamos dizendo, para sermos bem precisos, é que guerras, escravidão, imperialismo e colonialismo foram, como um todo, medidas economicamente estúpidas! Suponha que matar pessoas, confiscar suas propriedades e estabelecer impérios sejam medidas capazes de criar uma "acumulação de capital original", a qual irá gerar o "modo capitalista de produção", e consequentemente criar um Grande Enriquecimento. Se fosse assim, tudo já teria acontecido há muito tempo, e não ocorreria apenas no noroeste da Europa. Imperialismo não é e nem nunca foi uma ideia nova!"(pp. 118-19)
Se o imperialismo não criou
o capitalismo, tampouco ele o sustentou!
"O economista Lance Davis e o historiador
Robert Huttenbach já demonstraram há muito tempo, e de maneira decisiva, que
mesmo o tão alardeado Império Britânico […] representou um fardo sobre a renda
britânica. Benjamin Disraeli, antes de sua conversão ao imperialismo em 1872,
havia reclamado, em 1852, que "essas colônias miseráveis e desgraçadas … são uma pedra em
volta de nosso pescoço". Ele estava certo em 1852 e errado em 1872." (p.85)
O que, então, criou o Grande
Enriquecimento?
McCloskey e Carden afirmam que foi o
surgimento de novas ideias!
"Estamos argumentando que os britânicos enriqueceram — e em seguida os Ocidentais, e então boa parte do resto do mundo, e todos os humanos nas gerações seguintes — por causa de uma mudança na ética, na retórica e na ideologia...Lucros rotineiros ou o contínuo esbulho de terceiros não podem tornar todo o mundo mais rico. Tem de haver algo diferente. No caso, o surgimento de uma nova ideia que eleve a recompensa de todos. E tem de haver milhares de novas ideias. Estamos afirmando que a fonte desta revolução foi a então inédita "permissão para se ter uma chance", a qual foi inspirado naquela até então espantosa novidade ética, retórica e ideológica: o liberalismo. Dê às pessoas comuns o direito à vida, à liberdade e à busca pela felicidade — contra a antiga e vigente tirania — e elas começarão a pensar em todos os tipos de novas ideias...Neste novo liberalismo, as pessoas começaram a conversar entre si de maneira distinta. Igualdade de iniciativa, de permissão e de direitos legais passou a ser a nova teoria, em oposição à hierarquia que vigorou em todos os períodos anteriores." (pp.86-87).
Em termos simplificados, os autores
argumentam que houve uma mudança radical na mentalidade das pessoas. Houve uma
mudança na atitude das pessoas em relação ao empreendedorismo, ao sucesso
empresarial e à riqueza em geral.
O Acordo da Burguesia - Em termos sucintos, eis o cerne da teoria do livro!
Antes desta mudança no modo de pensar, havia honra em apenas duas opções: ser soldado ou ser sacerdote. A honra estava apenas em estar ou no castelo ou na igreja. As pessoas que meramente compravam e revendiam coisas para sobreviver, ou mesmo as que inovavam, eram desprezadas e escarnecidas como trapaceiras pecaminosas. E então algo mudou! Primeiro na Holanda, quando a população se revoltou contra o controle espanhol do país. Depois na Inglaterra, com sua revolução, a qual é considerada a primeira revolução burguesa da história.As revoluções e reformas da Europa, de 1517 a 1789, deram voz a pessoas comuns fora das hierarquias de bispos e aristocratas. As pessoas passaram a admirar empreendedores. A classe média, a burguesia, passou a ser vista como boa e ganhou a autorização para enriquecer.De certa forma, as pessoas assinaram o 'Acordo da Burguesia', o qual se tornou uma característica dos lugares que hoje são ricos, como a Inglaterra, a Suécia ou Hong Kong: "Deixe-me inovar e ganhar dinheiro no curto prazo como resultado dessa inovação; e então, eu o tornarei rico no longo prazo".E foi isso que aconteceu. Começou no século XVIII com o pára-raios de Franklin e a máquina a vapor de James Watt. Isso foi expandido, nos anos 1820 (século XIX), para uma nova invenção: as ferrovias com locomotivas a vapor. E então vieram as estradas macadamizadas criadas pelo engenheiro escocês John Loudon McAdam. Depois surgiram as ceifadeiras, criadas por Cyrus McCormick, e as siderúrgicas, criadas por Andrew Carnegie. Tudo se intensificaria ainda mais no restante do século XIX e aceleraria fortemente no início do século XX. Consequentemente, o Ocidente, que durante séculos havia ficado atrás da China e da civilização islâmica, se tornou incrivelmente inovador. As pessoas simplesmente passaram a ver com bons olhos a economia de mercado e a destruição criativa gerada por suas lucrativas e rápidas inovações.Deu-se dignidade e liberdade à classe média pela primeira vez na história da humanidade e esse foi o resultado: o motor a vapor, o tear têxtil automático, a linha de montagem, a orquestra sinfônica, a ferrovia, a empresa, o abolicionismo, a imprensa a vapor, o papel barato, a alfabetização universal, o aço barato, a placa de vidro barata, a universidade moderna, o jornal moderno, a água limpa, o concreto armado, os direitos das mulheres, a luz elétrica, o elevador, o automóvel, o petróleo, as férias, o plástico, meio milhão de novos livros em inglês por ano, o milho híbrido, a penicilina, o avião, o ar urbano limpo, direitos civis, o transplante cardíaco e o computador.O resultado foi que, pela primeira vez na história, as pessoas comuns e, especialmente os mais pobres, tiveram sua vida melhorada. Nada disso pode ser explicado pela exploração de escravos ou de trabalhadores. Tampouco pelo imperialismo. Os números são grandes demais para ser explicados por um roubo de soma zero. Também não foram, argumentam os autores, os investimentos ou mesmo as instituições já existentes. Os autores reconhecem que é necessário ter capital e instituições para implantar e incorporar as idéias; mas capital e instituições são causas intermediárias e dependentes, e não a raiz. Idéias sobre a dignidade humana e a liberdade foram as grandes responsáveis. O mundo moderno surgiu quando se começou a tratar as pessoas com mais respeito, concedendo a elas mais liberdade.O que causou o Grande Enriquecimento, portanto, foi uma mera mudança de mentalidade, uma mera mudança de atitude. Em uma palavra, foi o liberalismo. Dê às massas de pessoas comuns igualdade perante a lei e igualdade de dignidade social, e então deixe-as em paz. Faça isso e elas se tornam extraordinariamente criativas e energéticas.A ideia liberal, segundo os autores, foi gerada por uma feliz coincidência de acontecimentos no noroeste europeu de 1517 a 1789: a Reforma, a Revolta Holandesa, as revoluções na Inglaterra e na França, e a proliferação da leitura. Estes acontecimentos, conjuntamente, libertaram as pessoas comuns, dentre elas a burguesia e sua livre iniciativa.Em termos sucintos, segundo os autores, o Acordo da Burguesia é este: primeiramente, deixe-me tentar este ou aquele aprimoramento. Ficarei com os lucros. Em um segundo ato, no entanto, estes lucros servirão de chamariz para aqueles importunos concorrentes, os quais irão também entrar no mercado, aumentar a oferta de bens e serviços, pegar parte da minha clientela e, consequentemente, erodir esses meus lucros. Já no terceiro ato, após todos os aprimoramentos e melhorias que criei terem se espalhado, eles farão com que você melhore de vida substantivamente e fique rico.
Possíveis objeções
Há muita coisa condensada em tudo isso, mas a teoria de McCloskey parece ainda aberta a objeções. Ou, no mínimo, a qualificações.Como os autores corretamente observam, o Grande Enriquecimento se espalhou por todo o mundo, inclusive para a China, mas o alto crescimento econômico naquele país não foi acompanhado de liberalismo político. E isto não é meramente uma questão de a inércia do passado ser incapaz de acompanhar a teoria professada naquele país pelos defensores de reformas pró-mercado. Ao contrário: aqueles que abriram a economia chinesa jamais renunciaram à ditadura do Partido Comunista (todas os supostos regimes comunistas atuais não eliminaram as classes sociais).
Mesmo quando aplicada ao exemplo-modelo da Grã-Bretanha, a teoria de McCloskey tem de ser modificada. Será que os liberais clássicos britânicos reivindicaram ter o mesmo status legal da Coroa e da aristocracia? É fato que eles afirmaram possuir direitos legais que a Coroa não poderia abolir, mas, com algumas exceções, eles não foram tão longe ao ponto de reivindicar a posição que McCloskey atribui a eles.Se, no entanto, não podemos aceitar completamente a teoria de McCloskey, temos de reconhecer seus consideráveis méritos, os quais são baseados em seu profundo conhecimento de história econômica. Infelizmente, isso não é o bastante para ela, de modo que ela se aventura em disciplinas como a história do pensamento político, na qual ela demonstra uma postura menos segura do que a que exibe na história econômica. Ela afirma que:
"a visão, em 1651, do filósofo inglês Thomas
Hobbes era a de que sem um rei todo-poderoso, haveria uma guerra de "todos
contra todos". Falso. Não mesmo. Hobbes suponha que, quando as pessoas são
deixadas em paz, tendo de se virar por conta própria, elas se tornam cruéis,
egoístas e incapazes de se auto-organizarem voluntariamente. Para domá-las,
seria necessário haver um 'Leviatã', como ele o rotulou no título de sua obra
de 1651 — ou seja, uma grande besta chamada governo. Somente um rei com mãos de
ferro seria capaz de manter a paz e proteger a civilização." (pp. 3-4)
Contrariamente ao que ela aqui sugere, o estado da natureza, para Hobbes, é o de uma sociedade sem governo nenhum, e não o de uma sociedade sem um monarca absolutista.Pessoas vivendo sob as monarquias limitadas da Idade Média — embora sua situação fosse insatisfatória para Hobbes — não estavam no estado da natureza. Adicionalmente, embora realmente seja verdade que Hobbes preferisse uma monarquia às outras formas de governo, ele reconhecia outros tipos de governo como legítimos. E, embora isso ainda seja motivo de debate, ele parece ter aceitado o reinado de Cromwell após ter retornado à Inglaterra.
Sua abordagem sobre Rousseau é igualmente
falha!
Ela afirma que Rousseau:
"imaginava que
o direito de um indivíduo livre e digno de dizer 'não' pode ser sobrepujado por
uma misteriosa 'vontade geral', a qual Rousseau, especialistas similares e
burocratas do Partido Comunista seriam facilmente capazes de distinguir e impor
a terceiros por meio de medidas coercitivas" (p. 180).
Embora McCloskey esteja correta em afirmar que Rousseau se opunha aos direitos individuais nos moldes defendidos pelos liberais clássicos, ela gravemente deturpou a 'vontade geral', a qual é estabelecida pelo voto popular sob determinadas condições, e não imposta por especialistas.Em uma valiosa discussão, McCloskey afirma que:
"a palavra 'honesto' foi transferida de honra aristocrática para honra burguesa" (p. 149). Em seu sentido aristocrático, "honesto tinha o intuito de significar uma pessoa 'digna e apta para estar no topo', e a honestidade era uma questão de posição social...A moderna acepção da palavra honestidade para alguém 'que diz a verdade e que mantém sua palavra' aparece no inglês pela primeira vez em 1500, mas o significado "honorável por virtude de seu alto status social" domina seu uso até o século XVIII" (p. 150).
Este, repetindo, é um ponto válido, mas se
a intenção era sugerir, como parece ser o caso, que os aristocratas de antes da
era burguesa teriam se sentido livres para mentir em suas negociações diárias,
já que fazê-lo não macularia sua honra, tal afirmação é extremamente dúbia. Os
ensinamentos da Igreja, explicados por Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino,
eram o de que mentir era absolutamente proibido.
Para concluir
Em Leave Me Alone and I'll Make You Rich, McCloskey e Carden nos ajudam a entender o Grande Enriquecimento, um fato central na história do mundo. Eles corretamente enfatizam a importância que as ideias sobre liberdade e livre mercado tiveram em permitir e estimular esse desenvolvimento. E eles decisivamente refutam mitos marxistas e demais sobre a história econômica.Em minhas breves considerações acima, aventurei-me em fazer algumas poucas críticas ao livro. Ao final, não posso reclamar: eu os deixei em paz, e eles me tornaram mais rico (em conhecimento).
Fonte:
https://mises.org.br/article/3337/como-o-acordo-da-burguesia-enriqueceu-o-mundo
Não, o que diferencia o capitalismo não é a competição, mas sim a
liberdade de escolha!
Por Antony Sammeroff
Em termos de competição, o capitalismo é um sistema como todos os outros. O capitalismo é frequentemente descrito pelos seus detratores como "um sistema darwinista de competição", uma selva na qual apenas os mais fortes sobrevivem, e na qual os mais fracos e os menos capazes definham.Já os mais comedidos simplesmente descrevem o capitalismo como um sistema "baseado na concorrência".Curiosamente, vários defensores do capitalismo também parecem assimilar essa ideia de que o capitalismo é um sistema baseado na competição. Eles apenas contra-argumentam que essa concorrência, longe de ser um defeito, é na realidade a grande virtude do sistema, sendo ela a responsável por elevar o padrão de vida da população ao criar bens e serviços de melhor qualidade.Em minha visão, isso é um erro. Aceitar a pressuposição de que o capitalismo é um sistema baseado na competição -- em contraste a outros sistemas que hipoteticamente seriam de cooperação (como socialismo e comunismo) -- significa aceitar um debate que já começa inteiramente moldado nos termos criados pelos seus detratores, de modo que, a partir daí, qualquer discussão já está contaminada e enviesada.
No
âmbito estatal, a competição por cargos e poder é que é realmente selvagem!
Obviamente, não estou criticando a concorrência. Nem poderia. Afinal, não fosse a concorrência entre produtores, com cada um deles se esforçando para ganhar acesso ao dinheiro dos consumidores, não haveria como vivenciarmos um progressivo aumento em nossa qualidade de vida em decorrência da contínua melhora observada nos bens e serviços que usufruímos -- os quais, vale ressaltar, apresentaram quedas reais nos preços em decorrência exatamente desta competição.A concorrência de mercado é o que aumenta a eficiência e reduz o preço real dos bens e serviços, ao mesmo tempo em que gera inovação. Dado que todos nós já estamos familiarizados com este argumento -- até porque o vivenciamos diariamente --, é desnecessário ficar reforçando este ponto. Adicionalmente, a alternativa à concorrência é o planejamento centralizado, no qual há um único fornecedor de bens e serviços, sendo ele quem decide "em nosso nome" como estes serão produzidos e alocados. Todas as sociedades que tentaram este arranjo se afundaram na miséria e no extermínio em massa.
O ponto aqui é outro!
Se os detratores do capitalismo consideram
a competição de mercado algo ruim, por que o mesmo não se aplica à esfera
política?
Peguemos a tão venerada democracia. Se a competição é um fator deletério e corruptor, então a democracia tem de ser o primeiro sistema a ser abolido. Afinal, o que fazem os políticos senão competirem acirradamente entre si para conseguir um cargo? Pior: não apenas há essa acirrada competição entre partidos políticos, como também há uma vigorosa competição entre empresas, lobistas e grupos de interesse para ver quem consegue tratamento preferencial (subsídios, patrocínios, reservas de mercado etc.) de políticos e legisladores, tudo com o dinheiro do povo.Se as pessoas que estão no mercado (a seção livre e voluntária da sociedade) vivem em um sistema de competição, o que dizer então do aparato estatal? O que dizer das pessoas que querem acesso a ele? A democracia é também um sistema de competição. E darwinista. Os políticos estão sempre competindo pelo acesso ao aparato de controle da sociedade. Estão competindo pelo "direito" de aprovar e impingir leis, legislações e políticas que serão aplicadas a todos e que afetarão a todos (queiramos nós ou não). Mais: tudo isso será compulsoriamente pago por nós. Políticos e todas as pessoas que querem fazer parte do aparato estatal não estão simplesmente competindo por uma fatia de mercado, na qual o vencedor da competição é aquele que melhor satisfaz as demandas dos consumidores. Eles estão afetando diretamente a todos nós, a sem a nossa anuência.
O capitalismo é sobre trocas voluntárias
É óbvio que a competição, por si só, não é um mal. Longe disso. O problema é que definir o capitalismo como um sistema "baseado na competição" -- em comparação a outros arranjos que supostamente são baseados na cooperação -- é um truque retórico. Aqueles que acreditam que o capitalismo é baseado na concorrência podem honestamente acreditar nisso, mas não é verdade. O capitalismo é um sistema tão concorrencial e competitivo quanto qualquer outro sistema. Concorrência e competição existem em todos os arranjos. Não é uma exclusividade do capitalismo (estudem sobre a concorrência de cargos dentro da hegemonia comunista). Consequentemente, o correto seria dizer que o capitalismo (ao menos no ideal laissez-faire) é um sistema baseado em transações livres e voluntárias de bens e serviços, transações estas que ocorrem na ausência de coerção física, roubo, compulsão ou fraude, e é baseado no direito fundamental de ter e acumular propriedade. Ou, em nome da brevidade: o capitalismo é um sistema de trocas voluntárias, baseado no direito de ter propriedade.Sendo assim, é até possível concluir que o capitalismo é, com efeito, o sistema que mais apresenta as características de cooperação. Afinal, no capitalismo, a competição significa que os produtores têm de se esforçar para agradar seus clientes, e eles terão de agir assim exatamente porque visam ao seu interesse próprio. Em outras palavras, os vendedores cooperam com os consumidores, atendendo às suas necessidades e preferências.
Dado que há escassez, sempre haverá competição - em qualquer
sistema!
Não é a existência da propriedade privada ou da livre transação de bens que gera a concorrência. O que gera a concorrência é a escassez.Em qualquer situação em que haja escassez de recursos, haverá alguma forma de competição pela apropriação destes recursos (bem como para decidir a maneira como esses recursos serão alocados).Se houver um sistema que permita trocas voluntárias, alguma competição surgirá naturalmente neste arranjo. Mas a competição também surgiria em qualquer outro sistema. Mesmo se existisse uma sociedade completamente comunista, que fosse inteiramente planejada por um comitê central, e que não praticasse absolutamente nenhuma transação envolvendo dinheiro, ainda assim haveria competição, e por um motivo incontornável: o tempo das pessoas sempre será limitado.Se você fosse, por exemplo, um cineasta nesta sociedade comunista utópica, você provavelmente iria querer que o máximo possível de pessoas assistisse ao seu filme! Só que todos os outros cineastas iriam querer o mesmo. Isso colocaria você em concorrência direta com eles. Podemos então concluir que o comunismo também é um sistema baseado na competição? É certo que você estaria competindo pelo único cliente: o patrocínio do estado. Corrupção e compadrio certamente seriam o inevitável resultado. Quem terá seu filme financiado? Quem não terá? Quem ganhará o altamente cobiçado emprego de cineasta em vez do nada desejável emprego de varredor de rua ou de recolhedor de lixo? Como conseguir favores das autoridades? A competição será selvagem! Mas, em vez de ser decidida pelas transações livres e voluntárias dos espectadores, dos investidores e dos cineastas, ela será decidida por uma autoridade do comitê central -- e de maneira bastante autoritária, eu apostaria.
A competição, em suma, continuaria existindo. Ela apenas seria de outra natureza: em vez de produtores competindo entre si para conseguir clientes, eles irão competir entre si para ver quem obtém mais favores da poderosa e corrupta estrutura do estado.A competição é simplesmente uma característica inerente ao fato de que vivemos em um mundo de escassez. Ela existiria em qualquer outro sistema econômico. O socialismo não pode abolir a competição. Assim como nenhum outro sistema.O custo de oportunidade significa que a competição está em todos os lugares. Quando você finalmente constata essa realidade, você percebe que a escassez faz com que a competição esteja muito além da economia. Por exemplo, imagine que dois amigos distintos me convidem para um jantar em suas respectivas casas na mesma noite. Eu, obviamente, terei de optar por apenas um, o que fará com que o outro fique sem minha companhia. Isso por acaso significa que a amizade é um sistema baseado na competição?Não podemos nos encontrar com todos os nossos amigos o tempo todo, ou mesmo com todos eles ao mesmo tempo. E, mesmo se conseguíssemos, teríamos de dividir nossa atenção entre eles. Adicionalmente, não somos íntimos de todos eles, de modo que apenas alguns serão realmente amigos. Não dá para ser amigo íntimo de todos. Tudo isso significa que inevitavelmente teremos de fazer escolhas. E, com elas, renúncias. No final, não importa quais critérios você utilizará para escolher quais amizades priorizar: você estará optando e decidindo; escolhendo alguns e isolando outros. Em alguns casos, você pode acabar isolando pessoas que adorariam ter a sua companhia. Mais: ao optar por priorizar amizades, você terá de sacrificar outras atividades que gostaria de fazer, apenas para ficar na companhia deles.Estes são fatos básicos da vida, pelos quais todos nós já passamos. Mas eles não fazem com que a amizade seja vista como um sistema de competição.Similarmente, no mercado, nossos recursos e tempo são limitados. Estamos, a todo o momento, fazendo juízos de valor, escolhendo quais produtos e serviços iremos consumir tendo por base a utilidade que imaginamos que eles nos trarão. Ao fazermos isso, sacrificamos algumas opções em prol de outras. Talvez iremos escolher uma cafeteria que tenha o café mais saboroso. Ou então aquela que tem o melhor ambiente. Ou talvez aquela que é mais próxima. Ou aquela outra cujo serviço é o melhor. Ou então aquela que é a mais barata. Ou quem sabe aquela a que sempre fomos e com a qual estamos mais familiarizados. Ou talvez aquela que implantou atitudes mais "socialmente conscientes" -- a que sempre privilegiou a contratação de deficientes físicos, por exemplo. O fato é que nós decidimos.
Cada provedor de serviços acredita que irá
se beneficiar de nossa clientela e fará diversas tentativas de nos atrair, seja
melhorando a qualidade dos serviços, seja reduzindo (os mantendo baixos) os
preços, o que corretamente podemos identificar como uma forma de competição.
Dado que seres humanos não são infalíveis, em algumas ocasiões alguém irá
comprar um café do qual não irão gostar; mas, no longo prazo, a competição
tenderá a ser vencida por aqueles que agradarem de maneira melhor e mais
consistente seus clientes.
Os benefícios da liberdade de escolha
O fenômeno realmente miraculoso que ignoramos ao concentrarmos nossa atenção na concorrência é a própria capacidade que temos de fazermos escolhas. Por exemplo, suponha que dois eventos comerciais estejam ocorrendo na mesma tarde. Cada cliente potencial irá escolher aquele evento que mais lhe seja atraente, utilizando para isso uma variedade de critérios subjetivos. Entretanto, simplesmente dizer que esses dois eventos são "concorrentes" seria ignorar completamente o ponto essencial: os frequentadores destes eventos (que são muito mais numerosos que os organizadores destes eventos) podem escolher entre dois eventos. Muito melhor ter a opção de dois (e inclusive optar por nenhum) do que ter apenas a opção de um. Com efeito, pode até ser possível ir aos dois na mesma tarde, sacrificando o tempo que ficam em cada um. Sendo assim, a realidade é que há muito mais cooperação envolvida no ato fornecer bens e serviços às pessoas do que há competição. Para conseguir fazer qualquer coisa no mercado, você tem de cooperar com compradores, vendedores, administradores, gerentes, empregados, fornecedores, clientes, anunciantes, promotores de eventos, comerciantes, negociantes, compradores coletivos etc.
A
competição no mercado é o que permite a escolha em meio à escassez!
Dado que os recursos são escassos e o tempo sempre é limitado, as pessoas têm de fazer escolhas. Consequentemente, a competição sempre será uma parte inerente a todo e qualquer sistema econômico. Enquanto vivermos em um mundo caracterizado pela escassez, haverá competição.A característica precípua do capitalismo de livre mercado não é a competição, mas a liberdade de escolha. Pessoas que criticam a competição no capitalismo estão, na prática, pedindo para que o estado substitua a competição entre produtores para ver quem obtém mais consumidores voluntários por uma competição entre produtores para ver quem obtém mais favores do governo. Em vez de produtores tentando convencer consumidores a voluntariamente gastar seu dinheiro em uma ampla variedade de bens e serviços, cada vez mais vastos, teremos produtores tentando convencer políticos a coercivamente tomar dinheiro da população para lhes repassar na forma de subsídios e demais protecionismos.Compare o arranjo capitalista com arranjos corporativistas e socialistas: em todos há competição, mas apenas no primeiro há liberdade de escolha para os indivíduos.
Compare o livre mercado com outros sistemas
nos quais a competição é feroz para ver quem consegue obter mais favores de
burocratas em cargo de poder: é nestes que realmente há a "lei da selva"
e a "sobrevivência do mais forte".
https://mises.org.br/article/2988/nao-o-que-diferencia-o-capitalismo-nao-e-a-competicao-mas-sim-a-liberdade-de-escolha
o Imperialismo ibérico dos islâmicos
*Ibérico significa "aquele que pertence ou se refere à Península Ibérica, região localizada no sudoeste do continente europeu". Os povos naturais da Península Ibérica, os espanhóis e os portugueses são ibéricos.
Na entrevista que segue, com o escritor e historiador Mustafa
Yazbek, estudioso dos povos árabes, você vai conhecer a origem e a história do
islamismo durante a Idade Média, bem como a herança e as marcas que essa
civilização deixou no Ocidente, em especial na península Ibérica.
-Em
relação a outras religiões o islamismo é uma religião recente? Quando ele
surgiu?
Ele
surgiu no século 7 da era cristã. Trata-se de uma religião nova, pelo menos em
comparação com outras, como o cristianismo, o judaísmo ou o budismo. Tudo
começou com as pregações de Maomé, que nasceu no ano de 570 (depois de Cristo), perto da cidade de
Meca, na Arábia.
-Quem
era ou quem foi Maomé?
Era
um homem pertencente a uma família tradicional da cidade, mas cuja situação era
economicamente instável. Desde pequeno, Maomé acostumou-se a percorrer várias
regiões do Oriente Médio, viajando em caravanas. Conheceu a Síria, a Pérsia, a
Palestina, sempre mantendo contato com povos seguidores do cristianismo e do
judaísmo, aprendendo tudo o que podia a respeito dessas religiões monoteístas.
Com 24 anos de idade, conheceu uma viúva, uma comerciante rica chamada
Khadidja, com quem se casou. Poucos anos após essa união, Maomé começou a
apresentar sérias mudanças de comportamento. Sofria crises de tremores, dores
de cabeça, entrava frequentemente em transe.
-Ou
seja, Maomé passou por uma experiência mística. Como foi essa experiência de
acordo com a tradição islâmica?
Durante
anos, Maomé viveu assim, meditando e passando por essas crises que ninguém explicava.
Quando ele tinha quase 40 anos de idade, disse ter recebido a visita do arcanjo
Gabriel e que este lhe havia declarado: "Sou o arcanjo Gabriel, enviado
por Deus para comunicar tua escolha, por esse mesmo Deus, para anunciar ao
mundo suas mensagens". A partir de então, seguidamente, Maomé dizia
receber mensagens, ouvir vozes. Aos poucos, recolhia essas informações com
ajuda de amigos e parentes, compondo posteriormente o Alcorão, o livro sagrado
dos muçulmanos.
-Qual
o conteúdo dessas mensagens?
Basicamente,
o conteúdo das mensagens dizia respeito ao anúncio de uma única religião
verdadeira, voltada para um único Deus, contrária à idolatria, ao paganismo que
predominava entre as principais tribos que habitavam a Arábia. Maomé foi
perseguido, pois sua pregação ameaçava poderes tradicionais, e refugiou-se na
cidade de Iatribe (de pois chamada de Medina). Essa fuga, conhecida como Hégira
(fuga ou expatriação), aconteceu no ano de 622 e marca o início do calendário
lunar islâmico.
-O
que essa religião representou para os árabes?
Maomé
e seus seguidores conseguiram, com a nova religião, dar início à unificação das
tribos árabes. Fortalecido por seguidas vitórias políticas e militares, Maomé
conquistou a cidade de Meca. Manteve o centro religioso local, o templo pagão
da Caaba, como símbolo da unidade religiosa, mas antes destruiu todos os ídolos
ali existentes. Depois de sua morte, ocorrida no ano de 632, o islamismo teria
como líderes os chamados califas (palavra que significa "sucessor").
-A
partir daí a expansão do islamismo foi rápida?
Rapidamente,
após a unificação das tribos árabes, o islamismo, expandiu-se em todas as
direções. Em poucas décadas, ocupou uma extensão de terra somente comparável ao
Império romano em seu auge. Assumiria logo o papel de agente de ligação
comercial entre áreas economicamente importantes do mundo de então: na Europa,
na África e na Ásia. O progresso militar atingido pelos muçulmanos
permitiu-lhes isolar a Europa, bloqueando o comércio especial mente através do
controle do mar Mediterrâneo. Para muitos historiadores, isso acentuou uma
tendência já existente desde o século 5, voltada para a vida agrária, e que
conduziria a Europa ao feudalismo.
-Ninguém
conseguiu conter o avanço islâmico?
Não
houve força capaz de deter o avanço expansionista islâmico. O Império persa e o
Império bizantino estavam enfraquecidos por um longo confronto entre si. Na
Europa não havia poder algum em condições de derrotar definitivamente os
seguidores de Maomé, embora a expansão tenha sido contida ali, em 732, pelos
francos, na localidade de Poitiers, França.
-Mesmo
assim, eles conquistaram a península Ibérica...
Em
menos de um século, já haviam sido dominados aqueles os impérios persa e
bizantino, além da maior parte do norte da África e da península Ibérica.
Somente nesta última região, os muçulmanos permaneceriam por cerca de oito
séculos. Quando invadiram a península, no ano de 711, empurraram a monarquia
visigoda rumo ao norte, onde se concentraria a resistência aos invasores
durante os séculos seguintes. Estes somente seriam expulsos definitivamente
pelos reis cristãos no século 15.
-Quais
as causas de uma expansão tão rápida?
A
numerosa população árabe, a expectativa de alcançar bons resultados nos saques
e a proposta de conversão forçada dos infiéis ao islamismo, à verdadeira religião,
estão entre as principais razões que permitiram uma expansão tão rápida.
-Fale
um pouco sobre a ocupação da Espanha...
Ocupando
território espanhol, conhecido então como Al Andalus, os muçulmanos controlaram
as terras dos reis visigodos e da Igreja. Obrigavam os camponeses a pagar um
terço da produção. Ao mesmo tempo introduziram inovadoras técnicas agrícolas,
que beneficiaram os agricultores. Desenvolveram as atividades comerciais.
Cunharam moedas. Exploraram minérios. Construíram estradas e aproveitaram
aquelas existentes desde o domínio romano. Edificaram cidades que foram
autênticos símbolos da opulência da civilização urbana andaluza, como Sevilha,
Córdoba e Toledo.
-Foi
um momento de auge na expansão islâmica?
Sem
dúvida, o apogeu do islamismo ocidental foi vivido em território espanhol e
desmoronou com a Reconquista cristã, concluída no ano de 1492. No entanto, a
contribuição deixada pela civilização do Islão representa uma herança que
continuou depois disso a beneficiar toda a humanidade.
-Quais
as marcas ali deixadas por uma ocupação tão duradoura?
A
longa permanência dos conquistadores muçulmanos deixaria marcas definitivas no
Ocidente, e nesse aspecto o papel da Espanha foi o de ser a principal área
intermediária. A cultura muçulmana no Ocidente agiu como uma força
sintetizadora, levando para as regiões conquistadas o que havia de mais
importante em todos os centros da atividade humana, o que havia de mais
significativo no conhecimento de chineses, indianos e gregos. Traduzindo as
obras dos mais importantes autores da Antiguidade clássica, os muçulmanos
transferiam para o Ocidente o conhecimento acumulado durante séculos.
-Cite
algumas contribuições culturais dos muçulmanos na Espanha.
Eles
contribuíram para o desenvolvimento da cartografia e da astronomia, da química
e da medicina, da indústria e do comércio, da arquitetura e da matemática, da
filosofia e da literatura. Introduziram no Ocidente os algarismos hindus (hoje
chamados arábicos). Desenvolveram a álgebra e a astronomia. Imortalizaram nomes
como o do médico e filósofo Averróis, comentarista da obra de Aristóteles. Como
o também do médico e filósofo Avicena, que teve sua obra enciclopédica, chamada
"Cânon", utilizada durante muito tempo nas escolas europeias de
medicina. Como o historiador Ibn Khaldun, que muitos veem como precursor da
abordagem científica da vida social. Como o sábio Al Biruni, que se dedicou a
praticamente todas as disciplinas científicas de seu tempo.
-Disso
tudo pode se concluir que o islamismo, naquela época, foi muito mais que uma
religião?
Mais
do que simplesmente uma religião, o islamismo pode ser definido como uma
civilização, um movimento ao mesmo tempo político, religioso, econômico e
social, que, a uma velocidade extraordinária - tanto em termos de tempo quanto
de espaço -, se expandiu pelo mundo. O Islão começou com os árabes, mas não se
limitaria a eles. Em pouco tempo, os árabes seriam um entre os vários povos
formadores da civilização islâmica, ao lado de andaluzes, iraquianos, berberes,
iranianos, turcos, sírios, além de outros.
Fonte:https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/expansao-islamica-muculmanos-dominaram-peninsula-iberica.htm
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